Wednesday, February 28, 2007

Compreender para combater

Do diário de Louise Graham Storm

Faltavam apenas 5 minutos para as 19hs e eu corria pelos corredores com Alex, Yulli e Sam para a sala de DCAT. E pela aglomeração na porta dela, éramos as ultimas a chegar. Muitos alunos estavam parados do lado de fora, a maioria esmagadora sendo do 6º e do 7º ano. Notei também que apenas 4 alunos da Sonserina estavam entre eles: Wayne, Agatha, Sthepen Harper e Yoshi. Logo avistei Remo e fomos até ele e os amigos.

- O que estão fazendo aqui? – perguntei sem entender
- O professor Stroke selecionou alguns alunos para estarem aqui hoje, mas não explicou o motivo – Remo respondeu me beijando
- Vocês também foram chamadas? – Tiago estava tão intrigado quanto nós
- Sim, ele selecionou alguns de nós também
- Será que alguém tem alguma idéia do por que estamos aqui??

Mas a pergunta de Alex não foi respondida, pois o professor apareceu na porta e mandou que entrássemos. Ainda sem dizer nada ele começou a puxar vários objetos de dentro de uma mala e depositá-los sobre a mesa. A turma inteira olhava curiosa, mas ninguém se atreveu a perguntar o que ele estava fazendo. Depois do que pareceu uma eternidade, Stroke quebrou o silencio.

- Imagino que todos devem estar se perguntando por que os chamei aqui, e por que somente alguns de meus alunos

A turma inteira concordou com a cabeça, ainda sem emitir qualquer tipo de som. Estávamos intrigados demais para interrompê-lo até fazendo barulho respirando.

- Pois bem... – ele começou a caminhar entre as mesas – Tive uma conversa ontem à noite com o diretor e depois de alguns acontecimentos desagradáveis, achei que essa aula seria necessária – vendo que tinha a atenção da turma inteira, ele continuou – É nítido para todos que lêem o Profeta Diário, e sei que todos que chamei aqui lêem, que o numero de seguidores do Lorde das Trevas cresce a cada dia e as pessoas já não sabem mais em quem confiar. Não sabem se estão lidando com o lado do bem ou o lado do mal. Não as culpo, existem métodos simples e eficazes de se confundir alguém – nessa hora ele olhou na minha direção e engoli seco
- Mas professor, ainda não estamos entendendo aonde o senhor que chegar! – o namorado de Sam falou alto e todos concordaram
- Aonde quero chegar, Sr. Cohen, é naquilo que atrai muita gente para o lado errado. Alguns de vocês parecem não compreender a importância de se combater aqueles que escolhem o caminho errado, e acredito que isso se deva ao fato de vocês não saberem o que ele oferece àqueles que querem passar para o seu lado... Portanto, hoje teremos uma aula sobre arte das trevas

No mesmo instante a sala foi tomada pelas vozes de todos os alunos, alvoroçados com o que ele estava propondo. Ele ia nos ensinar arte das trevas e as meninas querem que eu acredite que ele não é um comensal? Como explicaria então saber sobre o assunto a ponto de poder ensinar? O falatório logo foi quebrado pela voz alta do professor

- Não, eu não sou um comensal da morte – levei um susto quando ele falou, acho que ele pode ler pensamentos – E também nunca fui, como sei que muitos, ou talvez todos, estejam pensando. Fui tentado a ser um, tenho que admitir, me ofereceram muitas coisas que jamais pensei que pudesse ter, mas não me desviei do caminho que julgava e ainda julgo o certo. No entanto, aprendi muita coisa nesse tempo em que fui tentado a mudar de lado. E não me arrependo de tudo que aprendi, pois considerei isso como o fator que mais me influenciou a continuar do lado certo. Vou lhes mostrar alguns artigos que tenho aqui...

A sala continuava com aquele silencio sepulcral, observando o professor caminhar até sua mesa e pegar os objetos, e um a um, explicá-los. Ele dizia que queria que soubéssemos reconhecer cada um deles e saber para que serviam, do que eram capazes de fazer se caíssem nas mãos erradas. O silencio da turma, eu desconfiava, se dava ao fato de que ninguém sabia ao certo o que dizer; estávamos todos assustados e entusiasmados com aquilo ao mesmo tempo; tensos e aliviados, receosos e ansiosos. Era difícil definir. Stroke explicou, com algumas demonstrações praticas, todos os objetos de sua coleção, e depois pediu que nos dividíssemos em duplas. Sam já estava com Josh, Alex e Yulli se juntaram e fiz dupla com Remo. Ele pediu que nos postássemos na frente da sala e obedecemos sem questionar

- As duplas serviram apenas para apoio, vocês iram se revezar e se ajudar, ninguém aqui irá duelar. Vocês irão aprender a lançar duas das 3 maldiçoes imperdoáveis

O falatório voltou a tomar conta da sala e Stroke precisou elevar a voz para que nos calássemos.

- Duas das três, pois de forma alguma irei ensiná-los a maldição da morte. Mas julgo necessário que aprendam a dominar a maldição Imperius e a maldição Cruciatus.
- O Ministério da Magia esta ciente que o senhor vai nos ensinar isso? – Sirius não conseguiu conter a empolgação com a possibilidade de aprender coisas proibidas
- E por que nos escolheu? – Lu falava pela primeira vez desde que a aula começou – Quero dizer, por que só esse grupo, se tem muito mais alunos?
- O Ministério não está ciente, mas Dumbledore sim e isso já basta, Sr. Black – ele desviou o olhar de Sirius para o Lu – E escolhi os alunos que julgo terem uma cabeça já feita, que sei que não sairão daqui querendo se aliar aos comensais por saberem tais coisas. Os escolhi, pois sei que depois dessa aula, terão ainda mais vontade de combater o mal que essas pessoas causam a sociedade bruxa e trouxa. Isso responde a sua pergunta, Sr. Chronos?

Lu assentiu com a cabeça e ninguém mais questionou o professor, ele não precisava mais justificar nada, todos concordávamos que aquela aula era a melhor que já tivemos em anos estudando em Hogwarts. Cada um se posicionou ao lado de sua dupla e ele distribuiu um pelúcio para cada par. Os bichos estavam agitados.

- Prestem atenção em mim, e a pronuncia da maldição. É preciso querer lançá-la, é preciso concentração, ou ela não surtirá o efeito desejado. Imperius

A varinha do professor estava apontada para um pelúcio elétrico e ele ficou quieto no mesmo instante, obedecendo a tudo que o professor o mandava fazer. A turma ria do pelúcio andando em círculos e dando cambalhotas. Stroke não achava graça.

- Divertido, não? O que devo mandá-lo fazer agora? Se afogar no lago? Saltar do 6º andar? – os risos cessaram instantaneamente – Pratiquem em seus pelúcios essa maldição, e mantenham a concentração no que querem
- Por que não podemos praticar uns nos outros? Mark sugeriu
- Porque não existe um contra-feitiço para ela. Para se quebrar a maldição Imperius, a pessoa precisa ter força de vontade, precisa lutar contra ela, que aos poucos o efeito vai desaparecendo. Se quem a lançou não repetir o feitiço todos os dias, ela vai enfraquecendo aos poucos. E vocês são inexperientes, não quero acidentes

Ainda abalados com as sugestões de comando sobre o pelúcio enfeitiçado, começamos a praticar. Não foi fácil, todos enfrentaram muita dificuldade para dominar a maldição e mesmo depois de horas, ninguém poderia dizer que a executava com perfeição; os pelúcios obedeciam nossos comandos, mas o efeito era cortado depois de alguns minutos sem que o reforçássemos. A maldição seguinte foi a Cruciatus e houve uma resistência por parte de alguns alunos sob a perspectiva de torturar os animais, mas todos acabaram por concordar, queríamos aprender.

Esse era mais complicado, e exigia mais de cada um de nós. Já estava perdendo as forças quando consegui executá-lo pela primeira vez, e me senti enojava vendo o pelúcio se contorcer. Logo rompi a ligação apontando a varinha para o chão. As meninas estavam ao meu lado e também tinham expressões de desgosto no rosto, os olhos delas também estavam cheios de lágrimas, como se sentíssemos a dor dos pelúcios. Como alguém tem coragem de fazer isso com uma pessoa?

- Acho que podemos encerrar a aula – ouvi a voz do professor e sai do transe

Olhei no relógio. Já era quase meia noite. Aos poucos os alunos iam juntando suas coisas e caminhando lentamente para fora da sala. Senti a mão de Remo me pegar pela cintura e me guiar para o corredor, pois se ele não tivesse feito isso eu provavelmente teria ficado no mesmo lugar. Todos comentavam da aula, de como havia sido excelente e impressionante, mas eu não tinha achado nada impressionante. Naquele momento, tudo que sentia era nojo da pessoa que havia me botado no mundo.