Tuesday, August 11, 2009


Agosto de 2012
Por Haley McGregor Warrick

As férias não podiam estar melhores este ano. Como eu me comportei exemplarmente na escola...quer dizer, mais ou menos, não fiquei de castigo e pude viajar até a casa da tia Morgan, nas Ilhas Hébridas e consegui ver um filhote de dragão negro sair do ovo. Foi lindo!
Tio Carlinhos deixou eu escolher o nome e ele se chama Beethoven. Claro que ele não tem a suavidade do músico, mas ele tem o carisma, e foi isso que me inspirou. Como é ano de Olimpíadas em Londres, todos os meus amigos e eu, vamos poder assistir os jogos, e nos intervalos nos divertírmos juntos, jogando videogame, na piscina do hotel ou salão de jogos.
Num dia em que os meninos iriam assistir luta greco romana e levantamento de peso, Brianna que estava de folga de seu trabalho como modelo, nos convidou para sair pela Londres trouxa para passear. Convidamos Rebecca também no que seria um típico programa de garotas.

o-o-o-o-o-o-o

-Nós vamos até Knightsbridge, fazer compras na Harvey Nichols e nas outras lojas que tem por lá. - disse Brianna, e Lizzie só faltou levitar de tão animada que ficou, e Ethan provocou:
- Claro, com tanta coisa interessante para se ver em Londres, você vai ensinar às meninas, o quão importante é o sapato e a bolsa certa para um encontro. Muito educativo.
Meu irmão Ethan e nossa prima Brianna, foram muito amigos quando crianças, mas em algum momento brigaram e desde então vivem se provocando para discutir por qualquer coisa.
- Você não reclamou quando comprei um presente para tia Alex, em julho....Um par de sapatos divinos, se não me engano.
- Foi o Brian que comprou...- meu irmão começou a dizer e Bri o interrompeu:
- Por favor, Ethan, até mesmo você sabe que o máximo que Brian entende de compras é como sacar o talão de cheques sem rasgar. Então Haley pode ir? Caso não saiba, tia Alex já autorizou. - e segurei o riso ao ver que Ethan apertava os olhos irritados para minha prima, se dando por vencido. Quando estávamos saindo, meu irmão disse cínico:
- Brianna...Os sapatos não foram um presente para minha mãe. - e percebemos Brianna arfar surpresa, antes de continuar andando para a saída. Posso jurar que aquele brilho nos olhos dela, eram lágrimas, mas ela disfarçou falando sobre todos os lugares que nos levaria.
O primeiro lugar foi um galpão enorme chamado Harvey Nichols, onde naquele dia haveria uma liquidação. Claro que os olhos de Keiko e Lizzie brilharam, como se elas houvessem ganhado sozinhas na loteria bruxa, eu, Clara e Ártemis não somos tão fanáticas por compras, mas como estávamos de férias e juntas, tudo acabava se tornando divertido.
O local estava lotado de mulheres de todas as idades doidas para comprar artigos de marcas famosas, por menos da metade do preço, então quando vimos Lizzie pegar uma bota e do outro lado uma garota pegar o outro pé, percebemos que aquilo ia dar problema. A garota não queria soltar o sapato e Lizzie e também não, já que segundo ela (Lizzie) tinha visto primeiro. As duas começaram a discutir e a puxar o sapato de um lado a outro, acenei para minha prima que estava no outro lado para intervir, e antes que Brianna e Rebecca chegassem perto, a garota puxou o sapato desequilibrando Lizzie, mas ela não soltou, indo para cima da garota e as duas rolaram pelo chão, disputando o sapato. Claro que isso não atrapalhou as outras de continuarem fazendo compras, ninguém ajudou a separá-las. Lizzie deu uma cotovelada no estomago da garota e levantou balançando os sapatos. E foi cômico ela sacudindo as botas no ar e dizendo triunfante:
- São minhas! São minhas!Minhas!- juro que só faltou a gargalhada maligna.
E quando uma outra mulher mais velha tentou pegar a echarpe que Keiko escolheu para tia Yulli? Nunca vi uma garota rosnar tão ameaçadoramente quanto Keiko...Ou melhor já vi sim, quando minha mãe experimentava roupas numa loja em Paris, e a vendedora cometeu o desatino de oferecer um número maior para ela.
Claro, que Brianna também nos levou a Camdem Town, e havia inúmeros brechós, e lá encontramos camisetas de times de futebol de colecionador, que nos animou e compramos algumas para JJ, Jamal, Julian, Hiro, Rupert e porque não...Justin, Le babaquê, também fomos ate Portobello Road e Kensigton Church Street, para comprar antiguidades por preços incríveis...
Óh! céus, acabei de falar como a Kika, quando viu a placa pague um e leve dois, numa das lojas rsrs. Acho que os delírios de consumo, são contagiosos.

Naquela noite, nos reunimos todos para jantar no Fifteen, o restaurante de um chef famoso, que tem programas na televisão e já nos conhecia, o que foi a nossa sorte, porque nós, praticamente lotamos o lugar. Edward havia aparecido e se juntou a nós, deixando a noite mais interessante.
Tio Gabriel, chocou todo mundo, e levou a sua noiva, Madeline, e ela já tem um filho, lindo chamado Evan, e não tinha quem não se apaixonasse pelo garotinho, ele era super inteligente. Isso foi um choque para nós, os sobrinhos que nem sabíamos que tio Gabriel estava namorando alguém, mas depois tanto Ty, quanto Griff e Miyako zombavam muito dele, querendo saber se ele já havia contado a novidade para tia Louise.

Estávamos rindo muito com Kika contando as peripécias das meninas, e o tal Justin praticamente babava, vendo minha amiga contar suas aventuras, quando percebi uma mulher de origem hispânica, do outro lado do restaurante olhando ao redor preocupada. Observei-a por algum tempo quando nossos olhares se encontraram. Ela me olhou e começou a vir até a mesa. Pedi licença, e fui até o banheiro, e vi que a mulher me seguia, mesmo tendo que atravessar as pessoas em seu caminho.
- Você pode me ver? - ela perguntou tensa.
- Sim, eu posso.
- Graças a Deus! Eu tento falar com estas pessoas, mas ninguém fala comigo...
Depois de conversar com ela e descobrir que ela havia morrido há pouco, e que ela queria que a família olhasse dentro de um vaso onde ela havia guardado dinheiro para os netos. Saí do banheiro e vi que todos ainda estavam distraídos conversando. E o endereço dela era próximo do restaurante, optei por sair sem incomodar ninguém. Andei até uma cabine telefônica, e liguei para a família com o numero que ela havia me dado. Ah, se todos os fantasmas fossem assim tão prestativos.
Óbvio que neste caso, tive que ligar duas vezes, porque as pessoas não acreditaram nas mensagens, mas depois de dizer algo que só o morto sabia, eles me escutaram. Terminei a ligação quando soube que eles encontraram o dinheiro e senti que a mulher havia seguido em frente, e quando sai da cabine...
- Veio ligar pro namorado?- e era Justin, parado perto e veio andando até mim.
- Eu quase morri de susto. Enlouqueceu?
- Você é quem pirou, vindo até aqui sozinha a esta hora da noite. Espero que seu namorado valha a sua vida.
- Para começar não vim telefonar para nenhum namorado...
- Ah, então você está encalhada, entendo...
- Não sou encalhada....Aliás, o que você veio fazer aqui? Kika parou de lhe dar atenção e você veio me incomodar??- achei que ele fosse negar, mas disse:
- É... por aí. E também estava ficando cansado com toda aquela coisa de compras.
- Não deixe Kika ouvir isso, vai perder pontos com ela. - disse enquanto voltava para o restaurante, e ele andava do meu lado, de forma irritante.
- E com você?
- O que tem eu?- tive que olhar para cima par falar com ele.
- O que faço para ganhar alguns pontos com você?- ele perguntou e me segurando pelo braço e se aproximando:
Olhei para o local onde a mão dele me segurava e perguntei rindo sarcástica:
- É alguma pegadinha? Porque nós não vamos com a cara um do outro.
- E porque não vamos um com a cara do outro?
- Talvez porque você seja arrogante, presunçoso, e pense que todas as garotas gostam do estilo ‘lenhador’ de asfalto. - acho que o ofendi porque ele respondeu:
- Talvez não nos demos bem, porque você goste de bancar a princesinha, irresponsável, metida, convencida. Procuro me convencer que você age assim, só porque é bonita, depois vejo que é o seu jeito mesmo, coisa típica de garotinha mimada.
- Olha aqui seu bocó, eu não sou mimada. Você veio atrás de mim porque quis, não o chamei aqui. Na realidade não sei o que o Julian vê em você, para serem tão amigos, já que vocês são totalmente diferentes. - puxei meu braço com força e queria dar-lhe um bom soco, mas antes que eu fizesse algo, Ethan, abriu a porta:
- Hey, maninha, onde você estava?....Justin, o que faz aqui?- e meu irmão olhou curioso para o garoto. Na hora até visualizei a cena após as minhas palavras:
- Ele me magoou me chamando de garota mimada, e apertou meu braço, Ethan...- e ai eu derramaria algumas lágrimas....E Ethan ia dar uma tremenda bronca no garoto, talvez uns cascudos e...
A quem eu quero enganar?? Ethan sabe que se um garoto me ‘magoar’, eu arranco o couro dele. Melhor tirar aquele brilho especulativo dos olhos de meu irmão, antes que ele diga a todos que eu estava ‘ocupada’ com o idiota do Justin. Antes que eu falasse, o índio foi mais rápido:
- Ela foi telefonar, e eu fiquei de olho, já que está tarde e a vizinhança pode ser perigosa para uma garota sem juízo.
- Garota sem juízo??Ora, seu...besta!- ele entrou rápido para dentro restaurante, enquanto Ethan me segurava e ria:
- Você sabe que ele te provoca de propósito e você cai na pilha dele, Haley.
- Porque ele é tão idiota assim? Não entendo...- comentei e Ethan parou de rir e me olhou sério:
- Você não entende mesmo porque ele age assim?- eu acenei positivamente.
- Bom...Talvez ainda não seja a hora de você entender porque alguns de nós agimos de forma tão estranha com algumas garotas. - disse enigmático e me puxou para o restaurante e Justin sequer olhou para o meu lado. É, realmente eu não entendo qual é a dele.