Friday, June 23, 2006 Resistindo às tentações... Desabafo de Kyle McGregor -Você está brincando... Um acampamento? E trouxa? -Não estou. Preciso saber que não sou um perigo para eles... -Mas você não é... -Preciso ter certeza disso, senão não volto para a escola. -Por que o acampamento? -Porque meus amigos estão lá. Quero saber se eles vão me aceitar como estou agora. E se alguma coisa ruim acontecer, vocês cortarão o mal pela raiz... Lembrava do diálogo que tive com Alucard, na casa dele em Londres. O senhor Chronos ao saber da decisão do filho, solicitou pessoalmente ao meu chefe no Depto. de Aurores, que eu e Sergei fossemos com o filho dele para o tal lugar. Conversamos com o dono do acampamento, de que Alucard estava com problemas de saúde, nada contagioso, mas que se recuperaria melhor aproveitando o ar do campo e a companhia dos amigos. Claro que uma boa soma em dinheiro o convenceu rapidamente a esquecer o inconveniente de se ter uma cabana reservada para nós. Era começo de noite quando saí da cabana e Alucard já estava adormecido, por causa do efeito das poções. Não havíamos visto seus amigos ainda, mas precisava tomar algumas precauções antes. Queria verificar a topografia daquele lugar, para o caso de algo acontecer. Era minha obrigação mantê-los a salvo e para isso precisaria de ajuda. Lisa a monitora, me informou em qual cabana Alex estava e me dirigi até lá. Cheguei e bati na porta. Não demorou muito, e Yulli apareceu: YH - Oi, Kyle tudo bem?- e ela me olhou um pouco decepcionada. Talvez esperasse outra pessoa. KM - Tudo bem Yulli e você? Eu preciso falar com a Alex, será que você poderia chamá-la para mim? YH - O que você quer com ela? Desculpe ser intrometida, mas ela não ficou feliz após suas últimas visitas. - disse na defensiva. KM - Não vou brigar, não vou ofender e nem magoá-la. É sobre a projeção que ela fez quando o amigo de vocês foi atacado. Quero passar algumas orientações a ela; e depois ela vai poder contar a vocês. Tudo bem? Depois de um exame minucioso, a convenci, porque ela respondeu: YH - Ela saiu com o Logan. Foram... Ahnn... Passear na floresta. Agradeci e me encaminhei para lá. Resolvi usar a projeção para localizá-la e logo descobri que direção devia seguir. Bastou rodear um enorme carvalho e os encontrei encostados na árvore se beijando. Fiquei alguns segundos observando como ela colava o corpo no dele, e parecia feliz com o jeito com que ele a abraçava. Comecei a me sentir incomodado com a cena e falei: KM - Alexandra! Quero falar com você. - e eles se soltaram assustados. Como ela ainda me olhasse sem entender o que eu fazia ali, eu repeti: KM - Quero falar com você agora, Alex. Em particular. - ela olhou para o garoto como se estivesse em dúvida sobre deixá-lo lá ou não. - Ele vai sobreviver se tirar às mãos de cima de você por alguns minutos. Não tenho todo o tempo do mundo. Venha. - disse autoritário, e comecei a me virar para sair dali. LW - Quem você pensa que é para falar com ela assim? Merlim?- o garoto resolveu me enfrentar. AM - Calma Logan... Virei-me e disse sarcástico: KM - Sou alguém que está vendo a irmã aos amassos com um garoto no meio do mato. Alguém que não tem muita paciência, e que se for seguir o manual do irmão mais velho, vai te bater e muito. Ele ainda tentou vir para cima de mim e intimamente eu torcia por isso, mas ela o segurou pelo braço e falou algo para acalmá-lo. Dei-lhes as costas e comecei a andar, logo os passos dela estavam atrás de mim. Afastamos-nos um pouco e assim que me virei para encara-la ela disse ríspida: AM - O que quer? KM - Como o que quer? Não vai dar as boas vindas ao seu irmãozinho? Ou quem sabe me explicar porque estava daquele jeito com aquele idiota... AM - Acho que não foi pra isso que você veio aqui, não é? Você veio aqui para falar do Lu. E para sua informação: eu não fazia nada de mais. Estava com o meu namorado. KM - Precisava ficar daquele jeito? Quase no colo dele? - disse irritado e a segurei pelos braços, ficando bem próximo dela. AM - Não fazia nada errado. Várias vezes, você e eu, namoramos entre as árvores de Kinloch e você nunca reclamou. KM - Não me desafie me comparando com ele... AM - Por quê? Agora que descobriu que é meu irmão, vai me dar umas palmadas ou colocar-me de castigo? Não tenho medo de você. – e seus olhos ficaram apreensivos quando a puxei mais perto, mas ela continuou firme: AM - Você não é meu dono, meu pai ou meu tutor. Não tem o direito de vir aqui me dizer o que fazer da minha vida ou com quem. Tenho direito de estar com alguém que gosta de mim, já que nunca mais vou ter... (fechou os olhos e respirou fundo, para se controlar) - Como vai o Lu? Vai poder voltar para a escola? Foi para isso que você veio não é? Fiquei olhando para ela, absorvendo cada detalhe de seu rosto, descobrindo o quanto ela havia amadurecido neste ano que passou. - soltei seus braços e disse: KM - Sim, foi por isso que vim. A maldição não o transformou totalmente, ele vai poder ter uma vida quase normal. E para se acostumar com esta vida, ele resolveu vir para o acampamento. AM - Como assim? Ele está aqui? Não precisava se recuperar antes?- perguntava enquanto olhava para todos os lados. KM - Ele está se recuperando Alex. De uma maneira impressionante. Fisicamente ele mudou também. O sol não o afeta, porém ele vai sentir sede de sangue, e é sobre isso que quero falar com você. Quero que você e seus amigos sempre tenham a varinha á mão quando estiverem com ele. Para se protegerem se for necessário. AM - Fazendo o que exatamente?- disse preocupada. KM - Se ele perder o controle, o que eu acho que vai ser muito difícil, vocês devem estuporá-lo e chamar por mim ou o Sergei. Saberemos o que fazer para controlá-lo. AM - Você fala como se ele fosse se transformar num monstro. KM - Se ele não se controlar, PODE virar um monstro e matar indiscriminadamente. Sergei irá revezar comigo a vigilância sobre ele por aqui. É um pedido do Lu. – expliquei. AM - Ele não teria coragem de nos atacar, e nós menos ainda de machucá-lo ou matá-lo. KM - Eu sei, por isso estou dizendo a você o que fazer, somente em uma emergência. A sede de sangue humano pode ser incontrolável e ele ferir alguém, mesmo sem querer. Acho que ele não tem noção ainda do poder que tem. Fico pensando na possibilidade de alguém acidentalmente se ferir perto dele, e o cheiro de sangue instigá-lo. Porém, ele precisa saber se pode conviver com pessoas normais. AM - E se não puder? Você o mataria Kyle? - perguntou-me e me dei conta de que eu não havia feito esta pergunta a mim mesmo ainda. Olhei para seus olhos, e respondi sincero: KM - Se ele a machucasse... Ou algum de seus amigos, eu o mataria. Ele não me perdoaria se eu o deixasse vivo, depois disso. Algumas vezes, os amigos têm que fazer o que é necessário. AM - Sim, todos têm que fazer o que é necessário... – nesta hora ouvi o barulho de mato sendo pisado e o garoto estava se aproximando, ela acenou com a mão para que ele ficasse onde estava, e ele parou esperando. Era palpável a raiva que ele estava sentindo, pois vinha com a varinha na mão. O idiota arriscava-se a revelar aos trouxas que era um bruxo. Queria rir, mas ela me olhou com aquele jeito de "não se atreva..." como quando éramos crianças. Sabia que se falasse alguma coisa que ofendesse o garoto agora, arrumaria uma inimiga. Fiquei calado. AM - Vou falar com meus amigos e cuidaremos do Lu. KM - Desculpe se a machuquei. – olhei para seu braço. AM – Você não me machucou e não é a mim que você deve desculpas Kyle, você sabe disso. - e começamos a caminhar de volta ao acampamento. Chegamos perto do tal de Logan e após ver a troca de olhares entre eles, eu disse meio contrariado. KM - Desculpe o modo como agi. LW - Eu entendo você. Tenho irmãs, também sou muito protetor com elas. - e pôs o braço em volta dos ombros da Alex. Assenti com a cabeça e me afastei. Voltei para o acampamento, mas ainda pude ouvir o som de mato sendo pisado no sentido contrário. Esta convivência não será uma prova de resistência somente para Alucard. Será para mim também. |