Monday, January 19, 2009


Segunda-feira, aula de Transfiguração.

N.I.E.M.s, N.I.E.M.s, N.I.E.M.s. Tudo que se ouvia nas aulas do sétimo ano era sobre os N.I.E.M.s e as aulas do meu pai não fugiam a regra. A aula era sobre animagia e enquanto via meus amigos fazerem anotações até das pausas que ele dava para respirar, rabiscava no caderno o que poderia ser a letra de uma nova música.

- Não há poção, nem varinha e nem encantamento para tornar-se um animago – ouvia meu pai falar enquanto caminhava entre as mesas - Na verdade, isso é muito mais uma habilidade que qualquer coisa, meus caros. Não adianta apenas querer ser um animago, é preciso ter dentro de si a ciência da animagia, e é por isso que nos concentramos em apenas um animal – ouvi um baque de mão na minha mesa e me assustei. Olhei pra cima e ele estava parado na minha frente - Nicholas, preste atenção. Não vamos fazer testes de animagia em sala, mas quero que todos pensem em um animal com que se identifiquem. Depois que todos me trouxerem essa resposta, testaremos apenas a parte em que descobrimos qual é a nossa forma animaga, sem chegar de fato a se transformar.
- Eu acho que seria um cachorro – Connor comentou com Nigel do meu lado – Não sei por que, mas é o que sempre pensei.
- Eu já acho que seria um bom castor – Nigel respondeu e imitou um, nos fazendo rir
- Pra mim você está mais pra gafanhoto – comentei debochado – Olha só pro seu físico...
- E você seria o que, Sr. modelo da Madame Malkins? – Nigel revidou – Tente porquinho da índia, combina bem.
- Meninos, parem de brincar, a aula não acabou – meu pai tornou a chamar nossa atenção quando prendi o pescoço de Nigel com o braço, bagunçando seus cabelos – Enquanto cada um pensa em um animal, vamos praticar transfiguração em nós mesmos, coisas como mudar nossa aparência. Todos de pé, ocupem um espelho e preparem as varinhas. Terão que transfigurar seus rostos de acordo com uma foto. Não se preocupem, se alguém acabar com uma tromba de elefante sem querer, eu conserto.

A turma riu da idéia e levantamos, caminhando para os espelhos encostados em uma das paredes. Nigel, Connor e eu ocupamos um do lado do outro e aguardamos as instruções. Transfigurações humanas eram complicadas, ainda não era muito bom nelas, mas às vezes me saia bem. Já Connor era ótimo na matéria e Nigel estava no mesmo barco que eu. Sebastian, um amigo nosso da Lufa-lufa, estava parado ao lado de Nigel e conversava com ele.

- Muito bem, todos prontos? – meu pai falou parando ao lado de uma garota da Corvinal – Desvirem a foto pregada no seu espelho e comecem a transformação.

Puxei a minha foto e quando virei, comecei a rir. Era uma foto do professor Longbottom. Connor tinha ficado com o professor Hagrid, Sebastian com Flitwick e Nigel com a diretora McGonagall. Foi preciso um tempo para parar de rir da foto dele e nos concentrarmos, mas respirei fundo e encarei a minha foto. Começaria pelos cabelos, teria que deixa-los mais curtos e escuros. Consegui um castanho escuro depois de alguns minutos e decidi que estava bom daquele jeito.

- Droga – ouvi Nigel praguejar do meu lado e olhei para ele. Tinha os cabelos já grisalhos e presos em um coque torto
- O que foi? – perguntei segurando o riso
- Não sei fazer rugas, você lembra como era?
- Claro que não, mas esqueça isso, tenta mudar o nariz. Não está parecido com o da McGonagall.
- Nem o seu, ele ainda está normal – disse apontando pro meu nariz – Já o Connor...

Olhamos pro lado e Connor já estava com o rosto quase inteiro igual ao de Hagrid. Já tinha os olhos negros, o cabelo crespo e a enorme barba. Era uma visão bem bizarra. Meu pai parou ao lado dele sorrindo animado e bateu em seu ombro.

- Excelente, Connor! – papai analisava as transformações com atenção – Ótima barba. Acho que está melhor que a do próprio Hagrid. E vocês, meninos? Como estão indo? – disse virando para Nigel e eu
- Devagar – Nigel respondeu encarando a foto – Vou mudar meu olho, acho.
- E você, Nicholas? – papai parou atrás de mim e olhou meu rosto pelo espelho – Não estou vendo muito progresso, além do cabelo pela metade.
- Eu vou chegar lá – respondi meio mal humorado, encarando a foto.
- Faça mais esforço, você sabe todos os feitiços, não há razão para não conseguir – disse sério e caminhou até onde estava Sebastian.

Ignorei o comentário dele e fitei o espelho. Meu cabelo começava a voltar ao normal e reforcei o feitiço, dessa vez deixando ele todo preto, como deveria ser. Concentrei-me no nariz do professor Longbottom e depois de dois minutos, meu nariz ficou igual ao dele. Consegui também transfigurar alguns traços do rosto, mas não passei para a sobrancelha. Minha atenção foi desviada quando Connor soltou uma gargalhada alta e virei para o lado. Na tentativa de mudar seu nariz, Nigel havia feito aparecer um enorme bigode de português. Ele agora tinha parte da aparência da McGonagall, mas bigodudo.

- Como eu tiro esse bigode? – Nigel perguntou apreensivo, mas não conseguíamos parar de rir – Parem de rir, me ajudem!
- E o que te faz pensar que eu sei, ora pois? – respondi debochado e Connor riu mais ainda.
- Connor, qual é, não me deixa parecendo uma mulher de circo – ele apelou pra Connor, que parou de rir depois de um tempo e fez o bigode sumir – Obrigado, está melhor agora.
- Mais 10 minutos e vou avaliar as transfigurações – meu pai anunciou do outro lado da sala e voltamos a nos concentrar.

Não fiz muito progresso nos 10 minutos restantes. Consegui apenas mudar a cor dos olhos, mas apenas um ficou fixo, o outro continuava voltando ao normal. Nigel também não progrediu muito. Receoso de fazer crescer outro bigode, conseguiu apenas transfigurar parte do nariz, deixando o processo pela metade e ficando com um nariz muito esquisito. Quando o tempo acabou, Sebastian havia conseguido ficar quase igual ao Flitwick e Connor era uma cópia fiel de Hagrid. Meu pai avaliou um por um, e ia dando notas conforme terminava de analisar, desfazendo a transfiguração.

Quero um relatório na minha mesa sobre animagia - falou quando terminou de avaliar todos e já recolhia os livros na mesa - 2 rolos de pergaminho, vai valer nota. Até a proxima aula.
- 2 rolos de pergaminho? - resmunguei enquanto saíamos da sala - Está brincando, como vamos arrumar tempo pra isso, com todos os outros trabalhos?
- E com os ensaios também! - Nigel completou e concordei indignado
- Se admistrassem o tempo de vocês, daria tempo - Connor comentou sério e olhamos atravessado pra ele, que riu - Não me olhem com essas caras azedas, sabem que estou com a razão. Se eu consigo, vocês também podem conseguir.
- Blá, blá, blá, vamos cortar o papo furado, temos só duas horas até a próxima aula, tenho uma música nova, mas ainda precisa de melodia.

Os dois logo se animaram e corremos para resgatar Otter da aula, para começarmos a trabalhar na nova música. Passamos o resto do tempo livre trancados em uma sala vazia, tirando notas de um violão, e não vimos a hora passar. O relatório podia esperar, aquilo era muito mais importante.