Saturday, May 15, 2010

Avalon Parte I - Início dos Treinos

Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Na noite em que levei meus amigos para Avalon, todos ficaram admirados, e pareciam não saber o que falar. Isso inicialmente, pois assim que colocaram os pés nas areias brancas, começaram a falar como loucos, cheios de entusiasmo e excitação.
- Por Merlin! Ela é de verdade!
- Ela existe mesmo!
- E Artur, onde está o túmulo dele?
- É Arturia, esqueceu? E existe mesmo a Excalibur?
- Quero visitar a ilha toda!
- Merlin também está enterrado aqui?!
- Posso ver a Távola Redonda?
- De onde vem essa luz?
- Calma, gente, um de cada vez! – Eu falei, alegre. – Vamos aos poucos. Não dá para mostrar toda a ilha agora, nem mesmo eu a conheço inteira, ainda. E todos vocês terão tempo de conhecê-la melhor.
- Poderemos vir mais vezes aqui? – Haley perguntou, o rosto excitado de emoção.
- Claro! Vamos fazer de Avalon nossa nova sede! – Eu falei animada, pois já havia pensado nessa possibilidade.
- Peraí, você está falando sério, Arte? Podemos fazer dela nossa sede? – Clara falou, os olhos brilhando.
- E, os adultos a conhecem? – Hiro perguntou, já pensando nas possibilidades.
- Meus pais e meus irmãos sim. – Vi seu rosto ficar meio triste. – Porém, apenas eu posso revelá-la. – Falei, com um largo sorriso. O sorriso se espalhou pelo rosto de todos, pois ninguém poderia entrar ali sem que eu quisesse.
- Isso é ótimo! – Julian falou, rindo.
- E tem mais, todos vocês vão vir aqui, um de cada vez, em dias diferentes.
- O que você quer dizer? – Keiko perguntou curiosa. Eu sorri, antes de responder.
- Nos treinos que eu receberei de mamãe e de Chronos, um de vocês terá permissão de assistir e participar no que for possível a cada dia. – Eu falei, esperando o olhar deles. De início eles não entenderam, mas foi Julian quem falou primeiro.
- Nós vamos poder treinar com você, Tia Mirian e Chronos?! Aqui!?
- Sim! – Eu falei rindo.
- Isso é demais! – JJ falou, entusiasmado.
Todos ficaram muito felizes em poder ajudar, quando expliquei que, como eles sabiam, eu precisava das energias deles para me manter nesse mundo. E nos treinos eu gastaria muito da minha energia e precisaria ainda mais da força deles. Então falei que ia levá-los para conhecer ao menos o centro da ilha, e quase os fiz desmaiar de felicidade.
Eu os levei para a praça central, onde, em seu centro, havia uma fonte da mais clara e límpida água, um poço sagrado. Ao redor da fonte espalhavam-se diversos edifícios, todos feitos de pedra e mármore branco, que apesar dos séculos, ainda estavam em perfeitas condições. Avalon fora separada não apenas espacialmente do mundo, mas temporalmente também. Todos os edifícios ao redor da fonte eram parecidos com templos para os diversos espíritos de nosso país. O bosque ao redor era um enorme templo para os espíritos da floresta, os rios eram para os espíritos da água. Os templos de pedra eram para os espíritos da terra e os espíritos do fogo eram honrados com as fogueiras. Haviam templos para os espíritos da vida, da morte, da cura, da força, da inteligência, da coragem, da sabedoria, dos ventos, da luz, das sombras, do gelo.
Mas haviam dois templos que chamavam a atenção. Os dois ficavam no alto de uma colina, acima dos demais, em níveis diferentes. O primeiro era feito de mármore branco e negro, e parecia ter sido todo esculpido em uma única gigantesca pedra de mármore, pois não havia sinais de junções. Ele era diferente dos demais, parecendo muito mais antigo que todos os outros. Havia alguns detalhes em mármore negro ao longo dele, e negro também era seu interior.
- Que templo é esse? – Eu perguntei, ecoada pelos meus amigos. Eu me aproximei dele e senti uma energia muito poderosa, que me fez sentir medo, mas também admiração.
- Vocês ainda não estão preparados para entrar nele. Principalmente você, Artemis, ou poderá se perder para sempre. Nenhum de vocês deve entrar neste templo. – Chronos falou, guiando-me pelo ombro, barrando nossa passagem cordialmente.
- Mas o que tem lá? – Tuor perguntou.
- O templo de alguém que amei por toda minha vida. Alguém tão poderoso quanto eu.
- Sua esposa? – Eu perguntei, lembrando-me de uma mulher muito bela que eu vira em suas lembranças.
- Não... Minha esposa descansa em paz. Mas este templo pertence a alguém que, como eu, continua a existir até que nossos papéis estejam completos. É o templo de meu irmão, o Templo de Seph.
- Seth? O Deus Egípcio? – Hiro perguntou, e Chronos sorriu.
- Não, é Seph. Não é um deus que vocês conheçam. – Ele explicou, enquanto subíamos o restante da colina, indo para o templo no seu cume. Ele era ao mesmo tempo o mais lindo e o menor templo de todos. Ele brilhava intensamente e os reflexos da lua em suas pedras o tornavam ainda mais belo. Eu soube imediatamente de quem era aquele templo. A energia que vinha dele era agradável e bondosa, e com um poder tão grande quanto ao do templo anterior. E eu sentia que era ali que minha antepassada estava. Ela e suas filhas.
- Este é o seu templo, o Templo de Chronos. – Eu falei, e por algum motivo, senti lágrimas em meus olhos.
- Sim, este é o templo que Arturia construiu para mim. É o templo onde jaz o corpo dela. – Chronos falou, seus olhos e sua voz transmitindo uma tristeza profunda, um sentimento intenso de saudade. Ficamos em silêncio, olhando para ele e para o templo.
- Esse templo é lindo... – Jamal falou, admirado.
- Ela usou todos os seus poderes para ergue-lo, ao finalmente conseguir unificar a Bretanha. Foi o marco inicial de seu reinado.
- Então, é aqui que a Rainha Arturia foi sepultada. – Hiro falou, admirado. Ele e Julian pareciam bobos encarando o lugar onde a figura mais famosa da Inglaterra estava descansando.
- Excalibur, ela está aqui? – Julian não resistiu a perguntar. Chronos sorriu.
- Isso é outra história. Nem sim, nem não. Devemos voltar, vocês não percebem, mas já se passaram muito tempo desde que saímos. – Ele falou, e todos, inclusive eu, reclamamos que queríamos ficar mais, mas ele não deixou e suas asas se abriram, nos levando de volta para Hogwarts. Ao voltarmos ao lago, parecíamos ter dúvidas se fora tudo de verdade, ou fora um sonho.

-----------------------------

O primeiro treino aconteceu no feriado da Páscoa, e Keiko e Hiro foram os primeiros a participar dele. Já que era feriado, poderiam se ausentar mais de uma pessoa com facilidade, e os dois queriam ir de qualquer forma nos treinos.
Revelar Avalon nesse dia foi um pouco mais difícil do que o normal, pois agora mamãe estava no barco comigo, e eu queria muito fazê-la se sentir orgulhosa, pois a admiro muito. Foi com uma sensação gostosa que eu abri as brumas e a ouvi prender a respiração diante da lendária cidade.
Meus amigos/primos tinham reações diferentes, de acordo com suas personalidades.
Keiko ficara maravilhada com a beleza e leveza dos templos, como eles eram magníficos, mas simples. Ela também estava encantada como a cidade mesclava-se à natureza da ilha, sem danificá-la. Enquanto Hiro parecia estar em uma biblioteca viva, querendo devorar o seu conteúdo. Seus olhos brilhavam em ver cada pedra, cada folha ao vento.
Esse primeiro treino foi meio entediante, principalmente para alguém como a Keiko. Nesse dia, Mamãe queria que eu apenas meditasse, o que para mim era algo simples e fácil, então rapidamente consegui esquecer de tudo ao redor, enquanto me concentrava em mim mesma. Hiro também meditava com facilidade, mas para Keiko isso era um pesadelo e ela não conseguia ficar parada meditando. Acabou por ficar sentada ao lado de Chronos, enquanto ele cantava para nós em uma linha antiga. Ele explicara que era importante eu conhecer a mim mesma antes de tentar entender ao meu redor.
Chronos prometeu que quando estivéssemos todos reunidos, ele contaria mais histórias de Arturia e seus Cavaleiros, uma vez que Hiro queria muito ouvi-las, e os demais jamais perdoariam-no se apenas ele as ouvisse.

-----------------------------

O segundo treino aconteceu no final do feriado de Páscoa e dessa vez MJ e JJ me acompanharam a ele. Eu estava começando a me habituar com a barca e sabia exatamente quando usara meus poderes para revelar a ilha. Mas ainda sentia aquele frio na barriga, e acho que nunca deixarei de sentir.
Enquanto eu e mamãe meditávamos no centro da ilha, próximas do poço sagrado, Chronos levou os garotos para a praia e os ensinou a usar a lança como arma. Ele os ensinava como segurar e lançar uma lança, usando a sua lança dourada Lognus, enquanto eles imitavam os movimentos com lanças que encontraram na ilha. Eles imploraram para que Chronos os ensinasse, e conseguiram que ele mostrasse a eles como usá-las. Tenho certeza que os outros também irão querer.

-----------------------------

Rupert e Jamal foram os seguintes, acompanhando-me aos treinos no início das aulas após o feriado. Ele deveriam ser os últimos a virem em dupla, pois durante as aulas, apenas um aluno deveria se ausentar da escola para me acompanhar. Pude sentir como eles estavam ansiosos por voltar a ilha.
Dessa vez, Chronos liderou o treino, mostrando-nos o restante da ilha. Ele disse que eu precisava me unir a ilha para receber todo o seu poder. Eu deveria me concentrar enquanto andávamos pela ilha, sentindo seus poderes, pois deveria ser capaz de me comunicar com ela.
A ilha era enorme, maior do que aparentava. O seu centro era o cume onde ficavam os Templos dos Gêmeos, sendo que o de Chronos ficava no topo. O caminho que levava até o topo subia pelo monte em uma espiral e era ladeado por pedras do meu tamanho, me lembrando as pedras de Stonehenge.
A cidade sagrada espalhava-se ao seu redor. Todo um lado da ilha era dedicado a natureza em si, com um vasto e belo bosque. Um rio descia pelo monte dos Templos e descia até o lago de Glastonbury, formando um pequeno lago em um terraço natural. A água do rio era límpida e clara e eu tinha certeza que era a mais pura possível. As árvores do bosque eram antigas e sábias, e caso eu conseguisse realmente me comunicar com a ilha, aprenderia muito com elas.
O poço sagrado recebia água da mesma fonte que o lago no terraço, porém era alimentado por uma galeria subterrânea natural. A cidade em si crescia ao redor dele, em um conjunto de três círculos. No primeiro ficavam os prédios menores, e todos eram templos, ali também era o lar das sacerdotisas. O segundo era onde ficavam as casas dos sacerdotes e dos habitantes da cidade. No terceiro círculo era onde ficavam os armazéns e os arsenais, onde estavam milhares de armas, desde espadas a machados, incluindo armaduras inteiras e escudos. Todos tinham como símbolo um C negro com uma espada branca em seu centro, com asas, também brancas, no punho. Reconheci como um dos símbolos mais antigos de nossa família. Ao longo dos anos ele foi mudando até dar origem ao escudo com a espada, a lança e a varinha cruzados.
Quando Rupert e Jamal perguntaram o porque da ilha não ter fortalezas e muralhas, Chronos explicou que a ilha guardava a si só. E eu sabia disso também. Todos aqueles lugares que visitamos tinham poder, e não era pouco. Eu percebia isso, e mamãe também. A cidade inteira fora construída para ser a sede de uma família e de uma nação, e para ser uma ilha sagrada ao mesmo tempo. Cada pedra, cada árvore, cada molécula de ar, e ouso dizer, cada animal, estava embebido em poder antigo e seria suficiente para afastar qualquer inimigo. Senti um calafrio ao imaginar algum inimigo ousando atacar aquelas praias sagradas.