Wednesday, February 11, 2009 - Comecem a ler o capítulo 12, vamos discutir sobre ele na próxima aula – meu pai fechou o livro que tinha na mão e a turma já começou a levantar – Estão dispensados, podem ir. Nicholas espere um pouco, quero falar com você. Connor e Nigel levantaram e fizeram sinal de que me encontrariam no salão principal, saindo da sala. Era a semana do dia dos namorados e o castelo, incluindo as salas de aula, já estava todo decorado. Alguns duendes percorriam os corredores cochichando com os alunos que pretendiam mandar recadinhos embaraçosos para outras pessoas e até agora ninguém sabia se a escola faria algum tipo de festa. Sabíamos apenas que haveria um banquete, mas nada mais. Guardei meu material sem pressa e quando a sala já estava vazia, caminhei até a mesa dele afastando com a mão as fitas vermelhas que caiam do teto. - Aconteceu alguma coisa? – perguntei parando em frente a ele - Sim, aconteceu – ele puxou um rolo de pergaminho da pilha em cima da mesa e abriu, me entregando – Que trabalho é esse que você me entregou? Foi você mesmo quem fez? - Sim, é meu – olhei para o pergaminho e depois o encarei – Por quê? - Porque isso não pode ter sido feito pelo meu filho – ele respondeu contrariado, mas continuei a encará-lo sem piscar – Sabe que nota terei que atribuir a isso? Um F! Seria um D, mas consegui extrair certa lógica em algumas linhas. O que aconteceu, Nicholas? Você sabe a matéria! - Eu não tive tempo de fazer o trabalho, estava ocupado – respondi dando de ombros. - Ocupado? E o que pode ser tão importante que fez você deixar os estudos de lado? – ele tentava soar descontraído, mas sabia que estava ficando cada vez mais fulo. - Jake tinha algumas músicas novas que precisavam de melodia e isso nos tomou um bom tempo, então... - Ah, a banda! – ele gesticulou impaciente e acabei ficando irritado também – Nicholas, você não tem mais 14 anos! Tem 18, e está há 4 meses de prestas seus N.I.E.M.s! Não pode mais se dar ao luxo de perder algumas horas de estudo para brincar de ser roqueiro! - Brincar de ser roqueiro? É isso que pensa que faço? Que a banda é só um passatempo? Pois não é! E estou pouco me lixando pros N.I.E.M.s! De que eles vão ser úteis, se não vou seguir nenhuma carreira imposta por ele? - Você não pode estar falando sério! Não tem nenhuma carreira naquela extensa lista que queira seguir? Você não pode simplesmente apostar todas as suas fichas em uma banda de escola! - Você fez o mesmo! Os Duendeiros começaram em Hogwarts e fizeram sucesso! Não pode querer me dar sermão por isso! - Eu tinha um plano B, me formei com as melhores notas possíveis e entrei pra academia de aurores, eu tenho uma profissão! – papai falava exaltado – Não apostei tudo na música e não vou deixar que faça diferente! Connor tem um plano B, Nigel tem um plano B, onde está o seu? - Eu não sou Connor e Nigel! – gritei de volta no mesmo tom – Parabéns se eles não levam fé na música e querem ter para onde correr se tudo der errado, eu posso continuar sem eles! – ajeitei a mochila nas costas e virei em direção a porta - Nicholas, volte aqui! – ele gritou nervoso, mas ignorei – Não acabamos a conversa! - Acabamos sim! Tenho que ler o capítulo do livro que você mandou. Melhor fazer isso agora, antes que fique sem tempo! Sai da sala sem olhar pra trás e bati a porta com raiva, mas ao invés de encontrar os garotos no salão principal para jantar, fui direto para o salão comunal. Tinha perdido a fome e estava de cabeça quente, precisava relaxar. O salão ainda estava vazio e me atirei no sofá com os pés por cima dos braços dele, fechando os olhos. Acabei cochilando e acordei com alguém me sacudindo algum tempo depois. Abri os olhos sonolento e vi a figura de Connor de pé do meu lado, já sem o uniforme da escola. - O que houve? – perguntou se atirando no sofá quando sentei – Ficamos esperando você até agora. Quando vimos seu pai aparecer pro jantar, deduzimos que tinha desistido. - Você foi falar com ele que queria ser auror, não foi? – perguntei irritado e Connor me olhava confuso – Você tinha que ir lá e contar! - Está falando do seu pai? – ele perguntou me olhando sem entender e confirmei com a cabeça – Fui mesmo, ele é um auror e queria tirar algumas dúvidas. - Seu irmão é auror, por que não pergunta as coisas a ele? - Porque meu irmão mora em Nova York e o seu pai está aqui! Qual é o seu problema, Nick? O que aconteceu? - Ele está me atormentando porque não escolhi uma profissão para seguir. E você e Nigel foram falar pra ele sobre as carreiras que escolheram caso não consigam sobreviver com a banda e agora ele quer que eu tenha um plano B também! Só que eu não tenho! - Desculpa, não sabia que ele ia pegar no seu pé. Na verdade, nem sabia que você não tinha nada em mente, você sempre disse que tinha tudo sob controle e fugia do assunto. - Eu tentei. Juro. Mas nada me atraiu. Não vou conseguir trabalhar trancado em um escritório, isso não é pra mim! - Mas são tantas opções, não é possível que absolutamente nada tenha despertado seu interesse! Nunca pensou em ser auror como ele? Não pode reclamar que terá que trabalhar trancado em uma sala! - Com as minhas notas o máximo que consigo na academia de aurores é uma vaga para recolher as toalhas dos treinamentos – falei debochado e ele riu - Bom, nunca é tarde pra recuperar isso – ele bateu nas minhas costas animado – Se quiser, posso ajudar. Vamos rever aquela lista, tenho certeza que vamos encontrar alguma coisa que você consiga se encaixar. - É, pode ser... Mas amanha, ok? Hoje não estou com paciência. - Claro, amanha – Connor sorriu satisfeito e apoiou as mãos na nuca, encostando-se ao sofá – Você falou com ele de sábado? - Claro que não. Ainda mais depois da reação dele! - Acho que ele ia gostar de saber que vamos participar da “Batalha das Bandas”, Nick – Connor me recriminou – Eu iria gostar de assistir a um show do meu filho. - Bom, eu não vou contar, pode esquecer – disse taxativo e levantei – Vou até o salão ver se ainda sobrou alguma sobremesa. Sai da Sonserina direto para o salão principal e já havia decidido que não contaria ao meu pai sobre a Batalha das Bandas em Hogsmeade no sábado. Se ele não aprovava a escolha que tinha feito, não tinha motivos para querer ver nossa banda tocar. E não ia me preocupar com isso, pois tinha coisas mais importantes acontecendo naquele momento, como o show e a festa de dia dos namorados que estávamos organizando na casa, para a noite de sábado. Era nossa responsabilidade não deixar a festa sair do controle, limitando a entrada dos alunos, e aquilo sim era assunto de extrema importância. Os N.I.E.M.s teriam que esperar. |