Monday, June 29, 2009


- Nick, terminou a contagem? – Isabella me perguntou.
- Menos 35 pontos. – respondi rindo um pouco, olhando para as pessoas da mesa – Cada um.
- Ok, chega dessa mamata! – Connor ficou de pé e bateu com a mão na mesa, fazendo as meninas saltarem – Vamos pegar esses calouros!

Levantamos todos da mesa ao mesmo tempo e nos dividimos quando chegamos à entrada dos dormitórios do primeiro ano, as meninas entrando no feminino e nós no masculino. Connor abriu a porta com um chute e os meninos saltaram assustados. Sheldon deu um grito apavorado se cobrindo com o lençol e Thomas nos encarava petrificado, mas nossos alvos não eram nenhum dos dois e agarramos Hiro, Jamal e JJ pela calça dos pijamas, carregando de volta para o salão comunal no ombro. As meninas já estavam com Clara, Keiko e Haley presas entre os braços e Bella e Lisa vinham arrastando uma Penny resistente quando chegamos.

- O que é isso? – Clara perguntou atrevida – Motim contra seus companheiros de casa?
- O que a gente fez agora? – Keiko também perguntou.
- Vocês comprometeram nossa pontuação no placar das casas, jogaram fora todo o trabalho que tivemos durante o ano para ganhar pontos para a Sonserina! – falei indignado, encarando cada um deles.
- Mas ainda estamos em primeiro – Haley tentou argumentar – E a Grifinória caiu pra terceiro com os 50 pontos que o Graham perdeu essa semana!
- Não importa, vocês comprometeram o nosso placar e não alcançaram a meta dos calouros, então agora vão ter que sofrer as conseqüência – Bella foi enfática e eles se olharam assustados.
- O que vocês vão fazer com a gente? – Hiro perguntou gaguejando um pouco.
- Bom, o ano letivo praticamente já terminou, vamos embora daqui a três dias e amanha é nossa formatura e vamos receber nossos pais aqui... – Connor começou a falar, andando entre eles – Achamos que essa masmorra precisa de um pouco de limpeza e organização. Temos baldes, panos de chão, esfregões e vassouras ali no canto, deixem nossa casa brilhando, entenderam?

Os sete olharam para as coisas empilhadas no canto do salão comunal e pareciam não acreditar que teriam que faxinar a masmorra inteira, mas vendo que estávamos falando sério começaram a caminhar até os baldes e esfregões e começaram a limpeza.


*****

Os calouros passaram todo o sábado fazendo faxina no nosso salão comunal e encarregamos alguns garotos do 5º ano para fiscalizar, enquanto ajudávamos nos últimos preparativos para nossa formatura, no dia seguinte. Os pais dos alunos iam chegar para um almoço e depois passar o dia na escola. A colação de grau seria às 18h e a partir das 20h começaria nossa festa de formatura que seria a fantasia. Nigel e Sebastian já estavam no salão principal quando chegamos, abrindo grandes pacotes.

- As roupas chegaram? – perguntei me sentando ao lado deles.
- Sim, minha coruja acabou de chegar! – Nigel rasgou o lacre da caixa e puxou uma roupa de dentro – Essa fantasia de esqueleto vai ficar demais!
- Vocês vão de que, afinal? – Sebastian perguntou enquanto estendia uma fantasia de pirata na mesa.
- Eu vou de Frodo e o Connor alugou uma roupa de Chapolin que ficou ridícula – falei rindo.
- Nós vamos de fada e mulher maravilha – Bella falou apontando para ela e Lisa.
- Bom dia, meninos – a professora Bones parou ao nosso lado na mesa – Estão ocupados? – negamos com a cabeça e ela sorriu – Ótimo! Então será que podem dar uma mãozinha? O professor Creevey está precisando de voluntários lá fora, com a ornamentação do jardim.

Levantamos depressa e fomos para o lado de fora ajudar. O professor já estava começando a organizar as cadeiras e parecia um pouco sem paciência com a professora de Adivinhação, Lilá Brown, pois nos recebeu com muita animação. Passamos o dia inteiro com eles, montando o palco, decorando a área e ajudando Connor e Bella a ensaiarem os discursos que fariam no dia seguinte. Quando voltamos para a Sonserina, os calouros já haviam capotado no sofá, ainda de pijama.


*****

- Podíamos ir até Hogsmeade, o que acham? – Bella sugeriu, bocejando entediada.
- Pro Hog’s Head! – Connor levantou do sofá com um único salto, animado.

Já era tarde da noite e estávamos todos cansados por ter trabalhado o dia inteiro, mas ninguém queria desperdiçar o último sábado em Hogwarts preso dentro do castelo. As meninas correram pros dormitórios e 10 minutos depois voltaram arrumadas, pegamos nossos casacos e deixamos o salão comunal da Sonserina. Já havia chamado Nigel e Sebastian pelo espelho de duas vias e eles estavam nos esperando no saguão de entrada. Hagrid nos viu atravessando o jardim, mas não tentou nos deter, dizendo que seria seu presente de formatura.

O bar estava lotado quando chegamos, mas conseguimos uma mesa no canto perto de uma janela suja e nos espalhamos. Peter foi até o balcão e voltou com duas garrafas de vinho nas mãos, enquanto Harry trazia as taças.

- Essas são por minha conta, pela nossa formatura amanha! – disse abrindo as garrafas e começando a encher as taças.

Brindamos animados e não demorou muito para as duas garrafas esvaziarem. Pedimos mais uma e ela ia passando de mão em mão, deixando a turma cada vez mais alegre. Até quase meia noite ninguém tinha bebido nada além de vinho, mas quando Nigel foi buscar o que seria a 6º garrafa, voltou com uma diferente na mão.

- O vinho acabou, só tem conhaque agora – disse sacudindo a garrafa, já abrindo – Quem vai?

Ninguém nem fez objeção e já ergueram as taças na direção dele, para mais um refil. Nunca tinha tomado aquilo, e nunca mais chegarei perto de uma garrafa lacrada que seja na vida, mas prontamente aceitei. Nigel encheu minha taça com quase meio litro daquilo e botou de volta na minha mão. No primeiro gole minha garganta queimou, mas até então tudo bem. Connor colocou algumas fichas na maquina e começou a tocar umas músicas legais, então larguei o copo na mesa e me juntei as meninas.

A taça de conhaque continuava cheia na mesa e Sebastian conseguiu encontrar mais uma garrafa de vinho perdida com o dono do bar, então abandonei a taça e voltei ao vinho. Mas a garrafa esvaziou num piscar de olhos e acabei voltando pro conhaque. Rolaram várias brincadeiras engraçadas entre a turma, até uma vassoura conseguiram arrumar e colocaram uma rumba na maquina, afastando as cadeiras para termos mais espaço pra dançar. Eu estava ótimo. Levemente alto, claro, mas normal.


*****

Alguma coisa aconteceu, pois não consigo me lembrar o que fiz por um longo período. A ultima coisa que lembro era de estar passando por debaixo do cabo de vassoura e agora percebi que estava beijando Bella no canto do bar. Mexeram na maquina outra vez e agora tocava rock dos anos 80, mas continuei agarrado a ela.


*****

Acho que tive outro lapso de memória, pois minha ultima lembrança era de estar beijando a Bella, mas agora estou sendo carregado por Connor e Sebastian de volta para o castelo. Posso ouvir Nigel cantando atrás deles e as meninas rindo alto. Estava me sentindo mole, mas podia dizer que estavam todos muito bêbados.


*****

Mais um lapso. Depois de ver que estava sendo carregado, não lembro o que aconteceu no caminho, mas agora estou com uma bolsa de glicose no braço, meu pai com uma cara enfezada do meu lado e a enfermeira, Millicent Bulstrode, colocava um pano com água fria na minha testa. Eu suava muito e comecei a ficar com sono, então apaguei e dormi.


*****

- Nick! – senti uma mão me sacudindo na cama, mas não tinha forças pra me mexer – Nick! Nick, acorda!
- Será que ele morreu? – ouvi a voz de Peter.
- Madame Bulstrode disse que a pressão dele foi a 5/7 ontem! – agora era Harry que falava – Se ele não morreu, chegou perto!
- Nick, está me ouvindo? – Connor me sacudiu mais uma vez, puxando o lençol que cobria minha cabeça.

Os dormitórios da Sonserina eram escuros, com pouca iluminação, mas mesmo aquela luz fraca foi capaz de quase queimar minha retina quando fiquei exposto a ela. Fechei os olhos com força, mas aquele simples movimento me causou uma dor de cabeça indescritível.

- Ah, está vivo! – Matt anunciou e os outros riram.
- Cara, levanta dessa cama, já passou das duas da tarde! – Connor me empurrou pra fora da cama e sentei, sentindo o corpo todo doer.
- O que aconteceu ontem? – perguntei com a voz rouca.
- Você não lembra? – Peter riu – Sério?
- Bom, além de encher a cara de vinho e conhaque, dançar rumba e umas musicas esquisitas lá até o chão e ficar com a Bella no canto do bar, você entrou em colapso e quase morreu. Sua pressão caiu tanto que você não respirava mais, quase entrou em coma alcoólico. Trouxemos você de volta pro castelo e a enfermeira injetou glicose na sua veia, teve que apelar pros métodos trouxas ou você morria. – Connor narrou de uma vez só e meu olho ia arregalando a cada palavra.
- É, você deu um show ontem, mas pelo menos pegou a Bella... – Harry assobiou e o barulho aumentou minha dor de cabeça.
- Mas você precisa sair daí, nossos pais já estão aqui desde 11 horas, seu outro pai almoçou com a sua prima e o professor O’Shea está uma arara, se prepara – Matt falou me atirando um roupão.
- Sai desse dormitório e toma um banho gelado pra espantar a ressaca, a gente se vê mais tarde – Connor deu um tapinha nas minhas costas, rindo, e eles saíram do dormitório.


*****

- E agora vamos dar inicio a entrega dos diplomas. Quando eu chamar os nomes, por favor, venham até o palco. – a diretora McGonagall anunciou no microfone – Isabella Abercombrie!

Bella levantou da cadeira ao meu lado e caminhou até o palco, enquanto aplaudíamos empolgados. Minha cabeça ainda latejava um pouco, mas o enjôo havia passado e não sentia mais dores no corpo. Levei uma bronca memorável dos meus pais, mas eles perdoaram por saberem que eu jamais iria beber daquele jeito outra vez. Agora eu estava achando engraçado e já havia dado muita risada junto dos meus amigos enquanto eles me detalhavam os acontecimentos da noite anterior, mas na hora definitivamente não teve coisa mais sem graça, quase morri a troco de nada.

Meus amigos iam subindo um por um no palco e recebendo seus diplomas das mãos do diretor de suas casas. Nigel apertava a mão do tio George com entusiasmo e ergueu a mão que segurava o diploma, pulando empolgado enquanto descia as escadas e voltava para o seu lugar.

- Nicholas Preston Foutley O’Shea! – McGonagall chamou meu nome e levantei da cadeira.

Caminhei até o palco, onde recebi os cumprimentos de McGonagall para depois receber meu diploma das mãos de um animado professor Yoshi. De pé junto com os outros professores, meu pai sorria parecendo orgulhoso. Apertei o diploma entre os dedos e não pude conter um sorriso quando olhei para meus amigos aplaudindo animados das cadeiras. Há sete anos atrás meus pais disseram que em Hogwarts eu passaria os melhores e mais importantes anos de minha vida e eu não acreditei, mas hoje reconheço que eles estavam certos.

Hoje, essa fase terminava. E eu não poderia ter tido melhores companhias para caminhar ao meu lado nesses sete anos. Afinal de contas, se crescer é uma guerra, esses amigos que crescem junto com você merecem um respeito especial. Aquele que está sempre do seu lado numa época que nada é certo, quando a vida inteira ainda esta pela frente e nem todas as estradas o levam para casa.

Saturday, June 27, 2009


Lembranças de Artemis Arashi Capter Chronos

- Ártemis Arashi Capter Chronos! O que passa pela sua cabeça para fazer todas essas coisas?! – Mamãe falou, me puxando pelo braço e levando para um canto. Papai a seguia e ele também estava bem irritado, porém nada se comparava a mamãe.
- Não sei do que está falando, mãe. – Eu fingi inocência, encarando-a nos olhos. Nós duas éramos muito parecidas, então parecia que ela estava brigando com um espelho.
- Não se faça de sonsa, Ártemis. Desde que atravessou os portões da Escola você se mete em encrencas!
- Mãe, não são encrencas, nós estávamos apenas nos divertindo. E está falando como se nós procurássemos as encrencas!
- Começar uma guerra no meio do clube de duelos é divertido? E sim, acho que são vocês que procuram a encrenca. – Papai falou, a voz irritada.
- Não fomos nós que começamos. – Eu falei evasivamente, começando a ficar emburrada.
- Nunca são vocês! E quando você ajudou a incriminar um inocente? Nem eu, nem seu pai, nem seus irmãos demos a você essa educação!
- Eles implicam conosco o tempo todo, estávamos apenas dando o troco! E eu ajudaria a Clara a qualquer momento, assim como qualquer um deles. – Eu falei com a voz firme e vi um brilho no olhar deles, principalmente no de papai. Eles se encararam por um curto tempo, mas sei que foi o suficiente para praticamente conversarem, pois eles se conheciam o suficiente para um simples olhar dizer muito. – Vocês me criaram para sempre ajudar os outros, principalmente os amigos, e foi o que eu fiz.
- Filha, eu realmente fiquei feliz por você ter se pronunciado em defesa da Clara. – Papai falou, enquanto mamãe olhava torto para ele, que tossiu e ficou sério novamente. – Mas nem toda a amizade do mundo justifica esse tipo de coisa. Não se deve incriminar alguém sem justa causa.
- Você tem noção do que é ser chamada pela Diretora da escola? Depois de formada? Ser chamada pela ex-Diretora da sua casa e por quem você tem imensa consideração para levar uma bronca? Ver sua filha ser uma das responsáveis pelo pior placar da Grifinória nos últimos 70 anos?! E ser acusada de não ter dado educação para a filha?! – Mamãe falou, os olhos fixos em mim. Sua voz foi ficando mais forte a cada palavra, apesar do tom ficar inalterado. Mamãe é um amor de pessoa, mas quando ela está irritada eu tenho medo. E naquele momento eu estava ficando com medo.
- Mãe... – Eu comecei, sem conseguir encara-la por mais tempo.
- Não comece, Artemis, seu pai e seus irmãos a mimaram demais. Não faça essa cara de desentendido, Alucard! – Mamãe falou, brigando com papai, uma vez que ele ia dizer que não. Eu não segurei um sorriso e ele piscou pra mim, mas mamãe viu e o fuzilou com os olhos. - Eu ainda estou chocada com tudo que se passou aqui. Francamente, essa briga de vocês está indo longe demais. E são pessoas da sua casa! Vocês deveriam ser amigos.
- Não serei amiga deles! – Eu falei emburrada, mas os olhos ainda baixos.
- Filha, você não pode pensar assim. Eles estão errados em muitas coisas, com certeza, mas começar um duelo no meio da aula do Tio George foi demais!
- Nós tivemos motivos.
- E quais foram? – Mamãe perguntou, encarando-me fixamente.
- Não quero falar. – Falei emburrada, encarando-a também;
- Diga, Artemis. – Papai falou e ao olhar pra ele eu consegui me acalmar um pouco.
- O Graham insultou o Tio Remo... – Eu falei, a voz baixa, com vergonha só de lembrar das coisas que aquele imbecil falou. Vi que isso os tocou, pois pude sentir a mudança do humor deles. Papai começou a ficar irritado, pois ele odiava esse tipo de insulto e preconceito, ainda mais quando se é um meio-vampiro e lutou a vida inteira para fazer humanos e vampiros ficarem de bem.
- Que tipos de insultos? – Papai perguntou, agachando-se do meu lado.
- Não me faça repetir aquelas coisas sujas, pai....A Clara não resistiu e o atacou, e fomos defender nossa amiga. – Eu falei, ainda encarando o chão e os ouvi suspirar. Mamãe também se agachou e me abraçou.
- Você fez bem em proteger os amigos. Mas não pense que vai sair ilesa disso tudo. Não gostei nem um pouco do que você tem feito, você e seus amigos. Vocês passaram dos limites e terá que receber um castigo.
- Tudo bem. – Eu suspirei, já acostumada.
- Não, não será apenas um final de semana trancada sem poder assistir televisão, caçar, treinar falcoaria ou qualquer outra coisa. Muito menos será uma semana. Você está proibida de viajar com Seth, Luna e as meninas para as pesquisas botânicas deles.
- Mas, mãe! – Eu interrompi, os olhos arregalados e sem acreditar! Seth prometera que me levaria em suas viagens botânicas e eu estava aguardando há meses!
- Nada de “mas”, Artemis. – Mamãe falou, cortando-me novamente.
- Mirian, foi uma promessa do Seth e da Luna, ela está esperando há meses. – Papai correu em me defender, ganhando um olhar e um sorriso felizes meus.
- Não, Lu, quem sabe assim vocês aprendem. – Mamãe falou revirando os olhos para papai. – E eu cancelarei qualquer, repito, qualquer remessa que o Griffon mande pra você! A Emily me ajudara a evitar que ele te mande algum produto novo.
- Tudo bem. – Eu falei, derrotada, mas levantei os olhos novamente. – Mas a viagem não, mãe. Por favor.
- Nada disso, Artemis. Você ficará em casa, pensando nos seus atos.
- Isso não é justo! Os meus irmãos fizeram coisas muito piores! Eu ainda nem invadi a Floresta! Eles brigaram no meio de Beauxbatons, usando os poderes deles, colocando em risco a Tia Miyako e dezenas de alunos, precisando da sua intervenção para eles pararem! Sem contar as vezes que o Griffon inflou a professora, ou o Seth usou clones para não ir a aula. – Eu disparei certeira e mamãe suspirou, repensando.
- Tudo bem, Artemis. Eles fizeram coisas piores realmente. – Eu sorri triunfante enquanto ela falava. – Mas isso não muda o fato de que você cometeu mais delitos do que os dois juntos em um curto espaço de tempo! Sua viagem continua cancelada, mas poderá ser realizada ainda nas férias...
- OBRIGADA MÃE! – Eu falei, extremamente feliz e me jogando em seus braços. Ela me abraçou sorrindo e vi que ela estava se acalmando.
- Se, repito, se você se comportar! Não quero receber mais nenhuma coruja da Minerva. Nem mesmo quero ouvir falar que você perdeu mais pontos para Grifinória. Está avisada. – Mamãe frisou as últimas palavras.
- Tudo bem, mãe. Me desculpe. – Eu falei, olhando para o chão. Papai então pareceu não mais resistir e me pegou no colo, beijando minha testa.
- Comporte-se, Princesa. Ah, dê chocolates de menta pra Minerva, ela adora. – Papai falou no meu ouvido e ri com ele, enquanto mamãe dava um tapa no braço dele. Ele ficou sério novamente e fingiu brigar comigo. – Comporte-se! Bem, Mi, vamos? Ainda temos que passar no dormitório dela para confiscar as Gemialidades que ela tem em estoque.
- Peraí, o que?! – Eu consegui perguntar. Como eles sabiam das minhas reservas?!
- Por via das dúvidas, vamos tirar todo e qualquer material que você possa usar, como, digamos, armas e que sirvam de tentação. – Mamãe falou, enquanto eu a olhava perplexa. – Não olhe pra mim, foi idéia do seu pai!
- Pai! Por favor!
- Não, filha. Nas férias você as terá de volta...Se você se comportar! – Ele completou ao receber outro olhar torto de mamãe.
Eles se despediram de mim, novamente me ordenando que me comportasse e foram para os dormitórios da Grifinória, que eles conheciam com perfeição. Eu sabia que em menos de cinco minutos mamãe acharia todas as bombas de bostas, kits mata-aula, chicletes multi-usos, varinhas falsas e todas minhas reservas...Eu suspirei e fui correndo conversar com meus amigos, todos também com cara de quem levou bronca, mas todos rindo novamente, pensando em como não se meter em confusão pelas próximas duas semanas. Ou melhor, como se meter em confusão e não sermos pegos...

***********

- Arte, soube que Titio e Titia estiveram aqui, a Mcgonogall devia estar furiosa com vocês. – Minha prima Gaia falou rindo quando voltei para o salão comunal da Grifinória no final do dia. Alguns veteranos me olhavam torto, mas nos últimos meses aprenderam a me respeitar, depois que fiz um deles ir pra enfermaria com uma flor nascendo da orelha...Tenho que me lembrar de agradecer ao Ty por ter me ensinado isso. Gaia estava lendo um livro de poções avançadas e parou de ler quando me viu entrar.
- É, eles vieram me dar bronca. A Mcgonogall deu bronca neles na verdade. – Eu falei rindo, me lembrando da expressão de fúria de mamãe ao ser chamada pela Diretora e levar bronca.
- Imagino que Tia Mirian ficou possessa! – Gaia falou rindo, enquanto eu me sentava do lado dela para conversar. – Mas isso não deve ser novidade pra ela.
- Como assim? Sei que mamãe foi uma santa na escola. Eu só vi prêmios dela e nenhum registro de detenção! E eu olhei todos em uma das detenções que fiz com o Filch...
- Ah Tia Mirian foi uma aluna exemplar! Mas Tio Lu não... Na verdade, Tia Mirian foi chamada pelo Dumbledore e pela Mcgonogall diversas vezes por causa dele.
- Eu não sabia! Sempre soube que papai era tão encrenqueiro quanto eu, mas não que era tão chamado assim! – Falei rindo, imaginando papai mais novo levando bronca da Mcgonogall.
- Sim, ele fez bastante besteira. E acabava sobrando pra Tia Mi, como se ela fosse a responsável dele... Tia Mi sofreu um bocado por causa do tio. Ela foi chamada quando ele foi mordido, quando ele entrou em coma, quando ele foi torturado, quando ele invadiu a Floresta, quando ele foi pego invadindo uma sala proibida, quando ele fugiu da escola... Sem contar as confusões que Tio Lu, Tia Alex, Tia Lou, Tia Yuli e Tio Scott causavam, elas entraram para a história!
- Papai fugiu da escola?! – Eu perguntei chocada, rindo dos diversos motivos para mamãe ser chamada à presença do Diretor. Ri também ao imaginar todos meus tios envolvidos em tantas confusões. Lembro de quando contaram da formatura deles, em que afundaram um dos barquinhos que levavam calouros!
- Sim, minha mãe que me contou todas essas histórias. Aconteceu quando nossos avós foram assassinados. Tio Lu ficou em estado de choque e fugiu da escola. Ele sumiu por semanas, até ele ter se vingado...Imagino que foi algo bem cruel. – Gaia falou, com um calafrio e eu senti o mesmo.
- Não quero nem imaginar! Mas de qualquer forma, pelo visto eles se esquecem das encrencas que cometeram. Estou de castigo! Eles confiscaram minhas Gemialidades e estou proibida de viajar com o Seth e a Luna até segunda ordem. – Eu falei, bufando.
- Ah por isso que Tia Mirian passou pelos dormitórios como se caçasse alguma coisa! Ela vistoriou tudo. Ah, sinto informar, mas ela achou os fogos de artifício escondidos no fundo falsa debaixo da sua cama...
- Até os fogos?! Eu achei que ela nunca ia encontrar! Eu estava guardando para algo especial com meus amigos. – Eu falei, revirando os olhos. Ótimo, todas minhas diversões foram retiradas de mim.
- Isso que dar ser uma menina má! – Gaia falou rindo e apertando minhas bochechas, deixando-as vermelhas, enquanto eu me debatia para fugir, fazendo-a rir ainda mais. – Mas não se preocupe, daqui a pouco eles se acalmam! Com mamãe é a mesma coisa.
- Não quero nem pensar na Tia Celas com raiva, é de dar medo!
- Com certeza! Quando invadi a seção proibida da biblioteca e fui pega pela Madame Norra ela quase arrancou meu fígado!
- Você invadiu a biblioteca?! – Falei interessada, era algo que nunca tinha pensado.
- Eu não só invadi, como quando a Norra me achou eu a petrifiquei sem querer... E a escondi dentro de um armário!! O Filch queria me torturar até a morte!! – Gaia falou enquanto nós duas caíamos na gargalhada. – É quase uma tradição de família, a primeira detenção de seu pai foi quando ele e mamãe invadiram a seção proibida e roubaram um livro de lá.
- Eu já ouvi essa história! Era um livro do Vô Alderan, não? – Eu falei rindo, enquanto Gaia concordava. – E depois o Dumbledore deu de presente pra papai no natal!
- Tio Lu só faltou beijar o velho Dumbledore!
- Fico imaginando o Dumbledore todo risonho ao ver um de seus alunos felizes! – Falei lembrando das fotos que eu já vi do Ex-diretor. – E se é quase uma tradição de família, eu vou fazer também!
- Ah não, Artemis! Pelo menos espera até o próximo ano, se não Tia Mirian vai realmente te matar, e a mim também! Por que fui abrir minha boca?! – Gaia se perguntou, batendo na própria testa, enquanto ria. – Mas é sério, Arte, vê se vocês se comportam! Estão passando um pouco dos limites.
- Ah, mas é porque somos provocados! – Eu falei, dando de ombros e indicando o Graham e seus amigos que conversavam em um canto, às vezes me lançando olhares azedos, que eram retribuídos com um sorriso sarcástico.
- Ah, o Graham é um idiota mesmo. Se quiser eu dou uma dura nele. Melhor ainda, peço pro Edward vir assustar ele um pouco, já que o Edward não vai querer alguém implicando com a princesinha dele. Tá uma delas.
- Sei, você só quer é uma desculpa pra ta perto do Edward! – Eu falei rindo, enquanto a cutucava de leve. Ela ficou vermelha e me empurrou pro lado, rindo.
- Não é nada disso!! Pode ser o Seth então! O Seth dá mais medo mesmo. E ainda temos Tio Derfel, Tio Caleb...
Continuamos conversando mais um pouco, trocando informações sobre detenções nossas e de nossos pais e tios. Ela me contou de algumas passagens secretas que eu ainda não conhecia, assim como me contou detalhes sobre a biblioteca para uma de minhas incursões futuras. Eu as decorei me lembrando de propor isso aos meus amigos depois, para quando estivéssemos com algum crédito...

*********

- Nossa, Corvo, seu soco foi excelente! Já fez Boxe? – Eu perguntei rindo, enquanto Julian voltava da sala da Mcgonogall vermelho pela briga e pela bronca.
- Desculpa não termos ajudado, pois queríamos, e como queríamos, ajudar! Mas se a gente se mete em mais alguma coisa, acho que nossos pais nos deserdam! – Clara falou rindo, pedindo desculpas por não ter ajudado.
- Queria tanto ter acertado pelo menos um soco no Graham. – Hiro suspirou.
- Na próxima a gente dá uns empurrõezinhos nele e finge que não fez nada! – Haley falou, rindo.
- Ah eu não resisti quando ele falou aquelas coisas. Primeiro vem implicar com vocês por motivo algum e depois ainda fica insultando vocês e a mim? – Julian falou exaltado.
- O Graham é um idiota mesmo, ele deve precisar chamar a atenção. – Keiko comentou, fuzilando Graham e os amigos com o olhar.
- Arte, ele não dorme com uma melancia pendurada no pescoço não? – JJ perguntou, dirigindo-se a mim.
- Nunca reparei, até porque nunca fui no dormitório masculino. – Comentei dando de ombros.
- Mas sabem que isso me deu uma idéia? – Jamal comentou, rindo.
- Acho que pensou no mesmo que eu! – Lizzie falou também rindo.
- Vamos fazer ele acordar com uma melancia enfiada na cabeça dele! – Johny falou rindo da idéia. Todos adoraram a idéia e caíram na gargalhada ao imaginar a cena.
- E temos que enfeitiça-la para ela não sair com facilidade! – Clara falou, a mente trabalhando rapidamente.
- Nas férias vou ver isso com um dos meus irmãos, se tem algum feitiço do tipo! – Eu falei rindo, já imaginando.
- E temos que arranjar uma câmera, não podemos deixar esse momento passar! – Haley falou rindo, enquanto todos caiam na gargalhada.
- Vamos deixar isso pro próximo ano então. Nossa primeira detenção! – Hiro enunciou como se fosse uma manchete de jornal.
- Se é pra levar detenção que seja algo digno! – Keiko falou, concordando com o irmão.
- Então, está combinado! Em breve o Graham vai virar uma melancia ambulante! – Julian falou e todos caíram na gargalhada ao imaginar a cena novamente.
Passamos o resto do dia conversando e evitando a qualquer custo nos envolvermos em novas confusões, mas era realmente difícil e a tentação era grande. Começo realmente a achar que papai tinha razão e as encrencas nos procuravam... Ao final do dia fui dormir, e só então me lembrei do comentário de Haley de que agora eu tinha meu próprio Professor Bins e fiquei curiosa de saber como ele era, e também de saber se ele estava ali no momento comigo. Fui dormir pensando nisso e tentando imaginar como o fantasma era...

- Olá, pequena Artemis. – Uma voz doce, calma e serena me chamou e eu soube que estava sonhando. Eu estava em uma região totalmente branca e usava uma roupa branca muito leve. Na verdade eu estava leve e parecia levitar pelo espaço.
- Quem é você? – Eu perguntei para o ar, pois não sabia de onde vinha a voz.
- Eu sou Chronos.
- Você é meu bisavô Alderan?
- Não, não quero dizer que sou um Chronos. Quero dizer que sou Chronos. – A voz respondeu, e pela sua voz parecia que ele sorria.
- Estou curiosa quanto a você, Chronos. Você é um antepassado?
- Pode-se dizer que sim, pequena. Tudo a seu tempo. Em breve poderá me ver de verdade, até lá eu gostaria apenas de me apresentar e lhe dizer que a partir de hoje, serás para sempre minha protegida. – A voz respondeu serenamente. Aquela voz transmitia uma energia pura e uma bondade extrema, além de um enorme carinho. Eu mergulhei no mundo dos sonhos ao som daquela voz e ela passou a significar segurança para mim. Sempre que estava preocupada ou nervosa eu apenas precisava me lembrar de sua voz e me acalmava. Chronos, seja lá quem fosse, era alguém importante desde já.

Monday, June 22, 2009


Quando saímos da sala da diretora McGonnagal, os pais puxaram seus filhos para os cantos e começou a sessão: “envergonhe seu filho e faça-o precisar de terapia”. Minha mãe estava bem irritada e desta vez, era difícil eu sair ilesa.
- Desta vez você foi longe demais. Quando voltar para casa vamos rever algumas de suas atitudes, mocinha. - ela começou e eu interrompi:
- Se vocês me escutarem, verão que não foi nossa culpa. Foram os grifinórios toscos que começaram, o James ofendeu o tio Remo e...
- Fomos informados sobre tudo o que você fez durante o ano, e isso começou no portão de entrada. Você tem noção do que é ser chamado aqui e tomar bronca de Minerva McGonnagal?? Nunca passei por isso em minha vida de estudante. - disse meu pai tenso.
- Nossa, sua vida era um tédio... - resmunguei e este foi o meu erro, pois minha mãe começou a falar séria, depois de uma tossida. Acho que ela disfarçou uma risada.
- Haley você é assim, porque seu pai e seus irmãos a mimaram demais, mas isso vai acabar. Nem Julian, que é um menino teve tantas detenções quanto você, porque eu não estou vendo Ty e Rory aqui para passar vergonha conosco.
- É porque ele não estava na aula com a gente, se estivesse te garanto que teria sido pior, o Corvo não é o santinho que você pensa, mãe. - retruquei.
- Mas ele é inteligente o bastante para não se deixar pegar. Quando voltar para casa vai ficar de castigo. - ela respondeu azeda.
- Já sei, vou ficar presa no quarto por duas semanas, sem poder sair. Já conheço a rotina. - eu disse atrevida e minha mãe respondeu:
- Não, este castigo não funciona com você, porque eu sei que seus irmãos te mostraram a passagem secreta para o estábulo e que você sai e passa os dias cavalgando. - e meu queixo caiu.
Há quanto tempo minha mãe sabia daquilo?? Não se pode ter segredos em sua própria casa?- e ela continuou e pude perceber um brilho de divertimento nos olhos dela, isso era mau sinal:
- Como castigo, você não vai para a Ilha da Morgan passar uma semana cuidando dos dragões. - meu queixo tremeu, eu vinha pedindo isso há um tempão.
- Paizinho, mamãe está sendo injusta...- tentei argumentar mas meu pai estava tão irritado com meu comentário sobre sua tediosa vida de estudante, que emendou:
- Sua mãe está certa e se acontecer mais alguma coisa, envolvendo seu nome, eu corto a sua mesada....- e minha mãe se virou irritada para ele:
- Como se isso fosse resolver Logan, esqueceu da bolsa de galões que você deu a ela contra a minha vontade?? Aquilo alimentaria uma família de 4 pessoas por 6 meses, aposto que ela nem mexeu no conteúdo. - disse minha mãe certeira e papai ficou sem graça, ficando subitamente mais calmo.
Esta era minha chance, se eu tivesse mais alguns minutos, poderia sair desta só com uma bronca, mas minha mãe não deu trégua:
- Eu sei que você vai obedecer às ordens de Minerva e não vai mais se envolver em confusão. Duas semanas passam rápido, mas se não agüentar e for expulsa, sou capaz de mandá-la para a Sibéria e ainda boto aquela bicharada para correr do rancho. Fui clara?- o máximo que fiz foi olhar para ela e sacudir a cabeça fazendo que sim.
A escocesa estava zangada mesmo e eu não ia cutucar onça com vara curta, sou ousada não doida.
Meus amigos começaram a voltar para nosso salão comunal, mas apesar das broncas dos nossos pais, já estávamos pensando em formas de burlar o castigo, afinal quando você vai ficar dois meses sem fazer nada, as idéias surgem...


o-o-o-o-o-o-o-o


No dia seguinte, na hora do almoço...

- E minha mãe elogiando o Julian?? Quase vomitei quando ouvi: “o Ty e a Rory não tiveram que vir aqui passar vergonha...” O que você tem na cabeça? Vou botar seus bichos na rua... - eu imitava o sotaque de minha mãe para meus amigos, enquanto almoçávamos. Rupert, Julian, Lizzie, junto com Garret e John ao lado de sua namorada, Blair, estavam conosco e riam.
- Mas vamos nos segurar, senão os bichinhos do rancho vão virar sem teto. Se bem que na hora nem reparei muito na tia Alex, minha mãe estava me dando bronca, enquanto meu pai se dividia entre a bronca pelas detenções e os cumprimentos por eu estar ao lado dos amigos. - comentou Artemis.
-E tia Mirian é o Gandhi em pessoa. Não perdeu a calma nem quando resolvemos brincar de cabeleireiras e cortamos nossos cabelos bem curtinho e pintamos a cara de hidrocor tínhamos o que? Uns 4 anos?- comentou Kika.
- Não, isso foi com uns 3 anos, aos 4 nós pusemos fogo no escritório do tio Sergei, queríamos brincar de pular a fogueira como a Clara na festa junina. JJ e Jamal que riscaram os fósforos. - acusou Hiro e JJ respondeu:
- Risquei sim, mas foi você quem picotou o talão de cheques do seu pai, abanando o foguinho, todo animado, nem vem Hiro.
- É e na vez que resolvemos nos esconder e fugimos pra velha mina? Ainda sinto o peso das palmadas do Ministro no traseiro. - reclamou Jam, e eu comentei.
- Pior que além de não ir cuidar de dragões, minha mãe vai marcar em cima, e não vai me deixar acolher nenhum bicho. Logo agora, que eu estava quase conseguindo convencer o Ethan que devíamos ter um urso pardo...
- Mas acho que nada supera, quando você e a Ártemis levaram aqueles ovos de cascavel para dentro de casa, a cozinheira quase morreu do coração. - comentou John e Julian me olhou chocado, e eu expliquei enquanto os outros choravam de rir, se lembrando:
- Era o dia do nascimento do Luky e da Bella, nós também queríamos bebês pra cuidar, e achamos que eram ovos de mini dragões. Claro que hoje, já sabemos a diferença, não vamos nos enganar na próxima. - pisquei para Artemis e rimos.
De repente eu fiquei séria, olhando para um ponto acima da cabeça da Arte. Depois de alguns segundos me virei para ela e disse:
- Você sabia que tem um espírito acompanhando você? Já o vejo há alguns dias, mas hoje ele está mais próximo.
- Um fantasma, você quer dizer. - respondeu Arte e nenhum dos meus amigos ficava chocado quando eu falava algo do gênero, mas prestaram atenção. Garret e Blair me olharam curiosos, mas ficaram calados.
- Não, este é diferente. Ele é muito...Antigo. Tem asas brancas e usa uma armadura dourada, seus olhos são dourados também. Ele é sério, parece carregar o mundo nas costas. - comecei a descrever o que via.
- Você já viu os quadros da galeria lá de casa, deve ser algum deles. - disse Arte olhando por sobre os ombros.
- Eu nunca o vi, tenho certeza. Mas ele se parece muito com sua família, ele até que lembra seu bisavô, por causa da cor dos cabelos, são brancos como os do Alderan, só que é mais bonitão. - comentei e sorri para o homem que colocava as mãos sobre os ombros da Arte, e ele esboçou uma sombra de sorriso.
- Er..Humm... Na sua família teve alguém que se chamou Alderan?? Tipo Cavaleiros do Zodíaco??-perguntou Julian risonho.
- Na época do meu bisavô, a minha família costumava usar nomes de constelações e estrelas, a partir dos meus irmãos passaram a usar a mitologia, mas podia ser pior: imagina que, eu poderia ser Milu.., Lurian...- disse Arte sem se zangar.
- Nossa, que irado! - ele disse e nossos amigos riram, pelo entusiasmo dele, quando ouvimos um guincho que lembrava uma gargalhada.
- Tá explicado o porque da Chronos ser assim, vem de uma família de anormais e é amiguinha da lunática, apaixonada por fantasmas. “Professor Binns, o senhor não está vendo uma luz?? Siga-a, os fantasmas não pertencem a este mundo...” - disse Graham, me imitando no primeiro dia de aula de HdM, quando ofereci ajuda ao professor para ir pro além, e tornou a rir, junto com os amigos grifinórios dele.
Ártemis e eu, fechamos os punhos, doidas pra lançar uns feitiços nele, mas respiramos fundo. Qualquer coisinha, mesmo jogar um prato por ‘acidente’ na cabeça dele, seria a nossa expulsão. Mas Julian tomou as nossas dores:
- Graham, você é patético. Está provocando as garotas só porque não está pendurado como os seus amigos aí, e elas não podem reagir. Porque se elas pudessem ,você não seria tão valente assim. - e Graham respondeu irritado.
- E desde quando você é o guarda costas delas? Eu nem estou falando com você.
- Mas eu estou falando com você, não se meta com elas, não fizeram nada a você. - Julian respondeu e Graham retrucou:
- Se enxerga garoto. Não é porque você vai ser um McGregor que isso apaga o que você é na realidade: um bastardo.
Até os amigos dele que riam dos insultos, ficaram sérios com a ofensa. Julian saltou da cadeira e voou em cima do Graham, que pego desprevenido foi ao chão, espalhando os pratos vazios. Ele começou a dar golpes em Julian, mas o Corvo estava enfurecido, e parecia nem ligar. Johny e Garret tentaram afastá-los, enquanto eu, meus amigos e os grifinórios estávamos divididos entre ajudar e ser expulsos, ou esperar algum professor resolver a questão, não demorou muito e um estampido foi ouvido e os garotos foram lançados a lados opostos. Graham tinha a boca sangrando e parecia estar com os dentes moles, e Julian, já exibia um olho roxo, porém na sua testa havia as marcas certinhas de um par de dentes. Tive que segurar o riso.
- O que é que esta acontecendo aqui? Pensam que estão aonde? No clube da luta?- disse a diretora McGonnagal e quando ela nos olhou feio e disse:
- Há! Vocês tinham que estar no meio... - tanto sonserinos quanto grifinórios levantavam as mãos:
- Eu não toquei em ninguém...
- Eu não fiz nada...
- Graham ofendeu ao Julian. - disse Lizzie e a diretora respondeu:
- E solução foi trocar socos, como seres das cavernas? Foi para isso vieram para cá? Para minha sala os dois, vou escrever aos pais de vocês.
Ela saiu andando na frente e Julian e Graham quando foram soltos pelos garotos, se aproximaram, começaram a se encarar feio novamente, e ela deve ter olhos na nuca, porque levantou a mão e disse:
- Menos 50 pontos para a Corvinal, e menos 50 pontos para a Grifinória. Vão terminar de zerar as ampulhetas das casas de vocês ou virão comigo em paz?- eles fecharam a cara e a seguiram. Tio Ben, passou por ali e dispersou os curiosos e eu olhei para meus amigos rindo:
- Sabem o que é mais engraçado??- e Kika disse rindo:
- A marca dos dentes do Graham na testa do Corvo?? - e gargalhamos, mas eu respondi:
- Isso também, mas imagina a cara da minha mãe quando souber que o neto comportado, perdeu 50 pontos de uma vez só da casa dele, e so-zi-nho! Isso vai ser melhor que um saco novo de Gemialidades. - e fui para a sala de aula com meus amigos, doida para que as férias chegassem.
É....Quem disse que se na vida houvesse justiça, ela não começaria na escola, se enganou.

Tuesday, June 16, 2009


Uma semana atrás...

- Todos abram o livro na pagina 394 – tio George falou por detrás da mesa - Vamos começar um capitulo novo hoje.
- Lobisomens? – Hiro comentou surpreso, já com o livro aberto – Não está cedo para estudarmos lobisomens?
- Fiz algumas alterações no cronograma, vamos começar a estudar criaturas mágicas no próximo ano e antes de entrarmos nessa área, quero que já tenham estudado Lobisomens.
- Mas já estamos quase de férias... – Jamal reclamou e muitos concordaram.
- Quase não quer dizer que já estão de férias, e é somente uma introdução. Página 394, Hiro, pode começar a ler?

Hiro assentiu com a cabeça e começou a ler o capítulo do livro sobre lobisomens. Já conhecia tudo que ele estava lendo e mesmo assim prestei atenção, mas era difícil manter a concentração com James Thurston cochichando do outro lado da sala e sufocando risadas. As coisas pioraram quando Hiro terminou de ler e tio George passou a comentar o que ele havia lido, nos instigando a debater sobre o assunto. James fazia um comentário idiota a todo instante, sempre tentando me atingir.

- Calma, Clara... – JJ falou cauteloso, vendo que eu contava baixo encarando James – Não vá estourar, é isso que ele quer.
- É, esse idiota só está tentando provocar você, quer que o ataque e ganhe uma detenção – Haley falou vigiando minha varinha.
- Sem contar que vai fazer a Sonserina perder pontos e já estamos pendurados com os veteranos... – Keiko lembrou da nossa cota de pontos perdidos.
- Não vou fazer nada – respondi ainda o encarando, mas meu sangue fervia – Não vale a pena.

James notou que o observava e deu uma risada sarcástica, erguendo a mão outra vez. Seus amigos já sufocavam as risadinhas antes mesmo que ele pudesse falar.

- Lobisomens são bestas, não são? – perguntou em tom de deboche e meus dedos apertaram a varinha. Ártemis segurou minha mão.
- Não, Sr. Thruston, lobisomens são bruxos ou trouxas que carregam uma maldição – tio George disse paciente – São seres humanos como todos nós.
- Mas o pai do Graham trabalha na Divisão de Feras do Ministério da Magia e disse que lobisomens estão entre as criaturas classificadas por eles, e ainda no nível XXXXX, que não são possíveis de domesticar. Se não se pode domesticá-los, são bestas ou feras. Certo?
- Dolores Umbridge classificava bruxos nascidos trouxas e isso não fez deles feras – não agüentei e falei alto, sem olhar para ele.
- Falou a filha do Lobisomem! – James provocou e alguns riram – É claro que você não concorda comigo, não me surpreende...

Respirei fundo e abaixei a cabeça, mas não consegui nem contar até 2 e já estava de pé, a varinha apontada para James. Falei o primeiro feitiço que me veio à cabeça e o atingi em cheio no peito, fazendo seu corpo voar por cima da mesa e cair do outro lado. Vinha agüentando aquele tipo de piadinhas há alguns meses e finalmente havia perdido a paciência. Na mesma hora todo mundo levantou e já prevendo que a confusão ia se espalhar, meus amigos sacaram as varinhas. Os grifinórios fizeram o mesmo e eles se mantinham uns na mira dos outros, sem poder fazer qualquer movimento. Estava tão possessa que ninguém nem tentou me segurar e corri para onde James estava jogado no chão, agarrando a gola de suas vestes antes que ele pudesse levantar.

- Filha do lobisomem com muito orgulho! – o ergui do chão alguns centímetros e pisei em cima de sua varinha, frouxa em uma das mãos – O meu pai é o máximo! Ele lutou com o próprio Voldemort nas duas guerras e tem figurinha nos sapos de chocolate. O seu também tem? Sei pai fez alguma coisa na vida, além de mimar você? Então pensa duas vezes antes de abrir a boca pra falar do meu pai! Fui clara, panaca?

Soltei-o outra vez no chão e ele recuperou a varinha, já apontando para mim. Aquele gesto fez com que nossos amigos descongelassem de suas posições e começassem a trocarem feitiços dentro da sala, enquanto eu duelava com ele. Via de relance tio George gritando da frente da sala, mas em vão, e quando um feitiço atingiu a janela e estourou uma vidraça, ele perdeu a paciência.

- SILENCIO! – foi a última coisa que ouvi, antes de perder a voz – Accio varinhas!

Minha varinha escapou da minha mão e olhei para o lado assustada, vendo mais de 20 varinhas voarem pela sala e pararem em cima da mesa do tio George. A turma inteira foi desarmada de uma vez só e ele bateu com um livro grosso em cima da mesa, causando um estrondo, e no mesmo instante todo mundo sentou. Ele fez um gesto rápido com a varinha e recuperamos nossa voz.

- Aonde vocês pensam que estão?? – ele gritou nervoso – Nem no clube dos duelos acontece isso! Vocês não são selvagens e nem estão na rua! Menos 50 pontos para a Grifinória e menos 50 pontos para a Sonserina! E as varinhas estão confiscadas até segunda ordem! – ele abriu a gaveta e jogou todas as varinhas dentro dela, trancando com um feitiço e pegando o livro novamente – Leiam, em silencio, o resto do capítulo sobre lobisomens. Quero um relatório de 2 rolos de pergaminho sexta-feira na minha mesa sobre ele. E o próximo que falar, perde mais 50 pontos!

Ninguém nem ousou respirar depois da bronca. Passamos o resto da aula lendo o livro e alguns já começavam a adiantar o relatório, mas ainda estava tão irritada por causa do idiota do James que não absorvi nenhuma linha. Só conseguia pensar nos 50 pontos perdidos e na carta que muito provavelmente minha mãe receberia. Daquela vez eu estava encrencada.


*****

Estava descansando do almoço no salão comunal quando Penny entrou correndo na masmorra, gritando que alguém havia pixado nossas paredes outra vez. Saímos todos correndo e se atropelando pela passagem secreta para ver e a mensagem era a mesma de quando eu pixei a parede para jogar a culpa os grifinórios. Meus amigos logo me olharam, mas neguei com a cabeça.

Estavam todos aglomerados em frente à parede suja de tinta vermelha e não tinha reparado que a diretora McGonagall já estava presente e conversava baixo com o professor Yoshi. Quando nos focalizou, pediu licença a ele e traçou uma reta até o nosso grupo.

- Todos vocês na minha sala, imediatamente – ela disse severa, apontando para na direção das escadas.
- Mas não fomos nós, diretora! – Haley falou apreensiva e a apoiamos.
- Não pedi para me darem explicações, apenas venham comigo.

Nos olhamos receosos, mas não tínhamos alternativa senão acompanhá-la até seu escritório. Passamos por um apressado professor Flitwick indo limpar a sujeira e ela parou em frente à gárgula de pedra ao mesmo tempo em que tio George surgia com Ártemis, a deixando junto do nosso grupo. McGonagall cochichou a senha e a criatura se moveu, revelando a passagem. Ela nos indicou a escada com a mão e passamos sua frente. Mas assim que pisamos no escritório, o pouco sorriso que tinha no rosto evaporou por completo ao me deparar não só com meus pais, mas como os pais de todos nós plantados de pé na sala, nos encarando de cara feia. Agora sim, estamos ferrados.