Saturday, November 29, 2008 Setembro e Outubro em Hogwarts passaram como um raio para os primeiranistas. Era tudo novo, fascinante e estranho também. Chegar às aulas no horário certo só foi possível depois de uma semana percorrendo corredores que não levavam a lugar algum ou dando voltas absurdamente longas, para depois descobrir que a próxima sala se aula ficava a menos de 2 metros da última. Mas todos conseguiram se adaptar. Os corvinais rapidamente decoraram o caminho para a biblioteca da escola e se entrosaram com a vasta coleção de livros que tinham no próprio salão comunal, formando seu próprio grupo; os lufanos logo descobriram que nem sempre era fácil pertencer a casa mais aconchegante e simpática da escola; e os grifinórios e sonserinos logo entenderam o significado das palavras “diferença entre as casas”. Entre as duas casas mais competitivas de Hogwarts, ainda na primeira semana foram formados dois grupos dentre os calouros. De um lado estava Clara, Haley, Keiko e Artemis. Do outro, os grifinórios Brittany Dashwood, James Thruston, Kevin McKenzie e Ashley Bradford. Artemis era considerada como uma traidora pelos colegas de casa, mas não se importava. Desde que Clara e Brittany haviam se estranhado ainda no primeiro dia, os dois grupos viviam em pé de guerra entre uma aula e outra. Em dois meses, cada um já possuía uma pasta individual de detenções na sala do zelador Argo Filch. Clara, Keiko e Haley estavam sentadas na mesa da Sonserina, afastadas dos demais, depois de um ataque bem sucedido na noite anterior a um grifinório desprevenido. Havia tido um banquete durante a noite para comemorar o dia das bruxas e enquanto toda a escola se esbaldava com as guloseimas preparadas pelos elfos, as quatro trancaram James Thruston no armário de vassouras com alguns diabretes da cornuália seqüestrados da sala de DCAT. Com o ataque tendo sido bem sucedido, já estavam à espera uma possível retaliação vinda do grupo rival e preparavam o contra-ataque. Mantinham as cabeças juntas e as vozes baixas, toda a atenção voltada para um pedaço de pergaminho que Haley riscava apoiado no colo. A diretora McGonagall apareceu no salão com um aluno da Grifinória ao seu lado e assim que avistou o trio, traçou uma reta até ele. O garoto tinha as vestes toda suja e rasgada em alguns pontos. - A diretora! Esconde rápido! – Clara sacudiu as mãos em alerta - O que as senhoritas estão fazendo? – a diretora parou ao lado do trio - Bom dia professora! Veio tomar café também? – Haley a cumprimentou, enrolando o pergaminho por debaixo da sala - Tire esse sorriso amarelo da cara, srtª Warrick! Esse aluno apareceu no meu escritório dizendo que pregaram uma peça nele na noite passada. - Serio? Mas quem será que fez isso? – Keiko perguntou cínica - Aposto que foi a Brittany – Clara acusou a grifinória – Vocês viram a cara de cínica que ela tava quando passou aqui? - Vamos parar com o teatro, creio que vocês sabem quem são as autoras da brincadeira – Minerva interrompeu o diálogo, irritada - Não professora, não sabemos. A senhora sabe? – Clara se fez de desentendida - Acho que ela está nos acusando, Clara... – Keiko arriscou - Mas como a senhora pode nos acusar disso? – Haley saltou da cadeira, indignada - Alguém falou que fomos nós? - Não foi preciso, bastaram à menção das palavras “pregaram uma peça” para chegar até as senhoritas e Artemis Chronos. - É, a traidora da casa! – o garoto acusou e Minerva lhe lançou um olhar severo - Isso é muito injusto, professora! E a Arte nem está aqui! – Clara protestou - Sabe, eu não sei o que vocês andam falando sobre a gente nas reuniões de professores, mas garanto que é calúnia! - Sim, ninguém até hoje nos pegou no flagra, todo mundo só “supôs” que fomos nós. Suposição não ganha causa no tribunal... – Keiko dizia - Se a senhora quiser, pode nos revistar, pois não vai encontrar nada nas nossas vestes. Só estamos sentadas aqui, tomando nosso café e vendo o movimento dos alunos. Ou a senhora preferia que estivéssemos arrumando confusão? É isso que a senhora quer, professora? É isso? – Haley disse despreocupada - Porque se nos metemos em confusão, a senhora vai nos dar detenção. E sem falar no sermão que vamos ouvir da senhora, que é praticamente um monólogo, visto que não podemos nos defender – Clara começou - Sim, minhas unhas não foram feitas para descascar bichos nojentos, principalmente naquelas masmorras poeirentas e cheias de teias de aranha – Keiko fez uma careta enquanto estendia as unhas feitas para a professora - Eu até gosto das masmorras, mas sou alérgica a pó, não posso me expor à tamanha quantidade de poeira – Haley fingiu que ia espirrar - Fora o velho Filch, que fica nos perseguindo tentando nos dar um flagrante. Eu juro que qualquer hora vou dar motivo pra ele nos passar detenção, porque vou azará-lo no corredor – Clara ameaçou o zelador - Ah é, o Filch, bem lembrado – Keiko virou para a professora outra vez – Ele não toma banho professora? Porque é extremamente incomodo sair do dormitório perfumada para a aula do dia e ter o seu esforço pra ficar cheirosa arruinado pelo zelador grudento que fede a mofo! - A senhora precisa controlar melhor seus funcionários, ou seremos obrigadas a processá-lo por invasão de privacidade. Nós podemos fazer isso? – Haley perguntou - Acho que podemos sim, Haley. Vou pedir pro meu irmão descobrir – Clara completou - Se essa for a única maneira de tirar o pestilento da nossa cola, infelizmente será a solução. Creio que não a melhor solução para a escola, porém a única que resolverá nosso problema – Keiko finalizou - Ta vendo professora? Nós estamos aqui cheias de problema e a senhora vem nos acusar de perder nosso tempo precioso pregando peças em grifinórios?? – Haley fez uma cara ofendida e Minerva ficou sem reação - Falando em problemas, vocês conseguiram responder as perguntas que o Binns passou? – Clara mudou de assunto repentinamente - Não, também não consegui, acho que ele tirou aquilo das memórias de vida dele, totalmente fora dos livros, da época que não tinham inventado a escrita! – Keiko disse e elas riram - Eu também não entendi aquilo, mas me atrapalhei mais ainda na poção que o tio Yoshi pediu pra fazermos, aquilo sim é difícil. - Nossa, se ela não conseguiu fazer, não temos nem chance! Poção é uma bosta! – Clara disse derrotada - Aproveitando que você mencionou bosta... – Agora foi Keiko que mudou o assunto - Como era o nome daquele fertilizante que o professor Longbottom disse que era útil? - Cresceris Instantanium? – Haley respondeu incerta - Esse mesmo! Obrigada, vou anotar pra não esquecer! - O que ele vai fazer com esse fertilizante? – Clara perguntou – São para as plantas esquisitas da última aula não é? As que se parecem com gafanhotos? - Essa mesmo – Haley respondeu – Por sinal, gafanhotos me lembram a aula de Transfiguração. Quando será que o tio Ben vai começar a nos ensinar a transfigurar bichos maiores? - Estou louca por esse dia também! Não agüento mais transfigurar besouro em alfinete – Clara fez uma careta - JÁ CHEGA! PAREM DE FALAR POR UM MINUTO, POR FAVOR! – Minerva explodiu, a mão apertando a testa para passar a dor de cabeça - Está certo, está certo, por hoje passa. Vocês parecem ter argumentos convincentes, vou acreditar dessa vez. Mas aviso que vou ficar de olho! – disse em tom de aviso e saiu do salão principal resmungando que precisava de um comprimido - A senhora vai acreditar nesse monte de bobagem??? – James seguiu a professora, indignado - Isso não vai ficar assim, eu sei que foram vocês! – se virou para trás antes de sair - Sai daqui moleque, vai tomar um banho – Keiko disse cínica e ele soltou um palavrão antes de sumir - Ainda bem que ela se convenceu, porque tava ficando sem argumento e já ia começar a cantar o hino nacional! – Clara falou aliviada - Ei, o que eu perdi? – Artemis se juntou às amigas ao ver a diretora sair do salão - Thruston nos delatou, mas não tinha provas e saiu com cara de idiota – Keiko respondeu abrindo espaço para ela se sentar - Então saiu com a cara normal dele – Artemis disse e elas riram - Bom, onde paramos mesmo? – Haley puxou o pergaminho escondido e tornou a abri-lo. As quatro juntaram as cabeças outra vez e entre riscos e sussurros, vez ou outra era possível ouvir uma risada. Quando e como os grifinórias revidariam elas ainda não sabiam, mas sem dúvida estariam bem preparadas. |