Friday, August 20, 2010 Novos Horizontes Agosto de 2014 A costumeira coruja marrom da Escola entrou pela janela, piando alegre, pois sabia que mamãe lhe daria algum petisco. Ela parou diante de mim e estendeu a pata, apressando-me a retirar a carta para que ele pudesse pegar os petiscos. - Ah, que saudade da época que eu recebia essas cartas! – Griffon falou, espreguiçando-se, pois todos estavam passando o final das férias conosco e naquele dia iríamos todos juntos no Beco Diagonal comprar materiais. Seria o primeiro ano de Luthien e Mina na escola e elas estavam animadas, doidas para finalmente irem para a escola. Além deles, Tia Celas e Tio Isaac nos encontrariam no Beco, assim como Gaia e Edward. Depois todos iríamos para o Texas, para comemorar o aniversário de Haley. - Você ta parecendo um velho, falando assim, Grif. – Emily falou, brincando com ele enquanto ríamos. Eu retirei o envelope e notei que ele estava mais pesado e fiquei me perguntando o porquê. Quando rompi o lacre da escola, algo pequeno e brilhando em vermelho e dourado caiu de dentro dele em cima da mesa, reluzindo diante dos olhares de todos, que estavam surpresas, eu principalmente. Era um distintivo de Monitora da Grifinória! Antes que eu pudesse deixar meu estado de surpresa, Griffon pegou o distintivo e o mordeu, querendo saber se era de verdade. Seth brigou com ele, mas também parou para conferir o distintivo, assim como papai e por último, mamãe. - É um distintivo de verdade? Eu só via quando levava detenção. – Papai falou. - Deve haver algum engano. – Eu falei, ainda surpresa. Mamãe, Emily e Luna foram as primeiras a sorrirem comemorando, enquanto me abraçavam. - Parabéns, Arte! Você foi selecionada para Monitora da Grifinória! – Emily falou. - Que orgulho estou da minha filha! Monitora! – Mamãe falou, enxugando uma lágrima dos olhos. - Nem mesmo você foi monitora, Mirian. Parabéns, querida! – Luna falou, me abraçando. - Gente, deve haver algum engano com certeza! - Por que haveria? – Emily perguntou, sorrindo. – Você não se acha pronta para ser monitora? - É apenas que dentre todos os alunos da Grifinória, escolher a mim? Que tem mais detenções do que pontos para a casa? - Se ela decidiu escolher você, há um motivo. Além disso, o George também considera você digna de ser monitora, é uma grande honra. E principalmente, mostra que confiam em você. – Emily falou, me fazendo pensar e sorrir. Aquilo me deixou feliz. Não por ter sido escolhida monitora, mas por ver que Mimi e Tio George acreditavam que eu daria uma boa monitora. Ficamos o resto do café comentando disso, todos alegres e divertidos. Meus sobrinhos queriam ver o distintivo, pois estavam maravilhados e os deixei olhar a vontade. No meio do café, as chamas da lareira ficaram azuis e soubemos que viria um recado de alguém. Papai ficou de pé na frente das chamas aguardando. Pouco depois, o rosto do próprio Tio George surgiu. - Bom dia Lu, como estão todos? Novidades? – Ele falou sorrindo, dirigindo um olhar pela sala. Ele me viu e abriu um largo sorriso. - Tudo ótimo, George, e com você? Temos uma monitora na família agora, sabia? - Não! – Ele fingiu surpresa, o que não era verdade, pois fora ele que me escolhera. – Meus parabéns, querida. - Obrigada, tio. Mas vocês estão certos disso? Quero dizer, não estou chateada, mas é muita responsabilidade. - E eu acho que você dá conta. Por isso escolhi você, pois acho que é capaz de ser uma boa monitora. Fora que escolhemos outros monitores tentando equilibrar mais a escola e acabar com alguns problemas. – Ele referia-se a possíveis brigas entre Grifinória e Sonserina, mas elas tinham diminuído muito nos últimos anos. - Eu vou fazer o possível para não decepcioná-lo, assim como a Diretora. - Fico feliz que pense assim, vai ser bom para você. E você é madura o suficiente para ter essa responsabilidade e esse voto de confiança. Parabéns! - Tios, quais os outros Monitores? - Você vai descobrir em breve. Sei que vai se comunicar com eles. – Ele disse sorrindo. Ele conversou mais um pouco com todos antes de desaparecer e as chamas voltaram ao vermelho vivo. Após o café eu corri para meu quarto e escrevi cartas para todos meus amigos, despachando Tsubasa em seguida. Ela teria que voar muito, indo de um canto a outro, mas ela é uma boa coruja. Contei dessa novidade e não pude deixar de comentar que achava que ficaram malucos, mas fiquei feliz com a decisão deles. Perguntei se eles sabiam quem seriam os outros monitores, já que Tio George, deixara no ar algo sobre isso, mas não quis me contar. Falei também que durante a tarde iria ao Beco Diagonal e caso algum deles fosse, para tentarmos nos encontrar lá. Logo após o almoço, estávamos todos prontos para sair para o Beco Diagonal, quando a coruja de Tuor, uma coruja branca, bateu em nossa janela. Achei incrível como Tsubasa viajará tão rápido até a Noruega e recebi a coruja, fazendo carinho nela, enquanto ela me bicava feliz. Desdobrei sua carta e sorri com seu conteúdo, uma única frase escrita, me fazendo lembrar da primeira vez que nos vemos: “Apenas uma coisa a dizer: A Mimi está gagá e perdeu o juízo.” As férias desse ano foram muito agitadas. O ano que passou em si foi bem movimentado. A começar pelo fato de que agora eu tinha 15 anos! Era uma data importante e meus pais ficaram felizes com ela, doidos para me dar os parabéns. Como meu aniversário ainda ocorre durante as aulas, na manhã do dia 15 de Maio, o meu dormitório foi invadido por Clara, Keiko, Haley, Penny, Lizzie, Charlotte e Bela. Elas pularam na minha cama, me abraçando e me sacudindo, enquanto acordavam o resto do dormitório. - Feliz Aniversário! – Elas gritavam em uníssono e gargalhando. - Ai! Assim eu vou acordar já com dor de cabeça! – Eu fingi estar chateada, rindo com elas. Elas logo começaram a me jogar travesseiros e seus presentes, querendo que eu saísse logo da cama. Assim que consegui olhar em volta, após falar com todas as garotas do dormitório e com minhas amigas que não saiam do meu pé, eu notei que Tsubasa já estava empoleirada em um sofá, me aguardando. Ela parecia assustada e até irritada com a barulheira, mas assim que me viu ela piou alegre, como se soubesse do meu aniversário. Ao lado dela, estavam Griffia e Snowball, as corujas de meus irmãos, além de Annalia, a coruja de meus pais, e de Loch, a coruja de meu padrinho, além de várias corujas de meus vários tios e tias. Todas tinham um embrulho com meus presentes e cartas. Papai e mamãe prometeram que quando entrasse de férias eu poderia dar uma festa, e poderia ganhar o que quisesse. - Vamos logo, Arte! Depois responde uma a uma as cartas! – Clara me apresava, puxando-me pela mão. - Ai calma gente, deixem curtir meus primeiros minutos com 15 anos! - Curta no café! Elas desceram comigo, todas rindo e animadas. No salão comunal, Stefan me aguardava com um embrulho na mão. As garotas ficaram dando risadinhas enquanto ele me abraçava dando parabéns e dava-me o presente, um pequeno pingente de gato. Eu agradeci e me segurei para não voar no pescoço das garotas. Nós descemos logo para o café, enquanto me perguntava onde estaria o Tuor, pois era aniversário dele também. Apenas no café da manhã encontrei Tuor e trocamos parabéns e abraços apertados. Ele também foi acordado por JJ, Jamal, Julian, Hiro, MJ, Luky e Rupert, que combinaram de acordá-lo antes de mim. Passamos o dia todo ainda alegres e felizes. À noite ganhamos uma surpresa. As garotas conseguiram permissão de Tio George para dar uma festa surpresa para a gente em uma sala vazia e após o jantar, Haley disse que sentia um fantasma inquieto e pediu minha ajuda. Ela me largou em um dos corredores do quarto andar e saiu correndo dizendo que precisava seguir outro espírito. Tentei correr atrás dela, mas ela foi mais rápida e acabei encontrando com Tuor. Ele falou que o haviam chamado ali, quando ouvimos correntes em uma das salas. Nós entramos com cautela, varinhas em punho, prontos para nos defender. Nós levamos um susto quando várias varinhas explodiram em luzes e gritos de parabéns. - Vocês são loucos!? E se eu ataco vocês?! – Eu falei rindo. Foi um momento maravilhoso e gostei de verdade. Os treinos com Chronos também foram muito intensos, pois ele me ensinava cada vez mais. Agora eu realmente me sentia parte de Avalon, mas ele me dizia que ainda faltava muito sobre a ilha para conhecer. Eu aprendera a controlar o clima da Ilha, pois antes ele refletia meu estado de humor, estando em geral claro e ensolarado. Agora eu podia causar chuva, neve, ventanias e até mesmo geadas na Ilha. Chronos me explicou que isso era importante para eu poder treinar em diferentes situações, e não apenas em um único clima. E o mais legal de tudo sobre Avalon: aprendi a controlar o fluxo do tempo enquanto eu estivesse na Ilha! Devido à magia de Arturia, quando Avalon foi retirada do mundo normal, seu tempo também se tornou diferente do normal. Em geral haviam diferenças de alguns minutos no máximo, mas teve vezes em que quando voltei à Glastonbury, haviam até duas horas de diferença! Isso é algo assustador e preocupante, uma vez que poderíamos ficar presos em Avalon por um tempo que não queríamos. Eu então aprendi a controlar o fluxo do tempo enquanto eu estivesse na Ilha e assim pude controlar como o tempo corria ali dentro. Isso era importante também para aumentar as minhas horas de treino, pois enquanto passariam duas horas no mundo normal, eu agora era capaz de dobrar esse tempo dentro de Avalon. Isso foi essencial para eu continuar desenvolvendo-me mais e mais nos treinos. O livro que eu tanto queria escrever começava a ganhar vida. Com a ajuda de Hiro, Rupert e Julian, eu conseguira aos poucos catalogar e estudar algumas das flores e os objetos da Ilha. Estudamos e fizemos modelos das armas encontradas ali, nos vasos, dos jarros, das esculturas. Aos poucos íamos desvendando o passado de Avalon e isso nos deixava muito animados! Mas sentíamos que ainda faltava algo a ser descoberto. - Arte, tem certeza que podemos ver tudo que há em Avalon? – Rupert perguntou uma vez. - Eu acho que sim, por que pergunta? – Perguntei. Nesse dia, além de mim e do Rupert, mamãe, Mina, Julian e Hiro estavam na ilha também. Todos envolvidos em desvendar os mistérios de Avalon. - Porque se aqui foi a capital do reino por tantos anos, deveria ter um forte ou um castelo. Apesar das defesas que há na cidade baixa, isso não seria o suficiente. – Hiro completou, me fazendo pensar. - Agora que falou, realmente falta algum tipo de castelo na Ilha. Nunca tinha reparado nisso. – Eu admiti e comecei a pensar. Chronos sorriu. - Estamos no caminho certo, não estamos? – Julian sorriu também. Era incrível como além de mim, meus amigos entendiam mais Chronos agora. - Estão. Há realmente um castelo na Ilha, mas esta escondido. É o último prédio ainda escondido de vocês. - E por que ele está escondido? – Eu perguntei, interessada. - Pois ele ainda não se fez necessário. Até agora tudo que há em Avalon é necessário para o treinamento de todos vocês. – Mamãe falou, entendendo melhor do que nós. – Acho que Avalon revela seus segredos gradativamente, mostrando aquilo que as pessoas necessitam. - Brilhante como sempre, Mirian. – Chronos sorriu. – Em breve Camelot se mostrará. A menção do nome Camelot, o lendário castelo de Arturia fez todos ficarem fervilhantes de curiosidade, mas Chronos nada mais falou. Tínhamos que ter paciência, pois em breve seria revelado. Com relação aos treinos, no último ano Chronos começou a me ensinar a lutar usando armas. Ele me ensinou a usar o arco e flecha antes de todos, para treinar minha concentração e minha mira. Depois passamos para correntes e adagas, para que minha velocidade fosse aumentada. Então me ensinou a usar a lança, a espada e o machado, para que eu treinasse minha força. Chronos estava feliz, pois ele dizia que eu lutava bem com todos, mas no início das férias ele me disse: - No próximo ano, quero que escolha uma única arma para lutar. Aquela com que você se sente mais completa e mais equilibrada. Aquela que você pode chamar de sua arma e desenvolver seu estilo de luta. Eu tive que pensar pouco, e logo me decidi por lutar com espadas. Não apenas uma espada, mas usar duas espadas ao mesmo tempo, em um estilo de luta que eu chamava de Dança de Espadas. - Por que as escolheu? – Chronos me perguntou, quando anunciei minha escolha. - Porque me sinto bem com elas. E usando duas há equilíbrio: posso me defender e atacar ao mesmo tempo sem diminuir meus reflexos e agilidade. - É uma escolha sábia, com certeza. Agora quero que você aprenda a magia que meus pupilos aprendem: quero que conjure sua própria arma. Desde então, ele vem me ensinando a condensar a energia que há na natureza e dentro de mim em algo sólido. É semelhante à Transfiguração, o que é bom, pois sou boa na matéria. Mas é mais complicado. Na Transfiguração eu sei o que quero fazer surgir, aqui não. Eu preciso criar da minha própria mente armas que sejam capazes de usar todo o meu potencial. Foi apenas após um mês treinando que eu finalmente consegui. Isso ocorreu em um dia quando Haley, Clara, Keiko, Bela e Luthien estavam em Avalon comigo, além de mamãe. Mamãe também me ensinava os princípios da Transfiguração Avançada, me ensinando como entender a matéria e a energia. Minhas sobrinhas treinavam com minhas sobrinhas, ensinando-as alguns golpes de Kung Fu ou aprendendo feitiços simples. Observei mamãe fazer surgir do chão um girassol inteiro, totalmente do nada. Vi como parecia que a própria energia dela concentrava-se no chão e o ar ao redor dela condensava-se naquele ponto. Fechei os olhos e me concentrei. Imaginei o motivo de eu querer lutar: defender os meus amigos. Esse era o verdadeiro motivo. Eu queria me tornar forte para ajudar e proteger todos e poder retribuir todo o carinho e toda a amizade que me davam. Vislumbrei algo. Era um brilho fraco. Concentrei minhas energias ali. Guiei o fluxo de energia do meu corpo ao redor daquele pequeno brilho branco, dando forma a ele e aumentando-o. As espadas deveriam ser leves, para que eu pudesse me movimentar com rapidez, mas resistentes e poderosas para que eu pudesse golpear com precisão. O brilho tornou-se mais intenso e “martelei” energia nele, dando vida aquilo. Então abri os olhos. Foi o som que me fez abrir os olhos. Parecia o som de sucção, e depois de concentração. Ouvi também as exclamações de minha mãe e dos outros. Diante de mim, fincadas ao chão, estavam duas espadas longas. Ambas tinham lâminas brancas do tamanho de meu braço. O punho delas era feito de um material estranho para mim, mas que brilhava em branco e dourado. Eu estiquei minhas mãos trêmulas de alegria e surpresa e toquei o cabo das duas ao mesmo tempo. Senti como se uma corrente elétrica passasse por todo o meu corpo e soube que aquelas eram as espadas perfeitas para mim. As puxei do solo e notei como eram leves. Cortei o ar com elas e o som que elas faziam transmitia poder e força. Me senti completa com elas. Então, ouvimos um barulho. De início pareceu como se algo estivesse ruindo, mas depois se transformou no barulho de algo em movimento, como pedras se arrastando. No topo da colina dos Templos, o ar vibrava e oscilava. Pois ali, em volta do templo de Chronos, surgia no ar um castelo de pedras cinzentas. Uma a uma as pedras começaram a surgir do ar e da terra. Primeiro suas grossas fundações brotaram do solo e então as pedras começaram a surgir e fincar-se nos seus locais milenares. O castelo começou a ganhar vida a partir do templo de Chronos, espalhando-se ao redor. A Ilha tremeu, aumentando de tamanho, comportando uma vez mais o castelo. Sua enorme porta dupla estava a alguns metros do templo de Seph, no final de um pequeno caminho ladrilhado em pedras cinzentas. O templo de Seph ficava agora no início da colina, e o restante dela era tomado por um enorme castelo de pedras cinzentas, brancas e negras. Apenas o seu cume era intocado, logo após o castelo, onde as pedras de magia continuavam no lugar e uma trilha contornava o enorme castelo. Camelot surgia diante de nós, imponente e poderoso. Agora ele era necessário. E eu soube o porquê: era nele que eu realmente começaria o meu treinamento. |