Friday, September 15, 2006

Frente a Frente

Por Benjamin O’Shea

Só poderia existir uma palavra para descrever minha terceira semana em Hogwarts: explosiva! Era a terceira vez só naquela semana que Foutley e eu discutíamos. Ele não ia com a minha cara e deixava isso transparecer, era evidente, portanto eu passei a implicar também, como troco.
Era uma sexta-feira chuvosa e eu suspeitava seriamente de que nenhum dos nós lembrasse do real motivo da discussão daquele dia.

- PELO MENOS EU PENSO FOUTLEY, JÁ VOCÊ...
- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR COMIGO DESSE JEITO O’SHEA!
- NÃO POSSO NÃO, É?

Eu tirei minha varinha das vestes quase ao mesmo tempo em que ele puxou a dele. Já ia começar a lançar todos os feitiços que lembrasse quando a professora McGonagall entrou na sala.

- Bom dia, classe.

Tão rápido quanto tiramos as varinhas das vestes, a guardamos. Nos encaramos por alguns segundos e então fomos nos sentar em nossos lugares. Dessa vez eu sentei longe das meninas e por sorte, não tivemos tempo de nos esbarrarmos durante o resto do dia.

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Estava andando pelos corredores do colégio à noite, escondido sob a capa da invisibilidade que meu irmão me deu antes de ir para Hogwarts. Kegan desenvolvera a habilidade de ficar invisível e não precisava mais dela. Ele era auror e a novidade veio a calhar, portanto herdei sua capa. De repente ouvi passos vindos do final do corredor. Parei para ver quem era. Filch, o zelador, vinha em minha direção. Sorri e pensei em jogar uma bomba de bosta nele, mas mudei de idéia, aquela saída noturna era apenas para "reconhecer" o castelo, não para pregar peças. Desviei de Filch e continuei andando.

Já estava no ultimo corredor do 5° andar quando vi o Foutley se escondendo atrás de uma armadura, estava fugindo de Filch. Não era um bom esconderijo. Até considerei seriamente a possibilidade de deixa-lo lá para ser pego, mas lembrei-me de que se isso acontecesse, Grifinória perderia muitos pontos e eu não queria isso, mesmo não sendo da casa. Andei até o Foutley e o cobri com a capa da invisibilidade...

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Por Scott Foutley

Eu perambulava pela escola à noite, tinha de tomar cuidado para não ser visto pelos professores e nem pelo zelador. Mas infelizmente eu não estava com tanta sorte assim. Ao dobrar a direita em um corredor, vi Filch vindo na minha direção. Ele ainda não tinha me visto, mas era apenas questão de tempo. Escondi-me atrás da armadura mais próxima, mas não era um bom esconderijo, assim que Filch passasse por aquele lado iria me ver...

Senti algo me cobrindo. Olhei para o lado e pude ver O’Shea me olhando. Eu ia falar algo, mas ele colocou a mão em minha boca e fez com que eu me calasse. Entendi seu gesto, o que quer que eu fosse falar era para esperar Filch passar. Ele passou por nós e esperamos o som de seus passos desaparecerem para sairmos de debaixo da capa.

- O que você está fazendo aqui, O’Shea? - comecei
- Suponho que o mesmo que você Foutley - respondeu seco- explorando a escola.
- Não estou explorando nada, já conheço todos os cantos do castelo. Por que me ajudou?
- Não pense você que foi por bondade - disse sarcástico - eu só não queria que Grifinória perdesse pontos, que era o que ia acontecer se você fosse pego.
- Você nem é da Grifinória, porque se importa?
- Não sou uma pessoa ruim, não iria deixa-lo perder pontos para sua casa por vingança pela sua implicância. Sei que não gosta de mim, mas até gosto de você.

Ok, ele me pegou. Fiquei parado encarando ele um tempo, mas sem dizer nada, pois simplesmente não sabia o que falar. Aposto que as meninas iam rir da minha cara agora.

- Isso é uma capa da invisibilidade. – falei depois de um longo período constrangedor
- É - disse
- Não foi uma pergunta O’Shea – provoquei

Ele me analisou bem, e fiz o mesmo. Ele não era o tipo de pessoa com quem você deveria discutir no meio da noite quando se estava fazendo algo errado.

- Eu se fosse você voltava para o dormitório – ele disse por fim
- Você não manda em mim, O’Shea.
- Não foi uma ordem, Foutley - rebateu - foi uma sugestão. Mas faça como quiser.

Benjamin botou a capa e voltou a explorar o castelo. Eu fiquei lá, analisando o que acabara de acontecer. Bom, ele tinha razão e, de qualquer maneira, eu não queria que Grifinória perdesse pontos. Dei meia volta e fui para os dormitórios. Mas não dormi. Passei a noite em claro, com meus pensamentos cada minuto mais confusos...