Sunday, April 27, 2008 A masmorra do castelo de Durmstrang estava iluminada apenas por algumas luzes fracas e poucas pessoas conversavam dentro dela. Alguns garotos que aparentavam ter seus 17 e 18 anos e dois de no máximo 16, mas todos falavam de igual para igual. Um garoto magro de cabelos castanhos parou de andar quando avistou o grupo. Reconheceu todas as pessoas daquela roda e por instinto, resolveu recuar e ouvir o que conversavam. - O Lorde das Trevas está satisfeito com tantos aliados jovens como nós – um garoto pálido de cabelos escuros e olhos verdes muito expressivos falou orgulhoso – Meu irmão disse que haverá uma reunião na casa de Lucio Malfoy no feriado de páscoa e todos que querem se juntar a eles devem comparecer a ela. Vamos receber a marca negra e nos tornarmos um deles. - Pode contar comigo, estarei lá. Minha prima se casou com Lucio, também está do nosso lado – um garoto de cabelos negros e olhos azuis falou animado e cutucou o amigo ruivo – Você pode ir para a minha casa, seus avôs não vão saber, G! - Claro, vou fazer isso – o ruivo não parecia confortável com aquilo, mas não hesitou em aceitar – Vou direto para sua casa quando sairmos da escola - Seria burro se não fizesse – o garoto de cabelos escuros interrompeu – o Lorde das Trevas está ganhando força, muitos estão se juntando a eles e todos aqueles que ficarem contra, serão exterminados. Nem mesmo Alvo Dumbledore será capaz de contê-lo. - Se eu fosse você não subestimaria Dumbledore, Parvanov – o ruivo riu – É um bruxo poderoso e nem mesmo o Lorde das Trevas pode se considerar melhor que ele - Como ousa falar assim, Storm? – um garoto loiro que até então apenas os ouvia se levantou perplexo – Lorde Voldemort é o maior bruxo de todos os tempos, e o velho gagá do Dumbledore sucumbirá a ele! Anote isso, pois é o que vai acontecer! - Ele não está tirando o mérito do Lorde das Trevas, Stanishev! Está apenas fazendo uma constatação, não é necessário essa reação toda! - Fica na sua, Black! Ou o Storm precisa de babá pra responder por ele? – respondeu debochado - Não responde, Regy – o ruivo ergueu a mão antes que o amigo falasse – Vamos embora, o jogo começa daqui a pouco e madame Hooch deve estar nos procurando - Isso ai, vão lá se aquecer pra levar uma surra do nosso time! – o que se chamava Parvanov provocou e os outros riram – Nos vemos na casa do Malfoy, se você não amarelarem, é claro... Os garotos não responderam e deixaram a masmorra. O garoto magro que assistia a tudo calado tinha uma expressão perplexa, mas se recuperou depressa e saiu atrás deles. Precisava contar o que ouvira a alguém, mas esperaria a partida terminar. ººº - Muito bem, pessoal, é só jogarem como nos treinos e podemos vencê-los. Ponham as mãos aqui, Hogwarts no três! Juntamos as mãos com a de madame Hooch e quando as erguemos no ar, estávamos mais confiantes. O último jogo da 1ª fase que perdemos de repente não nos assombrava mais. Se vencêssemos o time de Durmstrang, Hogwarts voltaria ao topo da tabela. ººº A partida já durava mais de duas horas e até então, Yulli não tinha esperanças de encontrar o pomo. Viggo Volkov, o apanhador de Durmstrang de apenas 12 anos, não saia da cola dela. Ele era muito bom, o mais novo do time, mas Yulli não dava folga a ele e o mantinha sempre em seu campo de visão. Tentava me desvencilhar do batedor deles que queria me segurar quando Mark apontou na direção das traves de Durmstrang e gritei para Yulli. O pomo rodeava a baliza da direita, mas quando gritei Viggo o avistou primeiro e saiu na frente. Reuni todas as forças que ainda tinha e disparei um balaço que o desequilibrou, dando vantagem para Yulli. Ela passou zunindo pela cabeça da goleira deles desviando da tentativa da garota de agarrá-la e conseguiu prender o pomo entre os dedos. Vencemos a partida e voltamos a liderar o campeonato. ººº - Ninguém segura o nosso time! – Mark falava alto em cima de uma mesa e com uma taça na mão – Derrotamos Durmstrang, agora não tem pra mais ninguém! - Mark está bêbado, mas está certo! – Alex subiu na cadeira também com uma taça na mão – Durmstrang não tem um time, tem uma seleção semi-profissional. E essa seleção perdeu pra Hogwarts! - Hogwarts, Hogwarts, Hogwarts! – Scott puxou o coro e logo todos os alunos que vieram até Durmstrang com o time assistir a partida entoavam o hino da escola - Lou, posso falar com você? – Ben segurou meu braço e puxando para longe do grupo - Tem que ser agora? – tentei pará-lo – Estamos comemorando nossa vitória! O que há com você? Que cara é essa? Só então reparei direito nele. Alheio a festa que acontecia na republica reservada para Hogwarts, Ben tinha uma expressão séria que nunca tinha visto antes. Se não estivéssemos acostumados com isso, diria que tinha visto um fantasma. Larguei a taça em cima da mesa e o acompanhei até o lado de fora. Fazia um frio absurdo, mas ele parecia não sentir. Parou na varanda da casa e me encarou de um jeito que me deixou com medo. - Ben, você está me assustando. Não fala comigo direito desde o que aconteceu no México e agora me aparece com essa cara? O que aconteceu? - Acho que é hora de deixar pra trás o que fizemos, não importa mais. Você tem um problema maior do que esse. - Ok, agora estou assustada de verdade. - Você sabe que já estudei aqui, certo? – confirmei com a cabeça e ele continuou – Por ter estudado aqui, reencontrei alguns amigos e andei pelo castelo com eles, para matar as saudades. Em uma dessas caminhadas, pouco antes do jogo, encontrei George. Ele estava com o irmão do Sirius. - Régulo. Eles são amigos de infância, mas o que tem demais nisso? Eles sempre andam juntos, parece que nasceram colados. - O que tem demais é que eles estão se juntando aos comensais da morte! – falou impaciente e arregalei os olhos. Ele pareceu se arrepender de soltar algo como isso dessa forma e quando tornou a falar sua voz saiu mais suave – Tem alguns garotos que foram da minha turma aqui que sei que são aspirantes a comensais, e eles estavam com George e Régulo. Combinavam uma reunião para o feriado de páscoa, parece que iam se alistar, se juntar a eles quando estivessem fora da escola para receberem a marca negra no braço. George soava um pouco assustado, mas ainda assim firme no que dizia. Louise, seu irmão está andando com as pessoas erradas! Ele ainda não fez a maior besteira que pode fazer, mas está quase lá. Não conheço mais ninguém que possa fazê-lo desistir disso senão você. Fiquei parada encarando ele em estado de choque. Como se não bastasse eu ter descoberto que minha mãe é uma comensal da morte e que estava presa esse tempo todo, agora George estava indo pelo mesmo caminho? Agradeci a ele por me contar, mas não deixei que viesse atrás de mim quando se ofereceu. Precisava ir atrás do meu irmão e falar com ele, e tinha que fazer isso sozinha. Ele estava com Régulo no lago da escola, e riam de alguma coisa. Aproximei-me sem fazer silencio para que soubesse quem não estava sozinhos e quando me viram, Régulo levantou depressa e se despediu dele, passando por mim e me cumprimentando. George levantou também e ameaçou ir atrás dele, mas o segurei. Ele me encarou sério, mas não se atreveu a virar as costas e me deixar lá. - Posso ajudar em alguma coisa? – perguntou com sarcasmo - Eu que deveria fazer essa pergunta. Sei muito bem o que anda aprontando, George. - Posso garantir que você não sabe de nada, mana - Por que está fazendo isso? Por acaso se revoltou quando descobriu que nossa mãe é uma comensal e matou o nosso pai? Porque se foi esse o motivo, está agindo com uma criança! - Já sabia quem nossa mãe era muito antes de você e ela não influencia minhas decisões. Nunca influenciou e não é agora que vai começar, só porque que saiu de Azkaban. - George, eu só posso ajudar você até certo ponto. Depois não tem mais volta, não vou poder fazer nada por você! - E quem disse que preciso da sua ajuda? – disse ríspido e recuou dois passos – Não sou mais criança, Louise. Já faz algum tempo que não preciso de você. Pare de se meter na minha vida e cuide da sua, assim não teremos problemas. Agora com licença, vou arrumar minhas coisas para voltamos para Hogwarts amanhã cedo. Jogou muito bem hoje, acho que temos chances de ganhar o campeonato. George se afastou como se nada estivesse acontecendo e fiquei sem reação, apenas observando ele caminhar despreocupado de volta para a república. Pela primeira vez me senti impotente, e era uma sensação muito ruim. Era a sensação de ver alguém que você gosta afundar e não poder fazer nada para salvá-lo. Sabia que não poderia ajudá-lo a menos que ele quisesse isso, e não fazia a menor idéia de quem poderia a impedi-lo de fazer a maior besteira de sua vida. |