Thursday, November 23, 2006

When Worlds Collide

Do diário de Scott Foutley

Já estávamos no final de Novembro e os alunos já contavam os dias para o inicio das férias de Natal. Eu estava sem planos. Não queria ir para casa passar as festas em família esse ano. Wayne e eu andávamos brigando cada vez mais e a expectativa de ter que dividir o quarto com ele por 3 semanas não é das mais animadoras. Megan já havia dito que passaria as festas na casa de uma amiga e Karen provavelmente não apareceria por lá, então não havia motivo para eu voltar também. Todo o tempo que eu pudesse desfrutar longe do meu pai e das nossas brigas, melhor.

Já fazia duas semanas que as turmas do 6° ano estavam sem aulas de História da Magia. A professora McGonagall veio nos informar na 1ª aula que perdemos que o professor Binns estaria algumas semanas afastado da escola e não nos informou o motivo, disse apenas que ele talvez não retornasse e eles estavam a procura de um novo professor. Até o momento não tínhamos nem sinal de professor novo. Bom, nada até hoje. Estava na biblioteca adiantando o dever de Poções quando Filch chegou dizendo que hoje teríamos aula.

Cheguei na sala e a turma já estava quase toda lá, ansiosa para conhecer o novo professor. Sentei no fundo da classe com as meninas e já estava recomeçando meu relatório de Poções quando a porta abriu e a professora McGonagall entrou seguida por uma bruxa quase da sua altura, longos cabelos loiros e bem magra. Levantei a cabeça curioso, com a impressão de que a conhecia de algum lugar. Quando elas pararam na frente da sala, meu estomago afundou 10 centímetros.

- Bom dia classe – McGonagall falou e todos se calaram – quero lhes apresentar nossa nova professora de História da Magia, a Srtª Karen Foutley – e torceu o nariz ao falar – vou deixar-lhes com ela, boa aula. E boa sorte Srtª Foutley.
- Obrigada Minerva!
- Ei Cott, não é a sua irmã?? – Louise falou animada, me cutucando.

Balancei a cabeça em concordância, sem palavras. Ainda estava em estado de choque, não podia ser verdade. Como se já não bastasse estudar com Megan e esbarrar com Wayne nos corredores, agora teria aula com a Karen?? Olhei para Megan depressa, mas ela estava sorrindo e já conversando com nossa irmã, aparentemente adorando essa novidade. Ou talvez ela já até soubesse e convenientemente esqueceu de me contar. Karen sorriu acenando pra mim e acenei de volta sem graça. A turma inteira já olhava na minha direção.

Karen afastou os papeis em cima da mesa e sentou, cruzando as pernas por baixo dela. Agora todos já estávamos mudos, pois nunca nenhum professor de Hogwarts havia sentado em cima da mesa em posição de yoga para dar uma aula. Ela pediu que cada um dissesse os nomes e após as devidas apresentações, ela começou a falar.

- Bom, agora que já sei os nomes, e eu não vou esquece-los mais, quero dizer que é proibido que me chamem de Srtª Foutley. Meu nome é Karen e eu gosto muito dele, então usem-no! – e todos riram – Tenho também mais alguns avisos... 1°: eu não dou nota. Detesto notas, acho que não são elas que avaliam o aluno.
- Mas Srtª Foutley, digo, Karen – Sarah já estava balançando a mão no ar – se não recebermos notas, como vamos saber se estamos indo bem?
- Sarah, certo? Acredito que cada aluno sabe quando está e quando não está entendendo a matéria. Vou dar um voto de confiança a vocês, para que venham me pedir ajuda quando verem que não estão acompanhando as aulas.
- Mas precisamos de notas, e os NIEMs?? – Sarah insistiu – a professora McGonagall não vai gostar disso!
- Essa aula não é da McGonagall Sarah, deixa de ser chata! – Louise falou e as meninas logo concordaram, junto com o resto da turma. Sarah torceu o nariz e as ignorou.
- Desculpe professora, mas meus pais pagam muito dinheiro para que eu estude aqui e eles vão querer ver minhas notas no final do ano!
- Muito justo, tem toda razão... Então façamos o seguinte: vocês mesmo darão suas notas. Como já falei, confio no julgamento de cada um e no fato de que não vou ver somente EE nos relatórios... – e a turma inteira riu, em seguida concordando.
- Ah, você acha mesmo que os alunos vão ser justos com as notas?? Ninguém aqui vai se dar uma nota baixa! – Sarah tornou a reclamar e a turma vaiou
- Silencio, silencio. – Karen pediu e as vaias cessaram – Escute Srtª Batland, se tornar a me questionar sobre notas, vou lhe reprovar. Assim você terá um belo ‘T’ para apresentar aos seus pais! – Karen falou claramente perdendo a paciência.
- Mas se você não acredita em notas, como pode me reprovar?
- Não preciso dar uma nota para lhe reprovar, basta comunicar ao diretor!

Sarah abaixou a mão irritada e cruzou os braços, enquanto a turma inteira ria. Karen fez sinal pedindo silencio e nos calamos, mas não por completo. Era evidente a mudança brusca no estilo de aula que Binns dava das aulas que Karen iria dar. Apesar de não estar inteiramente empolgado com a idéia de ter todos os meus três irmãos perto o ano inteiro, alguma coisa me dizia que as aulas seriam mais interessantes. Karen tornou a sentar-se à mesa em posição de yoga e começou a falar dos próximos avisos que queria dar. Não tivemos matéria nova naquela tarde, ela passou todo o tempo dela sentada naquela mesa nos perguntando sobre o que já havíamos aprendido e nos forçando a dar nossas próprias opiniões sobre o que Binns já havia passado. E pela primeira vez em uma aula, a mão de Sarah não levantou uma única vez sequer. Hoje o dia pode ser considerado como um marco na história de Hogwarts!

Deixamos a sala quando o sinal tocou e fiquei para trás enquanto minhas amigas saiam, para falar com minha irmã. Como se já esperasse por isso, Karen demorou mais que o necessário para juntar meia dúzia de papel em cima da mesa. Parei na frente dela e esperei para falar, mas ela quebrou o silencio primeiro.

- Desculpe não ter dito nada que viria dar aula aqui, mas imaginei que você fosse fazer todo um drama e tentar me convencer do contrario, então só contei para a Megan.
- Eu não ia fazer drama! – falei ofendido e ela me olhou séria – ok, talvez só um pouco...
- Conheço você mais do que pensa, maninho. Mas não se preocupe, vou apenas dar aula aqui, sem atrapalhar sua ‘vida acadêmica’.
- Não gostei das aspas em vida acadêmica, mas vou deixar passar... – falei fingindo estar ofendido e ela riu
- Então? Como me sai no meu primeiro dia? – ela falou depois de um tempo
- A turma parece ter gostado, foi totalmente diferente do que estamos acostumados.
- Eu perguntei de você. O que achou?
- Ah, foi bom... – e depois de uma pausa continuei - Na verdade foi ótimo, nunca achei que fosse considerar gostar de História da Magia.
- Bom, se você, a pessoa mais critica que conheço, aprovou, então estou indo pelo caminho certo!
- Muito engraçado... Vai passar o Natal em casa? – perguntei de repente
- Não, sem chance. Vou para a França com Adam. E você?
- Não estou muito animado em ir pra casa, mas não tenho idéia do que fazer! Se minhas amigas forem pra casa, vou acabar indo também. Não quero ficar aqui sozinho.
- Por que não vai para Nova York?
- E o que vou fazer sozinho lá??
- Ai Cotty, você e sua mania de ignorar os parentes... Esqueceu dos nossos tios que moram lá? O tio Kevin, a tia Lisa e os nossos primos Emerson e Juliet... – ela falou devagar, como se falasse com uma criança desmemoriada.
- Ah, eles! Gosto deles... são legais. Mas eles não moram em Long Island?
- Sim, mas o Emerson e a Jules com certeza vão levar você pra sair à noite em Nova York. E você poderia chamar seus amigos, sabe como eles adoram casa cheia e iam amar ter bastante gente pras festas...

A principio pensei em dizer não, mas depois considerei a idéia. Passar o Natal na casa dos meus tios em Long Island não era o programa mais atrativo do mundo, mas se as meninas fossem comigo, a coisa mudava de figura. E com meus primos lá, poderíamos ir para os melhores lugares da cidade, eles conhecem tudo. Karen e eu fomos caminhando para o salão principal e fiquei pela mesa da Grifinória enquanto ela foi se se sentar à mesa dos professores. Mais tarde falaria com as meninas. Acho que tudo que estamos precisando agora é de umas semanas longe de nossas famílias, soltos, e numa cidade onde ninguém dorme...