Sunday, September 30, 2007


- Acho que não estou me sentindo bem... – falei com a voz embargada
- O que está sentindo? – Scott me encarou de perto
- O que você fez? Provou a poção? – Alex perguntou folheando o livro atrás dos efeitos da poção que fazíamos
- Lógico que está passando mal, é uma poção nauseante! – Yulli começou a passar o dedo de um lado para o outro pedindo que o acompanhasse com o olhar
- Não bebi nada, foi o cheiro dela, acho – empurrei a mão dela pra longe – E para de passar o dedo assim, está me deixando tonta
- Está enjoada com o cheiro da poção? – Alex riu – Acho que vamos ganhar um sobrinho...
- Vai rogar praga em outra pessoa, Alexandra – empurrei o caldeirão pra longe quando todo mundo riu – Acho que exagerei em alguma coisa, e ela está fazendo efeito sem precisar beber...
- Professor, temos uma emergência aqui! – Scott gritou e o professor Slughorn veio correndo do outro lado da masmorra – Louise fez alguma coisa errada na poção e está passando mal
- Oh minha querida, isso vai ficar feio, é melhor ir para a ala hospitalar – Slughorn fez uma careta quando sentiu o cheiro da poção – Mas não limpe o caldeirão, quero saber o que fez exatamente. Pode ser um novo tipo de poção! Que eficiente! – ele começou a se animar, mas pigarreou e voltou a encarar me encarar – Sr. Foutley, acompanhe-a até Madame Pomfrey, por favor.

Fechamos os livros depressa atirando de qualquer jeito na mochila e saímos da masmorra. Começava a ver as paredes fora de foco quando chegamos à enfermaria. Madame Pomfrey resmungou alguma coisa como ‘aulas de poção avançada’ e ‘todo ano a mesma coisa’ e saiu me arrastando para uma das camas. Scott ficou sentado esperando e depois de meia hora, fui liberada. Ainda me sentia um pouco tonta, mas madame Pomfrey garantiu que depois das poções que me fez tomar, voltaria ao normal no dia seguinte.

As aulas estavam cada dia mais cansativas e acidentes como os da aula de poções eram mais do que comuns. Há apenas alguns dias Sam teve a mão enfaixada por ter tirado a luva na aula de Herbologia e deixado veneno de um cogumelo espirrar na nela, e Ben saiu de uma aula de feitiços com os dedos cortados depois de quebrar quatro criptex na tentativa de abri-los com magia. A pressão com os NIEMs era tanta que muitas vezes passávamos o dia irritados, evitando até conversar para não gerar uma briga desnecessária. E os treinos de quadribol para o campeonato entre escolas ainda não haviam começado, nos privando de talvez a única coisa capaz de aliviar o estresse e nos fazer se divertir um pouco.

Passei o resto do dia deitada no sofá da Lufa-Lufa com náuseas. Yulli, que não tinha mais nenhuma aula naquela segunda-feira até as 19h, me fez companhia e fizemos algo que há muito tempo não fazíamos: conversamos bobagens. Contei que ia nomear Liliana capitã do time da Lufa-Lufa para a próxima temporada e passamos horas falando sobre a expectativa de começar a jogar representando Hogwarts, viajar o mundo inteiro e conhecer todas as escolas que participariam da competição. Descemos para jantar quando eu já me sentia um pouco melhor e às 19h ela se juntou a Alex e Ben para a aula de Estudo dos Trouxas.

Ainda tinha algumas horas à toa antes da aula de Astronomia dupla na torre e fui para a biblioteca adiantar o trabalho sobre os venenos encontrados em plantas usados no preparo de remédios que a professora Sprout havia pedido para quarta-feira. Mas não cheguei a escrever nem dois rolos de pergaminho. Fui hipnotizada pela imagem de um pássaro vermelho voando nos terrenos da escola. Era a fênix de Dumbledore. Fiquei olhando pra fênix, e de repente me lembrei de uma história engraçada que Remo contou sobre Sirius, Tiago e Pedro envolvendo aquela ave. Um sorriso começou a brotar no meu rosto sem que eu percebesse. Fechei o livro apressada e recolhi meus pergaminhos, correndo para fora da biblioteca. Acabava de ter uma idéia!

ººº

- Tirem alguns minutos para descansar – ouvimos a voz da professora Aurora e me afastei do telescópio – Vamos, deitem no chão – Ninguém se mexeu e ficamos olhando para a cara dela – Não estou brincando, deitem no chão. Quero que passem meia hora apenas observando as estrelas sem telescópio, ajuda a relaxar!

Ainda ficamos mais um tempo nos encarando sem entender direito se devíamos ou não deitar, mas Scott, Mark e Ben logo se largaram no chão e os imitamos. Já era quase meia noite, a aula dupla de astronomia se aproximava do fim, e a turma inteira agora se encontrava deitada de barriga para cima admirando o céu escuro e muito estrelado. Olhei para ver quem estava deitado do meu lado e vi Yulli e Mark apontando algumas enquanto conversavam e riam baixo. Scott estava do outro lado e também ria de alguma coisa com Ben. Ouvi um ronco alto e vi que Monn dormia atrás de mim. Alex e Sam eram as únicas em silêncio, olhando pro céu e quase cochilando. Movi-me devagar até parar ao lado delas.

- Já sei o que podemos fazer para deixar um legado em Hogwarts – falei baixo e elas viraram as cabeças ao mesmo tempo – Vamos seqüestrar a fênix de Dumbledore

Sam e Alex arregalaram os olhos e ouvi barulho de cinco corpos de movendo depressa. Yulli, Mark, Ben, Scott e Monn, agora bem acordada, estavam quase colados em nós três ouvindo com atenção.

- Que idéia maluca é essa, Louise? – Yulli falou espantada
- Remo me contou que Sirius, Tiago e Pedro tentaram o ano inteiro, e Dumbledore os pegou em todas as tentativas – disse rindo – Mas somos oito pessoas, e acho que podemos contar com o Lu e a Miriam nessa também, então estamos em dez. Vamos ter sucesso em algo que eles falharam!

Eles ficaram mudos por um tempo, olhando uns para os outros, até que Sam pigarreou baixo e revirou os olhos, como se não acreditasse no que estava a ponto de dizer.

- Nunca achei que fosse dizer isso, mas... Isso pode dar certo
- Merlin, Samantha Wood acaba de concordar com o seqüestro a ave de estimação do diretor da escola! – Alex dramatizou e começamos a rir – Pode contar comigo nessa então, é questão de honra agora eu participar!
- Conta comigo também, não vou ficar de fora dessa – Ben falou animado
- Ah, comigo também, claro! – Yulli deu um sorriso maroto

Todos acabaram concordando que se o plano fosse bem arquitetado tinha grandes chances de dar certo e combinamos de começar a pensar em uma estratégia no fim de semana. A professora Aurora nos liberou alguns minutos depois e saímos da torre.

- Ei Lou, feliz aniversário! – Scott me abraçou no meio da escada e todos o imitaram, quase me derrubando.

Olhei no relógio e já havia passado da meia noite. Tinha acabado de completar 18 anos. 18 anos que foram comemorados com aquele mesmo grupo de pessoas até as 2h da manhã no salão comunal da Lufa-Lufa. Mas sem festa barulhenta e cheia de gente esse ano. Fica para o próximo...