Saturday, August 30, 2008 A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta nos momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafios. Martin Luther King - Remo, nós ainda temos alguma cópia do livro do Quintino Trimble? – George perguntou por cima do balcão - Não, você vendeu todas as cópias ontem – Remo respondeu – Já pedi outra remessa, mas só deve chegar semana que vem. - Ok, obrigado – ele saiu e caminhou até o homem parado estudando alguns artefatos na vitrine – Senhor Kirk, infelizmente não tenho disponível nesse momento, mas posso lhe avisar assim que chegarem novos exemplares – George falava bastante a vontade com o cliente – Eles estão fazendo muito sucesso, me deixaram sem cópias ontem. - Tudo bem, rapaz. Avise-me assim que chegarem e venho aqui buscar. O homem se despediu e George o acompanhou até a porta. Já estava trabalhando na loja do avô há quase uma semana e já se sentia em casa. Decorara com absurda rapidez tudo que tinham para venda e estudou alguns dos livros expostos nas estantes, se preparando para possíveis perguntas. George estava se saindo tão na loja que no 3º dia já se sentia a vontade para dar sugestões aos clientes que apareciam e, com uma conversa agradável, os faziam levar mais do que planejavam. Mas era o último dia que poderia ajudar o avô, voltaria para Hogwarts na manhã seguinte. - Esses livros fizeram mesmo sucesso, não é? – comentou divertido, encostando-se ao balcão onde Remo estava. - É verdade, mal pararam nas prateleiras. Mas isso também teve um pouco da sua ajuda, fez tanta propaganda dele que as vendas estouraram – riu - Mas o livro é bom, você leu? O cara é fera, sabe tudo sobre defesa. Qualquer pessoa que ler esse livro pode sair por ai encarando dementadores, comensais e o que for! - Vou tentar ler quando chegarem os novos. E como está seu avô? - Ah, está melhorando, na medida do possível... Queria vir aqui hoje, mas Louise quase teve um ataque histérico com a idéia e ele sossegou – disse rindo. - Vai ser um longo mês... – ele olhou ao redor conferindo se tinha terminado o que estava fazendo – George, se você quiser ir embora mais cedo hoje, pode ir. Não tem tanto movimento assim, posso dar conta sozinho e Louise disse que viria agora no fim do dia. - Ah, não me importo em ficar. Estou até gostando de trabalhar aqui. - Mas hoje é seu último dia em casa, quando chegar a Hogwarts amanhã, pode dar adeus às horas livres. É seu ano de N.O.M.s, não é? - Nem me lembra! E ainda temos o campeonato de quadribol, estamos nas quartas-de-final e o jogo é daqui a duas semanas, na Alemanha. - Dessa vez não vou poder assistir, mas vou torcer por vocês. Tenho certeza que chegam à semifinal. E já sabe que carreira vai seguir? Essa é a primeira coisa que McGonagall pergunta na orientação vocacional. - Já pensei em tudo, mas não decidi ainda. Espero que ela me ajude na hora da minha entrevista. - Bom, se não chegar a um consenso, pode sempre trabalhar com o seu avô. Você leva jeito, ele ia adorar. - Essa não é uma má idéia – George olhou a loja vazia e bagunçou o cabelo, bocejando – É, acho que vou seguir seu conselho e aproveitar meu último dia livre. Se correr ainda pego meus amigos no Hyde Park. George juntou suas coisas na mochila e se despediu de Remo, agora só o veria outra vez em Julho. Louise abriu a porta antes que ele chegasse até ela e George passou como um furacão, rindo por tê-la assustado. - Vai tirar o pai da forca? – ela gritou indignada - Não, mas se bem que sem mim, o time deve estar se enforcando. Vou salvar aquele bando de trouxas de perderem no rúgbi. Vejo você em casa, mana! – George gritou de volta rindo, correndo pelo beco diagonal. - O que aconteceu aqui? – ela fechou a porta com uma expressão confusa e Remo riu – Quem era aquele menino sorrindo e o que ele fez com o meu irmão rabugento? - Seu irmão rabugento ficou na travessa do tranco, quando seu avô enfartou – Remo a abraçou lhe dando um beijo – O garoto que saiu daqui agora é o George que conheci há 5 anos, quando foi selecionado pra Grifinória. - Ele não foi à reunião. Ficou a noite toda no hospital, pensativo. – Louise comentou parecendo aliviada - Também não sai de lá, me dividia entre vigiar ele e o vovô, não preguei o olho um segundo sequer. - O enfarto o abalou mais do que você imagina, não achei que ele fosse ter coragem de ir - Como ele está se saindo aqui? – perguntou preocupada – Mal tive tempo de ficar com você nessas férias, fiquei o tempo todo ajudando em casa. - Tudo bem, não tem problema – a abraçou outra vez e beijou sua testa – George se saiu muito bem aqui essa semana. Chegou ainda um pouco assustado com o que aconteceu, mas disposto a ajudar. Ele se assustou, percebeu que se alguma coisa acontecer com o avô de vocês, tudo isso fica pra vocês dois e ele não ia saber o que fazer. - Ironia dizer que o enfarto do meu avô teve um saldo positivo... - Só me preocupo com uma coisa... George sabe muito mais do que demonstra sobre defesa, mas também sabe bastante coisa sobre arte das trevas. Conhece muitas maldiçoes, assim como a maneira certa de repelir cada uma delas. É ao mesmo tempo bom e ruim. - Eu não sei o que fazer, Remo – Louise soava derrotada pela primeira vez – Não sei como ajudar, não sei como impedir alguma coisa. Não posso ficar de braços cruzados, mas não sei o que devo fazer! - Olha, eu sei que esse não é o que você quer ouvir agora, mas não faça nada – ela o olhou espantada, mas não interrompeu – Dê uma chance, pois não acredito que George vá até o fim com isso. Não é do feitio dele, seu irmão nunca foi de seguir a cabeça dos outros, sempre pensou por conta própria. Fique apenas por perto, não se distancie dele, e deixe que ele mesmo recue. George não vai se tornar um comensal, eu sei que não. Louise encarou o namorado alguns segundos sem responder, mas concordou. Não era reconfortante ter que esperar sem agir, mas se Remo confiava que George fosse fazer a escolha certa, sabia que poderia dar esse voto de confiança. Ia se aproximar do irmão outra vez e tentar ajudar da maneira que sempre fez: ficando ao seu lado para o que precisasse. |