Tuesday, September 02, 2008

Jogo das quartas de final - quem viver verá

Dos diário de Alex McGregor

A volta para a escola após o feriado de Páscoa, ao contrário do esperado nos trouxe muitas apreensões e a exata noção de que nosso último ano em Hogwarts não seria apenas o ano em que nos formaríamos e entraríamos na fase adulta. Seria o período em que de uma forma ou de outra, cresceríamos.
A doença da mãe do Scott, o enfarto do avô da Louise, a recuperação do meu avô e para encerrar a morte dos pais da Yulli, nos deixou a todos muito tristes e em constante estado de alerta. Bastava ver algum professor chamar algum aluno para conversar que nosso peito já se apertava com emoções conflitantes: tristeza pelo colega e alívio, por saber que por ora, estávamos sendo poupados. E como se esta tensão não fosse suficiente ainda teríamos um jogo importante contra a Alemanha pelas quartas de final. Madame Hook, que antes era insana em seus treinamentos, resolveu que um pouco mais de loucura, não faria mal a ninguém e intensificou o ritmo dos exercícios e os outros professores acharam que se você esta numa situação ruim, porque não complicá-la mais um pouco, aumentando a carga de deveres a serem entregues, afinal como eles viviam perguntando; ‘ em ano de NIEM’S que vai definir o seu futuro e de copa interescolar de quadribol o que é mais importante??’
Não ousávamos responder a esta pergunta, já tínhamos dores de cabeça o bastante.

-o-o-o-o-o-o

- Yulli tem certeza que quer jogar? Você ainda esta se recuperando da morte dos seus pais. E Dylan poderá substituí-la. - disse Louise.
- Eu tenho certeza que quero jogar e vocês também são a minha família, não vou deixá-los na mão. Preciso fazer isso por mim e por meus pais. Sei que Dylan, pode me substituir, mas sabemos como os alemães vão pressionar, e ele ainda não está preparado para isso e o entrosamento dele com a equipe ainda é falho. Deixe-me fazer o que sei fazer de melhor. - e após Louise acenar afirmativamente, passamos a discutir táticas de jogo.
Nosso jogo seria na escola de magia alemã, e iríamos de chave de portal. Viajaríamos na sexta à noite, após o termino das aulas do dia e nosso jogo seria no sábado pela tarde.
Iríamos viajar em grupos de 10 pessoas de cada vez, incluindo o time e os torcedores que se inscreveram para fazer parte da nossa torcida. Kegan e Karen estavam controlando as saídas e ao final se reuniriam a nós. Estávamos reunidos no salão principal esperando nossa vez, quando escutei chamar o meu nome, quando me virei para a porta de entrada, vi que era Logan. Bastou olhar para os olhos dele que percebi que continuar irritada com ele não era o que eu queria. Olhei para meus amigos e não tive dúvidas, fui rápido até ele:
- Oi. Aconteceu alguma coisa?- perguntei notando sua postura tensa.
- Aconteceu que você ainda está zangada comigo.
- Já estive, mas agora não mais. Só que não terei tempo para conversar sobre isso, estamos indo para a Alemanha, é o jogo das quartas de final.
- Eu sei, vocês vão se sair bem...
- Você veio só nos desejar boa sorte? - perguntei.
- Desculpa por ter sido ciumento, desculpa por ter estragado sua Páscoa, desculpa por tudo, se quando você voltar quiser dar mais uma chance a nós, eu...
Não deixei ele terminar de falar, segurei seu rosto e o beijei intensamente, e ele me agarrou forte, ouvimos ao longe alguns assobios. Acabamos rindo enquanto ele me abraçava, com a testa encostada na minha, suspirando aliviado. Ouvi Karen me chamar, estava na hora. Trocamos um olhar que dizia que tudo ficaria bem e corri de volta ao grupo.


15 de maio de 1979, dia do grande jogo.


- Guten morgen! - dizia o locutor animado para o estádio lotado da escola de Magia Alemã, enquanto nos posicionávamos no campo, esperando as instruções do juiz da partida, um turco com enormes bigodes, e olhinho oblíquos.
- Respeitem as regras do jogo e façam o melhor pelo esporte! Senhor Fisher e senhorita Storm, apertem as mãos. - dizia o juiz para os capitães das equipes. Após as formalidades cumpridas, o apito soou e a guerra começou.
Já havíamos tido que enfrentar equipes fortes durante o campeonato, mas nada se comparava aos alemães. Tinham muita técnica e era uma equipe bem unida. Após duas horas de jogo, debaixo de um sol escaldante, a partida estava 220 a 220, e nenhuma das equipes dava mostras de cansaço.
-... Fisher rebate um balaço contra Sims que perde a goles para Thorsten, mas um balaço de Ferguson o desequilibra e a goles fica perdida e...Eu não acredito! Para chegar mais rápido à goles, McGregor pulou da vassoura num vôo livre há mais de 15 metros do chão, ela age como se saltasse de pára-quedas, agarrou a goles e com a varinha conjurou a vassoura de volta, antes de se espatifar no chão. Se esta era uma jogada ensaiada, não deixou de surpreender os seus colegas de time, mas ela conseguiu se recuperar e voar pra cima do goleiro e marcoooooouuuuuuu... Sou seu fã garota! - e fiz um rasante passando em frente da cabine do locutor acenando enquanto o público aplaudia a narração empolgada.
-...E no rebote, Storm conseguiu a posse de bola novamente, e marcou. Nunca vi um time tão maluco quanto este... Os dragões ingleses não estão dormindo e não brincam em serviço, Hogwarts está na frente...
Nesta hora, Yulli percebeu que Uhlich, a apanhadora alemã, estava voando a toda para um ponto dourado, acima dos aros que Lu defendia, e foi no encalço dela, e por instantes achamos que Yulli não iria conseguir alcançá-la, mas um impulso no corpo no último segundo, fez com que Yulli pegasse o pomo e o locutor alemão gritar animado:
- E termina o jogo: Hogwarts vence: 390 a 220.
Depois da partida descemos ao campo, embolados comemorando e logo os jogadores alemães vieram nos cumprimentar, por havermos conseguido a vaga para irmos à semifinal. Naquela noite para celebrar fomos ao vilarejo perto do castelo e os jogadores alemães nos encontraram lá. No começo ficamos apreensivos, mas eles eram ótimos desportistas, nos trataram bem e não demorou muito nos envolvemos numa disputa para ver quem bebia mais cerveja.
- ZIGUE-ZAGUE, ZIGUE-ZAGUE, ZIGUE-ZAGUE HO!HO!HO! - era o que todos gritavam a cada vez que algum de nós virava uma caneca de cerveja alemã goela abaixo. Viramos a noite bebendo e rindo com os novos amigos germânicos, que eram muito engraçados e alguns deles eram paqueradores. De repente Bahnhof, um dos batedores alemães, que estava se desmanchando em gentilezas para Sam, se ajoelhou, e com uma cara muito séria, botou a mão no coração e recitou um pequeno poema de profundo valor sentimental chamado: ‘Batatinha quando nasce’.
Explodimos em gargalhadas, pois ela corou até a raiz dos cabelos, mas começou a rir também. Depois de toda a tensão dos últimos dias, era encorajador poder rir sem se preocupar com o amanhã.

N.Autora: Guten morgen = bom dia em alemão