Sunday, September 28, 2008


- Me conte de novo, como é o castelo? – pulei na cama de Yuri mal contendo minha ansiedade. No dia seguinte, finalmente iria para Hogwarts. Yuri se virou sorrindo para mim enquanto terminava de organizar seus livros no malão.
- Já te contei cada detalhe. O que mais você quer saber? Amanhã verá com seus próprios olhos... Falando nisso, já terminou de arrumar suas coisas?
- Ta brincando? Terminei há semanas atrás! Em que casa você acha que vou ficar? – perguntei pela enésima vez, mas antes que Yuri pudesse responder de novo que não fazia a mínima idéia e que eu teria de esperar pela decisão do chapéu seletor, mamãe e papai entraram no quarto.
- Yulli, está passando da hora de você ir dormir. Temos de acordar em poucas horas se quiserem pegar o trem. Esqueceu-se que estamos do outro lado do mundo? – mamãe perguntou com tom falsamente severo, sorrindo gentil e me abraçando. Papai se sentou ao lado dela.
- Nossa menininha já está indo para Hogwarts. Estamos ficando velhos, Yulla...- eles ameaçaram chorar e Yuri revirou os olhos.
- Ah não, vocês estão patéticos! – tia Yhara disse firme da porta e todos rimos.


Quando o Expresso de Hogwarts soltava suas últimas baforadas, abracei tia Yhara, papai e mamãe. Antes de seguir Yuri e entrar no trem, papai segurou meus ombros com firmeza, olhando fundo em meus olhos.

- Nunca se esqueça que não importa para que casa você for escolhida, ou qualquer decisão que tomar daqui pra frente, nós sempre vamos te apoiar. Você sempre será nosso orgulho. – ele disse sorrindo e mamãe concordou ao seu lado. Nos abraçamos.
- Vamos Yulli! Você quer ou não quer conhecer Hogwarts por conta própria? – Yuri gritou já em cima de um dos vagões e o segui correndo, acenando para meus pais e tia Yhara enquanto o trem fazia a curva e eles desapareciam de vista. Estava prestes a começar os sete melhores e maiores anos da minha vida.



Quando Ben terminou de fazer o discurso, muitos alunos se levantaram para aplaudir, entusiasmados. Era a minha vez de fazer o juramento em nome de toda a turma. Os que ainda não tinham se levantado, se levantaram e estenderam seus braços esquerdos me seguindo.

- Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da comunidade bruxa, não fazendo distinção entre raças, partidarismos e genealogias. Juro respeitar todas as criaturas e animais mágicos como meus iguais e respeitar também a todos os não nascidos bruxos. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e gratidão. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão que escolhi seguir daqui para frente e assumirei a responsabilidade de todos os meus atos. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento mágico em princípios contrários às leis morais que Hogwarts me ensinou. Faço essas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.
- Assim eu juro.

Todos (ou quase todos) os alunos repetiram em coro, e vestimos, sincronizadamente, nossos chapéus cônicos. Em seguida, cada um de nós levantou sua varinha para o céu soltando faíscas de várias cores. Quando eu e Ben voltamos a nos sentar, McGonagall iniciou a entrega dos diplomas.

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- Yulli Vanderheid Hakuna Kinoshita.

Meu nome foi o último a ser chamado e quando me levantei para ir receber meu diploma, todos os meus amigos gritaram, assobiaram e bateram palmas. Yuri, tia Yhara e Sabrina também comemoraram entre os familiares e sorri. Cumprimentei Dumbledore, McGonagall e todos os outros professores, mas nenhum pareceu se emocionar tanto quanto Professora Sprout, que após me entregar o canudo, me puxou para um abraço forte enquanto dizia baixo “seus pais estão muito orgulhosos de você, minha querida”. Não pude impedir que várias lágrimas escapassem de meus olhos, e quando ela me soltou, abri um largo sorriso agradecendo-a.
Dumbledore não se demorou a encerrar a cerimônia e abrir a festa. Centenas de chapéus de feiticeiros cortaram o céu e nos abraçávamos emocionados. Nossos familiares se misturando na comemoração. Estávamos oficialmente formados.