Tuesday, September 09, 2008


Hogwarts, 21 de Maio de 1979


ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Todos os alunos de 5º e 7º ano deverão ter uma breve reunião com o diretor de sua casa ao longo dessa semana, para discutirem suas futuras carreiras. Horários individuais estão listados abaixo.


O aviso estava pregado em todos os murais da escola e de acordo com a tabela, minha reunião com a professora Sprout era hoje, às 14h. Como já tinha minha profissão definida, a conversa foi apenas para saber como eu estava me preparando para os exames finais e se tinha alguma duvida. Estava um pouco aflita com algumas matérias, mas ela me tranqüilizou dizendo que minhas notas obtidas durante o ano eram mais do que suficientes para me garantir um estágio no St. Mungus. Quando deixei o escritório dela tinha a sensação de ter tirado um peso das costas. Estava mais confiante.

Ainda precisava terminar um dever de DCAT e como Sprout havia me liberado das aulas, fui direto para a biblioteca. Escolhi uma mesa no fundo e me cerquei de livros, concentrada no trabalho que valeria nota. Não demorou muito e ouvi a cadeira na minha frente ser arrastada e alguém sentar. Um dos livros da minha pilha se moveu e levantei os olhos para ver quem era.

- Então é aqui que estão todos os livros de DCAT da escola – George comentou rindo, abrindo um deles – Estou precisando do Pragas e Contra-pragas, posso pegar?
- À vontade... O que está fazendo aqui? Não tem aula agora?
- Minha orientação vocacional é daqui a pouco, então resolvi pegar logo o livro para terminar a revisão sobre pragas que o Stroke pediu quando ela terminar.
- Não sabia que a sua também era hoje, já sabe o que falar? – larguei a pena na mesa e perguntei interessada
- Mais ou menos – ele deu de ombros e se ajeitou na cadeira – Não sei bem o que dizer, não escolhi uma profissão ainda. Li várias opções no folheto que estava no salão comunal da Grifinória, mas ainda não sei o que quero, então acho que vou ter que me dedicar a todas as matérias. Não posso reprovar em nada, para poder escolher no próximo ano.
- Você não faz a mínima idéia? Sério?
- Não. Já pensei em tudo: auror, obliviador, inominável, medibruxo, jogador de quadribol, mas nada me atrai. O que acha de condutor do Nôitibus? – brincou
- Muito engraçado... E algum cargo no ministério? Nada interessa a você? Não é possível que dentro desse leque imenso de opções, nada tenha despertado seu interesse!
- Tem uma coisa, mas não sei bem que matérias vão me ajudar. Gostei de ajudar na loja do vovô, não ia me importar em trabalhar lá quando saísse daqui.
- Bom, acho que no mínimo em DCAT você tem que ser bom, embora comerciante não esteja incluído na lista profissões que eles exigem determinadas notas... Fale isso com a McGonagall, ela vai te dizer o que fazer. E o vovô vai gostar muito se você assumir a loja, Remo disse que você se saiu muito bem nos dias em que ficou lá.
- Eu me diverti, não fazia idéia de que sabia tanta coisa sobre defesa contra arte das trevas! – George falou empolgado
- Quem sabe se você se dedicar, um dia não possa dar aula aqui? – ele pareceu surpreso com a minha idéia
- Professor de Hogwarts... Isso nunca passou pela minha cabeça.
- Se você é bom mesmo como Remo disse, por que não?
- É, por que não? – ele pareceu considerar a idéia – Bom, tenho que ir, não quero me atrasar. Valeu, mana.
- Pelo livro ou pela conversa? – perguntei rindo
- Os dois.

Ele jogou a mochila nas costas e saiu apressado da biblioteca, sumindo ao bater a porta. O fato de George ter descoberto o quanto era bom em DCAT havia dado um novo animo a ele, e aos poucos, dava indícios de que estava voltando a ser o George verdadeiro. E isso sim, me deixava mais confiante.

ººº

Academia de Magos Kharkiv, Ucrânia, 28 de Maio de 1979

A partida pela vaga na final do campeonato de quadribol entre as escolas de magia já rolava há quase 1 hora. O placar era apertado, mas mesmo assim muito baixo, estava empatado em 60 x 60. Chovia muito e eu mal enxergava os balaços que devia rebater, quanto mais meus companheiros de time. Vários acidentes já haviam acontecido, como a quantidade absurda de passes errados, ou Mark e eu e os batedores ucranianos acertando balaços em nossos próprios companheiros de time por causa da péssima visibilidade. E o frio que fazia talvez fosse pior que a chuva. As vestes ensopadas não contribuíam em nada também, deixando nossos movimentos mais lentos. Alex havia acabado de mandar uma goles para longe da trave quando madame Hooch pediu tempo. Agradeci em silêncio e descemos depressa para uma área coberta.

- Madame Hooch, não estamos enxergando nada lá em cima! – Mark reclamou torcendo as vestes e secando o rosto
- Vai ser impossível Yulli encontrar o pomo nesse nevoeiro todo – Alex reclamou também
- Vai mesmo! – Yulli concordou irritada - Não consigo nem ver o apanhador deles, e olha que as cores das vestes dele são bem chamativas! Como esperem que eu veja uma bolinha minúscula?
- Alex, Andrew e eu estamos fazendo o nosso melhor, mas não dá pra enxergar as traves – meu irmão engrossou o coro – Só quando chegamos muito perto, e ai dá tempo do goleiro deles defender.
- Nem eu estou enxergando direito as goles que lançam na direção das nossas traves – Lu comentou preocupado
- E eu com esses óculos? – ajudei a reclamar também – Tudo que vejo são gotas gigantes, tenho que ficar limpando toda hora e não adianta, porque um segundo depois estão encharcados de novo!
- Ok, fiquem calmos! – Madame Hooch agitou as mãos e paramos de falar – Sei que o jogo está difícil, mas pedi tempo porque Prewett apresentou a solução. Estão com as varinhas? – fizemos que sim com a cabeça e ela sorriu – Ótimo. Aponte-as para seus rostos e digam Impervius. Isso vai mantê-los secos por algum tempo, mesmo que não tire a neblina do campo. O feitiço de impermeabilidade não dura muito, então aproveitem esse tempo!

Repetimos o encantamento dito por ela e pus o rosto na área descoberta como teste. Ele não molhou, continuava enxergando como se estivesse debaixo do toldo. Todos voltaram a se animar e montamos na vassouras outra vez, retomando nossas posições. Quando o jogo recomeçou, foi totalmente diferente. Sem a água escorrendo no rosto Mark e eu conseguíamos enxergar os balaços e os oponentes, mesmo que pouco; Alex, George e Andrew completavam os passes e agora sabiam para onde estavam arremessando a goles, fazendo mais gols; Lu podia ver de que lado a goles vinha e não deixava mais nada passar; E Yulli, alguns minutos depois que a partida recomeçou, mergulhou a vassoura na direção do gramado. O apanhador deles percebeu e repetiu seu gesto, embora tivesse certeza de que ele não estava enxergando o pomo, apenas voando atrás dela. As vassouras deles estavam quase se chocando contra o chão quando ela freou de repente, subindo outra vez.

- O pomo desviou! – Alex gritou ao passar zunindo do meu lado com a goles na mão
- Eles vão subir outra vez! – berrei para Lu que pedia uma explicação, perdido

Alex, George e Andrew começaram a brincar com a goles para ganharmos tempo, voando em volta do campo e passando ela de mão em mão, e eu observava Yulli com atenção. Com a freada repentina, o apanhador deles se atrapalhou e perdeu tempo, dando a ela a vantagem de quase duas vassouras de distancia. Vi o rastro de uma bolinha dourada voar na direção das nossas traves e Lu desceu a vassoura assustado quando o pomo, Yulli e o apanhador ucraniano passaram cada um por dentro de um aro. O pomo tornou a fazer outra virada brusca, mas escolheu o lado errado e Yulli se jogou de lado com a vassoura, conseguindo agarrar a asa dele. Ela se atrapalhou um pouco para colocar a vassoura no eixo outra vez, mas já tinha o pomo preso na mão erguida.

Nossa torcida berrada enlouquecida e voamos gritando na direção dela, quase a derrubando da vassoura de tanta empolgação. Havíamos chegado à final do campeonato. E como tínhamos a melhor campanha, a partida seria em casa. Já podia sentir o cheiro de vitória no ar...