Sunday, February 17, 2008 Desespero e Sacrifício Lembranças de Mirian O. Capter Aproximadamente dois meses atrás - Lu, estou ficando preocupada. Papai e mamãe já me ensinaram tudo que podiam e sabiam sobre esses poderes, mas eles estão cada vez maiores e mais instáveis! – perguntei, abraçada ao Alucard, enquanto conversávamos no grande salão no horário do almoço. - Isso é ótimo não? Você vai ficar cada vez mais forte! – Ele respondeu, com um sorriso calmo. - Ah claro, ai quando eu torrar você, não volte para reclamar! – falei séria, mas ele riu, achando divertido, o que me deixou um pouco irritada. – Dá para levar isso a sério? - Eu não me importaria se fosse você que acabasse comigo...Na verdade, eu quero que você acabe comigo se for necessário, você. – Ele falou, dessa vez sério, e vi dor e sofrimento em seus olhos, que ele lutava para manter serenos. Eu ia responder quando, uma voz atrás de nós chamou nossa atenção. Era a voz da Professora Minerva. - Senhorita Capter, o diretor gostaria de conversar com a senhora. Ele se encontra na sala dele, venha comigo e lhe darei a senha, por favor. - Aconteceu alguma coisa? – Lu perguntou assustado. A professora o olhou calma, sabendo que ele apenas estava preocupada. Eu mesma empalideci quando ouvi o recado. Na verdade a Professora era mais calma conosco da Grifinória, e desde que o Lu era membro do time da escola e nós ótimos alunos, ela era mais tolerante conosco. - Não se preocupe Sr. Chronos. Mas é algo que ele gostaria de falar com a Senhorita Capter sozinho. Por favor, Capter, siga-me. Eu me despedi do Lu e ele disse que me esperaria na sala de aula para eu contar sobre o que era. A Professora me guiou até o escritório do diretor e disse a senha “Doces de Abóbora” fazendo as gárgulas de ambos os lados saltarem e revelar a escada secreta. Subi meio apreensiva, mas aos poucos fui me acalmando. Se fosse algo ruim, o Lu teria pressentido. Quando cheguei ao topo do lance de escadas, bati na porta de leve, e a voz calma do diretor me convidou a entrar. - Bom dia, professor. A Professora Mcgonogall disse que o senhor gostaria de conversar comigo. - Sim, Senhorita Capter. Se importa se eu a chamar apenas de Mirian? O que tenho a lhe propor é algo bom para a senhorita, e não gostaria de ficar chamando-a apenas pelo sobrenome. - Tudo bem, professor. Confesso que estou curiosa. - Talvez ficaria um pouco estranho a senhorita me chamando de Alvo não acha? – Ele sorriu para mim por trás dos óculos e demonstrou sua enorme simpatia, me deixando mais calma e alegre. – Muito bem, vamos direto ao assunto. Eu sou um diretor sortudo, ou talvez azarado, realmente ainda não me decidi. Só no ano da senhorita, já existem diversos alunos com habilidades especiais, sem contar os que já se formaram. Não consigo me lembrar de um cargo de diretor ter tantos alunos assim. Será que devo considerar sorte? Por que os senhores geralmente me dão cada dor-de-cabeça...- Eu não segurei um sorriso e um rubor ao saber que ele se referia a eu e meus amigos em geral, que sempre causamos problemas. – Mas me sinto feliz de qualquer forma. E gosto de poder ajudar esses alunos quando for necessário. Gostaria que a senhorita me diga como tem sentido seus poderes. - Bem, professor, confesso que essa conversa vem em um momento apropriado. Meus poderes estão cada vez maiores e mais instáveis. Não consigo controla-los as vezes e sinto medo de causar mal à alguém. E meus pais já me ensinaram tudo que podiam. Nem eles entendem tanto poder. - Imagino que uma das maiores preocupações é com o Alucard não é? É uma combinação engraçada. Ele com os poderes das trevas e a senhorita com os poderes da luz. Bem, Mirian, eu posso ajudar. Primeiro, imagino que a senhorita saiba a origem dos poderes de sua família não? - Um pouco pelo menos. - As origens da sua família e da família do jovem Alucard estão interligadas. Quando vocês se relacionaram e se aproximaram, acionaram relações seculares, talvez milenares. Isso aumentou o poder dele e o seu. Talvez seja esse um dos motivos da maldição não tomar todo o corpo dele. Mas seus poderes crescem cada vez mais. Os de Alucard também, mas eles crescem em proporção ao poder vampírico e como ele está acostumado a treinamentos, o poder dele cresce mais rápido, mas sob um controle imenso dele. Já o seu é diferente. Você não está acostumada com treinamentos rígidos, e seus poderes sobrepõem seu controle facilmente. E eu gostaria de ajuda-la a controla-lo. Gostaria de treina-la, se você permitir. - É...É claro que eu gostaria! – eu respondi, após gaguejar um pouco com a surpresa e o orgulho. Receber aulas particulares do próprio Dumbledore era algo raro! - Muito bem. Começaremos imediatamente. Já enviei um recado para o professor Slughorn, ele terá que aceitar uma aula sem uma aluna como a senhora. E já pedi que avisassem o jovem Alucard também. Eu levei um novo susto com a surpresa e o fato de que já iríamos começar a treinar. Ao estalar dos dedos e de um floreio da varinha, o professor Dumbledore abriu um espaço no meio de seu escritório, indicando com a cabeça para que eu me posicionasse ali. Quando ele se levantou, Fawkes, alçou vôo para o ombro dele e me encarou com doces olhos quase humanos. - Também gostaria de avisar que não a ajudarei a treinar apenas seus poderes. Eu a ensinarei também outros feitiços de defesa, feitiços avançados de proteção e defesa. E a ensinarei a se comunicar com todos os seres vivos, equilibrando a natureza. Isso também faz parte dos seus poderes. As fênix são seres poderosos e bondosos, então você aprenderá a lidar com elas, a conseguir seu apoio e confiança. Quero que ao final desse seu último ano, Fawkes a considere tanto quanto a mim. Vamos começar. De sua varinha saiu um poderoso raio de luz, e pude ouvir sua mente falando “Solaris”....Tremi de excitação e senti como se ele me ensinasse mesmo sem usar palavras. Diante de nós, um pequeno sol surgia, alimentando nossas energias. Fawkes voltou para seu poleiro e ficou me encarando. Era apenas o primeiro de muitos e muitos dias de treinos... Manhã do Dia dos Namorados - Muito bem Mirian! Fico feliz de você ter conseguido dominar um feitiço ofensivo com a luz. A luz é um poder muito imaterial, é difícil de tira-la do estado de efêmera. Agora você pode molda-la de outras formas, basta se concentrar. - Muito obrigado, professor. Esse feitiço realmente é difícil! – Eu ofegava enquanto falava, devido ao esforço mental e mágico para conjurar luz sólida e com ela criar uma arma. A minha frente, flutuando diante de mim, três espadas de pura luz branca estavam no ar apontadas para baixo, enquanto duas grandes lanças de luz dourada se cruzavam as minhas costas. Fawkes levantou vôo e começou a entoar um canto maravilhoso. Senti minhas energias entrando em ressonância com ela e rapidamente eu me sentia cheia de energia novamente. A fênix pousou no ombro do diretor e com certo espanto notei que havia uma pena em minha mão, sem que eu soubesse como ela surgira ali. - Guarde com cuidado e carinho uma pena de fênix. No futuro elas podem ser essenciais para você. Agora está dispensada, vejo a senhorita no baile essa noite. E dentro de dois dias continuaremos as aulas. Pode não parecer, mas seu corpo sente uma fraqueza enorme devido ao cansaço. Mas você está de parabéns, Mirian! Eu agradeci com um sorriso alegre e me despedi do diretor e de Fawkes, retirando-me para me arrumar para a festa. Como estava no final das aulas da manhã, Lu já me esperava ao pé da escada que levava ao escritório do diretor, e sorrindo me joguei em seu abraço contando o que eu aprendera a fazer. Ele adorou a notícia e pude por um momento vislumbrar que nossos poderes aumentavam quando estávamos juntos. Voltamos para o grande salão juntos, e depois iríamos para as atividades da tarde, que seriam mais curtas hoje por causa do baile que o grêmio e Monn organizaram. Baile do Dia dos Namorados Os Duendeiros, a banda que o Ben e o Toquinho formaram faziam um sucesso enorme! Nós como amigos estávamos na primeira fila e gritávamos como loucos. As fãs ao redor pareciam a beira de um ataque, mas acho que nenhuma superava a Monn que gritava como uma ensandecida para Ben e Toquinho. Após as músicas programadas para o show agitarem o público, nós voltamos às nossas mesas para conversarmos e nos alimentarmos. Eu e Lu fomos juntos mas pretendíamos depois dar uma escapada. Essa data era importante para nós dois. Há um ano nessa mesma data nos unimos como nunca...E iríamos fazer 2 anos de namoro. Então essa noite era realmente especial para nós dois. Logo, dificilmente alguém agüentava nosso grude! - Vocês vão ficar diabéticos! – Lou brincou conosco depois deles verem mais uma troca de carinho e palavras amorosas. - Ah nem vem, Lou. Você e o Remo fazem exatamente a mesma coisa! – Lu falou rindo como se brigasse com Louise. Ela ficou vermelha e riu conosco. - Mas gosto de ver vocês dois juntos, fazem um lindo casal! – Yulli comentou enquanto nos dava um sorriso de orelha a orelha. - E hoje é aniversário de vocês não é? – Alex falou, deixando no rosto um sorriso cínico como se soubesse de mais algo. - Sim, faz dois anos que agüento esse garoto! Mereço um prêmio não? – brinquei bagunçando o cabelo do Lu. - Só de aturar o mau humor que o Lu pode ter às vezes...Você merece uma Ordem de Merlim! – Ben brincou, e recebeu o apoio de Scott que riu muito. - Boa noite. – Uma voz que nós conhecíamos falou as costas de Alex e vimos que era o Logan. Depois de uma pequena discussão, ele e Alex saíram para conversar. Eu e o Lu aproveitamos e saímos da mesa também, indo para um lugar perto das portas, tentando achar um lugar mais sossegado. Lu estava meio emburrado e belisquei seu braço quando o vi olhando torto para o Logan. - Por que a implicância com o Logan? - Porque eu prefiro o Kyle. E não é implicância. É que ele deixou a Alex sozinha em momentos importantes! - Ela não estava sozinha, tinha todos nós. E não se esqueça que ela e o Kyle são irmãos! - Humpf, tudo bem...Mas eu ainda preferia ela com o Kyle... Ele ia falar mais algo quando seus olhos ficaram vermelhos e suas narinas dilatadas. Eu senti algo diferente também e juntos olhamos ao redor. Havia algum perigo ali. Ele rapidamente procurou Dumbledore com um olhar, e no meio da multidão levantou a varinha fazendo um sinal para o diretor. O diretor viu o sinal e olhou ao redor da multidão também, procurando algo de errado. Então houve um estrondo enorme. As portas se abriram com um barulho ensurdecedor. Nós estávamos próximos demais delas e recebemos parte do choque, porém Lu me cobriu com seu corpo se colocando entre eu e as portas. Sangue escorreu de sua boca quando o choque o atingiu e ouvi um pequeno gemido vindo dele. Ele perdeu o equilíbrio por um momento quando um feitiço vermelho o atingiu nas costas, e ele ficou mole em meus braços. Eu soltei um grito e o abracei com força, preocupada. Imediatamente os alunos de defesa avançada estavam lançando feitiços em várias direções e lutando bravamente. Mas Lu ainda estava meio mole em meus braços. Eu levantei os olhos cheios de lágrimas e raiva e como treinara com Dumbledore conjurei escudos nas pessoas mais próximas e em torno de nós dois. Apertei o peito dele e com minha força dei-lhe energia novamente. Como se saísse da água ele recuperou o fôlego e abriu os olhos, ainda mais injetados de vermelho. Ele sorriu para mim, agradecendo sem palavras e nos demos as mãos, nos virando para o combate. Dumbledore e os outros professores já lançavam feitiços contra os comensais. Mas o caos e o medo dos outros alunos só dificultavam as coisas, e muitos já estavam caídos no chão, até mesmo Louise, Scott e Ben. Perto deles uma mulher parecia a ponto de lançar um feitiço mortal mas estava parada, como se hesitando. Com certo medo notei que eu e o Lu éramos os alunos mais a frente dos outros e já estávamos quase cercados, o que nos obrigava a lançar feitiços sem parar, para todas as direções. Lu se jogava na frente de todos os feitiços para me proteger, mesmo que eu gritasse com ele para parar. De sua boca saia um filete ininterrupto de sangue. Seu próprio sangue. E suas roupas estavam rasgadas, revelando furos e arranhões. Ouvi quando Kegan falou que precisavam chegar rápido em nós e senti meu coração afundar quando ele gritou: - Rápido, o Alucard não vai agüentar! Ao nosso redor os comensais começaram a recuar mas alguns deles continuaram lançando feitiços. Eu empurrei o Lu para trás e conjurei correntes para prende-lo e ele urrou de insatisfação para mim. Conjurei adagas de luz branca a minha frente e com floreios da varinha as jogava contra os inimigos. Um deles porém conseguiu se proteger e com um grito alto lançou um feitiço negro na minha direção. Eu levantei a varinha para me proteger, mas vi que não daria tempo e senti medo, enquanto esperava o choque do feitiço. Mas quando dei por mim, o feitiço me atingia de forma mais leve, apenas com arranhões. Minhas defesas me protegeram e senti uma pontada de orgulho, mas então vi o que estava a minha frente. Com horror vi uma figura caindo de joelhos enquanto um jato de sangue saia de seu peito. Lu rompera as correntes e se jogara para me proteger e seu peito agora estava com um corte profundo, além de diversos outros ferimentos. Eu gritei ao ver isso e me joguei do seu lado, colocando-o em meu colo. A mulher que parecia liderar o ataque lançou um frasco no chão e uma fumaça subiu ao ar bloqueando a visão. Depois de um tempo a imensa bola de fogo de Dumbledore iluminava o local e por todo lugar eu via gente machucada e caída. Muitos sangravam, mas nenhum como Logan e Lu. Alex gritava por socorro, com suas roupas já empapadas em sangue. Quando dei por mim meu vestido branco estava vermelho escuro e a poça de sangue espalhava-se ao nosso redor. Gritei por socorro, enquanto abraçava o Lu com força, brigando com ele, chamando-o de idiota. - Meu amor...Por favor...Faça o que eu pedi. Mate-me. Eu só aceito isso vindo de você. – Ele falou enquanto segurava minha mão, com os olhos serenos e com a certeza. - Deixe de ser idiota! Você vai ficar aqui comigo! Não me deixe! Ele fechou os olhos sem forças e o aperto de sua mão foi ficando mais fraco. Antes de seus olhos de fecharem por completo, o vermelho se apagou completamente. Ouvi Dumbledore chegando correndo para nós, mas sem pensar conjurei uma adaga de prata no ar e a peguei com a mão direita. Fiz um corte no antebraço esquerdo e quando o fluído vital começou a escorrer pelo meu braço, fiz o filete de sangue entrar na boca de Alucard. Pressionei com mais força o braço contra ele, e praticamente transbordava sangue de seus lábios, o meu misturando-se ao dele. Comecei a me sentir tonta, mas não hesitei. Ele abriu os olhos assustado. Em seus olhos eu via que ele sentia raiva de si próprio e nojo também, mas não podia evitar. Eu o abracei com força. E ainda abraçada abaixei a gola do vestido. - Faça. - Mirian, já basta, eu estou bem... - Eu disse. Faça! - Não vou fazer isso com você! - Faça, Alucard! Agora! Algo em minha voz era imponente, e senti uma força milenar em mim. Ele me olhou nos olhos e sentiu que estava fraco. Com nojo de si próprio, ele abaixou os lábios lentamente até meu pescoço e lentamente mostrou os caninos. Senti-os perfurando minha pele e no segundo seguinte sentia o sangue saindo de meu corpo para o dele. Dumbledore apenas nos observou, vendo que não haveria mais nada a fazer...Ele conjurou algo ao nosso redor, para que outros não vissem o momento. Um momento de união intensa, quando minha vida dava a vida dele de volta...Adormeci em seus braços quando ele sugou o que precisava, e ele me levou a Ala Hospitalar... |