Sunday, September 21, 2008


- George, acorda! – sacudi meu irmão em pânico, mas ele não se mexeu – George! IMPEDIMENTA!

Gritei apontando a varinha para minha mãe e a derrubei, dando tempo de Scott roubar uma de nossas varinhas. Eles brigaram algum tempo, até que ela conseguiu prendê-lo com as mãos e vi meu amigo perder os sentidos quando ela apertou seu pescoço com força. Deixei George desacordado e corri para cima dela, pegando a varinha que Scott deixou cair e a afastando com outra azaração do impedimento. Ela me atingiu com a cruciatus, mas de leve.

- Não vai querer me apagar como fez com eles – disse com raiva, sem pensar – Precisa de mim para pegar as suas coisas.
- Você já disse onde estão, não preciso de você para entrar lá. Trouxe três alunos e ninguém notou – riu
- Eu menti, suas coisas não estão no dormitório – a expressão no rosto dela mudou e sorri vitoriosa – Acha que sou burra de guardar essas coisas aqui? E mais ainda de dizer onde estão? Seus diários estão bem longe de Hogwarts.
- Onde estão? – ela falou com a voz baixa, em tom de ameaça
- Não vou dizer. Pode me matar se quiser, mas não digo.
- Garota, não brinque comigo. Onde estão meus diários?
- Por que se casou com meu pai? – sem um plano, decidi que precisava enrolá-la até descobrir como sair de lá com vida – Ele era trouxa, e você despreza todos eles. O seu chefe sabia que você era casada com um “trouxa imundo”?
- Henry não era trouxa, era bruxo. Nunca lhe contaram isso, não é mesmo? Acho que o trauma foi grande demais para Abigail e Henry. Achei que ele compartilhasse das mesmas idéias que eu, mas acabei descobrindo que não. Ele tentou me entregar ao Ministério, não me deu alternativa.
- Beth! Por que está demorando tanto? Precisamos sair imediatamente, pegue a garota e deixe para conversarem depois!
- Mas que droga, Avery! – ela se virou para ele irritada e recuei – Não podemos sair sem meus diários, sabe disso!
- Pois então arranque dela isso! É uma garota de 17 anos, o que pode fazer contra você?
- O garoto me atacou com uma maldição imperdoável! O ensinamento em Hogwarts mudou desde que nos formamos!
- Foi o professor Stroke que nos ensinou – não me contive, sabia que eles se conheciam
- William! Sempre ele! – o homem se adiantou e apontou a varinha pra mim – Já chega! Avada Ked-

Não daria tempo de me defender e nem tinha como, mas a maldição da morte nunca me atingiu. A porta do quarto se abriu com um estrondo e vi as figuras dos professores Kegan e Stroke entrando disparando feitiços para todos os lados. Agarrei o braço de Scott e o arrastei para o canto onde George estava desacordado e tentei nos proteger como pude dos feitiços que cortavam o cômodo. Kegan duelava com o tal Avery e Stroke estava duelando direto com minha mãe. Eles lançavam feitiços ao mesmo tempo em que trocavam farpas.

- Quer dizer que anda ensinando arte das trevas aos seus alunos, Bill?
- Precisava treiná-los para enfrentar seus amigos. Dói, não é?
- Saiu do escuro, então? Contou a todos que foi um comensal?
- Sabe muito bem que não fui um comensal, nunca cheguei a ser marcado. E sim, meus alunos sabem.
- Covarde! Correu para as asas de Dumbledore assim que sentiu a coisa pesar! O velho babão está te protegendo bem?
- Pode falar o que quiser, mas Voldemort tem medo de Dumbledore, e você sabe disso. Por que ele nunca o confrontou?
- O Lorde das Trevas não teme ninguém!

Stroke conseguiu enfurecê-la de vez e o bate papo se encerrou, dando lugar apenas a uma batalha árdua. Os dois lançavam feitiços dos quais nunca havia ouvido falar e desviavam deles com agilidade. Aquilo parecia não ter mais fim, mas um movimento rápido da minha mãe e um descuido do professor Stroke pôs fim ao duelo. Ele caiu no chão sem varinha e ela parou ao seu pé, rindo.

- Foi um prazer conhecê-lo, William. Avada Kedavra! – e o corpo dele caiu duro no chão
- NÃO! – num impulso corri até ele e Kegan me segurou
- EXPULSO! – Kegan berrou apontando a varinha para ela e vi minha mãe voar pelo cômodo, caindo por cima dos móveis – William!

Ele me soltou e correu até o corpo sem vida do professor, desesperado. Parei ao lado dele chorando, meu corpo inteiro tremia. Kegan imobilizou o comensal chamado Avery, que já estava desmaiado, e caminhou até onde minha mãe havia caído.

- Está morta – falou depois de alguns segundos, me olhando incerto – Bateu a cabeça na madeira.
- Ótimo. Melhor assim. – disse seca e ele assentiu com a cabeça – Eles vão ficar bem, não é? - disse indicando Scott e George – Ela os torturou com a maldição cruciatus
- Madame Pomfrey dirá melhor do que eu, mas vai ficar tudo bem. Está tudo bem agora. Vamos voltar para a escola...

Kegan agitou a varinha e fez três corpos levitarem, caminhando para fora da casa abandonada. Assim que pisamos na vila de Hogsmeade ele enviou um patrono aos outros aurores avisando onde eles encontrariam dois comensais e nos guiou de volta ao castelo. Caminhamos em silêncio por todo o caminho e fui direto para a enfermaria cuidar dos machucados. Scott e George iam passar a noite lá, ainda estavam desacordados. Dumbledore apareceu preocupado e Kegan pediu que explicasse o que havia acontecido. Contei a eles tudo que sabia, tudo que o havia descoberto por meio dos diários e do próprio professor Stroke, cujo corpo agora jazia em uma das camas do fundo da enfermaria. Contei também que ela havia gravado a marca negra em George e de como o torturou até perder a consciência. E à medida que ia revivendo o que passamos nas mãos daquela mulher, ia percebendo que por mais que o tempo passasse e as feridas cicatrizassem, aqueles minutos de terror estariam presentes na minha vida para sempre...