Wednesday, November 22, 2006

Surpresas de aniversário...

Do diário de Yulli Hakuna

- Feliz aniversário Yulli! – duas mãos tamparam meus olhos, enquanto uma voz rouca e inconfundível falou baixo perto do meu ouvido. Sorri antes de responder.
YH: Tiago...
TP: Ahh, como você sabia que era eu?
YH: Ainda sei diferenciar vocês, sabia? E o seu perfume forte também.
TP: Hum, ok, vou aceitar isso como um elogio de que sou inesquecível...
YH: Inesquecível e bem modesto, claro.
TP: Sim, minha mãe sempre me disse pra ser humilde! Então, está indo para a Lufa-lufa?
YH: Sim, eu estava patrulhando um corredor agora. Foi a maneira do Filch me presentear nesse dia... E você, onde estava?
TP: Eu estava esperando te encontrar...
YH: E como exatamente você sabia que eu estaria aqui? Já passou da hora de ficarmos perambulando no castelo!
TP: O mapa... Ah, isso não vem ao caso! Posso te acompanhar? Preciso de uns minutos com você, só conversa! Juro! Sem outras intenções, a não ser que você queira...
YH: Só conversa Tiago, sem mais! – rindo.
TP: Ahh, bom, ok, certo. Então, já sente o peso da maioridade?
YH: Bom, a única coisa que eu sinto é um vácuo no estômago, nenhum peso novo.
TP: É, achei que não estaria sentindo diferença mesmo... Os anos não passam pra você, Yulli!
YH: Sem filosofias de Matusalém, Tiago. Você está falando como minha tia-avó, e olha que ela é bem mais velha que você!
TP: Certo! Bom, porque não vamos comer alguma coisa? Pelo visto você não pegou o jantar...
YH: Boa idéia!

Continuamos o caminho até a cozinha conversando sobre professores, aulas e alunos. Eu me sentia cansada e com fome, mas aquela conversa, por incrível que pareça, estava me fazendo sentir muito bem. Sentamos e os elfos trouxeram suco de abóbora, tortas de frango e palmito, e de limão.

TP: O atendimento aqui é sempre muito bom quando se invade no meio da noite, mas hoje está melhor. Talvez por ser seu aniversário, não sei.
YH: Eles nem sabem quem eu sou, como vão saber que hoje é o meu aniversário?
- Bom, talvez porque nós tenhamos contado a eles? – uma voz falou do fundo da cozinha, e de uma a uma, cabeças foram aparecendo de trás dos balcões. Ali estavam todos meus amigos, com chapéu cônico e língua de sogra. Louise, Alex, Scott, Sam, Mark, Remo, Sirius, Josh, Lu, Mirian, Ben, Joey, Susan e Yoshi (sim, ele mesmo!). Levei um susto, eu realmente não tinha esperado aquilo. Todos eles tinham me cumprimentado mais cedo, e nós tínhamos combinado fazer alguma coisa no final de semana, uma vez que em plena segunda-feira não dava pra fazermos uma boa festa lufana. Começaram um coro de “parabéns a você”, e depois avançaram e me deram um único abraço, juntos, me esmagando.
YH: Eu não acredito! Como vocês planejaram tudo isso sem eu ter percebido?
LS: Bom, não foi realmente muito difícil...
AM: Nós pedimos pro Remo e ele arrumou um corredor pra você patrulhar facilmente, e bem na hora do jantar. Então, sabíamos que você ia acabar vindo na cozinha pegar algo pra comer antes de ir pro dormitório...
YH: Se essa criatividade de vocês fosse canalizada para as provas de história da magia, nós estávamos feitas!
SF: A idéia não foi nossa, Yull! Foi...
TP: Er, minha! Eu estava te procurando mais cedo, e acabei vendo a Louise. Ela não sabia onde você estava então perguntei se iam fazer alguma coisa pra comemorar, e ela disse que não. Eu pensei: Bom, não posso deixar isso passar em branco... E então, pensei em uma pequena comemoração, que saiu até maior do que eu esperava! – ele olhou em volta para todos rindo. – A idéia dos chapeuzinhos cônicos não foi minha, juro!
SW: Não faz seu estilo, Tiago!

Sentamos, comemos a torta de nozes e chocolate que eles tinham preparado, e antes que ficasse muito tarde, aos poucos foram indo de volta aos dormitórios. Sai por último, Tiago ainda tinha ficado lá ajudando os elfos a organizarem o resto da comida, e saiu comigo. Estávamos quase na porta do salão comunal.

YH: Obrigada! – parei olhando pra ele com sinceridade.
TP: Não dá de quer... Acho que é o mínimo que eu podia fazer pra demonstrar que podemos ser bons amigos.
YH: Está quase me convencendo disso, então!
TP: Eu tenho um presente pra você! Queria esperar para entregar quando estivéssemos sozinhos, e aqui estamos nós... – ele enfiou uma das mãos dentro do bolso das vestes e tirou em seguida, fechada. – Na verdade, isso nunca foi meu, só estou te devolvendo afinal. Abre a mão.

Fiz o que ele pediu, e ele colocou na minha palma uma esfera dourada brilhante, que logo tremeu e duas asinhas pratas emergiram da sua lateral, fazendo ela levantar vôo. Agarrei o pomo, sem entender.

YH: Um pomo?
TP: Não é “qualquer” pomo. É o pomo daquele jogo que eu sabotei a vitória da Grifinória. Aquele que você quer se vingar até hoje. Ele é seu. Você mereceu mais, eu reconheço.
YH: Esse não é aquele seu pomo velho de guerra, que você fica lançando e apanhando continuamente quando está quieto?
TP: Sim, ele mesmo...
YH: Nossa, agora me senti lisonjeada!
TP: Eu sabia que você ia gostar! Achei que seria legal te dar esse, uma vez que vou ganhar o do nosso próximo jogo.
YH: Veremos, veremos...

Tínhamos acabado de chegar na tapeçaria da Lufa-lufa, então paramos de andar, e nos encaramos.

YH: Obrigada, mais uma vez, por tudo! Adorei! Inclusive o pomo...
TP: Não fiz nada demais! Bom, é isso, feliz aniversário. – ele se aproximou e eu senti o coração acelerar, mas não era nenhum sentimento amoroso, ou nada disso, me senti ansiosa de repente. Quando estava próximo, ele virou o rosto e me deu um beijo na bochecha, seguido de outro abraço. Respirei fundo, aliviada. – Amigos, certo?
YH: Isso, bons e velhos amigos! – sorri, e virei as costas entrando no salão comunal e sentindo então a leveza da maioridade!