Tuesday, March 14, 2006

Uma hora tinha que acontecer...

Do diário de Louise Storm

Havia cumprido minha detenção com o professor Slughorn sem nenhum contratempo. Não tive oportunidade de apanhar nada que me ajudasse nas pesquisas, mas consegui mapear a sala toda rabiscando seus cantos em um pedaço de pergaminho. Vovó mandava quase que diariamente o exemplar do Profeta Diário, sempre destacando as noticias que deveríamos ver. Já havia contado aos meus amigos sobre isso e também a George, que agora lia o jornal com tanta ânsia de descobrir o tal mistério que quando eu chegava para o café, ele me ditava todas as notas selecionadas sem nem precisar ler.

Scott achava que a vovó não era mais clara por talvez estar com medo. Medo do que poderia acontecer a ela caso soubessem que ela anda contando o que quer que ela esteja tentando contar. Isso me deixava cada vez mais angustiada, pois o que de tão tenebroso ela teria para me dizer, a ponto de sofrer ameaças?? Junto com o jornal de hoje veio um livro preto muito velho, sobre arte das trevas. Não ensinava nada que pudesse me render uma expulsão, mas explicava elas detalhadamente. Escondi o livro na minha mochila e decidi estuda-lo no fim do dia.

Fazia um esforço enorme para prestar atenção nas aulas, mas toda a minha concentração estava focada no livro guardado na mochila e nos motivos que levaram minha avó a ter tal coisa em casa. Assim que a aula terminou sai em disparada para a biblioteca, pois já tinha milhares de revisões para fazer e encaixaria a leitura dele entre elas. As meninas e Scott disseram que me encontrariam lá depois, antes queriam jantar.

Não tinha quase ninguém por lá quando entrei e escolhi logo uma mesa mais afastada, entre as estantes, para espalhar minhas tralhas. Abri primeiro o livro de História da Magia, a matéria que estava mais atrasada. Não tinha muita escolha a não ser desistir disso no ano seguinte, pois somente um milagre me faria passar nos NOMs do Binns! Não li nem meio capitulo sobre a legislação dos duendes e fechei o livro com força e já sem paciência, puxando o de Herbologia para fazer o dever que Sprout tinha passado. O livro preto estava ao meu lado e podia jurar que o ouvia chamar meu nome... Nunca terminei um dever tão depressa! Enrolei o pergaminho com o resumo da aula, fazendo uma pequena anotação para pedir ao Scott que revisasse aquilo depois, e abri o livro sobre a mesa.

Folheava as paginas sem entender nada do que estava escrito. Alguns capítulos continham ilustrações bastante assustadoras, muitos feitiços dos quais nunca tinha ouvido falar e no canto de algumas paginas havia anotações, talvez feitas pelo dono, todas escritas em runas. Foi impossível lê-las, precisaria de ajuda, pois explicavam com mais detalhes a execução das azarações e descreviam seus efeitos. Empurrei o livro para o canto e levantei para buscar todos os que pudesse encontrar ali sobre o assunto, sem precisar invadir a sessão restrita. A biblioteca começava a encher e Scott, Yulli e Alex entraram, apanhando alguns livros que já estavam na minha mão e indo se sentar, enquanto eu caçava mais alguns, agora para nos ajudar nas revisões. Subi nas primeiras prateleiras para alcançar os livros mais altos e ao puxar um mais pesado, vários caíram no chão.

LS: Droga! Porcaria de estante alta...
- Quer ajuda?

Reconheci aquela voz de imediato e meu coração deu um salto, nem precisei virar o rosto para saber que era Remo. Ele se abaixou para me ajudar a juntar os livros e sentia meu rosto esquentar. Droga, sabia que isso ia acabar acontecendo, era inevitável, não tinha como fugir desse famoso “embarrassing moment”, o castelo é grande, mas não tanto assim. Levantei depressa, apanhando os livros de sua mão sem graça e empilhando na mesa, tentando não olhar pra ele. Podia sentir que ele também evitava me encarar e tentava encontrar um meio de puxar conversa, então falei a primeira coisa que me veio à cabeça para quebrar aquele silêncio constrangedor.

LS: Você sabe se eles guardam exemplares mais antigos do Profeta Diário aqui?
RL: Guardam sim, é só falar com madame Pince. Pra que quer isso?
LS: Nada demais, só umas pesquisas...
BD: Hei Lou, finalmente te encontrei!
RL: Acho que já vou indo... Tchau! – e saiu meio chateado de perto de mim.
LS: O que você quer de mim garoto? Porque agora? Porque logo agora???
BD: Calma... O professor Slughorn está te procurando, só vim dar o recado... É pra você ir à sala dele amanha cedo.
LS: Recado dado! Agora some da minha frente! Desaparece!

Sai revoltada carregando os livros e empurrando Bright com eles, fazendo-o desequilibrar. Cheguei bufando onde minhas coisas estavam e larguei-os de qualquer jeito na mesa, assustando meus amigos. Alex saltou da cadeira quando três dos livros caíram em cima dela e Yulli me olhou séria.

YH: Foi o Remo que saiu do mesmo corredor que você?
LS: Foi...
SF/AM/YH: E???
LS: E nada né? O Bright apareceu de repente me procurando e ele foi embora, no mínimo achando que tinha razão o tempo todo!
YH: Posso matar ele agora? Por favor, me deixa ir lá torcer o pescoço dele?
LS: Não, deixa pra lá... Nem sei porque estava falando com ele mesmo, não temos mais nada.
SF: Se você diz... OK! Vamos estudar que os NOMs estão ai...

Tentei apagar o ocorrido da mente e me concentrar nos estudos, mas foi difícil. Não sei por que isso me incomodou tanto, se até então estava indo muito bem sem ele. Acho que meus amigos têm razão, não o esqueci coisa nenhuma e estou querendo provar o contrario pra mim mesmo. Agora vou ficar tentando imaginar como teria sido se o Bright não tivesse surgido do nada... Ai que vontade de esganar aquele sonserino!!