Wednesday, September 03, 2008


- Elfo 1, qual a sua posição?
- Estou no corredor leste, próximo ao alvo. Elfo 2 está comigo. Qual a sua posição, Elfo 3?
- Ala leste, próximo à estátua de um braço só. Qual a situação?
- Silêncio! Ouçam... – Louise levantou a mão alarmada e nos calamos

Alguns passos suaves ecoavam no corredor e Alex se esticou deitada no chão para tentar identificar o dono deles. Voltou a posição inicial sacudindo as mãos apavorada e puxei o espelho do bolso outra vez.

- Raposa branca indo para a caverna. Repito: raposa branca indo para a caverna. Isso não é uma simulação! Saiam daí!
- Entendido, Elfo 3, mas vamos entrar. Esperem a raposa entrar e depois a tirem de lá. Cambio, desligo.

A voz de Ben morreu e a imagem dele sumiu do espelho. Olhei para as meninas alarmado, mas ninguém se moveu. Eles iam entrar no escritório do diretor e teríamos que tira-los de lá sem serem vistos. Só não sabíamos como...


ººº

- Ben, o que está fazendo? – Sam olhava para os lados desesperada – Não ouviu o que Scott disse? Dumbledore está vindo!
- E essa é a nossa chance de entrar – agitei a capa da invisibilidade que estava dobrada dentro do casaco e me cobri – Depressa, fique invisível e não se afaste. Temos que ficar do lado da porta. Quando a gárgula abrir e ele passar, entramos também. Tem que ser rápido e em silêncio.
- Isso é suicídio... – Sam sacudia a cabeça em reprovação, mas ficou invisível como pedi – Se eu for expulsa no último mês de aula, Benjamim...
- Ai eu deixo você me bater, mas agora silêncio. Ele está vindo.

Sam parou de falar e observamos o diretor se aproximar da entrada da sala. Ele murmurou a senha e a gárgula se abriu, revelando a passagem. Assim que o resto da capa passou, passamos atrás. Uma vez dentro do escritório, não nos apressamos em subir. Fomos de degrau em degrau tentando não fazer nenhum tipo de barulho. Dumbledore lia alguma coisa sentado em sua poltrona quando chegamos ao topo da escada e sentamos em um canto, observando e esperando. Fawkes descansava no poleiro e mantive os olhos nela, enquanto Sam vigiava Dumbledore. Não estava usando relógio, mas calculo que ficamos escondidos por cerca de 10 minutos quando uma explosão vinda do corredor quase fez com que me revelasse. Levei um susto tão grande que saltei do chão, mas segurei a capa depressa antes que ela descobrisse meus pés. O diretor levantou curioso da poltrona e desceu as escadas apressado. Ouvimos quando a gárgula abriu novamente e se fechou. O espelho no meu bolso vibrou.

- Raposa branca fora da caverna. Peguem a Fênix e saiam daí! Não vamos segura-la por muito tempo! – a voz de Scott saiu alta e arranquei a capa depressa ao mesmo tempo que Sam voltava ao normal
- O que vocês fizeram? – perguntei assustado
- SAIAM DAÍ! – Scott gritou outra vez e guardei o espelho

Fawkes acordou com a movimentação e agarrei-a sem cerimônias ou delicadeza alguma. Ela ainda tentou escapar, mas Sam conjurou uma gaiola e a trancamos lá dentro antes que nos carregasse pela janela. Cobri a gaiola com a capa e quando pisamos no primeiro degrau da escada, ouvimos a gárgula se mover outra vez. Corremos para o fundo do escritório e encontramos algumas cadeiras próximas a janela, onde daria para se esconder.

- Raposa branca entrou. Se escondam! – Scott falou outra vez
- Entendido, Elfo 3 – respondi desligando o espelho – Abaffiato – disse apontando para a gaiola e depois para Sam e eu. Já que íamos ficar presos ali, precisaríamos conversar sobre um plano de fuga sem ser ouvidos...

ººº

A fumaça que tomou conta do corredor se espalhava cada vez mais e com dificuldade consegui enxergar as meninas. Elas tapavam o nariz com a manga da capa e abanavam o caminho com a mão livre.

- Scott, que coisa era aquela que você explodiu? – Mark falava e tossia ao mesmo tempo
- Uma poção nova que criei... Não adianta abanar, essa fumaça vai ficar aqui por horas.
- Demos tempo a eles de pegar a fênix, mas agora precisamos tirá-los de lá – Louise parecia nervosa – O que vamos fazer? Explodir outra parede?
- Esburacar o castelo não é a solução – Yulli ponderou – Temos que entrar naquela sala e desviar a atenção deles dois. Eu acho que tive uma idéia...

Corremos para longe da fumaça e Yulli explicou o plano. Era simples, rápido e tudo ia depender das nossas habilidades em interpretação e fugas.


ººº

- Vamos sair daqui depois que o ano letivo terminar – Sam profetizou dramaticamente e ri – Vamos perder a formatura!
- Ainda estamos em Maio, Sam. Tenho certeza que mais cedo ou mais tarde o diretor vai sair pra resolver algum assunto ou mesmo ir ao banheiro. E ainda tem os outros, eles vão nos ajudar. Vamos sair antes de anoitecer, fique tranqüila.
- Estou com fome, não tomei café hoje. Estamos aqui há quanto tempo? 10 horas? Estou ficando sem posição já!
- Estamos aqui não tem nem meia hora, Sam – ri outra vez e encarei a porta – Vem vindo alguém...

Paramos de conversar e esperamos os donos dos passos entrarem. E para nossa surpresa, a professora McGonagall apareceu segurando as vestes de Louise e Yulli. Ambas estavam desarrumadas, com os cabelos bagunçados e expressões irritadas. Nos olhamos sem entender nada e continuamos calados, ouvindo.

- O que aconteceu agora, Minerva? – o diretor perguntou calmo, olhando de Louise para Yulli com uma expressão divertida.
- As duas estavam brigando feito animais – a professora respondeu horrorizada – Estavam trocando feitiços, puxões de cabelo e insultos no meio do corredor!
- Deve haver uma razão para isso, pois se não estou enganado, as senhoritas Storm e Kinoshita são amigas... – ele continuava calmo e parecia estar achando engraçado
- A razão é que ela é uma vaca! – Louise gritou e Yulli rosnou do lado dela. Mcgonagall se pôs entre elas depressa
- Vaca é você, sua ruiva falsificada!
- Você vai ver quem é falsificada, sua japonesa de Taiwan!

Foi tudo tão rápido que mal consegui acompanhar. Louise voou pra cima de Yulli, que se defendeu e a jogou no chão. McGonagall correu para apartar, mas as duas já estavam emboladas no chão, quebrando tudo que tinha pelo caminho. Cheguei a ficar de pé pra ver melhor quando senti uma mão no meu ombro e levei um susto tão grande que cai sentado. Alex estava montada em uma vassoura e Mark em outra, fazendo sinal para sairmos.

- Andem, depressa. Elas não vão conseguir enrolar muito tempo. Temos que aproveitar que estão gritando – Alex estendeu a mão para Sam e a empurrei para ajudar a subir mais rápido.
- Vamos, Ben! Não esquece a Fawkes! – Mark me apressou e passei a gaiola pra ele antes de subir na janela e montar na vassoura. Olhei uma última vez para a sala e Louise e Yulli agora atiravam os sapatos uma na outra. Mcgonagall dava bronca e desviava dos sapatos e Dumbledore assistia sem fazer nada.
- Como elas vão sair de lá ilesas? – perguntei rindo da cena, segurando firme a gaiola com a fênix.
- Scott vai fazer um pouco de barulho no corujal... – Alex respondeu com uma cara perigosa.

Segundos depois, uma revoada de corujas saiu por uma janela pequena. Nunca vi tanta coruja junta tentando passar pelo mesmo lugar. Vimos do alto quando McGonagall saiu com o diretor para os jardins e tentava fazer os alunos curiosos voltaram para suas salas e ao mesmo tempo fazer as corujas voltarem para o castelo. Dumbledore apenas observava a movimentação, sorrindo. Posso jurar que ele olhou para o alto e nos viu. Vi Yulli e Louise rindo atrás deles e quando nos viram fazer sinal de positivo, correram para longe da multidão. Contratempos a parte, o plano deu certo. Fawkes estava em nosso poder. Seqüestramos a fênix de Alvo Dumbledore.

Legenda:
Scott
Ben