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O relógio na parede de pedra marcava 3hs da manhã quando a porta do dormitório feminino rangeu e Clara entrou na ponta dos pés, mas o barulho da porta enferrujada acordou Haley. A garota sentou na cama esfregando os olhos e encarou a amiga. Clara tinha as mãos sujas de vermelho e não se importou em escondê-las, apenas atirou algo embrulhado em um pano debaixo da cama.

- O que você fez? – Haley perguntou desconfiada
- Nada, volte a dormir – Clara respondeu trocando de roupa e se atirando na cama
- Estamos encrencados?
- Nós não, mas alguém vai se meter em uma tremenda confusão – Respondeu rindo, afundando o rosto no travesseiro

Haley riu também, embora não soubesse o que ia acontecer, e voltou a dormir. Clara sorriu satisfeita antes de fechar os olhos e adormecer no mesmo instante.



Alguém abriu a porta do dormitório sem cerimônias e o barulho assustou as meninas que ainda dormiam. Clara sentou na cama com os olhos ardendo e viu que ainda eram 8hs da manhã, tinha dormido apenas 5 horas e fora arrancada da cama. Abriu a cortina mal humorada e viu a figura borrada de Nicholas parada na porta, ainda de pijama.

- O que houve? – Keiko bocejou e se levantou ainda zonza – Quem morreu?
- Os grifinórios pixaram as paredes das masmorras – Nick anunciou com uma voz revoltada – Estamos nos reunindo para uma retaliação, achei que não fossem querer ficar de fora.
- Eles o que?? – Keiko perdeu o sono e correu para fora do dormitório, seguida por Nick
- Você não fez isso... – Haley olhou para Clara quando ficaram sozinhas no quarto
- Quer apostar que eu fiz? – Clara riu
- Não vai contar a eles que foi você, certo? – Ela perguntou esperançosa
- Claro que não! – Clara levantou também já sem sono e Haley respirou aliviada – Se contar, não vai haver retaliação. Vamos, não quero perder isso!

Todos os ocupantes da Sonserina já estavam no salão comunal quando as duas se juntaram a Keiko e os meninos. Nicholas liderava a multidão revoltada e Connor assistia a tudo de lado, sem se pronunciar. Todos protestavam contra a audácia dos alunos da Grifinória em pixarem os corredores das masmorras com palavras de ofensas a eles e era um consenso que haveria uma retaliação contra aquele abuso.

- O que eles escreveram? – Um garoto do 3º ano perguntou, de braços cruzados
- Que somos imundos, a escoria de Hogwarts – Nicholas respondeu e muitos protestaram ainda mais – E que são os grifinórios que mandam aqui.
- Porcos! – alguém gritou no fundo e recebeu o apoio dos demais – Vamos quebrar a cara deles!
- É, vamos mostrar quem manda de verdade! – Jamal falou sem pensar e se espantou com o que tinha dito – Digo, somos melhores, não?

Todos os alunos fizeram coro em apoio e ele sorriu satisfeito com a reação que causara. Decidiram depois de muita discussão que atacariam a casa rival na volta às aulas depois das festas de fim de ano e Connor saiu do salão comunal com Nicholas para reportar o ato de vandalismo à diretora da escola. Clara empurrou os amigos de volta para o dormitório.

- Não acredito que eles fizeram isso! – Jamal balançava a cabeça, indignado – E papai dizendo que grifinórios são civilizados... São vândalos!
- Mas vão ter o que merecem! – JJ completou
- Não foram eles – Clara soltou – Eu pixei as paredes.
- Você? – Hiro se espantou – Mas por quê?
- Porque é o crime perfeito! – Keiko respondeu pela amiga, rindo – Nós aprontamos e a culpa cai sobre eles!
- Exato! – Clara sorriu e os garotos entenderam a idéia, rindo também – Hiro, o idiota do Thruston prendeu o seu amigo no armário de vassouras por mais de 5 horas, não ia deixar isso passar em branco!
- McGonagall vai ficar furiosa – Haley sorria vitoriosa – Nem vai investigar, capaz de punir a casa inteira para não correr o risco do culpado se safar.
- E nós vamos assistir a isso de camarote. Vou trocar de roupa e vagar pelo jardim, fazer cara de vitima, quero ver a Barbie e o Ken espumarem hoje.

Todos riram e foram trocar de roupa também, saindo da masmorra junto com metade dos alunos. Todos queriam presenciar a expressão de desapontamento da diretora com os alunos de sua antiga casa. E para um sonserino, nada podia ser melhor do que ver um grifinório se dar mal por causa deles.



19 de Dezembro de 2010, festa de Natal da Sonserina

- Então McGonagall entrou furiosa no nosso salão comunal e autorizou Connor e Lauren a vasculharem todos os dormitórios – Ártemis ia narrando e os amigos rindo em sua volta – Eles acharam as roupas sujas nos malões do Thruston e da Dashwood e levou os dois de lá. Pegaram duas semanas de detenção, começando assim que as aulas recomeçarem, e tiraram 100 pontos da Grifinória – Terminou de falar tudo de uma vez e respirou fundo – Dessa parte não gostei, mas a gente recupera. Ah, e também achou uma lata de spray vermelho!
- Mas como eles acharam as coisas? – JJ parecia confuso e abaixou a voz para falar – Foi a Clara.
- Eu não fiz sozinha, Arte me ajudou – Clara respondeu pela amiga – Ela jogou as coisas no dormitório deles.
- Por que vocês não chamaram a gente? – Keiko falou indignada – Também queríamos pintar as paredes!
- Porque se a diretora pegasse a gente, éramos só duas expulsas, e não o grupo inteiro! – Ártemis respondeu – Eu nem estava com a Clara, fiz minha parte do dormitório mesmo.
- Não se preocupem, eles vão saber que tem nosso dedo nisso e vão querer revidar, e ai vamos precisar atacar juntos.
- Ho, Ho, Ho! Feliz Natal! – Nicholas parou do lado do grupo com um gorro de Papai Noel e uma sacola vermelha – Presentes para os nossos calouros! E para a Ártemis também.

Ele abriu a sacola e entregou os embrulhos pequenos, que rapidamente foram destruídos. Todos continham a mesma coisa, uma caixa de sapos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores. A comemoração antecipada do natal nas masmorras continuou até 23hs, até que o monitor-chefe expulsou os mais novos de volta para os dormitórios e acompanhou Ártemis até a Grifinória, mas nenhum deles conseguiu dormir. O trem de volta para a casa partiria na manhã seguinte e estavam todos ansiosos por rever a família e contar tudo sobre os primeiros 4 meses em Hogwarts.