Saturday, July 07, 2007


O Expresso de Hogwarts soltou sua última baforada de fumaça e começou a se movimentar lentamente. Todos nós estávamos espremidos nos bancos e chão de uma única cabine conversando animadamente sobre a festa de formatura do dia anterior quando a porta se abriu e Sam entrou com a mão no peito, forçando-se a respirar.

SF: SAM! O trem te atropelou antes de você subir? – Scott perguntou rindo e arrancando risadas de todos. Sam semi-cerrou os olhos para ele e abriu espaço para acomodar o malão no bagageiro.
SW: Muitíssimo engraçado, Scott. Muitíssimo! Quase não chego a tempo de pegar o trem! Subi com ele em movimento!

Ela se espremeu no chão ao lado de Mark e realmente aparentava ter corrido bastante. Os cabelos ainda cultivavam o penteado da festa, só que completamente desorganizado. Os olhos ainda tinham lápis preto, e estavam vermelhos.

YH: Tudo bem Sam. O que importa é que você conseguiu! Mas... Por que se atrasou tanto? Monn não te chamou?

Foi como se eu tivesse dito uma ofensa. No mesmo segundo Sam me encarou com ódio e olhou todos ao redor, ficando branca. Vendo a expressão dela, eu entendi tudo. Olhei para Scott, Alex e Louise e eles também me encararam e tivemos que nos controlar para não rirmos.

AM: Hum. Tudo bem Sam. Já entendemos que você não passou a noite no seu dormitório. – Sam fuzilou Alex. Começamos a rir.
YH: Sorria Sam. Você não foi a única... – comentei olhando de relance para Louise e Remo. Remo apertou a mão da Louise soltando um sorrisinho constrangido enquanto Lou concordava com a cabeça, sorrindo deliberadamente.
BS: Er... Será que você me mataria se eu perguntasse onde está o Josh? – Ben levantou as sobrancelhas, incerto.
SW: Entrou na cabine com Drake e os outros amigos dele... Vocês vão ficar a viagem toda me interrogando? – Sam soltou brava e paramos de fazer perguntas rindo.

Alguns minutos mais tarde, eu e Mark tivemos que ir fazer a ronda no trem. Tudo parecia tranqüilo. Os alunos estavam reunidos com os amigos contando da festa ou fazendo planos para as férias.

MF: O que vai fazer nas férias, Yulli? – Mark começou e sacudi os ombros.
YH: Não sei ainda. Primeiramente devo ficar uns dias em casa... E você?
MF: Vou ao Brasil visitar meu pai. Minha mãe vai fazer um curso essas férias e vou aproveitar para passar uns dias com papai. Mas poderíamos nos reunir depois não é? Todos nós...
YH: Claro que sim! Sempre é uma boa idéia! – Sorri e Mark sorriu também. Passamos pelo último vagão do trem.
MF: Yulli, eu queria te dizer uma coisa e...
YH: Se vai me pedir desculpas por aquele beijo, Mark, pare agora. – parei de caminhar de frente para ele o encarando séria. – Não temos que nos pedir desculpas por nada! Somos solteiros, nos damos bem, e se quer saber de uma coisa, não me arrependo! Faria tudo outra vez, por que estou descobrindo em você muito mais do que um amigo maravilhoso!

Falei tudo de uma vez e ele ficou me olhando sem saber o que responder. Uma menina do segundo ano abriu a porta da cabine para nos observar interessada. Lancei um olhar rígido para ela e continuei a andar.

MF: Não ia te pedir desculpas... – Mark disse e parei novamente de andar o encarando assustada.
YH: Não?
MF: Não.
YH: Então o que você quer dizer?
MF: Quero dizer que também não me arrependi do que fiz, e que se você está achando isso tudo estranho, fala agora por que eu juro que nunca mais tento nada.

Encarei Mark com os olhos arregalados. Tinha sido literalmente nocauteada!

YH: Se eu não pedi para você parar até agora... – falei devagar tentando uma recuperação rápida dos sentidos – é por que não quero que você pare!

Mark riu e continuamos a andar. Senti a cabeça rodar depressa, mas não era uma sensação ruim... Muito pelo contrário! Chegamos de volta à nossa cabine e Scott comentava de sua participação na noite, cantando com Celestina Warbeck. Logo estava rindo com todos eles, mas evitei olhar para Mark o restante da viagem...

°°°

A plataforma 9 ¾ já estava tomada pelo barulho de malões sendo arrastados, despedidas, cantorias e conversas. Peguei minhas coisas no bagageiro e me despedi de meus amigos combinando de nos encontrarmos nas férias e mantermos contato por cartas.
Estava descendo do trem quando alguém gritou meu nome. Tiago fez um sinal para Sirius e Lílian o esperarem e veio andando na minha direção, um sorriso estampado no rosto.

TP: Então... Vai embora sem me dar um beijo de despedida?

Ele trajava seu pior sorriso maroto e levantei o pescoço para ver Lílian que nos observava atentamente. Sorri.

YH: Nunca perde essa pose não é? – me aproximei dando um beijo no rosto dele.
TP: Sabe... Não vou esquecer você. Nós nunca daríamos certo, mas apesar de tudo foi bom tudo que nós vivemos. Principalmente seu olhar de raiva quando ganhei todas as taças de quadribol. – ele ainda cultivava um sorriso no rosto, eu também.
YH: Também não vou te esquecer. Você vai ser sempre lembrado como o pilantra safado que me deu um golpe para ganhar um campeonato...
SB: PONTAS! – Sirius berrou impaciente. Tiago olhou para ele e de volta para mim. Me deu um beijo no rosto também, se distanciando.
TP: Adeus, Yulli. Não chore por mim! Vou ficar bem...
YH: Não tenho dúvidas disso!

Ri o observando correr e sumir no meio de um grupo de alunos e atravessei a barreira. Yuri estava parado conversando com Yoshi. Quando me aproximei meu irmão interrompeu a conversa e veio me abraçar.

- Que saudades! – me rodando no ar como sempre fazia.
YH: Eu também estava. Papai, mamãe e tia Yhara?
- Todos em casa esperando vocês. Temos algumas novidades...
YH: Boas?
- Acho que vocês vão adorar! Então... Vamos?!
YH: Vamos.

Dei uma última olhada para a plataforma sorrindo. Yoshi não olhou para mim e nem disse nada, mas estava me sentindo tranqüila. Prometi que não iria ficar triste nessas férias, e iria cumprir essa promessa!


Who knows what tomorrow brings
In a world few hearts survive
All I know is the way I feel
When it’s real I keep it alive.

Up Where We Belong – Cídia e Dan