Friday, December 28, 2007 O Natal da nossa família era um mesmo ritual, todos os anos... A casa de Kyoto era decorada com guirlandas, azevinhos, cristais, bolas vermelhas e douradas, e um grande pinheiro que ficava no centro da sala. Papai e tia Yhara se fantasiavam de Papai e Mamãe Noel, eu, Yuri, Yoshi e naquele ano, Sabrina (namorada de Yuri), conversávamos sobre assuntos diversos que iam de dragões até plantas carnívoras e experiências escolares. Mamãe terminava de arrumar os presentes embaixo da árvore, e a mesa estava repleta de migalhas do resto de ceia. °°°
“Yull,
Feliz Ano Novo! Aproveite aí... Monday, December 10, 2007 - Ok pessoal, todos aqui – madame Hooch apitou e paramos de correr, parando em volta dela - Esse foi o nosso último treino do ano, vou dar uma folga para vocês essa semana. Quero que todos tenham um ótimo natal, aproveitem as férias com suas famílias, descansem bastante, e nos vemos dia 7 de Janeiro! Sim Mark, temos treino no primeiro dia de aula – respondeu séria quando Mark torceu o nariz – O jogo contra a seleção do Japão será dia 12, vamos ter treino todos os dias da primeira semana. Agora podem ir, e feliz natal! Despedimos-nos dela animados por termos o restinho da última semana de aula para de fato dormir à noite e fomos direto para o vestiário. O clima entre o time andava ótimo. Depois de ganhar da Itália e acompanhar o resultado das outras seleções, estávamos empatados em primeiro no nosso grupo com o Japão. E vencendo eles em Janeiro assumiríamos a liderança. Um a um o time foi deixando a tenda, até que sobraram apenas eu, as meninas e Mark. Vestimos os casacos e saímos para encarar a forte neve que já cobria os terrenos da escola. Mal tínhamos chegado ao saguão de entrada e uma sombra barrou nosso caminho. Bright e Dolohov estavam parados na nossa frente. Bright sorria e Dolohov mantinha a cara fechado, como se estivesse ali obrigado - Pensei que tínhamos nos livrado desse ai eternamente – Alex comentou e rimos - Bom revê-la também, Alexandra – Bright falou sarcástico - O que tem de bom? Só se for pra você, seu entojado! – Alex já respondia azeda e como quem não quer nada, segurei seu braço - Calma Alex – falei tranqüila e encarei ele – O que você quer? - Uma chance. – disse categórico e olhei para as meninas com cara de tédio - Eu sei que fiz um monte de besteiras, falei muitas coisas que não devia, mas tudo tem dado errado desde que você parou de falar comigo e começou a me odiar. – ele puxou minha mão e não me deixou soltá-la - Eu tentei dar um passo pra frente e acabei dando dois passos pra trás. - Que tal dar um passo pro lado e me deixar passar? – puxei a mão com força e consegui livrá-la dele. Mark e as meninas começaram a rir alto - Eu tentei dar uma chance a você – Bright começou a sacudir a cabeça e vi quando ele tirou uma revista amassada no bolso da calça – Não queria ver você sofrer, mas não me deu alternativa. Já que não quer me dar outra chance, divirta-se. – ele estendeu a mão e peguei a revista - O Inquisidor? – ri mostrando a capa para elas – Não sabia que você lia esse lixo. Pensei que fosse mais seletivo na leitura, afinal, não insiste em demonstrar toda sua classe? - Você pode se surpreender com as coisas interessantes que encontramos no lixo... – ele e Dolohov trocaram um olhar malicioso e Dolohov sorriu pela primeira vez. Um sorriso meio doentio. – Boa noite, pessoal. O jogo contra a Itália foi excelente, vocês estavam demais! Os dois saíram rindo descendo escadas que davam nas masmorras e li a capa da revista, mas não tinha nada de interessante. Essa revista era conhecida por seus repórteres que não tinham o hábito de pesquisar as fontes de informação antes de publicar as matérias, tendo apenas uma vez ou outra algum artigo verídico. A edição dessa semana anunciava a contratação de uma tal de Rita Skeeter, uma repórter promissora fazendo sua estréia na revista com uma matéria bombástica. Revirei os olhos e guardei a revista na mochila, sem qualquer pretensão de ler. Dispensei o jantar e os deveres por fazer e fui direto para o dormitório da Lufa-lufa, pegando no sono assim que me atirei na cama. ººº - Do que está rindo, Lou? – Yulli esticou o pescoço pra carta na minha mão - Carta do Remo... – parei de rir e dobrei o pergaminho – Estava contando quantas vezes ele me pediu desculpa - Desculpa pelo que? – Scott olhou atravessado – Já está se sentindo culpado? - Não começa com a teoria da conspiração, Cott – cortei antes que ele começasse a elaborar teorias – Está me pedindo desculpas por não ter conseguido dizer não à insistência dos pais dele de que eu passasse o natal lá. Teve que prometer me levar sem conseguir me consultar antes. - E você vai? – Alex riu – Datas comemorativas com os sogros é emocionante, experiência própria! - Tenho que ir, vou fazer o que? – ri também – E já fiz ele passar férias com a minha família, não posso reclamar de uma única noite com os pais dele - Uma noite é tudo que um casal de lobos precisa para devorar um cordeirinho sozinho e acuado – Scott estalou os dedos depressa na minha cara. Eles riram - Está exagerando... Os pais dele foram super gentis comigo, nos poucos segundos que Remo me deixou falar com eles na formatura. - Claro que foram! Eles precisam agradar a presa, ganhar sua confiança, fazer com que ela se sinta a vontade e depois, BAM! – Scott berrou e saltei assustada da cadeira – Era uma vez a namorada do filho único... Ia responder a ele, mas o barulho de uma discussão nos chamou a atenção. Olhamos para o saguão pela porta aberta e vimos o professor Stroke discutindo com Bright. Não era possível distinguir o que eles diziam, apenas que o professor estava muito irritado e Bright parecia não dar a mínima para ele. Stroke agarrou o braço dele nervoso e o sacudiu, ai então Bright entendeu que ele estava falando sério e sumiu do nosso campo de visão seguindo na direção que o dedo do professor apontava. Todos no salão principal voltaram à atenção aos pratos depressa quando o professor atravessou as portas de carvalho. Não ousei sequer respirar alto, mas a sombra em cima do meu prato denunciava que ele estava parado bem atrás de mim. - Louise, quero você em minha sala agora – disse ainda aparentando estar nervoso e saiu outra vez - O que você fez? – Ben perguntou espantado – Nunca vi ele assim! - Não sei! Mas estou com medo de ir até lá! - Deve ser algo relacionado ao que o Bright deu a você ontem – Yulli falou com voz de assombro – Viu a sacudida que ele deu no mala? - Você abriu a revista, Lou? – Alex perguntou curiosa - Não. Nem me lembrava dela, para falar a verdade. Desmaiei assim que entrei no dormitório - Que revista? – Scott perguntou olhando de uma para outra – Bright esbarrou com vocês ontem? Do que estão falando e por que sou o último a ficar sabendo? - Calma, respira – falei brincando, mas ele ainda me olhava sério – Bright veio me perturbar ontem, me entregou a nova edição do Inquisidor, mas joguei na mochila e nem abri. - Ah, a edição com a Rita Skeeter... – Ben comentou rindo – Não li ainda, mas minha mãe diz que de promissora ela não tem nada. Diz que ela é perigosa, isso sim! Não demonstra ter escrúpulos e que não devemos acreditar nas coisas que ela escrever, pois 80% é mentira. - Lou, melhor você ir logo, Stroke estava nervoso! – Alex me empurrou da mesa e peguei a mochila apressada, correndo até a sala dele Quando cheguei à sala de DCAT os dois estavam discutindo outra vez, e agora Bright enfrentava o professor. Antes de deixar que percebessem que estava ali, ouvi o final da conversa. - Já estive no seu lugar, sei exatamente o que está passando e lhe garanto: há outras possibilidades! Não existe apenas um caminho! – a voz do professor soava como um apelo - Não se meta na minha vida, você é só meu professor, não pode dizer o que devo fazer fora de suas aulas! – Bright tinha o tom de voz ameaçador - Quer complicar as coisas? Pois bem, posso fazer de sua vida aqui em Hogwarts um inferno, Dashwood. – Stroke assumiu o tom ameaçador dele – Não dance conforme a minha musica e darei um jeito de expulsá-lo. Vou ficar na sua cola. Se pisar fora da linha, bastará uma carta ao seu pai e tudo se resolve - Com licença? – falei baixo, mas eles ouviram – Queria falar comigo, professor? - Entre Louise – disse olhando para mim – Terminamos nossa conversa, Brighten. Pode se retirar e feche a porta quando sair. Bright lançou um olhar cheio de raiva para ele e me encarou do mesmo jeito antes de passar e bater a porta com violência. Stroke fez sinal para que eu me aproximasse e caminhei até ele receosa. Nunca havia presenciado um professor bater boca daquele jeito com um aluno. - Louise, vou lhe fazer uma pergunta e quero que me responda com a verdade – ele não precisava nem ter pedido, pois não ousaria mentir - Claro professor, o que aconteceu? - Você recebeu algum pacote nos últimos dias de alguém que não esperava receber encomendas? Algo que achou estranho? - Não, o único correio coruja que recebo é do meu avô e do Remo, nada de estranho. Por quê? - Tem certeza disso? Tente se lembrar de algo incomum que tenha acontecido. Você não recebeu nada de ninguém fora do seu ciclo de amigos? – ele insistiu - Bem, há dois dias atrás Bright me deu uma cópia do Inquisidor – falei me lembrando da abordagem dele depois do treino e da revista que larguei na mochila sem abrir – Achei que era algum tipo de brincadeira de mau gosto pela cara dele e do Dolohov, então nem abri. Sei lá, podia explodir alguma coisa em cima de mim! - E onde está essa revista? – a voz dele soou urgente e olhei desconfiada – Ainda está com você? - Sim, está aqui na mochila, do jeito que joguei ontem. Tinha até esquecido dela – abri a mochila e entreguei a revista a ele. Stroke folheou rápido e a fechou, enrolando e colocando no bolso - Obrigado, vou ficar com isso. Quero que me faça um favor: se encontrar algum aluno com um exemplar dela pelos corredores, quero que me procure imediatamente para reportar, entendeu? - Claro... Mas o que tem demais nela? - Assuntos que não deveriam ser expostos a alunos – disse em um tom que encerrava a conversa – Melhor ir, vai se atrasar para a aula Ainda fiquei parada uns segundos olhando para ele sem entender nada, mas acabei indo embora sem perguntar outra vez. O que quer que tenha naquela revista estava certa de que o melhor mesmo foi não abrir. Não ao menos um exemplar que antes tenha passado pelas mãos daquele garoto... Mas agora estava curiosa: o que tinha nela? |