Friday, June 09, 2006

Nem tudo que cai na água afunda

Do diário de Scott Foutley

- Scott e Mark, DE PÉ AGORA!

Estava dormindo tranqüilo e o mais confortável possível naquelas camas duras da nossa cabana quando a porta se abriu com um estrondo e um monitor de uns 19 anos entrou como um furacão, chamando por Mark e eu. Olhei no relógio com a visão embaçada e constatei que ainda era 7hs.

- O que está acontecendo? O toque de despertar é só às 8hs! – Sirius resmungou do saco de dormir no chão.
- Scott e Mark, por favor, me acompanhem, os demais podem continuar dormindo até ouvirem o sino.

Levantei intrigado e um Mark descabelado deu de ombros quando o olhei interrogativo. Seguimos o monitor de pijamas mesmo e se antes eu não estava entendendo o motivo de termos sido tirados da cama sem explicações, não tive mais duvidas quando paramos na varanda. Louise, Yulli, Alex e Sam estavam paradas lá fora, também de pijamas, escoltadas por uma monitora que tinha quase certeza que se chamava Lisa.

- Ótimo, não falta ninguém, certo Eric? – perguntou ao monitor que nos acordou.
- Não, são só esses. Andem, nos sigam ate o lago!

É, agora eu tinha certeza absoluta de onde aquilo ia parar...

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- Mais rápido Scott!
- Calma, é difícil arrombar uma porta sem magia!
- Por Merlin, falem baixo! São 3hs da manhã!

Estávamos parados na porta da cabana dos sonserinos que nos deixaram sem remo no meio do lago, já era de madrugada. Desde o episodio na nossa chegada que estávamos bolando a vingança perfeita e hoje Louise apareceu com a melhor idéia de todas. Eu agora tentava arrombar a porta da cabana deles para que pudéssemos entrar, sem fazer barulho.

- Tem certeza que eles não vão acordar? – Alex parecia preocupada
- Absoluta! Scott é o melhor aluno do Slughorn, não tem como a poção do sono falhar! – Lou falou sorridente.
- Mas eles tomaram tudo mesmo? – agora era Mark o preocupado.
- Parem de frescura, nada vai dar errado. Nem que uma bomba exploda esses vermes acordam! – Yulli disse confiante.
- Sim, já esqueceram que posso ficar invisível? Tomei o cuidado de derramar a quantidade exata para hoooras de sono em cada copo de suco que eles iam beber. Fiz isso com os copos já na frente deles e ninguém nem sentir que eu estava lá! – Sam riu e fiz sinal para que calassem a boca, pois havia conseguido abrir a porta.

O quarto estava escuro e o único som era o dos roncos dos sonserinos. Tinham 8 pessoas ali, mas apenas 6 eram nossos alvos. Mas claro, para garantir que as outras duas não acordassem no meio da operação, Sam também pôs poção do sono no suco deles. Nos dividimos e cada um agarrou a ponta do colchão de um deles, arrastando para fora da cama e depois para fora da cabana. Eles eram pesados, mas como estavam ferrados no sono, por mais que batêssemos os colchões no chão com violência, eles não acordariam.

Seguimos arrastando os colchões pela terra e indo até o lago, parando na margem. Mark puxou uma corda da mochila e o ajudei a amarrá-los juntos, para que não fosse cada um para um lado. Depois de nos certificarmos que todos os 6 colchões estavam bem presos uns aos outros, empurramos eles para dentro d’água. Abençoado seja o trouxa que inventou colchões infláveis e os implantou nesses acampamentos! Sem a intenção, nos permitiu dar o troco nos nojentos sem que eles se afogassem, apenas vagar pelo lago, com sorte indo parar já no oceano. Missão cumprida! Voltamos para nossas cabanas calmamente e adormecemos outra vez. Mas a impressão que tive foi que não dormi nada, pois um monitor me acordou aos berros poucas horas depois...

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Estava outra vez no lago, fazendo uma enorme força para não rir quando avistei o conteúdo de um pequeno barquinho de pesca vindo na direção da margem. Eram os sonserinos, todos cobertos de lodo, enrolados em grossos cobertores, e atrás do barquinho 6 colchões eram rebocados, todos ainda amarrados com as cordas. Yulli engasgou do meu lado quando tentou prender uma risada e Louise dava tapas em suas costas, mal se contendo também. Alex, Sam e Mark já haviam desistido de disfarçar e sufocavam os risos com a mão. O barquinho parou e os 6 otários desceram, nos fuzilando com os olhos. O monitor Eric se pôs entre os dois grupos para evitar qualquer tipo de conflito e Lisa foi até o homem que os trouxe de volta, sem tirar os olhos da gente.

- Obrigada por trazer os meninos de volta em segurança. Se quiser, sinta-se à vontade para ficar e tomar café conosco.
- Não posso, mas obrigada pelo convite. Preciso voltar para a estação de tratamento de esgoto, onde os encontrei. Eles vão precisam de algumas horas de banho para tirar o cheiro...
- Vamos providenciar isso, obrigada.

O senhor desamarrou os colchões e voltou para o barco, indo embora. O tal Eric se virou para a gente parecendo furioso, mas não mais que os sonserinos. Lisa então tomou a frente dele e começou a falar, por estar mais controlada.

- Como puderam fazer isso?? Tem idéia do perigo que foi? Eles poderiam ter se afogado!
- Ah, mas bosta não afunda, sempre bóia... – Alex falou rindo muito.
- Isso vai ter troco! Podem esperar! – Raven gritou e agitou os braços, respingando esgoto nos outros.
- Abaixa o braço fedorento, nem todo mundo se sente em casa coberto de bosta. – falei debochado e um deles avançou, mas o monitor interveio.
- Ninguém vai revidar nada aqui, já chega. Vocês aprontaram com eles – e apontou para os homens-lodo – e eles deram o troco. Pronto, encerrou. – finalizou olhando para o nosso lado.
- Isso mesmo, a intenção aqui é se divertir, ate fazer novos amigos, e não ficar brigando. Mas claro, todo ano temos nossos grupos de encrenqueiros e todos eles recebem o mesmo tratamento. Terapia grupal.
- Como é que é a coisa ai menina? Não ouvi direito... – Yulli falou arregalando os olhos.
- Você ouviu certo. Começamos hoje! Podem seguir direto para o refeitório tomar café, eles vão tomar um banho de algumas horas e às 10hs em ponto quero todos na porta da casa principal! Temos algumas atividades de relaxamento preparadas para começar.

Ficamos nos olhando sem ação por um tempo, até que a monitora nos empurrou e começamos a andar para o refeitório. Ainda não estava acreditando... Esperava ficar trancado num quarto, ter louça para lavar, cortar lenha, sei lá, qualquer coisa! Mas o que realmente não esperava era ter que sentar em circulo com os seres intragáveis, respirar fazendo ahuum e ainda correr o sério risco de ter que cantar canções de acampamento de mãos dadas com eles! Castigo pior que esse não há! Esses monitores eram mais espertos que eu pensava...