Thursday, September 30, 2010 Atenção alunos, Para fazer parte das equipes que competirão nas Olimpíadas em Novembro, será necessário passar pelas seletivas. Os professores serão responsáveis por avaliar o desempenho de cada um nas modalidades escolhidas e decidir quem deverá acompanhar a delegação até a Austrália. As seletivas acontecerão a partir das 16h, no Salão Principal, durante duas semanas. Certifiquem-se de se inscrever nas modalidades para agendarem o horário de suas avaliações. Atenciosamente, Minerva McGonagall Diretora O aviso estava pregado em todos os murais da escola, junto com uma lista das modalidades que fariam parte das Olimpíadas. Arranquei a que estava no mural da Sonserina e andava com ela dentro do caderno, tentando decidir no que me inscrever. Quando as seletivas começaram, havia optado por quatro modalidades: Esgrima, Taekwondo, Tiro Esportivo e Triatlo. Eram as única que eu tinha chance de ganhar medalhas. Meu cronograma dizia que aquela tarde de quarta-feira estava ocupada com as seletivas de Esgrima e Taekwondo e tio Yoshi era o responsável. Tinha muita gente inscrita, mas duvidava que metade daquela gente conseguisse segurar uma espada. Haley, Artemis e eu caímos na mesma equipe e era até covardia lutar contra a Arte, mas nos saímos muito bem e conseguimos nos classificar com folga. Como eu suspeitava, mais de 50% daquela gente deixou o Salão Principal sem uma vaga na equipe. Do lado dos garotos, vi que JJ, MJ, Harper, Tommy e Thruston também haviam se classificado. As seletivas de Taekwondo foram as mais divertidas do dia. Hiro e eu éramos os únicos do nosso grupo a participar e depois de dois anos de treinamentos ininterruptos, podemos nos gabar que foi a vaga mais fácil de se conquistar. Não vi mais ninguém conhecido passando, apenas alguns alunos do 7º ano e outros do 3º e do 4º, que eram a maioria ali. Quando Hiro derrubou um garoto grandalhão do 7º ano da Lufa-Lufa com um chute que o jogou para fora do tatame, eles viram que estávamos levando aquilo a sério. - E ai? O que tem programado pra hoje? – Hiro perguntou espiando meu cronograma na manhã seguinte. - Só Tiro Esportivo, tenho seletivas às 16:30 no campo de quadribol – respondi consultando o pergaminho – Carabina e Tiro ao Prato. - A minha também é no mesmo horário – Haley abriu o pergaminho dela – Alvo Móvel. E logo depois tenho seletiva de Tênis, vou fazer dupla com a Lizzie. Às 16h em ponto caminhamos na direção do campo de quadribol. Quase todos nós estávamos inscritos no Tiro Esportivo, cada um em uma modalidade diferente. Além de Haley e eu, Hiro disputava uma vaga na Carabina, Alvo Móvel e Tiro ao Prato, e Keiko e JJ na Pistola e Tiro ao Prato. E para nossa total surpresa – e um pouco de medo também – Sheldon estava a postos conferindo se sua pistola estava carregada. Ele foi o primeiro a ser testado e observamos, completamente aterrorizados, Sheldon liquidar o alvo com tiros altamente precisos. Ele não era bom só no videogame. Sheldon White sabia atirar no mundo real e aquilo era algo capaz de tirar o sono de qualquer ser humano normal. Depois do choque inicial, todos passaram por baterias de testes individuais e conseguimos nossas colocações sem muita dificuldade. Também se juntaram ao time de atiradores aprovados Charlotte, Luky, Thruston, Zack, Penny e Harper, além de outros alunos que não conhecíamos. Nos despedimos de Haley que ia para os testes das duplas de Tênis com Lizzie e Rupert, Tuor e Julian que iam para os testes da Natação individual e voltamos para o Salão Principal, onde Keiko, Arte e Bela fariam testes para a equipe de Ginástica. Enquanto elas começavam a se preparar, nos acomodamos nas pequenas arquibancadas montadas nas extremidades. - Pensei que ia se inscrever para a equipe – Jamal comentou sentando ao meu lado – Você era boa, não? - Eu sou boa – o corrigi e eles riram – Mas cansei, sabe? Não tenho mais a paciência de antes pra toda a dedicação que isso pede. - Ei, aquele ali é o Zack? – JJ apontou pro outro lado do salão, onde um grupo muito pequeno de garotos se aquecia. - E o Collins? – Hiro completou, apontando para Dean Collins. Era um dos melhores amigos de Thruston e artilheiro da Grifinória. - Corajosos – falei espantada – Não vejo problemas em garotos competirem na ginástica, mas infelizmente nem todos pensam assim. Além de Zack e Dean, havia mais cinco garotos entre eles. Dois do 4º ano, dois do 6º e um do 7º, todos parecendo à vontade com a situação e não se importando com os olhares e dedos apontando em suas direções. Já as meninas tinham muitas. Não contei, mas chutaria mais de 40 garotas aglomeradas no salão enquanto a professora Bones tentava organizá-las em grupos de quatro. Logo localizamos Keiko, Arte e Bela, e reconhecemos Blair e Kaley entre as candidatas, assim como Brittany e Ashley. A maioria ali parecia tão eufórica que duvidava que 80% delas soubessem realmente o que deveriam fazer. Era constrangedor. Depois de quase 15 minutos perdidos, a professora Bones conseguiu separar os grupos e deu inicio aos testes. Os garotos foram os primeiros e fiquei impressionada com o quanto eles eram bons. Também, para se inscreverem e correrem o risco de serem ridicularizados pelos colegas, tinham que saber que eram capazes de calar a boca de todos. Zack passou com facilidade no cavalo com alças e Dean ganhou a vaga nas argolas, enquanto os outros se dividiram entre o exercício de solo e barras paralelas. Eles saíram do tatame e o primeiro grupo de meninas entrou. Se eu estava constrangida só com o olhar perdido delas, agora queria cavar um buraco no chão do salão e me esconder. Era o pior conjunto de ginastas que já vi na vida. E olha que eu costumava competir e já vi de tudo. A maioria tentava a sorte nas barras assimétricas, mas mal conseguiam se manter penduradas por mais que alguns segundos. Saltar de uma para outra então, seria considerado tentativa de suicídio. Keiko, Arte, Bela, Blair e Kaley, que só iam tentar a vaga para a Ginástica Rítmica, olhavam o desastre nos aparelhos com as mesmas caras de choque que eu. - Merlin, isso é um desastre! – comecei a protestar da arquibancada e Jamal ficava segurando meus braços, que sacudiam angustiados involuntariamente – Elas vão acabar se matando! - Clara, fale baixo – Hiro advertiu, mas estava se esforçando para não rir – A professora Bones já está olhando de cara feia pra gente. - Mas elas são péssimas! - Srta. Lupin, silêncio, ou vou pedir que se retire. Fiz que sim com a cabeça e fiquei quieta, mas quando Ashley arriscou um salto da barra superior para a inferior e bateu com o queixo nela, explodi outra vez e Jamal não conseguiu me segurar no banco a tempo. - Vocês são horríveis! Estão fazendo tudo errado! - Srta. Lupin, já chega! – a professora estava braba – Saia do salão. - Elas vão se matar nesses aparelhos, não quero nem ver quando resolverem experimentar saltar na trave! - Você não está nem inscrita em Ginástica, por que não cala a boca? – Brittany se irritou. - Srta. Lupin, saia, agora! – a professora ordenou outra vez, mas não me mexi. - Não professora, tudo bem. Se você é tão sábia no assunto, por que não vem até aqui e mostra como se faz? – Ashley me desafiou e ouvi JJ assobiar atrás de mim. Olhei para os três do meu lado e a cara deles me incentivava a aceitar a provocação, mas foi o olhar ansioso de Keiko e Arte no meio da quadra que me convenceu de vez a ir até lá. Eu não queria, de verdade. Mas não podia deixar aquela criatura me desafiar sem uma resposta a altura. Era um exercício que eu não praticava há cerca de cinco anos, mas era como andar de bicicleta, ainda sabia o que fazer. Passei o talco nas mãos e esbarrei de propósito em Ashley antes de me posicionar em frente à barra menor. Era difícil dizer como eu ainda sabia fazer aquilo com tranqüilidade. Talvez o fato de ser um lobisomem e ter melhorado muito meu equilíbrio nos últimos dois anos, graças a Hiro e tio Seth, tenha ajudado. Não sabia de verdade. A única coisa que sabia era que estava me saindo melhor do que o esperado. Dei dois giros rápidos na barra inferior e saltei para a superior, agarrando-a sem nem estremecer e já emendando em quatro giros seguidos de uma troca rápida de barras. Voltei a barra superior, completei um giro sem as mãos, a agarrei de novo e com um mortal triplo, aterrissei no tatame sem me desequilibrar. Ouvi Keiko e Arte soltarem um grito, que foi rapidamente interrompido com um olhar severo da professora. - Aprenderam? – olhei para Ashley e Brittany com cara de deboche e elas só faltavam cuspir fogo. - Como você fez isso? – uma menina do 3º ano me olhava espantada. - Você só precisa manter sempre a coluna ereta, é a postura básica de uma ginasta. E na hora de aterrissar, precisa focar no ponto que você vai cair. Não pense em mais nada, apenas no ponto, e mantenha os braços estendidos. Não é difícil, só precisa de prática. – a professora Bones ainda me olhava séria, mas não parecia mais tão braba assim. Parecia também impressionava. Aposto que ninguém imaginava que a encrenqueira da escola era ginasta. - Srta. Lupin! – ouvi a voz de McGonagall e soube que estava encrencada – Venha até aqui, por favor. - Se ferrou, espertinha – Brittany provocou, mas não continuou ao ver a cara da professora. McGonagall estava do outro lado do Salão Principal, seu olhar sempre severo observando enquanto eu me aproximada, ao mesmo tempo em que vigiava a movimentação que havia voltado ao normal depois da minha exibição. Se ela tinha visto, ia me recriminar, sem duvida. - Pois não, professora – falei receosa, parando na frente dela. - Há quanto tempo treina ginástica? – a pergunta me pegou de surpresa. Achei que ela já fosse logo dizer qual era a detenção. - Dos meus 6 aos 10 anos, depois parei. Eu não pretendia ir até lá, mas elas pediram. - E por que não está inscrita para a equipe de Ginástica Artística? Certamente seria excelente para Hogwarts termos uma ginasta experiente. - Não, não gosto mais de fazer isso, exige uma dedicação que não tenho mais. - Eu tenho uma proposta a lhe fazer, ouça com atenção antes de recusar – agora eu estava ainda mais surpresa – Quero que treine a equipe de ginastas de Hogwarts e participe de ao menos uma competição, no aparelho que desejar, e em troca eu lhe concedo uma das cinco cartas de recomendação que costumo escrever ao cinco melhores alunos das turmas do 7º ano. - E por que eu ia precisar de uma carta de recomendação? – ok, foi uma pergunta idiota, mas saiu antes que eu percebesse. - Porque soube que anda interessada na carreira de Curandeira e eu posso lhe garantir que não há “O” suficiente que vá fazer com que a senhorita passe na seleção de um hospital, enquanto portar um histórico de detenções e mau comportamento como o seu. Já esteve a beira de uma expulsão duas vezes, sem uma carta de recomendação minha só conseguirá uma vaga de imediato se sua mãe comprar um hospital. - Nossa, bastava dizer que era importante – ela não gostou da resposta – Ainda não me decidi sobre que carreira seguir. - Srta. Lupin, o que estou lhe oferecendo é o que todos os alunos que almejam ter uma carreira de sucesso querem. Não desperdice essa oportunidade porque não quer dar o braço a torcer. Não respondi de imediato. Olhei para o tatame novamente e agora era a equipe de Ginástica Rítmica que era avaliada. Diferente das outras, Keiko, Artemis, Blair, Bela e Kaley eram muito mais coordenadas. Com alguns ajustes e a coreografia certa, tinham grandes chances de ganhar uma medalha. - Só tenho que competir em um aparelho? - E treinar as ginastas, auxiliá-las no que precisarem para melhorar seus desempenhos. - E posso escolher as meninas que quiser para a equipe de ginástica rítmica? - Contanto que sejam qualificadas, pode. - Ok, negócio fechado. Pode começar a pensar em bons elogios pra carta, vai precisar dos dois anos pra encontrar alguns. Voltei para a arquibancada e JJ, Hiro e Jamal me olhavam curiosos. Não disse nada, apenas sentei entre eles e voltei a prestar atenção aos testes no tatame. O de Ginástica Rítmica estava terminando e algumas meninas já se preparavam para testes na trave e no salto sobre a mesa. - E então? Não vai mesmo falar o que McGonagall queria? – JJ perguntou aflito. Os três me olhavam com a mesma cara ansiosa. - Ah sim. Parece que agora sou a treinadora da equipe de Ginástica. E devo competir em um dos aparelhos. Os três soltaram um “o que?” sincronizado, mas apenas ri e disse que explicava quando estivéssemos todos juntos. Quando olhei pro tatame outra vez, uma menina do 4º ano havia acabado de escorregar e dar com a cara na trave. Elas definitivamente precisavam de ajuda. |