Monday, January 18, 2010

Eyes of the wolf

Memórias de Artemis Arashi Capter Chronos e de Mina e Luthien Lovegood Chronos

Visão das Gêmeas


- Muito bem, queridas, prestem atenção no que vou falar.
- Sim, pai. – Mina e Luthien responderam, enquanto Seth se ajoelhava diante delas. Luna estava sentada no sofá ali perto.
- Assim que atravessarmos essa lareira, vocês estarão em Hogwarts, diante de uma miscelânea de novos cheiros e sensações. Do outro lado da lareira estará nos esperando o Professor Benjamin O’Shea, Vice-diretora da Escola e amigo nosso, está bem? Não preciso pedir, pois sei que sabem se controlar, e quero que comecem a se acostumar com isso. Haverá dezenas de novos sons, muito barulho, muitos cheiros. Hogwarts é um castelo vivo, entenderam?
- Claro, papai. – Falaram as duas gêmeas.
- Elas vão se comportar, não é mesmo queridas? – Luna falou, beijando cada uma de suas filhas, para depois beijar o marido com carinho e entregar a eles uma sacola. – Pendurem isso pela sala, sempre funcionou com seu pai e com vocês, vai ajudá-la a se manter controlada, é calmante! E essa roupa é para ela vestir durante o treino, imagino que quando ela vira lobo, puf, as roupas não caibam.
- Obrigado, querida. – Seth falou sorrindo, beijando Luna novamente. – Vamos, filhas? – Mina e Luthien assentiram, beijando a mãe mais uma vez.
- Seth, não as deixe pensar demais nessas coisas, você sabe que elas ficam entusiasmadas demais com caçadas... Se elas não dormirem a noite, você que cuida! – Luna falou.
- Sim. Vamos... Digam Hogwarts! – Seth falou, jogando o pó de flu na lareira.

....

- Ah, Seth! E suas filhas encantadoras! Lembro como se fosse ontem quando fui visitar vocês e a Luna no hospital. – tio Ben falou quando Papai saiu de dentro de sua lareira, sendo acompanhado por nós, que batíamos o pó da roupa. Ele era um homem muito alto e com rosto um pouco sério, porém gentil, e vimos a animação com que papai apertou sua mão – Vocês duas são lindas, parecem cópias de sua mãe. Mas possuem o seu tipo de olhar, Seth, sereno, mas profundo.
- Obrigado, tio Ben, fico feliz de nos considerar tanto. Elas são muito parecidas mesmo com a Luna. É um prazer estar de volta.
- São realmente encantadoras. – O professor falou, enquanto recebíamos um olhar de papai, “controlem isso também”, sentimos sua mensagem mental.
- Ben, posso ir até o salão principal visitar minha irmã e meus sobrinhos? Quero que as garotas comecem a se acostumar.
- Claro, irei acompanhá-los, já devem estar jantando. Seth, eu mandei reabrirem as passagens para a Casa dos Gritos, imagino que lá será o melhor lugar para as aulas.
- Perfeitamente, lá poderemos treinar sem correr o risco de alguém olhar ou ouvir. E reacender a velha lenda de assombração não fará mal a ninguém.

O Professor O’Shea nos guiou através da escola, conversando com papai sobre as coisas do passado, de quando ele estudara ali. Nós duas conversávamos mentalmente, olhando tudo com atenção e maravilha. Hogwarts era um lugar único com certeza, cheia de vida e alegrias. Havia diversos tipos de cheiro, diversos tipos de sons e diversos tipos de sensações. No início nós ficamos atordoadas, surpresas com tantas emoções, mas quando nos acostumamos, era tudo muito novo e maravilhoso. Sentimos com prazer que conseguíamos nos controlar, mesmo quando captamos o cheiro de sangue das enfermarias. Descemos por uma escada suntuosa, até chegar ao Grande Salão.


Visão de Artemis

- Arte, me diz uma coisa, por que parece que suas sobrinhas são tão rígidas? Eu sei que elas são alegres, pois cresci com elas, mas geralmente são tão caladas.
- Elas foram criadas pelos Tios Seth e Luna, era inevitável serem assim. – Haley falou, rindo.
- Tem isso também. – Falei rindo. – Mas é porque elas precisam aprender a se controlar desde pequenas. Vocês todos sabem que elas são vampiras. – Falei, fazendo Tuor engasgar.
- Então é verdade, os Chronos têm vampiros como aliados? – Ele perguntou, mostrando curiosidade e admiração.
- Francamente, Viking, seus pais trabalham no Ministério e não sabe disso? – Julian falou, fingindo superioridade. Há poucos meses ele achava que vampiros eram de mentira.
- Ah, Corvo, você também descobriu há pouco tempo! – Keiko falou, implicando com ele.
- Tuor, depois te conto a história ta? Mas voltando... Minhas sobrinhas são meio-vampiras, então elas precisam de um controle absurdo sobre o lado vampírico delas. Seth as treinou desde pequenas para isso. Por isso o Kung Fu, a meditação e tudo mais. Elas precisam de tudo isso por diversos motivos: para não atacar qualquer um, para resistir ao cheiro de sangue, para controlar o lado vampírico, para controlar sua força, para controlar a atração que elas causam nas pessoas e, principalmente, para controlar a própria sanidade e consciência...
- Eu lembro quando elas nasceram, pareciam dois anjinhos, todos babavam, literalmente. – Hiro vasculhou suas memórias de infância.
- Vocês vão ver quando elas chegarem, todos não vão tirar os olhos delas. – Falei rindo, imaginando todos encantados pelas minhas pequenas sobrinhas.
- Mas e quanto à dieta delas?! – Tuor perguntou curioso novamente.
- Ué, sangue. E comida normal é claro. Elas precisam de sangue para continuar controlando seus poderes inclusive.
- Mas elas bebem de quem? – Ele perguntou meio amedrontado.
- Depende... Meu irmão controla muito bem isso, pois elas não podem beber de qualquer um. Ao menos por enquanto, imagino que dentro de alguns anos, elas vão caçar também.
- Caçar? – Ele perguntou novamente.
- Caçar bruxos das trevas, bandidos, criminosos em geral. É como eles se alimentam... – Falei dando de ombros, pois já estava acostumada com isso, assim como todos eles, com exceção de Tuor e Julian, que não deixaram de engolir em seco.
- E Arte, por que elas não bebem do sangue do Tio Seth? Sempre vejo a Tia Luna ou você doando sangue e tudo mais. – JJ perguntou.
- Porque quando um vampiro bebe sangue, ele não bebe apenas o sangue, mas ele absorve também lembranças e memórias. Isso é intensificado quando o sangue provem de um vampiro, dando origem ao fenômeno de Herança, quando todos os poderes e lembranças do vampiro morto incorporam no outro vampiro. Por isso elas só bebem sangue da mãe, que as gerou, e meu, que é, digamos, compatível, com elas. Agora imaginem se elas bebessem sangue do Seth? Tentem imaginar quantas décadas de memórias elas absorveriam e quantos poderes também! Elas ficariam malucas!
- Com certeza, seu irmão está certo em não querer isto. – Clara falou, pensativa. Nesse momento, Chronos me avisou que eles haviam chegado e pouco tempo depois as portas do Salão se abriram, e vimos tio Ben entrando com meu irmão e minhas sobrinhas.
- Eu falei. Tuor, fecha a boca, elas tem só 8 anos... – Falei rindo, fechando a boca dele.

Era engraçado ver a reação que Luthien e Mina causavam nas pessoas que não estavam acostumadas a elas. Todos no salão, de qualquer idade ou sexo não conseguiam tirar os olhos das duas pequenas garotas loiras e de olhos verdes e azuis, com exceção de meus amigos que cresceram com elas. O quarteto se dirigiu a onde estávamos sentados, e eu corri para abraçar Seth.

- Bem vindo, maninho.
- Ola, Luna, como está?
- Melhor agora que vocês chegaram. – Eu falei, ganhando um beijo na testa e um abraço forte de minhas sobrinhas.
- Fique com elas então, Ben me convidou para jantar com ele e os professores. Nos vemos mais tarde.
- Tudo bem, vamos garotas? Tem um amigo novo pra vocês... Não se importem com o olhar de bobo dele, ele é sempre assim. – Falei para as duas, alto o suficiente para que Tuor ouvisse. Minhas sobrinhas sentaram-se entre nós e começaram a conversar normalmente com todos e rapidamente suas risadas eram ouvidas por todos. E, devo dizer, apreciadas.

....

- Muito bem, minha querida, está pronta para começarmos? – Seth perguntou para Clara que estava empolgada, e eu sabia, nervosa também. Olhávamos ao redor, maravilhados por estar na famosa Casa dos Gritos e curiosos com as diversas ervas que Luna mandou para que espalhássemos pelo local.
- Claro, tio! – Ela falou alegre, olhando em volta.
- Que bom... Primeiro... Eu não permitirei que seus amigos fiquem na sala, nem mesmo a Arte.
- Ahn?! Por quê?! – Clara perguntou rapidamente, sendo ecoada por todos nós. – Você falou que eles me ajudariam a me acalmar.
- Sim, eu sei o que falei. Mas eu pretendo forçar seu lado lobo para fora, isso pode ser perigoso. As gêmeas estão aqui por causa disso, ainda não conheço a força de seu outro lado. Elas me ajudarão a contê-la. – Meu irmão falou, indicando minhas sobrinhas, que estavam sentadas calmamente, olhando todos ao redor, enquanto seus pés balançavam acima do chão. Clara também olhou para elas e sorriu, sem muita alegria, imaginando se elas duas conseguiriam segurá-la.
- Er... Tem certeza, tio?
- Nós somos capazes. – Mina respondeu calmamente, enquanto sorria.
- Somos mais fortes do que você imagina. – Luthien falou e eu tive que concordar. Treinar Kung Fu com elas era doloroso... Muito doloroso.
- Muito bem, meus caros, gostaria de pedir que voltassem ao castelo. Ben irá levá-los até lá.
- Ah, Seth! Por favor! Nós ficaremos quietos! – Eu falei, fazendo manha.
- Tio, por favor! A gente promete que não fala nada! – Keiko falou, sendo imitada por Hiro, JJ, Haley, Julian, MJ e Jamal.
- Nada disso, há uma lição importante também a ser aprendida, ela deve aprender a se acalmar sozinha, sem a ajuda de vocês. Fora que vocês irão dificultar sua concentração. Nada de “mas”! – Seth falou já nos olhando com olhar atravessado. – E será perigoso.
- Chronos nos protege! – Eu usei meu último argumento, sabendo que meu irmão não aceitaria.
- Quer parar de ver o Chronos como seu guarda-costas? Não. Saiam antes que eu tenha que carregá-los no colo. E vocês sabem que eu faço isso! E ainda levarei cada um em seus dormitórios, querem? – Seth falou, com um sorriso malvado no rosto, nos fazendo recuar. Apenas Julian não passara pela humilhação de ser carregado por ele, enquanto oito crianças se debatiam tentando fugir... Na verdade nós adorávamos, mas era humilhante com certeza.

Não tivemos outra escolha a não ser aceitar e saímos da Casa dos Gritos pela passagem secreta do Salgueiro Lutador, onde tio Ben já nos aguardava, para ter certeza que voltaríamos para nossos dormitórios. A Clara vai ter que nos contar tudo! Por favor, que ela se lembre de quando estiver como Loba!


Visão das Gêmeas

Papai guiou os nossos primos e amigos para a passagem que levava para o Salgueiro Lutador e nos deixou sozinhas com Clara.
- Meninas, seu pai é muito rigoroso? Eu sei que sim, mas quero dizer no treino!
- Ele é sim, mas não se preocupa, ele tem coração mole. – Mina falou rindo.
- Vai nessa, mamãe conta que quando ele deu aula para ela e os amigos, ele fez eles terem pesadelos! – Luthien falou, fazendo Clara ficar pálida.
- Não a assustem, ela já está nervosa o suficiente. – Papai falou, voltando à Casa e passando a mão nos cabelos de Clara, para se ajoelhar diante dela. – Clara, querida, não precisa ter medo e nem ficar nervosa está bem? Alguma vez eu já te deixei com medo ou fiz algo para você?
- Nunca!
- Então, eu nunca faria algo que te machucasse. Você é minha sobrinha praticamente, e amo muito você e todos de sua família, que é minha também. E você é irmã do meu melhor amigo, que acaba de se casar, acha que eu o privaria de sua linda e calma irmã? Eu tenho dentes alvos, mas não mordo! – Papai perguntou, sorrindo e Clara relaxou, rindo também.
- Tudo bem, eu confio em você tio.
- Muito bem. Deixe-me lhe explicar algumas coisas. Na aula de hoje, eu ensinarei pouco a você, pois a usarei para conhecer melhor o seu outro lado. Clara, lembre-se sempre disso, pois é algo importante, para se ter o controle de algo, você precisa conhecê-lo. Por isso hoje eu forçarei seu lado lobo para fora, para que eu possa ver o quão forte ele é, o quão poderoso. Depois, eu começarei a te mostrar como conhecer esse lado, para enfim controlá-lo. Quando você for capaz de controlar suas transformações e seu outro consciente, eu ensinarei você a controlar esse dom. Pois eu acredito que ele seja isto, um dom.
- Um dom? – Clara perguntou, meio confusa.
- Tudo pode ser visto como um dom, até mesmo nosso vampirismo. – Papai explicou levantando-se e abraçando nossos ombros. – Se for usado de forma correta e adequada. Essas aulas são importantes não apenas para você, mas para Luthien e Mina também. Elas estão em um nível semelhante ao seu, pois são capazes de se controlar e não liberar o outro lado. Porém, elas conseguem fazer isso com mais facilidade e perfeição que você.
- Muito melhor com certeza! – Ela respondeu, rindo e piscando para nós, que também sorrimos.
- Sim, sim. Mas vocês três ainda estão longe de controlar seu outro lado. O seu estado e o nosso estado são semelhantes. Ambos somos tomados por uma outra consciência que move nossos corpos e nos leva a fazer coisas que não faríamos normalmente. Ambas são entidades movidas por instinto, como medo, fome, raiva, sobrevivência, mas a diferença entre nós reside justamente nisso. Os seus são instintos animais, bestiais, sem ofensas.
- Tudo bem, já me acostumei com isso. Eles me chamam de Lessie agora! – Clara falou dando de ombros. Nós notamos que papai já começava a testá-la e ele ficara feliz ao ver que ela não reagira instintivamente.
- Certo... Os seus são instintos de sobrevivência, sem malícia, inocentes e comuns. Porém, nosso outro lado, que chamamos de lado negro, é um ser de pura maldade, cheio de malícia e crueldade. A melhor descrição para ele é a loucura e a crueldade. Esta é a principal diferença entre nós. Mas você e minhas filhas serão capazes de controlar o outro lado de vocês. Ao final dessas aulas, eu prometo a você que levarei vocês três para um passeio na floresta. – Papai falou com um sorriso nos lábios e vimos o brilho do interesse nascer nos olhos de Clara ainda mais.
- É sério, tio?!
- Sim, prometo. Levarei você em sua forma lobo para correr pela floresta. Considere como um estímulo!
- Não vejo a hora! Já estou mais do que estimulada!
- É assim que eu quero. Eu acredito que o que falta para você controlar seu lado lobo é treinamento, pois há algo que me intriga em sua transformação. Você deveria encarnar um lobo completo e a partir do momento que se torna-se um lobo, deveria perder a consciência humana. Porém, pelo que me falaram, quando você se transformou, você primeiro protegeu suas amigas e não as atacou, para depois fugir. Por que você não correu atrás delas?
- Eu não sei... Eu não me lembro direito.
- Quando souber controlar seu lado lobo, você se lembrará. Ai que está, você de alguma forma conseguiu controlar o lado lobo, pois preocupava-se com suas amigas...Bom chega de falar, já estamos quase no final da aula.
- Já?! – Clara perguntou, surpresa, e nós também.
- O tempo voa! Querida, essa roupa foi mandada pela sua Tia Luna, ela fez para você, é uma roupa mais larga e simples para que quando se transformar, não danificar suas vestes atuais. As meninas vão ajudá-la a se trocar, eu aguardarei do lado de fora. – Papai falou, entregando o embrulho para Clara.

Papai saiu do quarto e ajudamos Clara a trocar de roupa. A roupa que mamãe fez para ela consistia em um pedaço de pano branco, simples, porém confortável, e bem longo, parecendo algum tipo de camisola, e ela ficaria descalça. Quando ela estava pronta, chamamos papai.

- Excelente. Podemos começar? Clara, eu vou forçar seu lado lobo para fora, para isso eu mexerei na sua mente. Eu a protegerei do que vou causar, e não olharei nada, eu juro. Não verei seus namorados. – Papai piscou e Clara sorriu, vermelha. – Vamos começar.

Papai então começou a encarar Clara, que parecia desconfortável, porém não desviava os olhos dos dele. Os olhos de papai se tornaram vermelhos e Clara pulou de susto, mas manteve-se no lugar. Então foi nossa vez de ascendermos os olhos, assustadas, pois papai começou a emanar um instinto assassino gigantesco, que nos pegou desprevenidas. Se um vampiro a um raio de pelo menos 1 quilômetro dali, ele sentiria muito medo.

Mesmo em sua forma humana Clara captou aquele instinto e começou a olhar em volta, parecendo assustada e acuada. Nós podíamos sentir papai mexendo com a mente dela, provocando o lado lobo. Seu instinto assassino começava a ficar ainda maior quando pareceu que Clara perdeu a consciência, ficando de pé, porém sem nada perceber.

Ela se afastava, e quando ficou acuada contra a parede, olhou para papai com brilho nos olhos. Papai a encarava ainda mais, forçando seu outro lado para fora, e até mesmo nós precisávamos nos controlar com mais força.

- Vejam só, ela realmente está controlando bem a transformação. Apesar de sua consciência humana já ter caído no subconsciente, ela ainda não se transformou Ela está de parabéns, controlando-se perfeitamente, mas falta pouco agora.

Papai então praticamente ameaçou-a, tamanho seu instinto assassino. Foi então que aconteceu. Começou levemente, com as mãos dela tremendo lentamente. Depois os braços começaram a tremer, e por fim todo seu corpo tremia fortemente. Papai mostrou as pressas e deu um passo a frente, ameaçando-a mais. Nesse momento, apenas nossos olhos nos permitiram ver, pêlos surgiram por todo seu corpo em uma velocidade enorme e ela pareceu estourar em uma nuvem de pêlos.

E diante de nós estava um gigantesco lobo. Ele era maior do que papai e o encarava com olhos cheios de raiva e de medo.

- Eu estava certo, ela consegue mantê-lo sob controle por pouco tempo... – O lobo começou a rosnar. – Luthien, Mina, uma de cada lado, agora!

Nós obedecemos imediatamente e cada uma de nós saltou à frente, segurando cada braço do gigantesco lobo. Ele tentara morder nosso pai, e sua mandíbula abria e fechava a centímetros dele, que sequer se mexia. Nós duas agora estávamos com os olhos rubros e as pressas à mostra, segurando o imenso lobo, que parecia não nos notar, devido ao instinto de papai. Ele era realmente forte e precisávamos fazer força para mantê-lo seguro, mas conseguíamos. O lobo latia e uivava, sua imensa mandíbula ainda tentando morder papai e seus braços tentando atacá-lo.

- Afastem-se. – Papai falou, e pulamos para longe, com facilidade. O lobo colocou-se sobre quatro patas e encarou papai, preparando-se para saltar.

Papai manteve-se parado, com seu instinto assassino ainda ativo. O lobo saltou contra ele, cortando o ar com as garras, mas papai desviou com facilidade. O lobo derrapou no chão e pulou novamente, e quando papai saltou de lado, ele esticou o pescoço para mordê-lo, fazendo papai saltar de lado novamente. O lobo pulou contra ele novamente e dessa vez papai segurou suas garras. O impacto do choque fez a casa tremer levemente, mas papai conseguiu segurá-lo, e o jogou para longe novamente. O lobo pulou no ar, mas longe de papai e começou a atacar o ar às cegas, destruindo a mobília e as paredes.

- O que houve? – Luthien perguntou.
- Eu a coloquei dentro de uma ilusão, ela está tentando me acertar agora. Quero ver quanto tempo ela consegue manter esse lado lobo em um ataque. Vamos esperar ela cansar. O lado lobo dela é inteligente e astuto, além de forte e rápido, mas está sem treinamento. Se ela treinar, ela pode aumentar ainda mais sua força e velocidade.

Demorou pelo menos uma hora para Clara ficar cansada, e a todo momento ela atacava com ferocidade o ar, atacando um Seth invisível. Após esse tempo, o lobo parou, cansado e arfando, olhando em todas as direções, caindo no chão de cansaço, deitado sob as patas. Lentamente seu pêlo foi agitado, lembrando um vento, e os pêlos começaram a desaparecer, fazendo nossa prima ressurgiu de onde antes estava o imenso lobo. A roupa estava em farrapos, mas ainda a cobria, e papai foi até ela e a cobriu com sua capa, levantando-a no colo.

- Meninas, troquem a roupa dela e coloquem a que ela estava usando, depois vamos voltar para o castelo, já é madrugada.

Nós trocamos a roupa de Clara, ainda inconsciente de exaustão, enquanto papai saia do quarto. Depois ele voltou e a pegou no colo e voltamos pela passagem do Salgueiro, onde o tio Ben e o Tio Yoshi nos aguardavam.