Thursday, October 09, 2008


- Pai, estamos atrasados! - gritei para o alto da escada, enquanto via Liz, sentar-se e encher sua xícara de chá. Estava com rabo de cavalo e as roupas de trabalhar e disse:
- Calma Johny, vocês vão usar chave de portal, e papai nunca se atrasa. Então para onde vocês vão?- e ela agradeceu o prato cheio de comida que Porshy colocou na frente dela.
- Não sei, ele não falou. Mamãe disse alguma coisa durante o passeio de vocês?
- Também não disse nada, mas estávamos tão ocupadas, que nem pensamos em você. - provocou, mas como eu estava de muito bom humor, respondi:
- É, estavam mesmo...Não te agradeci as camisetas, o tênis, os jeans, as luvas novas para jogar...- comecei a enumerar as coisas que Liz havia comprado com mamãe para mim, em Paris.
- Tá, não precisa listar tudo, mas não fica falando isso para todo mundo ok? Vão achar que gosto de você. E você já estava me fazendo passar vergonha andando com aquelas calças curtas pelo salão comunal.
Ficamos nos provocando quando meus pais finalmente desceram, e era estranho olhar para minha mãe, que de ruiva passou a ter cabelo castanho escuro. Ela trazia na mão um dos meus casacos de frio e me deu:
- Está calor lá fora, mãe. - disse o óbvio.
- Eu sei querido, mas para onde vocês vão, o verão não é tão quente assim. As luvas estão no bolso e...- com um aceno da varinha ela trocou meus tênis pelo meu par de botas. -e percebi que meu pai estava de casaco pesado, botas e luvas de couro de dragão.
- Vocês vão para a Sibéria? - perguntou Liz, e papai respondeu:
- Nós vamos visitar um amigo que não vejo há alguns anos e...Opa, olha a hora. Amor, sabe onde nos achar e se precisar de alguma coisa...
- Vá tranqüilo, tudo ficará bem e aproveitem o passeio.
E novamente eles se beijaram, e se tem uma coisa que Liz e eu concordamos, é que é nojento ver seu pai e sua mãe se beijando como dois adolescentes no meio da cozinha. Eca!
Terminada a sessão “traumatize seu filho adolescente pelo resto da vida dele”, caminhamos até para fora de casa e quando deu a hora pré-determinada, tocamos na chaleira velha e sentimos o puxão no umbigo, que nos levaria a sabe Merlim onde.

Quando pousamos, a primeira coisa que senti foi o frio. Embora o Sol estivesse alto no céu azul, a temperatura era fria. Papai respirou fundo e antes que falasse alguma coisa, um homem alto e forte como ele, deu as boas vindas. O homem era um amigo de quem já havia ouvido falar, chamado Yuri Kovac, ele trabalhou na Ilha com meus pais, e segundo ele, viu Liz e eu, dando os primeiros passos, antes de voltar ao seu país natal, a Bulgária, e a ultima vez que nos visitou, eu tinha 7 anos. Se já esqueci o que comi no café da manhã, não iria lembrar de alguém que conheci quando pequeno.
Após os cumprimentos, tio Yuri, como eu passei a chamá-lo, nos levou até o lugar onde morava e trabalhava e eu fiquei encantado: eu estava na reserva dos dragões de dorso cristado norueguês. *__*
Passamos o dia visitando a reserva e conheci a filha de Yuri, Lena. No começo achei que fosse um garoto pelo jeito masculino de se vestir, mas vi que era uma garota ao estilo da Haley e da Clara, bem moleca. Foi estranho não ver a mãe dela por ali, quando perguntei, ela disse que a mãe dela havia morrido, e o clima ficou meio tenso. Resolvi ficar de boca fechada quando senti a mão do meu pai apertando meu ombro. Às vezes falo demais.

A outra parte do passeio surpresa, me deixou eufórico. Iríamos ver uma partida de quadribol pela Taça Européia, afinal Copa Mundial ainda estava longe, mas ver o jogo já dava uma prévia do que esperar. E não era para ver qualquer um jogando, era Iago Karkaroff, campeão do bastão de ouro por 5 vezes seguidas. Só perdendo nos últimos anos para o Ty McGregor, que joga com ele no mesmo time e formam a dupla de batedores que era o desespero dos artilheiros adversários. Ambos jogavam pelo Vratsa Vultures, um time eletrizante, que sempre dava oportunidade aos novos talentos, eram pioneiros no chute de gol longo (um lançamento dado bem longe da pequena área) e quando entraram em campo depois das mascotes, com as vestes vermelho sangue e um abutre no peito, eu gritava feito louco.
- Vai Abutres! - E não quero ser presunçoso, mas acho que eles me ouviram, Ty deu um rasante perto de onde estávamos e Karkaroff veio do lado contrário e chocaram seus bastões. Quando a imagem deles apareceu no telão mágico, a torcida foi à loucura e nem ouvimos o nome dos jogadores adversários. E quando o jogo terminou, eu já estava rouco de tanto gritar, e sentia até pena do Bigonville Bombers. Claro, era um time ofensivo e com ótimos marcadores de gol, mas o melhor time venceu.
Ao final, pudemos ir aos vestiários encontrar com eles e Lena, correu na frente e pulou no colo de Karkaroff, que a abraçou e girou com ela nos braços, como se ela não pesasse nada, parecia um tornado, todos no vestiário iam se afastando. Ty se aproximou de nós, e cumprimentou meu pai e tio Yuri dizendo:
- Que bom que puderam vir. Como vai Johny?- apertou minha mão e respondi:
- Liz vai querer morrer quando souber que pude ver você jogando de verdade.
- Quem é Liz? Sua namorada? - quis saber Lena se aproximando com Karkaroff e rimos:
- Não, Liz, é minha irmã. Não tenho namorada. - respondi um pouco vermelho por ter dito que não tinha uma namorada.
- Na realidade ela é a minha namorada. Uma ruiva linda, claro que ela puxou à mãe, porque se tivesse puxado ao pai... - e papai deu um empurrão amistoso no braço dele, fazendo hem, hem.
- Outra? Tia Milla diz que você não pode ver ninguém usando saias que vai atrás, parece um perdigueiro. - ela comentou e Karkaroff engasgou e tio Yuri tossiu constrangido, mas Ty riu:
- Não escute muito o que tia Milla diz, ela tem uma queda por mim, mas você é a minha namorada mais querida viu?- e garota riu o abraçando e ele continuou:
- Yéti, quero que conheça nosso futuro colega. O garoto tem braço forte e instinto, não podemos perdê-lo.
Meu queixo devia estar no chão, enquanto olhava para o jogador que muitos chamavam de fera, mas que ao chegar perto era muito gentil, ele era gente. Com a conversa descobri que ele era casado com a irmã de tio Yuri, e que havia começado no time búlgaro junto com Vitor Krum, atual Ministro da Magia da Bulgária e ele me deu um dos bastões usados na partida autografado e me levou ao campo para jogar um pouco com ele. Ty, meu pai de apanhador, tio Yuri, e até Lena voou conosco. Isso sim, é que é passear nas férias!
por um dos O'Hara Weasley às 5:23 PM