Wednesday, September 01, 2010


Plataforma 9 ¾, 1º de Setembro de 2014

1º de Setembro finalmente havia chegado. A última semana de férias havia sido a mais longa da minha vida. Depois do acidente no trem, mamãe e papai andavam excessivamente preocupados com meu estado, que ainda beirava o choque. Eu estava bem, não era como se fosse cair em depressão e começar a achar que todo veiculo em movimento fosse capotar e me esmagar, mas as imagens do que passamos naquelas horas esperando pelo socorro ainda me visitavam durante o sono. Não era algo que seria esquecido facilmente, ainda mais com uma cicatriz fininha, mas visível, no canto da testa que me lembrava diariamente do ocorrido. Talvez nunca fosse esquecido.

Saímos com bastante tempo de antecedência de casa, por um milagre. Rupert e eu éramos práticos, e sem Becky para nos atrasar, ainda não eram nem 10:30 quando chegamos a estação de King’s Cross. Meus amigos já estavam por lá, com exceção de JJ que nunca andava no horário certo, e logo nos juntamos. Todos queriam saber se estava bem, ou melhor, se continuava bem, pois já tinha recebido a visita de todos eles pelo menos duas vezes desde o acidente, e não demorou até que os meninos se afastassem para discutir os últimos jogos do campeonato europeu de quadribol, nos deixando sozinhas.

- Bela cicatriz, Potter – ouvi a voz de Thruston ao meu lado e olhei. Ele estava acompanhado de uma menina de 11 anos, igual a ele.
- Ao menos a minha foi causada por um acidente de verdade, não um taco de beisebol – devolvi a provocação, mas em tom de brincadeira. As meninas me olharam um pouco espantadas.
- Ei, quando alguém acerta o bastão na sua cara, é um acidente grave.
- Não se você tirou o capacete quando não devia. Eu estava girando o bastão e você agachado atrás de mim. Sério que achou que era seguro tomar um pouco de ar?
- Já discutimos isso, vamos seguir em frente – ele balançou a cabeça inconformado, mas sorriu antes de se afastar – Vejo vocês no trem.
- O que foi isso? – Keiko perguntou com cara de ponto de interrogação.
- É por isso que você gosta tanto desse acampamento? – Arte perguntou em tom de deboche e elas riram – Entendo... Ele está bonito, cresceu. Não é mais tão idiota, a gente até compreende.
- Vocês estão loucas. E você, antes de fazer uma piada, lembre-se de um certo índio – falei apontando para Haley e ela bufou, arrancando mais risadas de Keiko e Arte.
- Meninas, vamos! – Jamal nos chamou do outro lado da plataforma – JJ finalmente chegou, vamos entrar antes que ocupem todas as cabines boas.

Aquilo encerrou o assunto, ao menos por um tempo, e corremos para nos despedir de nossos pais antes de embarcar no Expresso de Hogwarts. Pegamos nossa cabine de sempre, no fundo do trem, mas Hiro, Rupert, Arte e eu nos separamos dos outros pela primeira vez na viagem, pois tínhamos que nos reunir com os outros monitores. A outra monitora da Corvinal, que não conseguimos descobrir quem seria, era Amber Brkich. Era era tão nerd quanto Rupert e ele não parecia gostar muito da competição.

Os monitores-chefes daquele ano, Lizzie e Elliot Harper, da corvinal, nos passaram as instruções e basicamente o que tínhamos que fazer era monitorar o trem durante toda a viagem, nos certificando de que nenhuma confusão acontecesse. Já estávamos quase na metade dela quando conseguimos nos livrar das tarefas do cargo e nos reunimos com o resto da turma no ultimo vagão. Quando já podíamos ver Hogwarts pela janela da cabine, voltamos ao corredor para ajudar os novatos a desembarcar. Guiamos todos eles até Hagrid, que nos parabenizou pelos distintivos, e voltamos para as carruagens. Era bom estar de volta.


ºººººº

A cerimônia de seleção das casas foi divertida, como todo ano. Ver os alunos novos com aquelas expressões assustadas e lembrar que um dia era você ali é sempre um entretenimento. E mais ainda quando o desafeto/paixonite-não-assumida da sua amiga está entre os novatos. Para nosso total choque, o melhor amigo de Julian, Justin, estava entre os alunos transferidos que fazem a seleção depois da turma do 1º ano. Ele foi selecionado para a Corvinal e mesmo estando em outra mesa, Haley não parava de reclamar do nosso lado. Outra novidade era Elena, a prima de Greg Karkaroff que conhecemos na final do Torneio Tribruxo. Ela havia sido transferida de Durmstrang para Hogwarts e foi selecionada para a Grifinória, para a alegria de Arte, que sempre reclamava de não ter companhia para fofocar no dormitório. E para a felicidade de Lucky e Fred, e total desespero do resto do castelo, Tiago Sirius Potter agora era um aluno da Grifinória.

A menina que estava com Thruston na estação era sua irmã, Emily, e foi selecionada para a Sonserina. Não pude evitar lançar um olhar maldoso na direção dele, dizendo que ele não precisava se preocupar, pois ela estaria bem assessorada. O pânico nos olhos dele foi mais divertido que acertar um bastão de beisebol em sua cabeça. Não demorou muito e Arte, Tuor, MJ, Rupert, Julian e agora Justin e Elena se juntaram a nossa mesa. Arte se espremeu entre Keiko e eu e como ninguém mais se moveu para dar espaço, Justin acabou sentando do lado da Haley. Tivemos que transformar a risada em uma tosse descontrolada quando ela nos lançou um olhar assassino.

- Legal a monitoria no trem hoje, não? – Arte falou se servindo do suco.
- É, não foi tão chato como pensei, até que nos divertimos. Dar ordens anima qualquer ocasião.
- E você viu o jeito que o Zack olhava pra você? – ela baixou o tom de voz, mas Keiko estava com o ouvido muito atento do lado dela.
- Já notei isso também, ele só falta devorar você com o olhar – Keiko me encarou com um sorriso maroto estampado no rosto.
- Acho que está exagerando um pouco, mas já notei alguma coisa sim – admiti. Negar não ia adiantar, era evidente demais.
- E o que você pretende fazer a respeito disso? – Keiko perguntou e as duas me olharam ansiosas.
- Não pretendo fazer nada.
- Ah, verdade, esqueci que você prefere os monitores da Grifinória... – Arte provocou – Não a culpo, somos mesmo melhores.
- Olha, ela está sorrindo e não está negando! – Keiko só faltou saltar na mesa quando não consegui controlar que um sorriso idiota se formasse em meu rosto – Clara Lupin, não estou lhe reconhecendo.
- É, quem é você e o que fez com a nossa amiga? - Arte completou.
- Parem com isso, não vou fazer nada a respeito de nenhum dos dois! – tentei encerrar o assunto, mas ainda devia estar sorrindo debilmente, pois elas não paravam de rir.

Arte abriu a boca para falar alguma coisa, mas fui salva pelo gongo quando um garfo voou pela mesa e atingiu uma taça de suco de abóbora, chamando a atenção de todo mundo com o barulho. Quando olhamos, Haley e Justin estavam discutindo sobre times de quadribol com tanto fervor que pareciam prestes a trocar socos. Keiko revirou os olhos e começamos a rir, passando a falar sobre eles e elas me deixaram em paz. Os garotos, que no começo participavam da conversa dos dois, já tinham recuado e apenas assistiam o debate acirrado. É, o 5º ano tinha começado pra valer.