Tuesday, May 18, 2010 Avalon Parte 2 - Secrets of the Island O treino seguinte foi com certeza um dos mais estranhos desses que eu tinha tido até agora. Clara iria me acompanhar, e não apenas isso, ela treinaria lá também, junto de papai e de minhas sobrinhas. Nós duas ficamos excitadas de ver nossos treinos finalmente. Mas o início do treino em si já foi diferente. A barca chegou silenciosamente à margem do lago de Glastonbury como sempre, e todos subiram a bordo, comigo na ponta da barca. Comandei que ela seguisse em frente, e ela navegou lentamente na direção do centro do lago. Mas de acordo com que nos aproximávamos do centro, notei como as gêmeas estavam inquietas, olhando em todas as direções, assustadas. Seth também não estava bem e encarava as brumas com um olhar estranho, que eu jamais vi no rosto de meu irmão. Era medo. E então a barca parou. E as brumas tornaram-se cada vez mais densas, em vez de abrirem-se diante de mim e fiquei nervosa. Então, Seth ficou de pé ao meu lado, encarando as brumas. Seu olhar agora era de pavor e respeito. Luthien e Mina estavam agarradas a mamãe e a Clara, tremendo de pavor. Nem Clara nem Mamãe entendiam, mas sentiam algo de diferente no ar. - Há uma mulher nas brumas. Ela não me deixará passar. E diz que se eu avançar. – Ele engoliu em seco, a voz tremendo. – Ela irá me destruir, e não está brincando. - Estou com medo vovó. – Ouvi, Mina falar. Isso me deixou irritada, pois ver minhas queridas sobrinhas assim era de me matar. - Não estamos vendo nada. – Clara comentou e mamãe respondeu. - Só porque não podemos ver, não significa que não há algo ali, Clara. - Chronos, o que houve? – Eu perguntei, e ele surgiu ao meu lado. Seus olhos estavam dourados, indicando que usava seus poderes. Eu tentava comandar as brumas, mas elas não se moviam, e tornavam-se cada vez mais densas. - É a barreira de Arturia. Nenhuma criatura das trevas jamais pisou em Avalon e ela não deixará vocês entrarem. Sei que não são malignos, mas há trevas em vocês. - Não pode fazer nada? – Clara perguntou, abraçando Luthien. Seth continuava de pé ao meu lado, pronto para revidar o que quer que acontecesse, para proteger suas filhas e sua família. Mas notei que ele não acionava seus poderes de vampiro, com medo de propagar algo ruim. - Ela não deixará vocês passarem. Ela não os atacou ainda porque sente que estou aqui, assim como vocês. – Ele falou, indicando a mim e a mamãe. – Vocês são seres de muita luz e ela sabe disso. Arte, preste atenção. Arturia a reconhece como uma de suas filhas, uma sacerdotisa, e por isso você pode abrir as brumas. Mas ela não permitirá que vampiros toquem o solo sagrado. - Eu não vou sair daqui sem que eles entrem! – Eu falei, decidida, e senti o ar tremer. Chronos sorriu. - Há um único jeito: esse é o teste final. Você deve ser capaz de subjugar a vontade de Arturia e torna-se a verdadeira dona e sacerdotisa de Avalon, para que as brumas obedeçam completamente a você, e então qualquer um que você desejar poderá entrar nas ilhas. E ela gostaria de falar com você. - E como faço isso? – Assim que perguntei isso, porém, eu entendi, e tudo ficou silencioso, não mais ouvia nada. Fechei os olhos e me concentrei em Avalon e nas brumas. - Arturia, Mãe. – Eu chamei. Então, fui envolvida pelas brumas em um redemoinho. O vento batia em meu rosto e minhas vestes com velocidade, mas com carinho e não hostilidade. Quando abri os olhos não me surpreendi por estar vestindo as vestes de sacerdotisa. E diante de mim estava a lendária Arturia, e entendi porque ela era lendária. A energia que ela possuía, a força que emanava dela, toda sua aura era nobre e poderosa. Ela parecia-se comigo e com mamãe, mas ela era de uma beleza estonteante. Era um mais alta do que eu, com cabelos dourados até a cintura, trançados com firmeza. Seus olhos eram azuis, e tinham no fundo deles uma luz branca. Tinha um corpo desenvolvido e belo. Seu sorriso era gentil e idêntico ao de Chronos, transmitindo a mesma aura de bondade. Mas ela também tinha uma poderosa aura de poder e respeito, ela era uma líder nata. Ela vestia exatamente a mesma roupa que eu, uma vez que eu conjurara a vestimenta de sacerdotisa dela na minha primeira noite em Avalon. Ela porém tinha uma bainha na cintura, uma linda bainha azul enfeitada com pedras e letras antigas. - Olá, Artemis, minha filha. – Ela falou, seu sorriso tranqüilo. - Olá, Arturia, minha mãe. – Eu falei, fazendo uma reverência. Ela fez um muxoxo com a boca e senti mãos me levantando, assustando-me ao vê-la diante de mim. - Não deve se curvar para ninguém, não uma de minhas Herdeiras. – Ela falou, com força. – Eu queria muito falar com você. - Bastava me procurar, não precisava ameaçar a minha família. – Eu falei, deixando mais hostilidade do que pretendia na voz. Ela sorriu ternamente. - Não culpo você. Mas não posso permitir que seres das trevas entrem em meus domínios. – Seus olhos brilharam enquanto falava. - Eles não são perigosos, são minha família. Sua família. Mina e Luthien são suas herdeiras também. - Eu sei disso. Mas Avalon tem muito poder. Não permiti que entrassem para protegê-los. Eu criei Avalon em uma época em que a Bretanha, o Mundo na verdade, era muito mais duro e difícil. As trevas estavam em todos os lugares. Não permitiria que entrassem em minha capital. - Isso mudou agora. - É o que você pensa. - Deixe-os entrar, por favor, são nossa família, são seus filhos. Há trevas em todos os seres. Há trevas dentro de mim, de você. – Eu falei e vi seu olhar ficar surpreso. - Isso é um ensinamento, um mistério, maior do que você imagina. Eu levei anos para entender e muitas batalhas para descobrir. E você sabe com 13 anos... Estou admirada. - Não tenho nada do que se admirar. - Não diga isso! – Ela falou com força novamente, seus olhos transmitindo uma energia intensa. – Você é muito mais poderosa do que imagina. Você mudará muito do que há em seu mundo. Sempre que Chronos vem ao mundo em uma de nós, os céus são agitados e a terra treme. Ele é capaz de mudar mundos. Ficamos em silêncio por um tempo. Ela estava sorrindo para mim, mas pensativa, e eu assimilava o poder de Chronos. - Você fará grandes feitos, minha filha. Por isso, sempre emprestarei a você todo o meu poder. E Avalon também. Dizendo isso, ela me abraçou e beijou minha testa. Em seguida, tirou a bainha e a entregou para mim. Olhei em seus olhos e nossos olhos brilharam. Toquei a bainha e senti um grande poder entrando em meu corpo. No minuto seguinte, a bainha desaparecera e Arturia sorria. - Agora você tem todo e total controle sobre Avalon. Há muito a aprender, mas sempre a guiarei. Quando precisar de mim, procure-me que estou em todos os locais de Avalon. – Ela começou a sumir, enquanto brumas me envolviam novamente. – E diga a Ele que não deve se culpar e que sempre amá-lo-ei. Eu abri os olhos e estava na barca novamente. Todos me olhavam ansiosos e sem nada falar, abri os braços e ao abaixá-los, as brumas recuaram imediatamente. - Eu passei. – Eu sorri, radiante de felicidade. Todos respiraram aliviados e Seth relaxou. Eu me sentei abraçando e beijando minhas sobrinhas, dizendo que estava tudo bem e não precisariam ter medo. Chronos sorria para mim e vi lágrimas em seus olhos. Seth me olhava diferente, como se visse algo em mim que eu não via. - Chronos, ela disse que você não tem culpa. - Eu sei, minha querida, eu sei. – Ele falou, deixando as lágrimas escorrerem pelos seus olhos. Ficamos em silêncio, pois a barca encostou na areia da praia e saltei para a terra. Foi diferente dessa vez. Senti que realmente era uma com Avalon e pude sentir cada grama de poder daquela ilha. Notei também que a ilha estava diferente, como se tivesse se adaptado a mim. Haviam muito mais flores agora, muitos frutos e o barulho da água era mais intenso. - A ilha é sua. Você começou a trazer vida para ela novamente. – Mamãe falou, sorrindo. Eu passei o resto do dia meditando, ao lado de mamãe. Seth e minhas sobrinhas agora estavam a vontade e logo eles também meditavam com Clara. Após algum tempo, Clara me chamou animada, pois Seth deixaria que ela se transformasse diante de mim. Ela falou para eu não rir, enquanto fechava os olhos e fazia uma cara concentrada. Segurei o riso, que explodiu em um riso de maravilha quando ela se transformou diante dos meus olhos no grande lobo. Mas não tinha medo, pois eu podia sentir perfeitamente a minha amiga ali. Ela lambeu meu rosto, empurrando meu corpo com seu focinho e eu fiz carinho em suas orelhas. - Que Lessie linda! – Falei, e ela sacudiu a cabeça, derrubando-me. Eu sorri, enquanto ela corria ao redor, com as gêmeas ao seu lado risonhas. ----------------------------- Dois dias depois, foi Julian quem nos acompanhou no treinamento. Além dele, papai, Griffon e tio Ty também foram para conhecer a ilha. Dessa vez não houve nenhum problema com as brumas e elas abriram imediatamente sob meu comando, deixando a todos aliviados. Esse seria o dia em que meu treinamento começaria de verdade, por isso eles estariam ali. Mamãe e Griffon começariam a me ensinar a manipulação da luz que aprenderam com Dumbledore, e papai e tio Ty seriam responsáveis por conjurar os bonecos para treinamento. Eles também aproveitariam para ensinar alguns feitiços novos para Julian, que em breve começaria os treinos de auror. Ele vai honrar a família! Julian passou a maior parte do tempo observando tudo e seguindo Chronos por todos os lados, perguntando a ele diversas coisas, e Chronos o respondia com alegria, apesar de se esquivar de algumas. O treinamento era mais difícil do que eu imaginava. Eu estava longe do nível de conjuração necessário para se controlar luz, pois esse nível de magia ainda não havia aprendido em transfiguração. Logo eles me deram um intensivo de transfiguração, e nisso o Julian participou também, pois estava ansioso em aprender antes de todos. Ficamos um bom tempo tentando conjurar no ar uma esfera de luz, sem sucesso, e ao final do treinamento, conseguimos apenas conjurar um vagalume. Griffon e Ty riram do meu vagalume, enquanto ele voava ao redor da minha cabeça, e conjurei mais outros dois jogando contra eles. Quando vimos, estávamos fazendo uma guerra de vagalumes e avinhõesinhos de papel mágicos. ----------------------------- No sábado, foi Haley que me acompanhou. Ela estava muito ansiosa, pois todos voltavam com histórias de suas visitas a Avalon e ela já estava irritada comigo por demorar tanto pra chamá-la! Quando finalmente falei que ela iria conosco naquela noite, ela soltou gritinhos de felicidade. O fantasma que seguia Julian, que agora sabíamos se chamar Tristan Thorn, e que tinha alguma ligação com meu avô, ficou preocupado com a saída dela da escola e queria ir conosco, mas ele não podia sair da escola. Ele se tornara muito mais atencioso e carinhoso desde que lembrara seu nome e todos nós podíamos vê-lo agora, assim como os demais alunos e ele era oficialmente um novo fantasma de Hogwarts. Acho até que houve algum tipo de cerimônia de boas vindas... - Tem espíritos na praia! – Haley falou, apontando para Avalon de acordo com que nos aproximávamos. - Espíritos? Como não viu antes? – Eu perguntei. - Talvez eles estivessem escondidos, com receio de aparecer perto de nós. Mas agora sabem que você é a nova rainha da ilha e se sentem a vontade perto de você. – Mamãe falou, dando de ombros. Nem eu nem ela podíamos vê-los, mas Haley os descrevia para nós. Eram todos espíritos de sacerdotes, sacerdotisas, guerreiros, peregrinos e civis. Ela passou muito tempo conversando com eles e descobriu que ao morrerem procuraram novamente a luz de Avalon e ao menos seus espíritos podiam voltar à ilha. Ela disse que depois que eles falaram com ela e me viram, desapareceram. Haley notou como Avalon estava diferente desde a última vez que ela viera. E como ela era sensitiva com essas coisas, ela também falou que a energia da ilha estava diferente. Ela também participou dos treinos, como Julian, e mamãe ensinou a ela como conjurar esferas de luz. Ela teve mais sucesso que eu e Julian e conseguiu conjurar uma pequena esfera de luz, que brilhou por alguns segundos antes de desaparecer, mas deixando-a extremamente orgulhosa. ----------------------------- Tuor achara injusto com meus amigos mais antigos que ele fosse antes de qualquer um deles, de modo que ele aceitou ser o último. Nossa amizade estava ficando cada vez maior, principalmente depois que eu me acertei com o Stefan. Conversar com ele me deixava mais tranqüila, e o próprio Stefan voltara a falara muito com ele. Assim que eu, mamãe e ele subimos na barca, Chronos o fitou por alguns instantes, mas apenas eu notei isso. O olhar de Chronos era diferente quando olhava para Tuor, parecia que ele buscava algo nele. As brumas abriram-se normalmente e ouvi Tuor assoviando ao ver mais uma vez a ilha de Avalon. - Hoje, gostaria de dar início a um treinamento paralelo. – Chronos anunciou quando chegamos à praça central, ao lado do poço sagrado. - Mais? Eu ainda não consegui controlar a luz direito! – Eu falei. - É algo necessário para todos os seus futuros avanços. Tuor, poderia pegar um pouco da água do poço? Evite tocar na água e não beba dela. – Chronos falou, e Tuor assentiu, retirando um pouco da água do poço. Mamãe e Chronos trocaram um olhar e ela conjurou um cálice de prata para mim. - Beba um pouco, minha pequena. – Chronos falou e eu peguei o cálice em minhas mãos. - O que tem de especial? - Essa água é muito pura, posso sentir isso. – Mamãe explicou. – Ela em si tem muito poder, se estou certa, ao beber dela você pode potencializar seus poderes enormemente. - E você precisará da água do poço sagrado para evoluir cada vez mais em seus poderes. Mas antes, precisa aprender a controlar o fluxo enorme de poder ao beber dela. Por isso a darei apenas hoje. - Por que hoje? – Tuor fez a pergunta que eu queria. - Nos últimos treinos, eu e Chronos viemos preparando um feitiço, ligando-a ainda mais a esse mundo. Precisávamos que todos seus amigos e ao menos alguns de seus familiares estivessem aqui para que ligássemos você a eles. Hoje, com Tuor, finalizamos o feitiço. - Além disso, a presença de Tyrone, Griffon, Seth e Alucard da vez passada a ligaram não apenas a eles, mas as famílias deles também. Eu fiz com que a família de todos os seus amigos estivesse ligada a você, para mantê-la cada vez mais nesse mundo. – Chronos explicou. - Isso é realmente necessário? Quero dizer, sei que ela corre perigo, mas tantos assim? – Tuor perguntou, com preocupação na voz. - Sim. Eu não estou falando de perda de consciência momentânea. Artemis realmente se desprende desse mundo. Sua alma pode viajar para outros mundos quando usar meus poderes e isso é muito perigoso – Chronos falou e Tuor assentiu. - Bom, tome cuidado então, princesa, estarei aqui te esperando. – Ele falou, piscando e sorrindo para mim. - Vamos lá então. – Eu falei e bebi a água do cálice. Assim que senti a água entrando em meu organismo, senti uma enorme onda de poder percorrer meu corpo. A água era a mais pura que eu já provara e estava cheia de poder antigo. Eu senti como se todo o meu corpo se agitasse e meus sentidos tornaram-se mais aguçados e comecei a perceber ainda mais Avalon e os poderes de Chronos. Senti que poderia fazer as flores crescerem mais rápido, o rio correr mais lento... Mas o mais interessante era que eu não sentia que perderia a consciência. - Interessante, então você é o elo mais forte. – Ouvi Chronos falando. Ele olhava agora para Tuor com curiosidade, que devolvia o olhar com dúvida e confusão, por não entender do que ele falava. Eu sorri, e no momento seguinte fiquei um pouco tonta, pois ainda não me acostumara com aquele poder todo. Tuor me acudiu e me ajudou a sentar e passei o resto da noite meditando, conhecendo esses novos poderes. Tuor e mamãe não saiam de meu lado, incentivando-me e apoiando, enquanto Chronos meditava, também de olhos fechados. Eu ainda não podia ver muito do futuro, mas eu sei que seria capaz disso. Mas de uma coisa eu sabia: havia muito para aprender ainda, e eu estava longe de usar todos os poderes de Chronos. Eu também soube que Avalon escondia mais mistérios além daqueles que podíamos ver, e eu sabia que havia muito a descobrir sobre ela ainda... |