Sunday, September 28, 2008

He's buying his Stairway to Heaven

Lembranças de Alucard W. Chronos

Maio de 1979

Tantas coisas estavam acontecendo. Tantas que causavam dores tão profundas que deixariam marcas eternas, marcas que nunca iriam se apagar, talvez apenas ficar mais fracas. Mas nunca desaparecer.

Chegava ao fim um período da minha vida, um período cheio de mudanças, surpresas, problemas, tristezas, alegrias, amor, amizade e alegria. Chegava ao fim meu período em Hogwarts, pois após 7 anos, iria me formar, seguindo os rumos que eu queria da vida.

Tudo havia mudado. Quando entrei em Hogwarts no 1º ano, só queria saber de ser auror, de caçar criaturas malignas e capturar o máximo de bruxos das trevas que pudesse. Queria desvendar os segredos de meu avô e da fundação do clã, queria explorar Hogwarts e sua floresta. Pela minha mente infantil sequer passavam as cenas de horror e medo que haveria. Nem em meus piores pesadelos poderia imaginar as coisas horríveis que viveria. Como um dia eu imaginaria que eu me tornaria aquilo que mais odiava, mais abominava e que eu dedicava minha vida a caçar? Como um dia imaginaria que a calma e bela Hogwarts seria o túmulo de tantas pessoas? Como poderia sequer imaginar que meus pais seriam assassinados daquela forma? Como poderia imaginar que eu enlouqueceria de raiva e dor, me tornando tão sujo quanto meus inimigos?

Mas nem meus sonhos mais lindos e perfeitos chegavam aos pés desses 7 anos. Amizades maravilhosas, eternas, moldadas com o convívio e o carinho, o companheirismo e a união. Amigos dispostos a tudo, que ficaram ao meu lado em cada momento ruim que tive, sempre apoiando e sempre dando forças e incentivos. Amigos capazes de darem o próprio sangue, literalmente, para ajudar. E um amor. Um amor maior que tudo que havia na minha vida, maior que a dor, maior que a dúvida, maior que o medo, maior que a própria vida. Uma pessoa tão especial que o simples sorriso era motivo para felicidade, uma simples palavra era motivo de júbilo, uma simples lágrima era motivo para a compaixão, raiva e medo.

Meu primeiro dia em Hogwarts... O olhar maravilhado e espantado.

As boas vindas de Celas, radiante e feliz por eu finalmente estar junto dela.

A primeira detenção ao invadir a Ala Proibida da Biblioteca.

A primeira incursão à Floresta.

A primeira amiga. Alex, feliz e companheira.

As novas amizades, Scott, Yulli, Louise, Mark, os Marotos.

Dois amigos, mais que isso, quase irmãos. Kylle e Sergei, irmãos que eu nunca tive.

O amor. Mirian. Razão para me manter de pé.

A felicidade. Amigos, amor, carinho e luz.

A Maldição. As Trevas. A Dor. A Raiva.

A Escuridão tentando me envolver.

A luz emanada pelos meus amigos, tão preocupados comigo.

Uma segunda mãe, que me ensinou a ver o mundo com outros olhos. Endora, muito mais que uma simples professora.

A Sede, mas o controle. A salvação.

A Convicção. Caçar pelo bem.

A Morte. Perda daqueles que me fizeram quem sou. Dor.

Loucura. Insanidade. Raiva. Fúria. Caçada. Extermínio.

Alívio.

União.

A visão de um futuro, cheio de alegrias, com três pontos de luz tão intensa que pareciam me cegar.


- Alucard, está me ouvindo? – A voz da Professora Mcgonagall me fez voltar ao presente. Eu relembrava meus momentos em Hogwarts, e vi que por pouco uma lágrima não me escapulia.
- Desculpe, professora Mcgonagall, estava apenas pensando. – Respondi com um sorriso.
- Ele anda muito sonhador, professora. Acho que está sentindo nostalgia. – Mirian riu ao meu lado.
- Alucard, em poucos dias deixaremos de ser Aluno e Professora, você já pode me tratar pelo nome, o mesmo vale para você, Mirian.
- É o costume, professora, desculpe, Minerva. – Respondi meio sem jeito.
- Tudo bem. Bem, vocês dois devem saber que estão aqui para a Orientação Vocacional, não?
- Sim, imaginávamos isso, mas geralmente essas entrevistas são individuais. – Mirian levantou a dúvida que nós dois tínhamos.
- Sim, com certeza, Mirian. Mas vocês são um caso a parte. Sempre gostei muito de todos meus alunos e vocês dois são alunos com motivos para me darem orgulho. Talvez o Sr. Alucard nem tanto. – Ela brincou, e a brincadeira foi mais surpreendente do que seu sorriso. – Não duvido da carreira que você deseja seguir, Alucard. Auror, estou certa?
- Com toda certeza. Não há outra carreira para mim, talvez professor de DCAT.
- Já sabia a resposta. Agora, quanto a você Mirian? Você tem notas para passar para os testes de qualquer carreira, mas pelos seus dons você seria altamente recomendada à carreira de Aurora e de Curandeira.
- Eu fiquei um pouco na dúvida também, Minerva. Mas pendo mais para a carreira de Aurora, uma vez que com meus poderes não haveria necessidade do treinamento de Curandeira.
- Sim, isso é uma verdade. Mas lembre-se que pode tentar as duas carreiras, você seria capaz de mantê-las. Já que chegamos ao acordo, quero falar do assunto principal.
- Assunto principal? – Nós dois indagamos e eu completei – Achei que o assunto era a Orientação Vocacional.
- Não inteiramente. Na verdade os chamei aqui, pois recebemos um pedido oficial para que vocês dois sejam liberados por um dia. Sua irmã, Celas, nos encaminhou um pedido do Clã Chronos para que vocês possam tomar posse da liderança do clã.
- O que?! – Novamente, nós dois perguntamos juntos, surpresos e chocados.
- Ela decidiu que vocês três serão os líderes do clã e quer que haja uma cerimônia oficial para que vocês recebam seus cargos. O Professor Dumbledore já autorizou e disse que se possível, ele mesmo irá à cerimônia.
- Não sei nem o que dizer. Nós mal terminamos a escola ainda. – Falei surpreso.
- E por que eu também seria a líder? O Lu tem o direito, mas eu não. – Mirian comentou, ainda mais surpresa.
- Bem, isso vocês terão que perguntar a ela. Mas já tem a autorização. Se possível também irei à cerimônia. Adoraria ver meus alunos recebendo o cargo. – Pude notar uma pontada de orgulho em sua voz e fiquei feliz, pois a professora Minerva era uma das pessoas que eu mais admirava na escola e me fazia bem ver que ela também se importava conosco.
- Seria uma honra para nós dois se a senhora puder comparecer. – Mirian falou, com verdade clara em sua voz.
- Uma honra enorme, para dizer a verdade. Se você e o Professor Dumbledore puderem ir, reservaremos lugares de honra para vocês. – Completei.
- Não precisa tanto. Então posso avisar a Celas que vocês aceitam? Que tal dentro de dois dias? Assim ainda haverá tempo para que você jogue e ganhe a taça para Hogwarts, Alucard.
- Com todo prazer! A Taça será nossa! – Falei com alegria.

Ficamos conversando por mais algum tempo, até a Professora falar que precisava mandar uma coruja para Celas e avisar ao Professor Dumbledore. Eu e Mirian deixamos a sala dela extremamente felizes, leves e com um sentimento muito bom. Corremos para contar as novidades para nossos amigos e convida-los para a cerimônia, caso fosse possível. Mirian estava cada vez mais linda e eu não me cansava de dizer que a amava, a ponto de deixa-la vermelha. Cada vez mais uma idéia tomava forma em minha mente e vi a ocasião perfeita para ela. Pedi conselhos a Alex e ela adorou a idéia, dizendo que me ajudaria e estava feliz. Eu iria fazer uma surpresa para a Mirian, e não via a hora de ver sua reação. Ao final do dia, despachei Hórus com cartas para diversas pessoas.

Dois Dias Depois. Sede Londrina do Clã Chronos.

O dia da cerimônia finalmente havia chegado. Esses dois dias arrastaram-se e pareciam que nunca iriam chegar. Minha ansiedade e de Mirian era imensa, e a minha mais ainda. Na noite anterior ao dia da cerimônia, Dumbledore nos permitiu ir para a sede do clã para participarmos do final da preparação. Ele prometeu que estaria no dia seguinte entre os que assistiriam à cerimônia, assim como os professores Mcgonagall, Kegan e Stroke.

Ao chegarmos a sede londrina do clã, eu e Mirian fomos recebidos com honras de lideres pelos membros e por Celas que nos deu as boas vindas com um sorriso enorme. Estavam todos lá, todos os que nos apoiavam e lutavam conosco, arriscando as vidas pelo bem dos outros. Kyle e Sergei estavam lá e foi com um alegria imensa que os abracei, pois sentia falta dos dois. A amiga de minha irmã, Kollontai também estava lá, e participaria da cerimônia. Os Capter também iriam ficar hospedados no clã para o dia seguinte e foi bom revê-los também. Celas me chamou a um canto e falou que estava tudo pronto, e a ansiedade cresceu ainda mais em mim.

Na manhã do dia seguinte estávamos acordados bem cedo, terminando os toques finais da cerimônia. Ela seria uma cerimônia simples, mas todos os membros do clã participariam, assim como convidados de todo o mundo mágico, inclusive os Ministros Britânicos e Franceses, grandes aliados do clã. Foi com enorme felicidade também que vi que alguns professores de Hogwarts, assim como meus amigos ocupavam a primeira fileira.

Celas deu inicio à cerimônia, colocando-se diante do palco armado para receber os novos líderes. Elas vestia a roupa comum do clã, como todos nós, com a exceção da cor do casaco, que era totalmente negro com detalhes em branco e o símbolo dos Chronos, a águia de asas abertas, símbolo da liderança.

- Hoje é um dia especial para mim e para o clã. Há gerações minha família luta pelo bem de todos, caçando e eliminando o mal. Passamos por dificuldades e obtivemos muitos inimigos. Mas continuamos fortes até hoje, estando na 3ª Geração como Clã. E hoje com orgulho gostaria de completar essa geração. Apresento-lhes Mirian Ofiandes Capter e Alucard Wingates Chronos, novos líderes do clã.

Fomos recebidos com uma salva de palmas, e os membros do clã levantavam as varinhas despejando uma cascata de luzes brilhantes. Kyle e Sergei estavam nas filas do clã, usando seus uniformes, pois já haviam feito parte do clã. Esse momento ficaria gravado para sempre em minha mente...Mirian foi a primeira a falar, agradecendo a todos e prometendo não conter esforços para ajudar o mundo mágico, passando a voz para mim, após receber as salvas de palmas.

- Gostaria de agradecer a todos que estão aqui. Alguns merecem um agradecimento ainda maior, pois sem muito de vocês, esse momento não estaria ocorrendo. Lutaremos sempre pelo bem de todos, sem medir esforços para obtermos um futuro melhor. – Recebi uma nova salva de palmas e sorri, pedindo silêncio em seguida. Isto não estava no Protocolo, e Mirian achou estranho, olhando para mim. – Mas gostaria de fazer algo ainda mais importante, e gostaria de todos como testemunhas.

Pude ver a curiosidade nos rosto de todos, a ansiedade nos rostos daqueles que sabiam, e estes piscavam o olho e me desejam sorte. Eu sorri e com um aceno de varinha fiz as luzes ficarem mais fracas. Com um aceno de varinha, todas as flores que estavam na cerimônia, rosas de todas as cores,margaridas, violetas, orquídeas, jasmins e tantas outras, voaram para um único lugar, colocando-se aos pés de uma pessoa. Virei-me para Celas e Mirian e me ajoelhei diante de Mirian, pegando em sua mão.

- Mirian Ofiandes Capter, você aceita se casar comigo, vivendo o resto de sua vida ao meu lado? – Em minha mão havia uma caixa com um anel de esmeralda, a pedra preciosa que ela mais gostava, e eu olhava em seus olhos, sentindo o amor deles. Vi quando ela ficou vermelha, mas um sorriso enorme abriu-se em seus lábios e seus olhos brilhavam. Ao nosso redor espalhava-se o rumor de surpresa e de desejo de felicidade, mas para eu e Mirian, só havia nós dois no mundo.
- Sim, eu aceito, Alucard Wingates Chronos.

Ela falou enquanto segurava minha mão entre as dela e eu me levantava, abraçando-a e beijando-a. Novamente fagulhas e cortinas de luz saíram das varinhas do clã, e os demais convidados davam vivas e comemoravam com faíscas também. O momento mais feliz de minha vida. O início de uma felicidade que há algum tempo eu mal poderia acreditar que merecia.

Junho de 1979

A partir do dia da cerimônia do clã, a minha vida e a de Mirian se tornou muito mais agitada. Além dos preparativos finais da formatura, agora também tínhamos obrigações com o clã e diariamente recebíamos corujas de Celas com assuntos a resolver. E é claro, já pensávamos em nosso casamento. Era com um orgulho e uma felicidade imensa que eu andava pelos corredores da escola com o anel de noivado na mão direita, abraçado a Mirian, os dois tão felizes que contagiávamos o nosso redor. Viramos assunto imediato da escola, até porque não é todo dia que se tem noivos na escola é? Nossos amigos também estavam felizes e discutiam conosco os detalhes da festa, da cerimônia, e claro da lua-de-mel, que decidimos que seria no Egito, Grécia e Japão. E é claro, a cada dia minha ansiedade crescia cada vez mais, por causa da Final da Taça. O grande dia estava cada vez mais próximo e não via a hora de conquistar a Taça para nossa escola! Devido a tantos acontecimentos em minha vida em um período de apenas 2 meses, sentia meu lado vampiro irrequieto, porém manso, mas eu sabia que estava perto dele tentar algo novamente. Mas não estava preocupado, a felicidade era grande demais.

A Final da Taça de Quadribol foi extremamente difícil e acirrada. As duas equipes eram realmente boas e equilibradas. Hogwarts começou jogando um pouco mal, abalada pelo sumiço de dois de seus jogadores, o que deixou o time inteiro meio mal, principalmente a Lou. Eu me esforçava o máximo que podia, mas os Artilheiros da Noruega eram realmente magníficos e estavam me dando trabalho. O goleiro dele parecia tão bom quanto eu e cheguei a pensar se eles também não tinham um vampiro no time...

Quando o placar estava muito ruim para nosso time, a Madame Hooch pediu tempo e estressada quis saber porque estávamos jogando tão mal. Mas todos se apoiaram e por fim conseguimos fazer com que todos se sentissem melhor. Foi um novo time que entrou em campo. Lou se recuperou e junto de Mark, despejava balaços para atrapalhar os Artilheiros. Alex, Fábio e Andrew trocavam passes rápidos e começaram a marcar gols impressionantes. E eu parecia uma barreira, só deixando levar mais um gol, não iria perder a Taça de jeito algum, então jogava como se minha vida dependesse disso. Então finalmente aconteceu o ponto máximo do jogo: Yulli e a apanhadora norueguesa caçavam um diminuto ponto dourado. O jogo praticamente parou enquanto todos acompanhavam o movimento. Eu enxergava o pomo com facilidade e torcia para que Yulli o captura-se, quando as duas fecharam as mãos ao mesmo tempo e eu soltei um grito. Yulli capturara o pomo e antes que os demais notassem isso eu já comemorava, voando para mais perto dela, gritando com ela de felicidade. Sobrevoei a arquibancada e avistei Mirian, pairando próximo a ela, apontei pra ela com um sorriso e lhe gritei : “Foi pra você!”.

A festa de comemoração foi uma das maiores festas de Hogwarts, e isso era algo digno de nota, uma vez que minha turma que estava se formando era uma das turmas mais festeiras da história! Não havia mais diferenças entre as casas, todos se abraçavam e comemoravam juntos, todos provando daquela felicidade única de vitória. Eu me vi vitima de uma atenção enorme, maior do que eu estava acostumado, todos querendo alguma lembrança, pedindo que contássemos sobre o jogo, até a hora em que eu e Alex praticamente fizemos uma comitiva de imprensa descrevendo o jogo. Mas havia algo errado e depois que a alegria passou um pouco, notei que havia algo de diferente. Eu não via o Scott desde de manhã, assim como o George continuava desaparecido, e agora a Lou também, e isso começou a me preocupar. E decidi sair a procura deles também, meu instinto dizendo que havia algo errado. Mirian me seguiu e fomos conversando de mãos dadas pelos corredores, ela também tinham uma sensação estranha.

Então nós dois sentimos quando uma Imperdoável foi lançada na região. Eu pude sentir o grito da morte capturando alguém e tremi só de pensar quem poderia ter sido a vítima. Para Mirian foi como se ela visse uma luz se apagando e ficou preocupada também. Colocamos-nos em posição de alerta, vasculhando ao nosso redor, mas a maldição havia sido lançada longe de nós. Mas ela teve um efeito colateral em mim. Como estava controlando meu lado vampiro a muito tempo e passei por emoções fortes nos últimos dias, me senti fraco e sem energias. Fiquei tonto e cai no colo de Mirian que me pegou antes que caísse no chão. A Sede ardia.

- Lu, o que houve?! – Ela falou preocupada, enquanto olhava em volta, mas estávamos sozinhos.
- Estou apenas fraco...Muito tempo lutando contra ele...Vou melhorar...
- Você sabe muito bem que apenas uma coisa vai te ajudar!
- Eu não vou caçar ninguém aqui!
- Quem falou em caçar? – Ela conjurou um fino raio de luz e com ele cortou o próprio punho, fazendo o sangue escorrer e pingar. O cheiro de seu sangue foi como uma navalha perfurando meu peito e minhas pupilas dilataram em vermelho, mas me controlei.
- Não posso fazer isso com você... – Balbuciei, tentando me controlar.
- Pode sim. Eu sinto um pouco de ciúmes da Alex sabia? Eu sou sua namorada, sua noiva e futura esposa, mas ela foi a primeira a lhe dar o sangue de bom grado. Isso não é justo!! – Ela falou, brincando, mas severa.
- Eu não quero isso pra vocês, me sinto mais sujo do que nunca.
- Você realmente é teimoso. Beba, Lu, seu bem estar é o meu bem estar. Em breve seremos unidos na saúde e na doença. Não posso te deixar assim. Eu daria minha vida por você de bom grado. Não quero apenas você arriscando sua vida.

Eu a olhei nos olhos e li todo o carinho e amor que ela sentia e pude sentir que isso também era importante para ela. Eu sentia nojo de mim mesmo naquele momento, mas a beijei no rosto e acariciei seu cabelo antes de segurar o seu pulso e morde-lo. O sangue dela era único. Se fosse há algum tempo atrás seu sangue teria me matado, mas havíamos passado tanto tempo juntos que parecíamos um só ser. O cheiro dela, o sabor que eu agora sentia, eram os melhores que existia no mundo, irresistíveis para mim, pareciam me completar, me tornar um ser inteiro. Ao sugar seu sangue com delicadeza sentia como ele me dava energias, senti minhas forças voltando ao normal e para meu asco ainda maior, foi difícil parar. Quando parei, ela estava fraca pela perda de sangue, e foi minha vez de deita-la em meu colo.

- Você que é teimosa, e uma idiota! – Falei enquanto sentia uma lágrima escorrendo. – Olha como deixei você.
- Eu estou feliz. Sinto como se fossemos um só ser. Lu, eu já sou sua desde que nasci, é meu maior sonho passar cada dia da minha vida com você.
- Você não sabe o bem que me faz por querer passar sua vida comigo. Você é uma dádiva para mim...
- Você pensa pouco de si próprio...Cada dia da minha vida será extremamente feliz ao seu lado. E não se preocupe, com meus poderes eu posso viver mais que uma pessoa comum. E cada minuto ao seu lado valerá por tudo. – Ela falou com um sorriso, mas de meus olhos desceram novas lágrimas.
- Quando chegar o momento de você me dizer adeus...Eu irei com você. Acharei um jeito de segui-la. Não posso viver em um mundo sem você.
- Eu não quero que você faça isso...Eu amo você...
- Eu amo você... - Falei enquanto ela adormecia em meu colo e acariciei seus cabelos enquanto ela descansava. Eu continuei chorando enquanto pensava que um dia ela haveria de me deixar pra sempre, mas como ela disse: cada segundo ao lado dela valerá mais do que tudo.

Quando a peguei no colo, levando-a de volta para os dormitórios, a resolução ficava mais clara em minha mente. Eu nunca daria a ela minha maldição, não serei um monstro egoísta. Então quando chegar a sua hora, eu irei com você minha querida. Minha presciência me mostrava que esse dia demoraria muitos e muitos anos e eu sabia que seriamos felizes...Sempre juntos na estrada que decidimos seguir...

There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking

And it's whispered that soon, if we all called the tune
Then the piper will lead us to reason
And a new day will dawn for those who stand long
And the forest will echo with laughter
When all are one and one is all, yeah


N.A.: Stairway to Heaven, Led Zeppelin
Alucard Wingates Chronos às 10:30 AM