Tuesday, April 11, 2006 A arte de enrolar nas provas Do diário de Louise Storm Havíamos entrado na semana dos simulados dos NOMs, que estavam cada dia mais próximos. Já tinha passado por feitiços, herbologia e aritmancia e tinha certeza que havia garantido um E em todos eles, não tive problemas com as provas. Mas hoje a coisa mudava de figura, era dia do simulado de História da Magia, a minha pior matéria, perdendo somente pra Astronomia. Tinha estudado insistentemente os maçantes capítulos do livro e minhas anotações, embora essas não tenham sido muito úteis visto que dormia em quase todas as aulas e perdia boa parte das informações importantes. Mas mesmo assim virei noite estudando! Estava determinada a não colar nesse simulado, precisava medir o quanto eu havia absorvido da matéria mesmo que isso me custasse uma nota ruim, e se colasse não iria adiantar. Pra isso, decidi adotar um novo método conhecido como “a arte de enrolar nas provas”. Sentei bem no meio da sala e esperei que o professor fantasma chegasse para distribuir os pergaminhos. Meus amigos em volta se organizavam nos famosos esquemas de cola, de modo que todos saíssem beneficiados. Mark tomou o cuidado de se sentar bem longe de Sarah para não repetir o incidente do 1° simulado e se posicionou atrás de mim dessa vez. Só espero que ele não tente usar Legilimencia comigo, pois pode se enrolar de novo... Binns apareceu atravessando o quadro como de costume e começou a circular pela sala, deixando os rolos de pergaminho sobre nossas mesas. Eram 4 rolos enormes! As primeiras questões estavam fáceis, eram sobre as razões para a revolta dos duendes de 1874 e havia lido esse capítulo ontem. Respondi antes que as informações evaporassem da minha mente e passei para a próxima. Ela pedia minha opinião sobre os maus tratos aos elfos domésticos. Evidentemente não sabia a resposta, então me vi obrigada a recorrer para meu próprio método... "Como já citado anteriormente, em trabalhos, pesquisas, textos, este assunto, continua sempre atual, por mais que nossa sociedade evolua, há temas que são sempre atuais, maus tratos aos elfos é um destes. Sempre haverá textos, revoluções e discussões até que a desigualdade seja resolvida. Para isto ocorrer, proponho uma mudança geral, tanto de comportamento como de pensamento, e o mais importante organização, disciplina. Essa é a minha opinião." Sabia que o que havia dito não fazia sentido, mas o esquema é preencher o máximo de linha possível para o professor cansar de ler e considerar a nota. Mais algumas questões sobre a constituição dos duendes e umas 3 sobre as leis que classificavam os animais mágicos. A 3ª perguntava sobre os centauros e o porquê de certos bruxos ainda o classificarem como animais, alguns ainda irracionais. Não fazia a menor idéia do por que alguns bruxos ainda considerarem centauros irracionais, mas não poderia simplesmente escrever isso no pergaminho. Parei um pouco pra pensar e uma idéia me ocorreu. Molhei a pena e comecei: "Quanto a essa questão não devemos nos ater apenas às aparências. A análise é muito mais profunda, indo da premissa histórica até os grandes momentos consagrados contemporaneamente. E como se não bastasse, o prisma da investigação é bilateralmente oposto aos pressupostos que o senso comum tem proposto nos pontos dialéticos da magia moderna. Dessa forma, podemos concluir que necessitamos de uma inovação capaz de alavancar a comodidade social nos seus aspectos mais decrépitos. Somente assim poderemos nos considerar diferentes dos animais ditos irracionais." Nossa, me superei nessa! Não disso nada com coisa nenhuma, mas falei bonito. Outra tática boa: usar palavras difíceis! Quando o professor começa a ver palavras complicadas e se perde no raciocínio por causa delas, desiste de entender e dá pelo menos meio ponto. Consegui preencher o 3º rolo sem dificuldades, sabia por alto o que estava sendo perguntado e acho que não me atrapalhei muito. Passei pro 4° e último pergaminho e logo de cara vi que não sabia nenhuma das questões. A 1ª já falava logo sobre os bruxos filósofos do século V. E como eu vou saber sobre o que um velho barbudo que viveu no século V filosofava?? Respondi qualquer besteira e passei pra próxima, que obviamente também não sabia. Voltei para a embromação e respondi: Questão: O que é atitude filosófica? “Reposta: É quando um sábio ou estudioso de filosofia chega a um consenso após dialogar e revisar seus pensamentos, tendo ênfase na atitude filosófica e no senso crítico, para agir com sabedoria, de acordo com as normas filosóficas.” OK, nessa eu iria levar zero, mas paciência... Consegui encher o resto do pergaminho e cheguei à última questão. Perguntava sobre a legislação dos duendes, tudo que pudéssemos falar sobre ela. Até aí tudo bem, lembrava de alguns pontos dela e comecei a escrever. O problema é que no meio da questão, esqueci uma bendita palavra e depois disso, não conseguia lembrar do resto... Não tinha a menor idéia de como continuar, havia perdido o fio da meada. Ainda tentei dar uma coladinha, mas me controlei e mantive a minha palavra. Como o pergaminho estava acabando, escrevi "continua no próximo pergaminho". Só que não tinha próximo pergaminho! Dobrei a pontinha dele para parecer que era pra prender os dois e entreguei assim. Esse foi meu golpe de mestre, porque Binns ia receber trocentos pergaminhos pra corrigir, ia ver meu recado, não ia encontrar meu "5° pergaminho" e provavelmente achar que tinha perdido. Agora está nas mãos dele decidir se vai me deixar responder ela de novo ou considerar como certo... Será que vou tirar ao menos um A? |