Friday, May 19, 2006

Truques de Familiaridades

Do diário de Yulli Hakuna

TP: Boa sorte nos exames. – Disse me dando um beijo.
YH: Obrigada, vou realmente precisar!
TP: A gente se encontra depois, nos jardins, certo?
YH: Certo...
SB: Vamos logo Pontas, a McGonagall vai ficar furiosa se chegarmos atrasados de novo!

Tiago sorriu e saiu atrás de Sirius pela aglomeração de alunos indo para as salas de aula no final do café da manhã. Voltei para a mesa da Lufa-lufa onde meus amigos estavam terminando de comer. Puxei o livro de Poções da bolsa e abri no índice, novamente, para sortear mais uma poção para estudar. Já era a sétima ou oitava vez que folheava meu livro em busca de algum ingrediente que nem ao menos soubesse o que era, quando a professora Sprout entrou afobada no Salão Principal avisando que os examinadores dos exames de Poções haviam acabado de chegar.

PS: Desçam para as masmorras, aonde o professor Slughorn vai os conduzir adequadamente... Boa sorte a todos!

Fomos calados até as masmorras. Slughorn foi chamando dez alunos de cada vez, de acordo com a ordem alfabética. Como meu nome seria um dos últimos a serem chamados, sentei em um canto e continuei a ler meu livro, um pouco apreensiva...

Na medida em que todos iam fazendo os exames e saindo (satisfeitos, assustados ou irritados), Slughorn os mandavam para fora da masmorra, de modo que não tive qualquer outro contato com meus amigos até meu nome ser chamado.

Me levantei e joguei o livro na cadeira. Apesar de nunca ter sido má aluna em Poções, minhas mãos estavam geladas. Entrei na sala ao lado, e o examinador do fundo me chamou até lá.

GH: Bom dia senhorita Hakuna, meu nome é Gilbert Homero. A poção que vou lhe pedir é uma bem complexa, e requer muito cuidado no preparo, mas tenho certeza de que vai se sair bem... - Ele analisou um longo pergaminho, provavelmente de nomes de poções variadas, e depois, parecendo decidido, soltou um sorriso satisfeito... – Quero que me prepare a Veritasserum. Boa sorte, e não tenha pressa!

Se estivesse segurando algo nas mãos, com certeza teria desabado naquele momento. Respirei fundo, e fechei os olhos. Eu tinha lido sobre ela dois ou três dias antes do exame, mas não cogitei a idéia dela ser cobrada. Slughorn sempre com aquela cara sorridente, nos passou tanta tranqüilidade de que teríamos algo simples para preparar nos NOM’s, que mal tinha lido as que nos cobravam muita severidade no preparo. Foi a última poção que ele havia ensinado em suas aulas antes de começar as revisões para a prova, mas nenhuma informação me vinha na cabeça.

Estava gelada, nervosa, se não preparasse nada iria zerar em Poções, e adeus minha carreira no Gringotes. Olhei para os lados, buscando um apoio, e sabe um daqueles momentos que milagrosamente você vê uma luz, um micro ponto luminoso em um túnel onde tudo estava até então afogado na mais penumbrante escuridão?

Yoshi estava não muito longe, no caldeirão do lado. Ele sempre fora um ótimo aluno em Poções, certa vez tia Yhara me contou. Acho que estava fazendo uma cara bastante desesperada, porque ele logo se mexeu e pegou sua varinha, fazendo seu caldeirão, até então cheio com uma poção roxa berrante e fedida, ficar limpo.

Olhei para o fiscal, mas ele estava tão distraído lendo um livro que nem notou que não tinha nem limpado meu caldeirão ainda.

Yoshi havia virado para o meu lado, e me olhava fixamente... Eu disse em silêncio Veritasserum com expressões labiais um pouco exageradas para não restarem dúvidas, e ele logo soltou um sorriso, me confirmando que havia entendido. Apontou para o próprio caldeirão e novamente fez um sinal positivo. Dá para acreditar na minha sorte? De um dia para o outro eu ganho um “irmão/afilhado” e tão repentinamente quanto, nossas coincidências genéticas saem à tona. De um pergaminho de pelo menos 200 nomes de Poções diferentes, o fiscal dele escolheu exatamente a mesma que o meu fiscal. O truque agora era plagiar!

Yoshi foi até a mesa de ingredientes e apanhou todos de que precisava de uma vez só. Para não dar muita bandeira, apanhei os mesmos, mas em ordens aleatórias em pequenos intervalos de tempo, e quando já tinha todos à disposição, acendi o fogo e esperei.

Yoshi me lembrou um daqueles professores de culinária. Pegava cada um dos envelopes de ingredientes, levantava em uma altura adequada para eu não me enganar, e então, cuidadosamente, me mostrava o que fazer com cada um. O fiscal dele sorria debochadamente do jeito dele, como se achasse aquilo tudo um pouco patético demais, mas nem reparou que meus olhos não desgrudavam do caldeirão de lá e que eu fazia exatamente a mesma coisa que o aluno na sua frente...

Pica, corta, rala, pesa, fatia, mistura, dissolve, mistura, separa, pesa, dissolve, cheira e...

YH: Pronta! Aqui está! –

Gilbert pareceu acordar de um longo sonho, e olhou assustado, enxugando uma gota de suor da testa e recolhendo o frasco com uma alíquota da minha poção, incolor...

Ele pareceu satisfeito ao notar a tonalidade e foi até uma pequena mesa separada e com alguns movimentos de varinha dissolveu toda a poção. Voltou sorrindo muito satisfeito para mim...

GH: EXCELENTE! Posso te afirmar que nunca vi nenhum outro aluno do quinto ano preparar tão precisamente uma poção de tal nível como essa... Sabia que você daria conta! Está liberada!
YH: Obrigada! Ham, antes de ir, será que eu posso ficar com o restante da poção?
GH: Bem, não sei, não recebi nenhum tipo de instrução quanto a isso, mas acho que não há problemas... Tenho dó das confidências de quem beber isso aí.

Apanhei o resto da poção e guardei no bolso. Yoshi havia acabado de sair da sala e corri atrás dele...

YH: YOSHI!

Ele se virou assustado, e ficou ainda mais quando me pendurei no seu pescoço o abraçando agradecida.

YH: Obrigada! Se não fosse a sua ajuda, eu não saberia nem começar!!!
- Er... Não precisa agradecer... Coincidência repentina não é?
YH: Coincidência iluminada se quer a minha opinião...
- Verdade! Bom, família serve para isso!
YH: É, eu acho que sim... – disse rindo e forçando um sorriso sem graça dele... – Se precisar da minha ajuda, não nos exames mas para qualquer outra coisa, estou aqui... Madrinha é a segunda mãe! – sorri convencida e ele ficou ainda mais sem graça... – Obrigada de novo! Agora eu vou encontrar o Tiago e... Bom, tchau!
- Tchau!

Não sei por que ele não é muito do tipo de falar, nem sei por que me ajudou, só sei que eu me prometi descobrir e me aproximar mais desse novo membro da família... Anjos caem do céu, disfarçados de irmãos, afilhados, amigos, cúmplices ou todas as alternativas anteriores?