Sunday, June 25, 2006
Invertendo sentimentos...
Do diário de Yulli Hakuna
Finalmente, depois de falar a tarde toda no ouvido do sonserino recalcado e conseguir informações suficientes para concluir meu relatório, fui até a terapeuta maluca entregar. Mark também estava lá com cara satisfeitíssima de dever cumprido, e saímos juntos comentando da tarefa.
Já estava no fim da tarde, e muitos alunos se encontravam sentados em volta de uma grande fogueira conversando...
MF: Vai ficar aqui Yull? Vou direto para a barraca. Esse negócio de aturar sonserinos um dia inteiro é canseira...
YH: Sabe que eu até estou relaxada? Aquele clima zen, aquele cheiro artificial de maçã verde, a lavagem cerebral que aquela música causou, o Gregory que não é lá um sonserino muito falante... Estou me sentindo tão pacífica hoje, acho que nada pode me deixar tensa por uns dias... Vou te acompanhar até a barraca, Tiago deve estar lá.
Nos afastamos do barulho, em direção à barraca dos meninos. Estávamos calados, quando ouvimos uma conversa se aproximando...
- Se você não se afastar, juro que vai se arrepender de ter nascido!
- Nós estamos sozinhos aqui Lily, porque está fazendo esse charme todo?
- Nem mais um passo e eu...
- O que? Pra cima de mim é? Eu vejo que você está a fim de mim, então deixa esse orgulho de lado e aproveita o momento...
- Quê??? Ah, mas é muito pretensioso mesmo né? Você não é o último suco de abóbora do deserto não sabia? Se afasta, eu estou avisando pro seu bem...
- Só me afasto se você olhar nos meus olhos e disser que não quer nada comigo...
- Vai procurar sua namorada! Sai, me solta!
- Primeiro: eu não tenho namorada, segundo: você não faz questão que eu te solte...
A conversa parou. As vozes vinham dos fundos da cabana. É claro que eu já tinha reconhecido as duas pessoas que falavam, mas não queria acreditar... Andei mais rápido, e Mark segurou meu braço com força, o rosto contraído em expressão de alarme.
MF: Calma Yull, por favor...
YH: Eu estou calma! – dei um sorriso nervoso e trêmulo.
Andei rápido a tempo de ver dois corpos grudados. O que senti depois, nem eu sabia explicar. Uma onda escaldante percorreu meu corpo, e senti a cabeça pesando. Queria gritar, chorar, aplaudir, quebrar tudo ao meu redor, mas estava estática. Tiago e Lílian Evans estavam se beijando tão intensamente, que foi realmente difícil acreditar que ela não pedia aquilo há tanto tempo. Ele a segurava com força, e nem se quer me viram, plantada ali, as lágrimas molhando toda a superfície do rosto.
Não consegui falar nada, sai correndo. Eles só se soltaram quando ouviram Mark gritar meu nome e correr atrás de mim. Perdi o rumo, sai contornando as cabanas e empurrando as pessoas que estavam no meu caminho, limpando as lágrimas do rosto. Entrei em uma plantação muito além de onde os estudantes estavam, e me joguei em cima de um tronco. Estava um silêncio absoluto, só ouvia as batidas descompassadas do meu coração, enquanto recuperava o fôlego.
Peguei uma pedra no chão, e arremessei-a bem longe soltando um grito. Ouvi passos vindo na minha direção, e tentei controlar as lágrimas, que agora já caíam involuntariamente.
Alguém se aproximou de mim, e se ajoelhou ao meu lado, me puxando com força e me abraçando.
MF: Calma, calma...
Mark me abraçava com mais força, enquanto eu apenas chorava sem falar nada. Não era bem tristeza, era raiva, era ódio, era a humilhação... Ta, um pouco de tristeza também. Fiquei um bom tempo apenas chorando, até que uma hora as lágrimas acabaram, e eu me afastei vagarosamente de Mark, enxugando o rosto inchado.
Ele me encarava preocupado, e não disse nada.
YH: Eu não sei o que dizer... Queria sumir, preferia ter passado o resto do meus dias acorrentada com o Snape a ver aquela cena.
MF: Ele não merece as suas lágrimas Yull... E nem ela...
YH: É, na verdade, eles se merecem. Eu nunca pensei que ele seria capaz de fazer isso. Tão perto de todos, de mim... E ainda me negar... Estava indo tudo tão bem, e de repente tudo desabou.
MF: Vocês vão ter que conversar, você sabe disso não é? Tive que pedir pra ele ficar na dele e não vir atrás de mim, mas é inevitável que vocês vão ter que se ver ainda...
Fiquei calada. A idéia de ter que olhar na cara do Tiago mais uma vez era insuportável. Mark sentou ao meu lado e segurou minha mão.
MF: Pare de pensar nisso agora. Ele realmente não te merece... Você é linda Yull, muitos caem aos seus pés. É inteligente, animada, divertida. Logo você vai encontrar alguém que te dê o merecido valor...
YH: Porque não encontro rápido então? Quando penso em ter algo sério, escolho totalmente errado. Eu estou perdida...
MF: Quem sabe já não encontrou, mas ainda não reconheceu?
Ele me olhou sério, e me senti totalmente fragilizada. Colocou seu outro braço em volta da minha cintura, e se aproximou de mim, até o ponto de nossos lábios se tocarem. Pensei em me afastar, mas não queria, então o segurei com mais força para perto e deixei o beijo acontecer.
Foi como se parcela dos meus problemas tivessem de repente saindo entregues para o vento. Mark se afastou de mim, e sorriu.
MF: Eu tinha que fazer isso. Sabe, meu vô um dia me disse: Pague na mesma moeda os seus inimigos. Acho que com isso, não tenho mais dívidas com a Lílian, e espero que você se sinta acertada com o Tiago.
Sorri descontraída, afirmando com a cabeça. Na verdade, me sentia muito diferente. A raiva ainda latejava na mente, mas por dentro, me sentia feliz, e não só por ter “me vingado” do Tiago, mas porque não me arrependia de nada do que havia feito.
Me levantei renovada, e decidi voltar. Mark ainda segurava firme a minha mão, os dedos entrelaçados.
Por sorte, não vi nem sinal de Tiago ou Lílian pelo caminho. Paramos na porta da minha cabana, e o beijei agradecendo por tudo. Louise, Alex e Sam chegaram exatamente naquele momento, e apenas entraram sem dizer nada.
Mark virou as costas, e eu entrei. A noite ainda seria longa. As meninas me esperavam sentadas, com interrogações nas testas.