Tuesday, January 06, 2009


Quando entramos em Hogwarts e recebemos nossos horários de aulas, a matéria que logo chamou a atenção foi DCAT. Aprender feitiços defensivos e a duelar era sem duvida o que eu e meus colegas do primeiro ano mais aguardávamos, mas logo descobrimos que DCAT podia ser tão chato quando História da Magia. Ainda abalado com a morte da tia Sarah, tio George não era o que se podia chamar de professor dinâmico. Suas aulas eram sempre teóricas e durante todo o 1º semestre, sequer usamos nossas varinhas. Mas as coisas começaram a mudar depois das férias de Natal.

Tio George tinha dado início a mais uma aula teórica e contava a história do surgimento de Voldemort e os comensais da morte quando um aluno da Grifinória, Andrew Stimpson, questionou a existência dos comensais. Todos começaram a rir e ele não gostou, principalmente quando Haley fez um comentário que, sutilmente, o chamou de burro.

- Eu nunca vi um comensal da morte, por que devo acreditar que eles existem? – Andrew se defendeu, mas a turma continuava rindo – Só porque diz nos livros?
- Claro, seu idiota! – Jamal falou indignado e rimos mais ainda – Nossos pais lutaram contra eles! Onde a sua família morava há 11 anos atrás?
- Ok, chega crianças. Sentem-se! – tio George ergueu a mão e os dois sentaram – Sr. Stimpson, os comensais da morte não são parte de uma lenda urbana, como o senhor indagou minutos antes. Eles existiram e por muitos anos. Tanto o mundo bruxo quanto o mundo trouxa sofreram muito por causa deles.
- Mas eu nunca vi nenhum! – o garoto insistiu e bati a cabeça na mesa, fazendo meus amigos rirem
- Você nunca viu nenhum porque eles não existem mais – tio George explicava pacientemente – Quer dizer, eles não estão mais em “atividade”. Dos poucos que restaram, alguns estão trancados em Azkaban ou foram absolvidos por dar algum tipo de colaboração para a prisão dos colegas. Os que foram absolvidos hoje vivem uma vida normal, entre nós.
- Está dizendo que comensais da morte andam livremente por ai? – ele riu um pouco incrédulo – Desculpa professor, mas é difícil de acreditar sem uma prova.
- E a marca negra? – Keiko falou cansada – É a marca dos seguidores dele! Todos os comensais tinham uma gravada no braço.
- Eu nunca vi essa tal marca, só nos livros. Pelo que minha mãe disse, pode ser uma tatuagem criada para assustar as pessoas.
- Então sua mãe é muito burra! – não agüentei calada e falei com a voz entediada
- Não fala da minha mãe! – Andrew levantou outra vez, nervoso, e revirei os olhos
- Sr. Stimpson, abaixe a varinha – tio George olhou severo e ele recolocou a varinha no bolso – Se você não acredita na existência de comensais da morte, vamos acabar com o mistério. Venha até aqui na frente, por favor.

Andrew olhou receoso, mas levantou da cadeira e caminhou até a frente da sala. Lançava olhares tensos para a turma enquanto caminhava, mas ninguém se mexeu. Quando parou ao lado do meu tio, vimos ele puxando a manga da camisa e mostrando algo no pulso para Andrew. Ele tapou a boca com a mão e erguemos as cabeças, curiosos, mas não dava pra ver nada.

- Com a morte de Voldemort, a marca negra gravada nos comensais da morte foi sumindo com o tempo – ele começou a falar olhando para a turma – A minha já não é quase visível, mas ainda é possível identificá-la – ele ergueu o braço e apontou a marca com a varinha. Era bem clara, mas dava pra ver o desenho da caveira com a cobra saindo de sua boca – Eu nunca fui um comensal da morte, mas fui marcado por um deles, que tentava desesperadamente me levar para o lado das trevas. Infelizmente, a marca é como uma tatuagem permanente e nem mesmo Alvo Dumbledore, o maior bruxo que já existiu, foi capaz de removê-la. Mas acredito que mais alguns anos e ela terá sumido por completo. Sr. Stimpson, pode voltar para o seu lugar – Andrew ainda olhava atordoado para o braço dele e voltou aos tropeços para a mesa – Então, alguém tem mais alguma duvida sobre a existência de algum evento ou grupo citado nos livros? – todo mundo se olhou em silêncio e ele riu – Imaginei. O sinal já vai tocar, então não vou continuar a aula. Na próxima aula vamos começar a aprender alguns feitiços de defesa e dar início ao clube dos duelos. Até sexta, podem sair.

A turma inteira se agitou com a perspectiva de começarmos a aprender a nos defender de fato e saíram animados para o almoço, mas eu fiquei para trás. Demorei a guardar os livros na mochila e quando a turma inteira já tinha saído, fui até a mesa do tio George.

- Por que nunca disse que tinha a marca negra? – fui direto ao assunto, não sabia fazer rodeios; ele riu
- O assunto nunca surgiu – respondeu sorrindo, mas ficou sério quando eu não ri – Clara, esse não é um assunto que me traz boas lembranças, por isso nunca pensei em contar a você, Rupert ou Rebecca.
- Quem marcou você com ela? – percebi que ele hesitou e aquilo me deixou mais curiosa ainda
- Louise não vai gostar nada disso, mas enfim... – ele disse como se falasse pra si mesmo e me encarou – Foi sua avó. Minha mãe. Ela era uma comensal da morte, da formação original deles – arregalei os olhos assustada, mas ele sorriu – Mas não é nada com que você precisa se preocupar, ela já morreu. De fato, morreu na noite em que fez isso comigo. Isso é passado, então não comente em casa que contei isso a você, ok? Sua mãe acabaria comigo e ser professor de DCAT não me ajudaria em nada contra ela.
- Pode deixar, não vou contar – respondi rindo e já me preparando para sair – Tio George? - parei antes de abrir a porta e ele me olhou por cima dos livros – Essa foi sua melhor aula.
- As de antes não eram boas?
- Não, eram muito chatas, com todas aquelas teorias – falei fazendo caretas
- Está certo, já entendi. A partir de agora vamos usar as varinhas, não se preocupe.

Sorri de volta para ele e joguei a mochila nas costas, saindo da sala. Agora sim essa aula seria a melhor de Hogwarts e não via a hora de começar a praticar feitiços e duelar, afinal, minha varinha já estava gritando para que fizesse bom uso dela.