Tuesday, April 25, 2006

Acontece nas melhores famílias

Do diário de Scott Foutley

Simulados encerrados, agora era hora de reabrir os livros e decifrar as anotações nos cadernos para se preparar para a prova que realmente vale uma nota! Os meus resultados sairiam hoje à tarde, a professora McGonagall estaria os entregando depois da orientação vocacional. É, teremos uma reunião individual com o diretor de nossas casas durante essa semana toda, com a intenção de nos decidirmos sobre quais matérias optaríamos por continuar no próximo ano. Eu não fazia a menor de que profissão queria seguir. Pra falar a verdade, fazia sim... Mas infelizmente a professora McGonagall não poderia me instruir para tal coisa, só mesmo minha mãe.

Fazia um lanche antes da minha conversa com a McGonagall quando uma coruja-das-torres pousou ao meu lado, deixando cair um envelope com um emblema rosa da Essence, empresa da minha mãe. Deixei a coruja beber meu suco e ela voou embora enquanto eu rasgava o envelope.

"Olá meu filho,

Como vão as coisas por aí? Não imagina a dificuldade que é para mim me entender com esses bichos! Tem certeza que não tem um correio normal aí perto? Minha sala está cheia de penas e migalhas de biscoito... Mas enfim, não lhe escrevo para reclamar desse maldito correio-coruja... Quero saber quais os seus planos para as férias de verão. Megan já me escreveu dizendo que virá para casa, mas mencionou um acampamento do qual você estava pensando em ir com seus amigos.

Vovó Valentine estará completando 85 anos em Agosto e toda a família irá se hospedar em um resort para as comemorações. Sei que detesta esses programas familiares que você julga embaraçosos, mas dessa vez não há qualquer outra opção, a vovó quer a presença de todos os filhos e netos! Programe seu acampamento para durar apenas até 31 de julho. Seu pai está reclamando também, mas sabe que terá que ir e ser simpático, portanto poupe-me das queixas... Alias, ele está indo até Londres para uma reunião com Dumbledore, já deve está por aí...

Beijos da mamãe!"


Amassei o papel desapontado, sem qualquer ponta de esperança de escapar desse programa de índio. Com isso fora de questão, minha meta por hora era evitar os corredores que levavam à sala do diretor, para não correr o risco de cruzar com o meu velho... Levantei depressa e fui logo esperar pela professora na porta de seu escritório. Pontualmente às 15hs ela chegou e me acomodei na cadeira enquanto ela puxava os vários panfletos que já havia visto pregados no salão comunal da Grifinória, que explicavam cada uma das profissões existentes no mundo da magia.

Conversamos por quase uma hora, na qual eu expliquei o que realmente pretendia fazer quando saísse de Hogwarts e McGonagall disse que independente disso precisava escolher uma carreira para focar meus estudos finais nela. Acabei me decidindo por comercio bruxo exterior, pois poderia trabalhar com bruxos de todos os países e isso me proporcionaria muitas viagens. E o melhor: não tinham tantas matérias especificas assim, poderia desistir de Trato, Astronomia, Aritmancia e até Herbologia se quisesse, mas teria que manter Estudo dos Trouxas... Agradeci a ajuda e sai da sala, esbarrando com Louise na porta, que vinha da orientação vocacional com a professora Sprout.

LS: E ai? Como foi?
SF: Optei por comércio bruxo exterior...
LS: E porque fez isso?? Você não queria ser produtor musical?
SF: Sim, mas que matérias vou estudar se for pensar só nisso? Acho que já poderia até sair da escola... E não vai ser tão ruim, vou poder me relacionar com bruxos do mundo todo!
LS: Você vai ter é uma trabalheira danada pra aprender esse tanto de línguas... Bom, expliquei que queria ser medibruxa e Sprout disse que não poderei desistir de praticamente nada, só Advinhação, Aritmancia, Astronomia e História da Magia!
SF: Nem Trato??
LS: Não... Ela disse que vou precisar ter conhecimento de animais mágicos quando um paciente chegar no St. Mungus ferido por um... Affê posso me desesperar agora?

Ri da cara de desespero de Louise, mas sabia que não precisava ficar preocupado se ela daria conta de tudo ou não, pois era inteligente e se quer mesmo ser medibruxa, vai conseguir boas notas. Conversávamos distraídos e não percebi que estávamos no corredor do escritório de Dumbledore. Como se já previsse isso, uma sombra parou à minha frente, me encarando.

- Boa tarde filho.
SF: Ahn oi pai, boa tarde.
LS: Boa tarde Sr. Foutley - e ele sorriu pra Louise, coisa rara de se ver.
- Não estão em aula?
SF: Não, acabamos de sair da orientação vocacional, estávamos indo para o salão comunal.
- Estudar, não é? Seus NOMs estão aí! E filho, isso são trajes? Ajeitei a gravata e essas vestes!
SF: Sim senhor...

Estava com a gravata frouxa e totalmente torta e as mangas da blusa arregaçadas, pois já estava cansado de usar aquilo desde as 8hs da manhã. Mas meu pai sempre tem que caçar um defeito em mim pra reclamar... Quando não faço nada de errado, ele implica com as minhas roupas. Tenho a constante impressão que não faça mais nada na vida a não ser desapontá-lo... Me despedi dizendo que tinha dever para terminar e arrastei Louise embora, dobrando o 1° corredor que apareceu.

Queria entender porque papai pega tanto no meu pé... Eu juro que me esforço, mas parece que ele não faz a menor questão de ser agradado! Sei que ele é ocupado com o cargo de Ministro da Magia, mas o jeito com que ele trata minha irmã é completamente diferente do jeito que ele age comigo. Ta bom, eu também sei que papai sonha que eu me torne um auror ou siga seus passos como Ministro e que não lhe agrada nem um pouco saber que minha pretensão profissional é levar adiante a produtora musical da mamãe, mas ainda assim isso não é motivo.

Para não parecer que estou reclamando demais, a única vez em que me lembro de ter visto meu pai sentir orgulho por algo que fiz foi quando ele me inscreveu em um time de futebol trouxa. Eu tinha 7 anos na época e odiava ir aos treinos e participar dos jogos, mas me esforçava porque sabia que ele estava feliz de me ver fazendo parte daquilo. Papai ia aos treinos, não perdia nenhum jogo, se divertia mais do que qualquer criança que estava jogando. Nunca consegui fazer muitos gols nem nada, mas sabia que ele sentia orgulho do filho dele jogar bem e ao menos tentar... É, bons tempos... Daria tudo para as coisas voltarem a ser como eram antes...