Tuesday, June 16, 2009


Uma semana atrás...

- Todos abram o livro na pagina 394 – tio George falou por detrás da mesa - Vamos começar um capitulo novo hoje.
- Lobisomens? – Hiro comentou surpreso, já com o livro aberto – Não está cedo para estudarmos lobisomens?
- Fiz algumas alterações no cronograma, vamos começar a estudar criaturas mágicas no próximo ano e antes de entrarmos nessa área, quero que já tenham estudado Lobisomens.
- Mas já estamos quase de férias... – Jamal reclamou e muitos concordaram.
- Quase não quer dizer que já estão de férias, e é somente uma introdução. Página 394, Hiro, pode começar a ler?

Hiro assentiu com a cabeça e começou a ler o capítulo do livro sobre lobisomens. Já conhecia tudo que ele estava lendo e mesmo assim prestei atenção, mas era difícil manter a concentração com James Thurston cochichando do outro lado da sala e sufocando risadas. As coisas pioraram quando Hiro terminou de ler e tio George passou a comentar o que ele havia lido, nos instigando a debater sobre o assunto. James fazia um comentário idiota a todo instante, sempre tentando me atingir.

- Calma, Clara... – JJ falou cauteloso, vendo que eu contava baixo encarando James – Não vá estourar, é isso que ele quer.
- É, esse idiota só está tentando provocar você, quer que o ataque e ganhe uma detenção – Haley falou vigiando minha varinha.
- Sem contar que vai fazer a Sonserina perder pontos e já estamos pendurados com os veteranos... – Keiko lembrou da nossa cota de pontos perdidos.
- Não vou fazer nada – respondi ainda o encarando, mas meu sangue fervia – Não vale a pena.

James notou que o observava e deu uma risada sarcástica, erguendo a mão outra vez. Seus amigos já sufocavam as risadinhas antes mesmo que ele pudesse falar.

- Lobisomens são bestas, não são? – perguntou em tom de deboche e meus dedos apertaram a varinha. Ártemis segurou minha mão.
- Não, Sr. Thruston, lobisomens são bruxos ou trouxas que carregam uma maldição – tio George disse paciente – São seres humanos como todos nós.
- Mas o pai do Graham trabalha na Divisão de Feras do Ministério da Magia e disse que lobisomens estão entre as criaturas classificadas por eles, e ainda no nível XXXXX, que não são possíveis de domesticar. Se não se pode domesticá-los, são bestas ou feras. Certo?
- Dolores Umbridge classificava bruxos nascidos trouxas e isso não fez deles feras – não agüentei e falei alto, sem olhar para ele.
- Falou a filha do Lobisomem! – James provocou e alguns riram – É claro que você não concorda comigo, não me surpreende...

Respirei fundo e abaixei a cabeça, mas não consegui nem contar até 2 e já estava de pé, a varinha apontada para James. Falei o primeiro feitiço que me veio à cabeça e o atingi em cheio no peito, fazendo seu corpo voar por cima da mesa e cair do outro lado. Vinha agüentando aquele tipo de piadinhas há alguns meses e finalmente havia perdido a paciência. Na mesma hora todo mundo levantou e já prevendo que a confusão ia se espalhar, meus amigos sacaram as varinhas. Os grifinórios fizeram o mesmo e eles se mantinham uns na mira dos outros, sem poder fazer qualquer movimento. Estava tão possessa que ninguém nem tentou me segurar e corri para onde James estava jogado no chão, agarrando a gola de suas vestes antes que ele pudesse levantar.

- Filha do lobisomem com muito orgulho! – o ergui do chão alguns centímetros e pisei em cima de sua varinha, frouxa em uma das mãos – O meu pai é o máximo! Ele lutou com o próprio Voldemort nas duas guerras e tem figurinha nos sapos de chocolate. O seu também tem? Sei pai fez alguma coisa na vida, além de mimar você? Então pensa duas vezes antes de abrir a boca pra falar do meu pai! Fui clara, panaca?

Soltei-o outra vez no chão e ele recuperou a varinha, já apontando para mim. Aquele gesto fez com que nossos amigos descongelassem de suas posições e começassem a trocarem feitiços dentro da sala, enquanto eu duelava com ele. Via de relance tio George gritando da frente da sala, mas em vão, e quando um feitiço atingiu a janela e estourou uma vidraça, ele perdeu a paciência.

- SILENCIO! – foi a última coisa que ouvi, antes de perder a voz – Accio varinhas!

Minha varinha escapou da minha mão e olhei para o lado assustada, vendo mais de 20 varinhas voarem pela sala e pararem em cima da mesa do tio George. A turma inteira foi desarmada de uma vez só e ele bateu com um livro grosso em cima da mesa, causando um estrondo, e no mesmo instante todo mundo sentou. Ele fez um gesto rápido com a varinha e recuperamos nossa voz.

- Aonde vocês pensam que estão?? – ele gritou nervoso – Nem no clube dos duelos acontece isso! Vocês não são selvagens e nem estão na rua! Menos 50 pontos para a Grifinória e menos 50 pontos para a Sonserina! E as varinhas estão confiscadas até segunda ordem! – ele abriu a gaveta e jogou todas as varinhas dentro dela, trancando com um feitiço e pegando o livro novamente – Leiam, em silencio, o resto do capítulo sobre lobisomens. Quero um relatório de 2 rolos de pergaminho sexta-feira na minha mesa sobre ele. E o próximo que falar, perde mais 50 pontos!

Ninguém nem ousou respirar depois da bronca. Passamos o resto da aula lendo o livro e alguns já começavam a adiantar o relatório, mas ainda estava tão irritada por causa do idiota do James que não absorvi nenhuma linha. Só conseguia pensar nos 50 pontos perdidos e na carta que muito provavelmente minha mãe receberia. Daquela vez eu estava encrencada.


*****

Estava descansando do almoço no salão comunal quando Penny entrou correndo na masmorra, gritando que alguém havia pixado nossas paredes outra vez. Saímos todos correndo e se atropelando pela passagem secreta para ver e a mensagem era a mesma de quando eu pixei a parede para jogar a culpa os grifinórios. Meus amigos logo me olharam, mas neguei com a cabeça.

Estavam todos aglomerados em frente à parede suja de tinta vermelha e não tinha reparado que a diretora McGonagall já estava presente e conversava baixo com o professor Yoshi. Quando nos focalizou, pediu licença a ele e traçou uma reta até o nosso grupo.

- Todos vocês na minha sala, imediatamente – ela disse severa, apontando para na direção das escadas.
- Mas não fomos nós, diretora! – Haley falou apreensiva e a apoiamos.
- Não pedi para me darem explicações, apenas venham comigo.

Nos olhamos receosos, mas não tínhamos alternativa senão acompanhá-la até seu escritório. Passamos por um apressado professor Flitwick indo limpar a sujeira e ela parou em frente à gárgula de pedra ao mesmo tempo em que tio George surgia com Ártemis, a deixando junto do nosso grupo. McGonagall cochichou a senha e a criatura se moveu, revelando a passagem. Ela nos indicou a escada com a mão e passamos sua frente. Mas assim que pisamos no escritório, o pouco sorriso que tinha no rosto evaporou por completo ao me deparar não só com meus pais, mas como os pais de todos nós plantados de pé na sala, nos encarando de cara feia. Agora sim, estamos ferrados.