Wednesday, September 15, 2010 A vida no 5º ano não era fácil. Além de todos os conflitos que vem junto com o pacote dos 15 anos, era ano de N.O.M.s, tínhamos uma Olimpíada pela frente e aulas tão cansativas que me espantava a turma não ter uma crise de choro ao final de cada uma delas. E como se não bastassem aulas triplas todo dia à tarde, ainda teríamos Orientação Vocacional logo depois das férias de Natal, o que nos dava menos de quatro meses para escolher uma carreira. É motivo de sobra para entrar em depressão. Era quarta-feira à noite. Estávamos todos jogados em cima da mesa da Sonserina no Salão Principal, depois de uma longa aula tripla de Transfiguração, tentando terminar o trabalho sobre cálculos lunares para a aula de Astronomia daquela noite. Nem mesmo o trio da Corvinal estava achando o trabalho fácil e já começava a ver os números no meu pergaminho cada vez mais embaralhados quando alguém jogou um papel por cima dele. Tinha o desenho de um campo de Quadribol na parte inferior e letras verdes chamativas no topo. - Olá, senhoritas, garotos, futura namorada – Damon falou se dirigindo a Arte, que se esforçou ao máximo para reprimir um sorriso – Testes para Batedor e Goleiro, sexta-feira. A propósito, esqueci de anunciar: sou o novo capitão do time da Sonserina. - Parabéns, Damon! Agora o Quadribol vai ficar muito mais divertido! – Keiko e Haley comemoraram a noticia. - O que houve com o outro batedor? – perguntei. - Pediu demissão do time. Disse que precisa se dedicar aos N.I.E.M.s, vai entender – Damon deu de ombros – E o goleiro se formou. Interessados? - Acho que vou tentar a vaga de goleiro – JJ se animou – Não sou muito coordenado para manejar um bastão e voar ao mesmo tempo, mas consigo agarrar goles. - Ótimo, JJ. Espero você sexta, então. E você, Clara? - Acho que vou também, mas pra vaga de batedora. Preciso de uma nova atividade pra aliviar a tensão das aulas. - Maravilha. Vejo vocês na sexta às 17h. Haley, Keiko, preciso que estejam lá para me ajudar, ok? Avisem ao Tommy. Elas bateram continência confirmando que iam ao teste e Damon continuou distribuindo os panfletos pela mesa da Sonserina. O trabalho de cálculos lunares ficou ainda mais difícil de ser concluído, com a perspectiva de passar nos testes e entrar para o time da Sonserina. Precisava encontrar tempo para treinar. ºººººº Nunca uma aula de Herbologia demorou tanto a passar. Costumo gostar das aulas do professor Longbottom, mas hoje nem eu nem JJ conseguíamos nos concentrar. O teste para as vagas no time de Quadribol era às 17h, pouco depois que a aula terminasse, e quando o sinal tocou fomos os primeiros a alcançar a porta. Largamos as mochilas no vestiário e colocamos os uniformes dos testes, indo direto para o campo. Já tinha muita gente lá treinando para as vagas. Às 17h em ponto Damon chegou acompanhado do resto do time e Haley e Keiko não conseguiam esconder a empolgação com a possibilidade de passarmos. Na arquibancada, o resto do pessoal aguardava ansioso. Percebi que os outros times também estavam assistindo e Arte se dividia entre ficar com nossos amigos e o time da Grifinória, o mais atento a movimentação em campo. - Vamos começar com algo simples – Damon parou em frente aos alunos e falou com a voz elevada – Quero que se dividam em grupos de cinco e voem ao redor do campo, em sincronia. Cinco voltas. JJ e eu nos juntamos a uma garota do 6º ano e dois garotos do 4º para a tarefa. Um dos garotos se atrapalhou para fazer uma curva e acabou atravessando um dos aros, mas o resto de nós conseguiu completar as cinco voltas sem acidentes. A maioria não conseguiu o mesmo e Damon eliminou de cara todos que não conseguiam voar bem. Depois pediu que os batedores encontrassem um bastão no baú e os goleiros se revezassem nos aros, pois o teste de verdade ia começar. Minha tarefa era impedir que nossos artilheiros completassem os passes e o de JJ, óbvio, impedir que a goles atravessasse os aros. Ele disputava a vaga com mais três pessoas e eu com pelo menos oito. Damon iria fiscalizar os batedores e Keiko e Josh Penner os goleiros. Ele esperou até que todos já estivessem no ar e apitou. E logo descobri que não era tão simples como parecia, assistindo da arquibancada. O bastão era pesado e os balaços extremamente rápidos, mas depois de perder um primeiro que passou raspando pela minha orelha direita, consegui acertar o segundo com força. Bati tão forte que se Haley não tivesse ótimos reflexos, teria sido derrubada da vassoura. Os outros batedores eram bons, mas não perdi mais nenhum balaço que passou e sempre conseguia atira-los para cima dos artilheiros, algo que os outros não conseguiam sempre. Mal consegui prestar atenção ao JJ nos aros, mas as poucas vezes que conseguia olhar, ele parecia estar se saindo bem. Depois de mais de meia hora Damon pediu que os batedores parassem e esperassem no banco, e continuou só com os goleiros. Dois já haviam sido cortados, por terem defendido menos de três gols cada, então a briga era entre JJ e um garoto do 6º ano, em uma disputa de faltas. Cada um se posicionou em um lado do campo e os artilheiros começaram a trocar a goles em passes rápidos e atirando sem eles esperarem. Ambos agarraram às cinco vezes. Já estava sem unhas. A decisão ia ser um tiro direto, quem agarrasse ficava com a vaga. JJ foi o primeiro. Haley atirou com força no aro da esquerda, mas ele conseguiu alcançar a tempo. Ele nem comemorou, ficou em silencio esperando. Tommy agora tinha posse da goles. Ele voou de um lado para o outro com ela na mão e atirou no aro do meio, mas o garoto caiu para a esquerda. Quando a goles passou pelo aro, a arquibancada explodiu. JJ começou a dar socos no ar e nossos amigos faziam um verdadeiro escândalo. Eles voaram de volta ao gramado. - Muito bem, JJ fica com a vaga. Infelizmente não foi dessa vez, Patch – Damon deu dois tapinhas nas costas do garoto, que saiu do campo desanimado – Quando aos batedores, todos foram muito bem e não perderam mais que um balaço, então meu critério de escolha foi o que teve a melhor pontaria. E sendo assim, a vaga fica com a Clara. Todas as suas rebatidas foram pra cima dos artilheiros. Antes mesmo que eu falasse alguma coisa, Haley, Keiko e JJ já estavam pulando em cima de mim. Damon dispensou os outros candidatos e encerrou os testes, avisando que o primeiro treino seria no dia seguinte, e saiu do campo. Keiko avisou que ia ter festa na Sonserina para comemorar e fomos trocar de roupa no vestiário, mas demorei demais e eles saíram na minha frente. Quando pisei de volta no gramado, vi Thruston e Zach caminhando na minha direção, cada um vindo de um lado. Ainda procurei uma saída, mas não tinha escolha, teria que passar entre eles. - Parabéns pela vaga! – os dois falaram ao mesmo tempo e se encararam esquisito. - Obrigada. Vai ser ótimo atirar balaços contra vocês em campo – tentei descontrair o clima, que já estava esquisito. - Eu sou apanhador, estou salvo. Ele é que precisa se preocupar com o peso da sua mão, com um bastão na mão – Thruston falou alisando a testa. - Nenhum balaço me alcança, sou o mais rápido do meu time – Zach se defendeu. - Você não é páreo pra ela, acredite. Não tinha pra ninguém no acampamento, quando ela estava nos times de beisebol e paintball. - Vocês passaram o verão juntos? - Era um acampamento, nos esbarramos lá – respondi mais depressa do que realmente pretendia. - Dois anos seguidos. Foi ótimo, resolvemos nossas diferenças e não brigamos mais. - Sério? Porque ela disse que você estragou a festa dos namorados dela, quando roubou aquele beijo. - Isso é passado. Pedi desculpas e ela aceitou. Não foi o ponto alto do meu dia também. - Sabe qual foi a melhor parte da noite dela? Quando eu a beijei. Tentei dizer que eu não havia dito nada daquilo a ele, embora não fosse mentira, mas não consegui. Eles começaram a discutir coisas que nem conseguia mais compreender e eu só pensava em sair correndo, mas seria idiota demais. Não tinha mais ninguém no campo a quem pudesse recorrer e já começava a considerar correr sem pensar que era patético quando vi Hiro passando perto das arquibancadas. Ele estava longe, mas meu grito foi tão alto que ele ouviu. - HIRO! – levantei a mão para ele ver onde eu estava e os dois pararam de discutir – Preciso ir, compromisso, não posso furar com o Hiro. Até mais. E antes que eles respondessem, já estava do outro lado do campo de braço dado com Hiro. Caminhei rápido e ele me acompanhava sem entender nada, mas só perguntou o que estava acontecendo quando diminui o passo, já no corredor das masmorras. - Por que corremos? - Não queria que eles me alcançassem. - Ah, seus admiradores – seu tom de voz não era muito animado – A concorrência está grande esse ano. - Você também não, por favor. Preciso me livrar deles, não consigo lidar com os dois ao mesmo tempo. - É o preço que se paga por ser bonita. - Vou ignorar o tom de deboche e ficar só com o elogio, se não se importar – e agarrei sua bochecha, dando um beijo. Hiro sorriu mais relaxado e entramos no salão comunal, que já estava na maior bagunça. De agora em diante, não ia mais andar sozinha pelo castelo. |