Thursday, October 30, 2008


- Primeiranistas, por aqui!

Foi a primeira coisa que os alunos do primeiro ano ouviram ao desceram do trem na estação de Hogsmeade. Um homem muito grande segurando um lampião os chamada com os braços. Era Hagrid, o guarda-caças da escola e velho conhecido de todos ali. Eles o seguiram até a beira de um lago e se acomodaram em pequenos barquinhos, que ao sinal dele, saíram sozinhos lago adentro.

Todos haviam ouvido muitas histórias sobre a escola dos pais e irmãos, mas nenhuma delas poderia tê-los preparado para, do meio do lago, terem a primeira visão de Hogwarts. O enorme castelo compostos por torres e torrinhas chamava a atenção mesmo tão longe. Nem todos os relatos do irmão poderiam ter feito Clara imaginar que fosse tão grande. À medida que o barco ia se aproximando do túnel apertado, o castelo ia saindo do campo de visão.

- Abaixem a cabeça – Hagrid anunciou quando os barcos adentraram os túneis escuros e logo saíram em um pequeno cais – Subam às escadas, a diretora McGonagall está esperando no saguão!

Todos obedeceram e subiram a longa escadaria que dava acesso aos jardins da escola. Saíram atrás das estufas, onde um rabugento zelador indicava o caminho com a mão, sem dizer nada. JJ já havia puxado um saco de balas e vinha comendo no caminho e Clara lembrou que tinha um saquinho de feijõezinhos de todos os sabores no bolso. Já haviam chegado ao saguão de entrada quando ela, ao tentar abrir o saco, puxou com força demais e o rasgou por inteiro. Os feijõezinhos se espalharam por toda a escadaria. Clara riu dando de ombros e colocou a mão no bolso para puxar a varinha, mas Jamal segurou sua mão antes que ela fizesse alguma coisa.

- O que pensar que vai fazer?
- Nick me ensinou um feitiço de limpar.
- A gente ajuda a catar com a mão, vai ser menos catastrófico.
- Mas que bruxo é você, Jam? – Clara puxou a varinha do bolso e apontou pro chão – Scourg-
- Guarde a varinha, Srtª Lupin – a voz severa de Minerva McGonagall ecoou no corredor bem a tempo - Bem vindos a Hogwarts – disse a mulher de olhar também severo – O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. A seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre no salão comunal. As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua historia honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra. Espero que cada um de vocês seja motivo de orgulho para a casa à qual vier a pertencer. A Cerimônia de Seleção vai se realizar dentro de alguns minutos na presença de toda a escola. Sugiro que vocês se arrumem o melhor que puderem enquanto esperam, voltarei quando estivermos prontos para recebê-los. Por favor, aguardem em silêncio.
- Lupin? – Clara ouviu uma voz desdenhosa assim que a diretora deixou o saguão - Então papai tinha razão, o lobisomem teve mesmo outro filho – uma garota de cabelos castanhos e olhos azuis falava e uma outra menina e um menino riam – Chocante eles poderem procriar uma vez, duas é um milagre.
- Não fala do meu pai!

No instante seguinte, a menina tinha a cabeça quase encostada no chão enquanto seus cabelos estavam bem presos na mão de Clara. A garota os puxava com força, sem se importar com os gritos desesperados da morena e nem com as lagrimas que já escorriam pelo seu rosto.

- Solta meu cabelo, ta machucando – a garota suplicava, gritando
- Retire o que disse!
- O que está acontecendo aqui?

A voz de McGonagall foi novamente ouvida e Clara soltou a garota, que caiu de joelhos no chão, chorando. A menina e o menino que riram com ela a ajudaram a levantar.

- Srtª Lupin, explique-se! – McGnagall ordenou, mas Clara não respondeu
- Essa selvagem me atacou do nada! – a garota acusou e os amigos confirmaram
- Isso é verdade?
- Ela ofendeu meu pai!
- Não ofendi coisa alguma!
- Então repete o que você falou e deixe que a professora diga se foi uma ofensa!
- Já chega. Peçam desculpas uma a outra, imediatamente!
- Desculpa – a menina murmurou contrariada e McGonagall encarou Clara
- Sua vez, Srtª Lupin.
- Não vou me desculpar – respondeu sustentando o olhar da diretora. Jamal perdeu o ar ao seu lado
- Perdão? – McGonagall disse surpresa
- Não vou me desculpar, professora. A gente só deve pedir desculpar quanto está arrependido e eu não estou. E ela também não, então foi um pedido de desculpas falso.
- Srtª Lupin, se não se desculpar com a sua colega nesse instante, será a 1ª aluna a receber uma detenção antes mesmo de ser selecionada para uma casa! – Clara continuou a encarando e não respondeu. McGonagall tremeu levemente – Detenção! Quando for selecionada, o diretor de sua casa saberá o que fazer! Vamos andando agora, a Cerimônia de Seleção vai começar – disse com uma voz enérgica.

Os alunos seguiram a diretora em silêncio, mas ele foi quebrado assim que atravessaram a imensa porta do salão principal. O teto, encantado para parecer céu aberto, estava todo decorado com velas flutuantes. Quatro grandes mesas abrigavam milhares de alunos curiosos com os novatos e cada uma delas tinha a bandeira da casa que representava flutuando por toda sua extensão. No fim do salão estava a mesa dos professores e Clara logo avistou seus tios Ben e George, olhando ansiosos para ela e seu primo Rupert, que caminhava bem à sua frente olhando para os lados em transe. A diretora parou diante de um banco e um chapéu velho. Todos agora tinham a atenção no chapéu, que segundos depois se moveu e um rasgo surgiu como uma boca. Clara olhou espantada e o chapéu começou a cantar. Era a canção mais maluca que ela já ouvira, e quando o chapéu se calou, o salão foi tomado por aplausos. O chapéu fez uma reverência para cada uma das mesas e se calou novamente.

- Quando eu chamar seus nomes, vocês colocarão o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Ackerly, Sebastian.

Um garoto magricelo saiu do meio dos alunos e sentou no banquinho. Ele olhava para o alto tentando ver o chapéu, assustado. Só respirou aliviado quando ele anunciou sua casa.

- CORVINAL!

O garoto desceu correndo e foi recebido pela 2ª mesa da direita com muita festa. Depois dele, mais uma menina foi selecionada para a Corvinal e um menino para a Lufa-Lufa.

- Chronos, Ártemis!

Ártemis se assustou ao ouvir seu nome e se adiantou receosa. McGonagall colocou o chapéu em sua cabeça e ela mal tinha sentado e ele logo anunciou alto.

- GRIFINÓRIA!

Ela respirou aliviada e saiu correndo para a segunda mesa da esquerda. Elizabeth Weasley a cumprimentou animada. Mais alguns nomes foram ditos. Duas meninas foram mandadas para a Lufa-lufa e um menino para a Corvinal.

- Cohen, Joshua!

JJ engoliu seco e olhou para os amigos como se estivesse indo para a forca. Toda sua família, com a exceção de uma tia do qual sua mãe não gostava, pertenceu a Corvinal, e seu receio era não ir para lá também. Ele sentou no banquinho pálido e esperou pacientemente, até que o chapéu tomou sua decisão.

- SONSERINA!

Os amigos se olharam chocados e JJ arregalou os olhos, seu rosto mais pálido que antes. Suas pernas tremeram violentamente quando ele levantou do banco e quase não conseguiu chegar até a última mesa do salão, que irrompia em palmas. Nicholas foi o primeiro a levantar para apertar sua mão, e um pálido JJ sorriu aflito.

- Dashwood, Brittany!

A garota que ofendera o pai de Clara se adiantou tentando parecer calma, mas seus cabelos despenteados e rosto vermelho de choro não ajudavam. O chapéu demorou a se decidir e a garota começava a suar. Clara desejou que não houvesse casa para ela e que o chapéu a mandasse embora, mas ele pareceu se decidir.

- GRIFINÓRIA!

A garota chamada Brittany pareceu surpresa, mas desceu do banco aliviada e foi recebida com entusiasmo pelos novos colegas de casa. Depois dela, o chapéu mandou mais dois meninos pra Grifinória.

- Lupin, Clara!

Clara olhou para os amigos e caminhou até o banco. O chapéu era tão grande que quase cobriu sua cabeça toda. Enquanto ele lia sua mente e procurava qualidade das casa, ela pensou na garota que acabara de ser mandava para a Grifinória. Podia cair em qualquer casa, menos na mesma que ela. Queria ficar em uma casa rival, para poder derrotá-la em tudo. O chapéu pareceu levar esse desejo em consideração.

- SONSERINA!

Clara saltou do banco sorrindo e correu para a mesma mesa onde JJ estava sentado. Seu primo Nicholas a abraçou feliz e JJ pareceu um pouco mais aliviado, não estaria sozinho, afinal. Sentou ao lado do amigo e voltou à atenção ao banquinho.

- Menken, Hiro!

O garoto tropeçou nas vestes ao ouvir seu nome e se acomodou no banco. Cada segundo que o chapéu demorava a se decidir fazia Hiro amolecer. Já estava quase escorregando para o chão quando ouviu o anuncio.

- SONSERINA!

Clara e JJ se olharam sorridentes e um Hiro mais branco que os fantasmas do castelo se juntou a eles. Sorria assustado, esperava ser mandado para a Corvinal, mas se acalmou ao ver seu tio Yoshi fazer sinal de positivo da mesa dos professores. Ele era professor de poções e diretor da Sonserina.

- Menken, Keiko!

A irmã de Hiro correu até o banco e aguardou o anuncio do chapéu. Não estava nem um pouco assustada, mas ansiosa para saber aonde se sentar.

- SONSERINA!

Keiko desceu do banco sorridente, mas torceu o nariz ao lembrar que o irmão também estava na Sonserina. Teria que dividir o mesmo teto com ele por mais 7 anos. Os quatro sentaram-se lado a lado e olharam para o banquinho mais uma vez. Os alunos iam diminuindo cada vez mais.

- Montpellier, Julian!

Um garoto magro e até um pouco alto, cabelos pretos quase no ombro e caindo no rosto sentou no banquinho. Ele não parecia tão assustado quanto os outros, mas sem duvida estava fascinado com aquilo tudo. Não demorou quase nada com o chapéu na cabeça.

- CORVINAL!

Ele levantou satisfeito e se sentou ao lado do primeiro garoto selecionado. O chapéu mandou uma seqüência de alunos para a Lufa-Lufa e mais dois garotos e uma garota para a Grifinória.

- Shacklebolt, Jamal!

O filho do Ministro da Magia caminhou seguro até o banco. Parecia calmo e olhava para um ponto fixo em sua frente, tentando não transparecer a ansiedade que o consumia por dentro.

- SONSERINA!

Jamal pulou do banco com um salto rápido e embora surpreso, não escondia o alivio de ser mandado para a mesma casa dos amigos. Sentou ao lado JJ apertando a mão dos alunos mais velhos com muito entusiasmo.

- Storm, Rupert!

Clara ouviu o nome do primo e parou de conversar para prestar atenção. Da mesa dos professores seu tio George, pai se Rupert, esticava o pescoço parecendo mais ansioso que o garoto ruivo e baixo para seus 11 anos que estava sentado encolhido no banquinho.

- CORVINAL!

Rupert sorriu e se juntou aos colegas de casa. Ele se sentou ao lado do garoto chamado Julian e começaram a conversar. Depois dele, mais 4 meninas foram mandadas para a Corvinal em seqüência, e Clara viu que o garoto que ria junto com a menina chamada Brittany se chamava James Thruston e também fora mandado para a Grifinória. Agora restaram poucos alunos.

- Warrick, Haley!

A garota sentou no banco e tentava transparecer tranqüilidade quanto à casa que seria mandada, mas as constantes olhadas que lançava na direção à mesa onde seus amigos a observavam ansiosos indicavam o contrario. E o chapéu percebeu.

- SONSERINA!

A garota pulou feliz e correu para abraçar os amigos, tremendamente aliviada. Victoire Weasley foi selecionada para a Grifinória e foi recebida pelos primos com muita festa. Ártemis ficou feliz por não estar totalmente sozinha, já que todos os amigos ficaram em outra casa. Por último, um garoto esquisito chamado Sheldon foi mandado para a Sonserina, mas nada mais importava agora. Os seis estariam todos juntos outra vez, por mais sete anos.