Thursday, April 19, 2007 Tudo como sempre foi Por Louise Graham Storm Quatro dias já haviam se passado desde a morte da minha avó. E três dias já haviam se passado desde que as férias de páscoa terminaram, mas eu ainda estava em casa. Não tinha a menor vontade de voltar à escola e a professora McGonagall autorizou a mim e ao meu irmão a ficar em casa mais alguns dias. Mas agora estava na hora de retornar. Vovô John foi nos levar até a estação de King’s Cross na manhã de quinta-feira e me despedi dele contrariada. Não queria ir embora, queria ficar com ele. Vovô ainda estava muito abalado com a morte da vovó, mais que eu ou George. Tinha receio de como ele ia se virar sozinho em casa, sem ela. Eu tinha meus amigos em Hogwarts, mas ele não tinha ninguém. A viagem de volta seguiu silenciosa. George e eu não sentíamos necessidade de conversar, então passamos todo o tempo calados, cada um no seu canto, apenas observando a paisagem pela janela. Quando o trem parou em Hogsmeade e os passageiros começaram a descer, ouvimos uma voz conhecida nos chamando. Era Hagrid. Ele vinha carregando um imenso guarda-chuva e sorria de um jeito forçado, como se quisesse nos animar. George logo retribuiu o sorriso e se abrigou debaixo do guarda-chuva, mas eu não tive muita pressa em sair do trem. - Dumbledore pediu que viesse buscar vocês, não queria que pegassem toda essa chuva – Hagrid fez menção de pegar minha mochila, mas não deixei - Obrigada, não está pesada, posso carregar - Certo então, vamos andando! Voltamos a pé para a escola no meio do temporal que caia. Hagrid nos deixou no saguão de entrada e disse que não precisávamos assistir às aulas do dia se não estivéssemos com vontade, se despedindo e retornando para sua cabana. George pegou sua mochila no chão e falou pela primeira vez desde que saímos de casa. - Acho que vou para a Grifinória, não quero encontrar ninguém hoje... - Tudo bem, se precisar de alguma coisa pode me procurar. Também não vou assistir nenhuma aula hoje... George assentiu sem dizer nada e subiu as escadas de cabeça baixa, enquanto fui na direção da Lufa-lufa. Não tinha ninguém por lá, então guardei minhas coisas e saí. Não queria ir para a aula, mas também não queria ficar trancada dentro do castelo, e acabei por decidir sair na chuva mesmo. Debaixo da árvore mais próxima do lago não caia água, era um bom lugar para ficar. Não sei dizer por quanto tempo fiquei sentada olhando a chuva cair, prendendo os joelhos junto ao corpo. Talvez só alguns minutos, ou quem sabe horas. Era difícil dizer quando os alunos não circulavam pelo pátio nos intervalos das aulas. O céu começava a dar indícios de que ia ficar escuro em poucos minutos quando senti alguém sentando atrás de mim, apoiando as costas na minha. Não precisei virar para saber quem é. Só uma pessoa gostava de conversar desse jeito. Mesmo sem poder ver, sentia um sorriso fraco surgir em meu rosto, apenas por saber que ele estava ali. - Como você está? - Como você acha? Scott não respondeu e eu também não disse mais nada. Ainda estávamos de costas um pro outro, talvez por falta de coragem de se encarar, e ele apoiou a cabeça na minha. Descruzei os braços e procurei a mão dele apoiada na grama. - Senti sua falta... – ele disse finalmente - Então nunca mais briga comigo daquele jeito! – falei apertando sua mão com força, o que fez ele saltar da grama e ficar de frente pra mim - Lou! Quer quebrar meus dedos?? – Scott massageada os dedos espremidos e ri dele - Desculpa – mas não parei de rir – Então, quer dizer que sentiu minha falta? - Demais. Não sei como sobrevivi esses meses sem falar com você – disse rindo - Mentiroso, não fiz tanta falta assim, não seja dramático. - Não estou fazendo drama dessa vez Encaramos-nos um tempo sem dizer nada, até que Scott sorriu e me abraçou, beijando minha testa. Deixei minha cabeça cair em seu ombro e de repente senti uma gota cair em minhas mãos. Pensei que a chuva começava a cair onde estávamos, mas percebi que estava chorando. - Sinto muito não ter ido ao enterro da sua avó – ele disse enquanto alisava meus cabelos – Não achei que era o melhor momento de me desculpar com você - Fez bem em não ir, foi horrível. - Você não sabe quem...? - Não – disse sem deixá-lo terminar de falar – Podemos falar de outra coisa? - Claro... Seu cabelo está horrível, o que fez com ele? Prendeu com arame farpado? - Não era bem disso que eu pretendia falar! – olhei para ele séria, mas acabei rindo - Eu sei, mas fez você rir – disse sorrindo - Ah Cott, como senti sua falta... – segurei seu rosto com as mãos e beijei suas bochechas, sorrindo. Depois daquele dia, Scott e eu nunca mais nos separamos... |