Thursday, January 10, 2008


Algumas boas lembranças de Natal de Alex McGregor

O natal na casa de meus avós estava sendo bem diferente este ano. Minhas primas Elizabeth, Hanna e Alice estavam passando as festas com as famílias de seus namorados, e neste ano seriamos só meus avós, Dylan, Patrícia, Ian, Virna e eu. Kyle e Sergei estavam viajando a trabalho e não viriam passar as festas conosco. Meus amigos estavam com suas famílias, e este seria o primeiro Natal da família de Logan sem o senhor Warrick e havia muita coisa no testamento do pai deles que eles precisavam acertar, inclusive com alguns sócios que eles nem sabiam existir, então Logan estaria muito ocupado, e não poderia estar comigo.
Patrícia estava em seus últimos dias de gestação e muitas vezes me peguei com vontade de torcer-lhe o pescoço. Tudo era motivo para reclamação, ela agia como se fosse a única mulher do mundo a gerar uma criança, e isso por si só, já a tornava o ser mais especial sobre a face da terra, claro que Dylan era o maior culpado disso tudo. Além de ter sido peça fundamental na concepção da criança, vivia achando lindo sair no meio da noite à procura das coisas mais esquisitas para ela comer. Ela devia ter um parafuso solto, pois querer comer picles com sorvete de madrugada ou comida tailandesa com chucrute não era uma coisa muito normal não é? Bem, minha avó dizia que grávidas têm desejos estranhos e que devíamos fazer tudo para atender a estes desejos para que a criança não nascesse com algum defeito ou mancha, então fazíamos o que era necessário. Merlim nos livrasse de ter uma criança com seis dedinhos em cada pé, ou uma cabeça desproporcional. *batendo na madeira*
Tudo ia bem até a hora que ela enjoou do marido. E aí eu segurava minha vontade de rir, quando Dylan se aproximava e ela o espantava dizendo:
- Não suporto olhar para você hoje Dylan... Calado Dylan, sinto que vou vomitar se você disser mais alguma coisa... Dylan, você está com uma aparência insuportável... - o coitado ficava tão desolado, mas fazer o que? O desejo dela era uma ordem e lá ia ele dormir no sofá da biblioteca, que era o canto mais afastado do quarto deles. E aí sobrava para alguém ter que ajuda-la a levantar, pois ela estava tão grande que parecia uma tartaruga de casco para baixo, girando no mesmo local sem se mover (pausa para limpar o veneno rsrs). .
Para suportar tudo eu andava tomando poções calmantes, e vivia fechada no meu quarto, lendo, estudando ou mesmo dormindo. Já estava entrando na fase de trocar o dia pela noite, se bem que com o tanto de neve que estava caindo aqui, não faria diferença. Na véspera de natal, estávamos ouvindo meu avô ler o conto de Duas cidades e entoávamos algumas canções de Celestina Warbeck, enquanto Patrícia andava de um lado a outro em frente à lareira impaciente, quando de repente parou e ouvimos o som de água caindo. Ela nos olhou assustada e disse:
- Acho que fiz xixi. Não deu tempo de ir ao banheiro...
Minha avó muito experiente disse:
- Não é xixi, sua bolsa estourou.
Dali para iniciar a correria foram coisas de segundos, pois até eu me vi correndo para os lados de Patrícia, que mesmo com nossas divergências, não ligou.
Dylan a pegou no colo e a levou para a cama, minha avó correu a pegar suas poções e ungüentos para o parto, Virna, dava ordens de como arrumarmos os lençóis, e Ian mais atrapalhava do que ajudava. Depois de tudo pronto, ela expulsou Ian e Dylan do quarto e Dylan protestou:
- É a minha mulher, quero ficar com ela... - e Patrícia gritou da cama:
- Fora Dylan! Não quero você me vendo ter um filho.
- Mas eu sou curandeiro... Já vi de tudo...
- Acredite filho tem coisas que não é bom o marido ver, perde o encantamento sabe? - disse vovô e o puxou para fora, eu fiquei ali parada no meio do quarto olhando para a movimentação delas e disse:
- Se não precisam de nada eu vou descer... - comecei a dizer quando Patrícia disse:
- Fique aqui.
- Como?- e minha avó e Virna a olharam curiosas, pois ela e eu nunca nos demos bem.
- Estou começando a ter dores e seria bom alguém me distrair. Vovó vai estar ocupada e Virna também... Pode ficar. Se quiser é claro.
- Ok!
Aproximei-me e começamos a conversar, quer dizer fiquei ouvindo-a falar de sua família trouxa, sobre sua ancestral bruxa famosa, para ela é claro, sobre o dia que ela conheceu Dylan, e ela devia estar com dores terríveis, pois até contou o que ele gritava em alguns momentos... Íntimos. Vovó ficou embaraçada e Virna se encolheu enquanto a examinava, tudo parecia ir bem ate que as dores aumentaram e eu fiz a besteira de segurar-lhe a mão.
- Patrícia quer algo para a dor? – perguntou vovó paciente e ofereceu várias vezes durante o trabalho de parto e a resposta era sempre a mesma.
- Não! Estou indo bem... - e apertava minha mão com força e gritava a plenos pulmões:
- Dylan eu te odeio, é culpa sua eu estar tendo estas dores horríveis... - e se dividia entre xingar e arquejar, enquanto enxugávamos o suor que caia em bicas de sua testa.Após algum tempo Virna disse que era a hora de fazer força e Patrícia parecia exausta, disse que não faria nada. Vimos quando estremeceu com uma contração e vovó disse:
- Você precisa empurrar na próxima vez, ou seu bebê não vai nascer... Você está perdendo muito sangue.
- Mas dói demais... Está me machucando muito... Dylan eu te odeio! Quero alguma coisa para a dor... Qualquer coisa, façam isso parar. - notei os olhares que vovó e Virna trocaram e Virna disse:
- Agora não podemos te dar nada, ou pode prejudicar a criança.
- Você disse que ia me dar algo para a dor, quero isso AGORA! - ela disse com toda a força que podia, mas Vinra respondeu:
- Oferecemos a você varias vezes, e você não quis. Há um momento em que podemos dar alguma coisa para a dor, e ele passou. Agora terá que ser por sua conta. - Virna respondeu de forma calma.
- Quer dizer que vou ter que vou sentir tudo???Não vou agüentar... E fechou os olhos, vovó sinalizou que uma contração se aproximava e eu disse apertando a mão de Patrícia:
- Qual é Paty? (ela odiava quando eu a chamava assim, mas eu precisava chamar sua atenção). Pra quem suportou este barrigão por nove meses, uma dorzinha a mais, não é nada. (e pensava na minha mão que já estava insensível e se ela teria movimento quando fosse liberada). – e continuei meu discurso:
- Você é forte, é o filho do Dylan que ta ai dentro, já imaginou que bebê lindo vai ser?? - as palavras penetraram em sua mente e ela me olhou determinada:
- Dylan é lindo não? E me ama....
- Sim, e você também é linda e o ama muito. Você não quer ter o bebê dele em seus braços?- ela ainda me olhava assustada e pareceu que me viu pela primeira vez e eu disse para encoraja-la:
- Deixe seu bebê nascer! - e nesta hora ela sentiu uma contração forte e com uma energia renovada fez força, a ponto de ficar vermelha e logo ouvimos um choro alto e forte.
Dylan entrou correndo no quarto e após ver que a mulher e a criança estava bem, foi posto para fora com um grito de Patrícia, mas pude ver que ele tinha lágrimas nos olhos.
Após limpar a criança, vovó a entregou para a mãe que sorria alegre e nem parecia a mulher enlouquecida das ultimas horas. Virna após cuidar de Patrícia pensou em chamar Dylan para conhecer a sua filha. Antes de ir até a porta ela me olhou e disse seca:
- Você foi bem. – e isso seria o máximo que ela me diria, mas estava tudo bem. O principal foi que pude ser útil de alguma forma. Quando Dylan entrou agora mais calmo, beijou Patrícia e segurou sua menininha com todo cuidado. Achei melhor sair para que tivessem privacidade quando Patrícia me chamou:
- Alexandra! – virei-me para ela e ela disse:
- Obrigada!
- Por nada. - e após ver uma troca de olhares entre eles, ela falou:
- Gostaria que você fosse madrinha de nossa filha. - como eu olhasse espantada ela disse:
- Não estou dizendo que seremos amigas, mas quero que Ariel tenha uma mulher forte ao seu lado para apóiá-la se eu não estiver presente, e quem melhor do que a tia dela? Você aceita?
Ela me estendeu a criança e a peguei com cuidado, e nesta hora a pequenina abriu os olhinhos e os fixou em mim.
- Você pode contar com a titia sempre meu amor. – respondi.
Claro que meus últimos dias de folga em casa foram para babar em cima de Ariel, mas dei graças a Merlim quando pude voltar para a escola, já não agüentava mais não dormir à noite por causa de choro de recém nascido. Minha afilhada é linda, mas tem uns pulmões....