Monday, October 29, 2007 Berserker Lembranças de Alucard W. Chronos Eu precisava me acalmar. Minha fúria estava superando toda a minha raiva que eu já tivera até agora. E mesmo que essa fúria me fosse bem vinda, eu precisava estar mais calmo. Um caçador nunca demonstra sua fúria. Ele faz a presa temer sua calma, temer as surpresas e armadilhas por trás de seu olhar calmo. E hoje, essa noite, eu faria aquele verme sentir todos os medos do mundo. Ele vai entender que até essa noite, nada do que ele sentiu antes era amedrontador, mas sim o que ele teria hoje. Macnair havia se escondido na região de Glastonbury, achando que aquela região remota o protegeria da minha fúria. Mas eu o havia encontrado, e do alto da Abadia de Glatonbury eu podia ver onde sua casa estava, e estudava facilmente suas poucas defesas. Ele colocara feitiços de proteção, feitiços de confusão e vários outros, mas que não adiantavam nada para a minha visão vampírica, então naquela noite saltei para o ataque. Pelo visto ele havia pedido alguma proteção ao seu mestre, pois dois comensais estavam com ele, um deles guardando a porta e o outro dentro de casa, conversando com ele sobre algum ataque que seus companheiros fizeram. Com um assovio atrai a atenção do comensal que estava do lado de fora. Ele ergueu a varinha e avançou lentamente, apontando a varinha para todos os lugares, mas sem sair do círculo de proteção da casa. Quando ele achou que não era nada, saltei sobre ele, retirando a varinha de sua mão e amarrando-a com minha própria varinha, ele tentou gritar pelos companheiros, mas o calei com um aceno da varinha, deixaria para matá-lo depois. Avancei pelo caminho de terra que levava do portão à casa, enquanto fazia a noite ficar mais densa e silenciosa ao meu redor. Macnair e o outro comensal notaram a diferença e saíram de varinhas em punho para fora da casa, onde viram o outro comensal amarrado, assim como uma matilha de lobos negros no portão da casa. Os lobos não faziam um som, mas então os comensais me viram, caminhando até eles, e os lobos uivaram, atacando, quando o outro comensal lançou um feitiço em mim. Os lobos foram rápidos demais para o outro comensal, e quando ele tentava lançar novos feitiços contra eles, eles já haviam pulado em sua garganta. Macnair ficara parado, vendo seu companheiro ser morto, sem retirar os olhos de mim, que continuava andando lentamente até ele, pulsando de raiva. Ele só podia ver meus olhos vermelhos na escuridão e a silhueta do meu corpo na fraca luz da lua. Ele apontou a varinha para mim, e saltei sobre ele. Mas eu havia caído na armadilha. Do chão saíram cordas de onde antes eram apenas flores e me prenderam ainda no ar, jogando-me ao chão. Tentei romper as cordas, mas Macnair riu alto e mais dois comensais aparataram, lançando feitiços de imobilização em mim e nos lobos, que desapareceram no ar. - Achou mesmo que eu estaria tão despreparado, pequeno Chronos? Você me subestimou. Seus pais foram mais cautelosos, e morreram do mesmo jeito... Devem estar envergonhados com o filho. Os três riram alto, ainda apontando a varinha para mim. Eles gritaram “Crucio”, mas a dor não me fez nada e eu não soltei um silvo dos lábios. Um dos comensais se irritou e aproximou-se de mim, para me chutar, mas foi um erro, pois ainda um pouco livre consegui morder sua perna, fazendo-a sangrar profusamente. Ele gritou de raiva e chutou meu rosto, se afastando mancando e gritando. Eu ri da fraqueza dele e cuspi o sangue dele no chão, voltando a olhar para os três. - Eu avisei Malfoy, não subestime nosso pequeno Chronos. Ele é um vampiro – O outro comensal riu do outro, e eu reconheci Crabble. - Mas ele não é nada do que esperávamos, cai em nossa armadilha... O Lorde ficará furioso por alguém tão fraco ter matado tantos comensais...- Macnair riu me encarando e nessa hora eu soube que aqueles três tinham informações sobre as ações do Lorde, então eu iria interrogar os três. - Vocês estão me subestimando, Macnair... – falei, com um brilho no olhar. – Eu não controlo apenas lobos... Nesse momento eles ouviram um guincho alto e quando olharam em volta, uma nuvem de morcegos os encarava das árvores e em cima do comensal amarrado, agora morto por eles. Os morcegos guincharam novamente e alçaram vôo contra os três, que lançavam feitiços contra eles. Esses eram morcegos de verdade, então eles conseguiam matá-los ou assustá-los com chamas, mas eu só queria distraí-los. No meio da confusão, arrebentei as cordas com facilidade e ataquei Malfoy, usando uma nuvem de sombra para encobrir o ataque. Agarrei seu pescoço com uma das mãos e mantendo o contato visual vasculhei sua mente, tirando pequenos gritos de dor dele. Quando terminei o mordi na garganta, onde sua jugular pulsava de medo, e o matei rapidamente, jogando-o ao chão. Dancei pelas nuvens de morcegos, enquanto usava as sombras da noite como camuflagem e aproximei-me de Crabble. Ele me vira antes e gritou em alerta, mas Macnair já estava ocupado com os morcegos e com uma tentativa de me enfrentar, cortou-me na altura do peito com um feitiço, mas eu ignorei isso, agarrando pelo pescoço novamente. Ele foi mais difícil de ler a mente, mas consegui finalmente e o matei com uma mordida no pescoço, jogando-o ao chão. Virei-me para Macnair, mas ele já apontava a varinha para mim, gritando: - Avada Kedava! I can't remember anything Can't tell if this is true or dream Deep down inside I feel to scream This terrible silence stops me Now that the war is through with me I'm waking up, I cannot see That there's not much left of me Nothing is real but pain now Hold my breath as I wish for death Oh please God, wake me A luz verde atingiu meu peito, e senti uma dor como nunca antes. Na mesma hora, a noite voltou a sua densidade e luz normal e os morcegos, sem a autoridade que os guiava espalharam-se. Eu fechei os meus olhos, sentindo uma dor tremendo. Então eu morreria novamente? Uma chuva fina começava a cair, e lavava o meu ferimento no peito, assim como os ferimentos dos comensais e do próprio Macnair. - Você é um fraco Chronos! Como deixa sua retaguarda livre? Que pena você morreu muito facilmente. – Ele me deu um chute na costela, empurrando-me para o outro lado. É verdade que senti muita dor com o feitiço da morte. Mas a morte não mata duas vezes. Eu não posso morrer. O feitiço tirara minhas forças, mas por sorte eu havia consumido sangue suficiente essa noite para me fortalecer, e usei essas reservas. Macnair virou-se de costas para mim rindo, enquanto via se algum companheiro estava vivo. Eu levantei-me silenciosamente, e a noite voltou a ficar escura... Dessa vez, não havia uma única luz. Ele ouviu o farfalhar de folhas quando os morcegos voltaram, e notou a diferença de densidade onde os lobos de sombras ressurgiam. Ele notou algo mais, vários vultos ao seu redor, fechando-o em um círculo. - Matar a mim, Macnair? Eu sou a própria Morte. E eu vim te buscar. Ele virou-se assustado para mim, e eu estava de pé diante dele, sem um arranhão, os olhos vermelhos mais vivos do que nunca, cheios de um ódio que ele nunca vira antes. Ele lançou outros feitiços de morte, mas errava todos, e eu o fiz acreditar que eles passavam através de mim. Os vultos se aproximaram, e tinham uma tonalidade branca, pálida. Ele gritou ao ver os espíritos daqueles que ele já matara. E tentou matá-los novamente, mas os feitiços passavam através da imagem pálida. Os lobos uivaram e os morcegos guincharam e avançaram todos juntos. Eu entre eles. Ele foi jogado para todas as direções enquanto os lobos e morcegos o arranhavam e mordiam. Dois lobos pularam um em cada braço dele e outros dois morderam sua perna, prendendo-o inútil. Uma nuvem de morcegos surgiu a frente dele, e da nuvem eu surgi, brilhando em ódio. Os vultos pálidos fecharam o círculo e estenderam suas mãos para ele, tentando agarrar seu pescoço para enforcá-lo. Ele sentia o toque gélido deles e tremia de medo, mas sem gritar. - Agora, Macnair, você vai me dizer tudo que eu quero saber sobre seu mestre. E depois darei a você aquilo que você trouxe a eles- falei indicando os vultos. - Eu não falarei nada, Chronos! - Quem disse que precisa falar? – falei com ferocidade e com um golpe da minha mão acertei seu ombro, fazendo-o sangrar e invadi sua mente. Enquanto lia sua mente, eu fui destruindo-a pouco a pouco, fazendo o sofrer. No corpo de verdade dele, os vultos o atacavam, e ele sentia os golpes gélidos das ilusões, e o golpe furioso dos morcegos arranhando-o. Eu finalmente extrai tudo que queria, com dificuldade, e quanto voltei a minha mente o encarei com um olhar vitorioso. - Macnair... Agora, é o fim. Bem vindo ao inferno! Conjurei uma faca e perfurei seu peito, para depois morder seu pescoço e após sugar seu sangue, deixe-o cair sem vida no chão. Fechei os olhos, aliviado da fúria, os morcegos guincharam mais uma vez e voaram embora, assim como os lobos que sumiram no ar. A noite voltou ao seu tom normal e a lua brilhava no céu, enquanto a chuva se misturava as minhas lágrimas. Fiquei parado na chuva, os braços abertos e os olhos para o céu, pensando em meus pais, em meus amigos, em minha irmã e minha querida Mirian. Gritei com força e ouvi o eco de meu grito bater nas paredes da casa e da Abadia. Um grito cheio de dor, tristeza, medo e saudade... Now the world is gone I'm just one Oh God help me Hold my breath as I wish for Death Oh please God, help me Darkness Imprisoning me All that I see Absolute horror I cannot live I cannot die Trapped in myself Body my holding cell Landmine Has taken my sight Taken my speech Taken my hearing Taken my arms Taken my legs Taken my soul Left me with life in Hell - Você é um monstro! – Meu lado vampiro riu alto de frente pra mim. - Não posso negar isto... – Respondi, os olhos marcados pelas lágrimas... Ficamos em silêncio enquanto a chuva lavava o corpo de nós dois. - Temos um trato então? – Ele sorriu. - Temos. Você me emprestara sua força, suas habilidades, seu poder, sua fúria. – respondi, ainda fraco pela fúria e pela tristeza. - E você não negará a sede, me alimentará de sangue humano, me deixará festejar no medo de suas vítimas. Mas em retribuição, nunca mais ameaçarei seus amigos e entes queridos, e lhe darei poderes que nunca sonhou. - Fechado – pela primeira vez desde que virei vampiro eu e meu lado vampiro nos tornamos um, selando o acordo com um aperto de mão. Nós dois nos encaramos com calma, e ele inclinou a cabeça aceitando o acordo. - Como primeira parte disso, lhe ensinarei a se locomover decentemente. Quando voltei a mim, a chuva não mais batia em meu rosto e eu estava em Londres, em uma rua agora vazia devido ao horário. Logo reconheci que era a rua onde Kyle estava. Precisava falar com ele, então entrei rapidamente no prédio. As poucas pessoas pareciam não me ver e vi que era um dos feitiços do vampiro, me ensinando a passar despercebido. Encontrei Kyle trabalhando, lendo um relatório sobre comensais. Vi que era um relatório sobre os comensais mortos por mim, e que ele tentava me localizar. - Kyle, meu amigo, perdoe-me pelo que fiz a você e ao Sergei naquele dia. – falei da porta, e ele saltou assustado sacando a varinha e apontando para mim, antes de ver quem era. - Lu! O que está fazendo aqui?! Como entrou sem ninguém notá-lo? - Isso não é importante agora. Tem algo mais importante. Eu acabei de matar mais cinco comensais. Eles estão nessa casa em Glastonbury. – O deixei ver em minha mente onde, antes de continuar falando – E quero que fique com isto. Eu as retirei da mente de três dos comensais de hoje, e também vou levar essas informações ao Diretor. Mas acho que você também deve conhecê-las. E por favor, tome cuidado, sinto um grande perigo para você. Não sei se é agora, ou depois, mas sinto... - Obrigado Lu. Mas não precisa se preocupar – Ele falou sorrindo e nos abraçamos – Você está péssimo... E estive em Hogwarts ontem, seus amigos também estão preocupados com você, não é hora de voltar? - Vou voltar agora... Eu ainda sinto a morte de meus pais e parece que agora que a fúria insana me deixou, a tristeza tomou o seu lugar... - Eu imaginei que seria assim... Quer mandar uma coruja para Hogwarts? Eu agradeci e mandei uma coruja para o Diretor Dumbledore. Kyle se ofereceu para me escoltar até a escola, mas recusei e me despedi dele. Aparatei para o cemitério onde meus pais foram enterrados, e chorei novamente ainda mais diante do túmulo deles...A dor ainda estava em meu peito. Passei um dos meus dedos na lápide deles, dizendo que os havia vingado. Mas era hora de voltar para Hogwarts, rever meus amigos, e minha Mirian. Mas também precisava ver Celas, que apesar de ser forte, estaria sofrendo também e eu podia sentir isto. Ela estava na sede de nosso clã em Londres, sentindo o peso e a tristeza de sentar onde papai um dia sentara. Ela me viu antes de eu me mostrar e nos abraçamos com força, deixando as lágrimas rolando. Eu contei a ela que havia vingado nossos pais, que eu matara seus assassinos. Ela brigou comigo por ser irresponsável, mas disse que o clã também se vingara, caçando como nunca antes. Contei a ela tudo que sabia e depois de algum tempo eu me despedi, dizendo que voltaria para Hogwarts. E finalmente fui o que fiz. Quando aparatei em Hogsmead, Hagrid já me esperava, e me deu os pêsames que não pudera dar antes e me abraçou amigavelmente. Ele falou que o Diretor não poderia me esperar hoje, mas agradeceu pela coruja, então entreguei a ele as memórias que eu havia conseguido e pedi que ele levasse para o Diretor, eu tinha coisas mais importantes a fazer. Voltamos juntos para o castelo, e como era horário de aula, poucos alunos me viram voltando. Hagrid seguiu sozinho para o gabinete do diretor e eu segui meus instintos, procurando-a. Senti todos meus amigos ali nas aulas, e senti a pontada de preocupação de todos. Mas Mirian não estava nas aulas e consegui descobrir que ela estava no lago, no lugar onde sempre nos encontrávamos e segui para lá. - Eu sabia que você ia voltar hoje, Lu. – Ela falou antes mesmo que eu pudesse falar alguma coisa e se jogou em meus braços. – Você é um grande teimoso idiota! Irresponsável! Como sai assim? Como sai sem se despedir de mim? Como vem me deixa um recado e vai embora sem falar comigo?! Como!! – Ela brigava comigo, mesmo ainda abraçada, dando socos em meu peito, mas cada vez me apertando mais. - Me perdoe... Sei que foi irresponsável da minha parte, e agüento qualquer um fala isso de mim. Mas eu não me perdoaria se não saísse atrás deles... Eu não poderia ficar aqui, perto de você e de todos cheio de ódio e fúria, eu enlouqueceria e colocaria vocês em risco. Mas eu voltei... E não vou mais embora. Você é a coisa mais importante pra mim. Não irei mais embora sem me despedir. - Você não vai mais embora! É diferente! Eu não vou te perdoar novamente se você for sozinho! Você é irresponsável, Alucard! Eu irei com você sempre. Nós nos abraçamos ainda mais, e caímos de joelhos na grama. Eu senti ainda mais fundo a dor da perda e da saudade, mas como sempre quando estou com ela, ela me reconfortou, e me abraçando deitou-me em seu colo, onde chorei como não havia chorado até então. Ficamos a manhã toda ali, apenas abraçados, unidos. Uma promessa muda de nunca nos separarmos novamente... No final das aulas da manhã, Alex, Lou, Yulli, Ben e Scott vieram correndo para o lago. Alex sabia que eu tinha voltado, e a Professora Mcgonogall avisara aos outros da coruja que eu mandara. Todos brigaram comigo também, Alex me deu um tapa no braço e Ben quis me dar um soco de brincadeira. Mas estava feliz por tê-los ali comigo novamente... N.A.: Música: One, Metallica. (*) Berserker – termo usado para definir um lutador insano, que usa sua fúria e sua raiva para deixá-lo mais forte. |