Friday, September 01, 2006

Como ganhar uma detenção no primeiro dia

Do diário de Scott Foutley

Finalmente 1° de Setembro chegou e embora alguns contratempos que vieram junto com a data, estava feliz por estar novamente no Expresso de Hogwarts. Já havia reencontrado minhas amigas e passamos boa parte da viagem conversando, mas agora estava cada uma em um canto, socializando com outros ocupantes do trem. Eu, por exemplo, estava procurando por Megan com Wayne. Passávamos por um vagão cheio de garotos da Corvinal quando um deles decidiu fazer piadas.

- Olha lá, o Foutley ta de namorado novo...
- Ei Foutley, não vai apresentar aos amigos?
- O nome é Wayne e decora ele, porque você vai repeti-lo muitas vezes implorando para que eu pare de te bater!

Wayne virou de repente e invadiu a cabine, desferindo um soco no corvinal que tinha feito a ultima provocação. Ainda tentei segurar ele, mas os dois já se embolavam no chão, chamando a atenção de quem passava pelo corredor. Logo os alunos se aglomeraram na porta da cabine incentivando a briga e os monitores vieram correndo, encerrando a confusão. Lupin era um deles.

- O que está acontecendo aqui? – ele falou olhando assustado pra cena – Foutley, não esperava ver você brigando!
- Mas eu não... – tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
- 5 pontos a menos pra cada um! E circulem, ou dou detenção!
- Espera aí! Monitores não podem descontar pontos! – o corvinal que Wayne acertou falou, com a mão no nariz sangrando.
- Monitores-chefes podem! – falou batendo no distintivo e ninguém mais questionou
- Quem é aquele idiota? – Wayne falou quando nos afastamos
- Remo Lupin, namorado da Louise...
- Louise? Louise Storm, aquela sua amiga ruivinha? Huuuum
- Deixe-os em paz, Wayne, é sério!
- Tudo bem, só estava perguntando...
- Você não devia ter batido no garoto, já começamos o ano com -5!
- Mas ele pediu uma surra, você ouviu o que ele disse?? Por que você não reagiu? Era com você que eles estavam implicando!
- Eu não ligo mais para as provocações, já acostumei. Agora só ignoro, é menos estressante. Você devia tentar fazer o mesmo.
- Não consigo, não tenho sangue de barata... Você era quem devia enfrentar quem fala mal de você, ora!

Deixei Wayne falando sozinho e voltei para o final do trem onde minhas amigas estavam, desistindo de procurar minha irmã. Ele continuou olhando dentro dos vagões e não nos vimos mais até a hora do desembarque. Os alunos se empurravam para pegar uma carruagem vazia enquanto Hagrid conduzia os alunos novos pelo lago. Já estava entrando em uma com as meninas quando vi Wayne circulando pelo meio delas, como se procurasse alguma coisa.

- O que está fazendo? Não vai entrar nas carruagens?
- Vai embora panaca, volta pra onde você estava.
- Você esta desatrelando as carruagens??
- Não é da sua conta, já mandei sair.
- Como consegue achar os testrálios?
- Você é surdo? – falou se afastando das carruagens e parando ao meu lado
- Quantas você desatrelou? E por que fez isso?
- Vou dar um susto naqueles garotos babacas da cabina... Toma, segura!
- Ei, não joga isso em cima de mim!

Wayne puxou um amarrado de fogos filibusteiros do bolso e os acendeu depressa, jogando na minha mão. Na mesma hora atirei de volta pra ele, que jogou em cima de mim de novo e acabei por jogar no meio das carruagens que ele havia soltado. Wayne agarrou a manga das minhas vestes e me puxou pra longe dali em tempo, pois as bombinhas estouraram e causaram um verdadeiro pandemônio. Os testrálios soltos saíram voando e as carruagens que eles mantinham de pé tombaram, arremessando seus ocupantes na grama. Eram justamente as 3 carruagens que acomodavam os corvinais que mexeram comigo e todos os amigos que estavam na cabine. Os outros testrálios ficaram alvoroçados e só se via carruagem correndo de um lado pro outro, em meio aos gritos dos alunos dentro delas.

- Anda, vamos sair daqui! – falei empurrando Wayne, mas nos chocamos com alguém no caminho.
- Ora, ora... Então foram vocês? – Filch falou, nos olhando de cima a baixo. Na mesma hora meu irmão de esticou e ficou sério
- Não, não, não é o que você esta pensando! – falei apavorado
- Não estou pensando nada, estou vendo! – falou berrando – Wayne Foutley... De volta a Hogwarts, então?
- É, sim...
- Me acompanhem! Os dois!

Filch foi nos empurrando em direção ao castelo, a pé. Meu irmão ia mudo ao meu lado e comecei a desconfiar que ele tivesse medo do zelador. A confusão com as carruagens continuava e nenhuma dava sinal de que iria prosseguir como todo ano, parecia que os alunos teriam que fazer a travessia da estação até Hogwarts andando. A professora McGonagall estava parada no Hall de Entrada com os primeiranistas sem entender porque apenas pouquíssimos alunos ocupavam as mesas das casas quando fomos praticamente arremessados na frente dela pelo velho idiota, que já ia dedurando tudo. Acho que ele nem precisava ter dito que a culpa pelo salão estar vazio era nossa, pois ela já fechou a cara severa e apontou para a direção de seu escritório, bateu a porta quando entrou e trancou. Imediatamente olhei procurando uma janela e bolando uma maneira de escapar por ela caso ela tentasse nos assassinar. A idéia de estar trancado numa sala com uma professora McGonagall furiosa não era lá muito reconfortante...

- Expliquem-se!
- Professora, foi um acidente.
- Acidente? Então vocês acidentalmente acenderam os fogos e acidentalmente os atiraram no meio das carruagens??
- É, sobre a parte de atirar foi realmente sem querer... – Wayne falou
- Sr. Foutley, mal chegou à escola e já causou confusão? Vocês têm idéia da gravidade do que fizeram? Alguém poderia ter se machucado!
- Vamos ser expulsos professora? – perguntei suando
- Não diga bobagens, Sr. Foutley! Dessa vez não, mas ambos receberam detenção e vou, sem sombra de duvidas, comunicar ao pai de vocês sobre o que fizeram! Estão dispensados, direto ao salão para o jantar!
- Obrigado, muito obrigado! Acabamos de chegar e já recebemos detenção! – falei furioso quando saímos do escritório
- Relaxa mano, você anda muito estressado... Eu estou de volta a Hogwarts contra a minha vontade, então vou aproveitar. Pensou mesmo que fosse continuar com a sua vidinha mais ou menos comigo por perto?

Wayne se adiantou e entrou logo no salão principal, sentando-se à mesa da Sonserina e cumprimentando velhos amigos que assim como ele, também haviam repetido o ano. Me encaminhei discretamente para a mesa da Grifinória, ignorando os olhares de ‘eu sei que você teve culpa por termos chegado a pé’ e sentei ao lado do Lu, que tinha o rosto vermelho e suado por causa da caminhada. Pelo visto eu não me enganei: minha vida acadêmica vai sofrer uma guinada de 360° com Wayne aqui...