Wednesday, September 06, 2006

O Novato

Do diário de Scott Foutley

Acordei cedo no nosso primeiro dia de aula. Eu começava hoje o 6° ano em Hogwarts, faltava agora 2 anos para me formar. Lu já estava de pé quando voltei do banheiro e parecia disposto para encarar o novo ano. Descemos juntos para o café e depois de falar com as meninas, fomos para a mesa da Grifinória. A professora McGonagall passou distribuindo nossos horários e me lembrando que eu tinha uma detenção a cumprir no final do dia. Nossa primeira aula era DCAT, seguida de Trato de Criaturas Mágicas. Eu devia ter desistido de Trato, mas esqueci de avisar a McGonagall e agora ela não queria mais me deixar desistir.

Comemos rápido e fomos para a sala do professor Stroke. Agora todas as casas tinham aula junto, o que tornava a coisa menos torturante. O professor já estava de pé na frente da sala e só dava bom dia enquanto nos acomodávamos. Louise já estava na sala, ela havia chegado antes para pedir autorização a ele para continuar com as aulas e pelo jeito ele não tinha negado. Yulli e eu sentamos ao lado dela no fundo da classe, mas Alex, Lu e Mark foram para frente, eles adoravam a matéria e mal piscavam, prestando atenção. Ele ia começar a fazer o tradicional discurso de volta as aulas quando bateram na porta e a professora McGonagall entrou, acompanhada de um garoto magro, alto, de cabelos caindo no rosto e usando uma jaqueta no lugar da capa que todos usávamos. Seu uniforme era da Lufa-lufa, o que fez Louise e Yulli esticarem o pescoço e trocarem olhares intrigados.

- Com licença Willian, posso falar com vocês um instante?
- Claro Minerva, entre, entre.
- Obrigada. Bom dia classe! – e todos responderam – Willian, esse é Benjamin O’Shea. Ele veio transferido de Ballyhara e irá estudar conosco esse ano. Como ele chegou essa manha, a seleção das casas foi feita da sala do Dumbledore e ele ficará na Lufa-lufa.
- Bem vindo a Hogwarts, Sr. O’Shea – o professor falou.
- Obrigado...
- Sr. O’Shea, depois da aula procure a professora Sprout, ela lhe ajudará com os horários. Por hora, pode se sentar no fundo da sala, com aquelas duas senhoritas e... Srtas Storm e Kinoshita levantem os braços! Pronto, sente-se perto delas, elas são da sua casa e vão lhe ajudar. Onde está a Srtª McGregor? Ah, aqui na frente... Bom, sente-se atrás e depois elas lhe apresentam os demais alunos! Obrigada Willian.

Minerva saiu da sala e o professor fez sinal para o garoto se mexer e sentar perto da gente. Louise e Yulli logo abriram um sorriso e se apresentaram, enchendo o coitado de perguntas, mas logo o professor pediu silencio e comunicou que faríamos uma aula pratica, para relembrar os feitiços usados nos NOMs e assim começar a preparação para os NIEMs. Elas formaram uma dupla, Alex e Mark outra, Lu se posicionou ao lado da namorada e eu me vi sem opções a não ser fazer par com o aluno novo.

- É bom em DCAT? – ele me perguntou quando fomos para o meio da sala
- Não sou ruim, mas não pretendo ser auror, não vejo necessidade em ser bom.
- Como não? Não lê jornal para saber que todos precisam aprender a se defender? E se formos atacados de repente?
- Ah então todos são obrigados a ter ensinamentos de auror só porque um bruxo maluco sai por ai matando quem não acha ele legal?
- Nossa... – e ficou pensativo
- O que foi?
- Nada, é que eu pensava que os alunos de Hogwarts fossem inteligentes. Vejo que me enganei.

Eu ia responder, mas no exato momento em que abri a boca o professor Stroke falou em voz alta para que começássemos os duelos e o garoto gritou um feitiço que eu não conhecia, me derrubando. Ele ficou de pé, rindo, e me levantei puto. Apertei a varinha entre os dedos e tentei desarma-lo, mas ele usou o feitiço escudo e me bloqueou. Ficamos nisso por toda a aula, um tentando derrubar o outro sem surtir efeito, até que o professor ordenou que parássemos e dispensou a turma.

- Não gosto desse garoto... – falei quando já estávamos fora da sala
- De quem? Do Ben? Ah Cott, ele é tão legal! – Yulli falou empolgada
- Ben? Então ele já é Ben?
- Ora, foi ele quem pediu que o chamássemos assim! – Louise se defendeu
- E ele é uma gracinha, não? – Alex completou o coro
- Já estamos atrasados para a aula de Trato, vamos. – falei e sai andando
- Espero Cott! Por que você ta irritado?

Larguei as três rindo e atravessei o gramado em direção a orla da floresta. Toda a turma já estava lá, mas nem sinal do professor Kettleburn. Elas chegaram e vieram se sentar perto da minha bancada, puxando o material. Não vi nem sinal do menino novo. Ótimo, quem sabe ele não se inscreveu para Trato... Um homem parrudo veio caminhando na direção das bancadas e parou na do professor, pigarreando antes de começar a falar.

- Bom dia. Meu nome é Arnold Botner e eu serei seu professor de Trato de Criaturas Mágicas até o 7° ano. O professor Kettleburn só dá aulas até o 5° ano. A aula hoje será teórica, quero ver o quanto vocês se lembram dos NOMs e...
- Com licença, essa é a aula de Trato? – Benjamin apareceu no jardim com os braços cheios de livro
- Ah sim, aviso numero um: eu não tolero atrasos. Se a aula é as 10:15, às 10:16 já não permito que mais nenhum aluno entre.
- Tudo bem, até semana que vem...
- Volte aqui garoto! Hoje é o 1° dia, estou mais tolerante. Sente-se e abra o caderno como seus colegas, calado.

A área da sala se encheu com o som de cadernos sendo arrancados com violência das mochilas e paginas sendo folheadas até que se encontrasse uma em branco. O professor parecia nervoso com o barulho, andava de um lado para o outro cutucando o ouvido, até que deu um berro e assustou a todos.

- PAREM! Parem com isso! Aviso numero dois: é terminantemente proibido que se arranque folhas de caderno. Eu tenho o ouvido sensível devido a uma poção que explodiu na minha mão, e o barulho da folha sendo arrancada me irrita.

Alguns alunos não deram importância e continuaram a passar as folhas do caderno sem delicadeza. O professor Botner só faltava dar pulinhos na grama. Ele foi ate sua bancada e tirou uma régua imensa, acertando ela na mesa com força. A turma na mesma hora se calou.

- Isso, não dêem importância aos problemas do professor novo, quem se importa? Bom, pois agora vão se importar! Abram os cadernos EM SILENCIO e comecem a copiar tudo que eu disser. Quero todos eles na minha mesa no fim da aula e se tiver faltando alguma linha levará dar um T!

O louco começou a falar depressa, atropelando as palavras e tornando impossível que copiássemos algo sem se perder. Louise sacudia a mão dizendo que ela doía e Yulli e Alex começavam a suar tentando acompanhar o professor. Minhas folhas estavam todas borradas, cheias de risco, mas estava conseguindo acompanhar.

- Vai mais devagar professor, não peguei a ultima frase! – Mark falou desesperado
- Menos 5 pontos para a Lufa-lufa pela interrupção!
- O QUE? Mas ele não fez nada! – Alex berrou
- Menos 10 agora! Querem que aumente para 20?

Mark e Alex abaixaram os braços furiosos, mas não se atreveram a falar outra vez. O professor insano aumentou o ritmo, fazendo todos entrarem em pânico e constantemente gritava para não fazermos barulho. Já sentia que minha mão ia cair quando alguém no fundo das bancadas destacou um pedaço da folha do caderno. O homem parou na mesma hora, como se um gato estivesse arranhando seus tímpanos. Ele parou e mirou a turma, que ficou imóvel e prendia a respiração.

- Quem foi?

Silencio. Ninguém dizia nada. Foi então que ele focalizou o autor da brincadeira. Era o novato, Benjamin. Ele tinha os dedos levantados e um pedaço da folha solta. O professor andou até ele e ameaçou descontar mais pontos da Lufa-lufa, mas não o fez. Quando já estava a meio caminho do quadro outra vez, Benjamin destacou o resto da folha, lentamente, fazendo o barulho penetrar no ouvido do professor, que ia se contorcendo na frente da classe como se estivesse sendo atingido com a maldição cruciatos.

- Saia da minha aula imediatamente garoto! Direto para a diretora de sua casa e avise a ela que você acaba de perder sua vaga em Trato de Criaturas Mágicas!

Benjamin recolheu o material calmamente e passou pela turma antes de atravessar o gramado. Largou a folha arrancada na mesa dele e arrancou mais uma antes de sair, fazendo o professor sentar agoniado, tapando os ouvidos. A turma não sossegou mais depois disso, obvio. O comentário era o aluno novo que não respeitava os professores, o causador de encrenca. As meninas estavam animadas, rindo do que ele tinha feito e dizendo que era bem feito pro professor. Bom, elas podem achar o que quiser, mas eu não gostei desse garoto e nada vai me fazer mudar de idéia!