Friday, November 12, 2010


Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts, Novembro de 2014.


V OLIMPÍADAS BRUXAS INTERESCOLARES

A delegação de Hogwarts partirá para o Instituto de Bruxaria de Melbourne às 17h do dia 13 de Novembro. Todos os alunos inscritos nas competições deverão estar no salão principal do castelo meia hora antes.

Minerva McGonagall
Diretora.


O aviso da data e hora da partida da nossa delegação podia ser visto em qualquer mural do castelo, garantindo que ninguém esquecesse, como se isso fosse realmente possível. Desde o anuncio dos Jogos Olímpicos o assunto na escola não era outro e com a proximidade da partida era até uma ofensa tentar encontrar algo mais sobre o que conversar. Dois dias antes da saída da delegação os centros de treinamento instalados nos terrenos da escola foram desativados e quando nos demos conta, estávamos em um muito agitado dia 13 de Novembro, arrumando nossas malas em uma euforia descontrolada.

Às 16:30 em ponto estávamos todos amontoados no salão principal com nossas mochilas enquanto tio Ben tentava organizar os alunos por turmas. Demorou um tempo, mas estávamos finalmente enfileirados de acordo com nossas turmas e uma a uma as fileiras foram guiadas para o lado de fora e embarcando nas carruagens que nos levariam até o Expresso de Hogwarts. Nunca havia feito nenhuma viagem naquele trem que não fosse de King’s Cross até Hogsmeade ou ao contrário, e aquela não seria uma viagem comum. A Austrália ficava em outro continente e o trem havia se transformado em uma espécie de Noitebus, que nos transportaria até lá como se não tivéssemos saído dos trilhos.

A viagem durou cerca de quatro horas, e quando chegamos à escola australiana apenas o diretor e alguns professores estavam recebendo as delegações. O calor era de matar. Eu, Haley, Justin e Julian estávamos acostumados ao clima, mas nossos amigos estavam derretendo. Iam ser duas longas semanas para eles. Fomos acomodados em chalés afastados do prédio central da escola e nenhum tipo de contato com os alunos de lá foi feito naquela noite. Só estaríamos juntos das outras delegações na manhã seguinte, quando a cerimônia de abertura aconteceria. Só nos restava dormir, ou tentar, e esperar que os jogos começassem.

ººººººº

Instituto de Bruxaria de Melbourne, 14 de Novembro de 2014.


- Muito bem, atenção – McGonagall falava alto, mas ninguém estava dando muita atenção - Silêncio!

Estávamos todos prontos, depois de um café da manhã no próprio chalé, para deixar a estalagem e se reunir com as outras delegações. A cerimônia de abertura começaria em meia hora e a diretora tentava nos organizar e passar instruções de como deveríamos nos comportar, mas estávamos agitados demais para ouvir. Ela precisou de um grito para conseguir nossa atenção.

- Assim está melhor – ela voltou a falar em seu tom de voz normal – Vamos sair dentro de alguns instantes para os jardins da escola e nos reuniremos com as delegações de mais 20 escolas para a cerimônia. Quando estivermos lá, espero um comportamento exemplar de todos vocês. Hogwarts é uma escola de tradição e não vou admitir que vocês acabem com a reputação dela no primeiro momento de interação com o resto do mundo bruxo. Andem sempre nas fileiras que o professor O’Shea organizou, não desfaçam essa formação, e acompanhem meus passos. Vocês ficarão posicionados à direita da escola anfitriã no semicírculo, e à esquerda de Beauxbatons, respeitando a ordem de fundação das três escolas mais tradicionais – ela parou de falar um instante para checar se todos estavam prestando atenção antes de continuar – Srta. Weasley irá ao meu lado, à frente da delegação, carregando a bandeira de Hogwarts. Srta. Weasley, por favor.

Lizzie, que foi a mais votada entre os alunos, deu um passo à frente confiante e segurou o estandarte de Hogwarts, caminhando ao lado da professora McGonagall enquanto o restante da delegação as seguia em uma marcha quase militar. Tio Ben vinha fechando a fila, se certificando de que ninguém sairia da posição. A delegação da Austrália já estava posicionada no primeiro espaço do semicírculo e McGonagall nos conduziu ao segundo espaço, sempre com Lizzie à frente com a bandeira. Em ordem, a delegação de Beauxbatons se posicionou ao nosso lado, depois a de Durmstrang. Depois vi as delegações da Espanha, Irlanda, Estados Unidos, Noruega e várias outras entrarem e, uma a uma, tomarem seus lugares. Quando o semicírculo já estava completo, o diretor da escola parou ao lado de um microfone e depois de um aceno rápido aos diretores das escolas, nos deu as boas vindas e anunciou o inicio da cerimônia.

A cerimônia durou cerca de duas horas. Cada escola havia preparado uma apresentação sobre a cultura do seu país e depois o coral da escola australiana cantou a música tema das Olimpíadas. Ao fim das apresentações, os alunos responsáveis pelos estandartes se reuniram no centro do semicírculo e cada um hasteou a bandeira da sua escola. O diretor então fez um longo discurso sobre amizade e confraternização entre diferentes culturas e enfim declarou oficialmente o inicio da V Olimpíadas Bruxas Interescolares. E no minuto que fomos liberados, a organização das delegações foi pro espaço. Alunos que tinham amigos em outras escolas imediatamente começaram a procurar uns pelos outros e a confraternização tanto frisada no discurso do diretor começava a aparecer.

- CLARA! – ouvi uma voz carregada no sotaque francês me chamar – Clara! Aqui!
- GABI! – localizei a dona da voz e corri até ela, abraçando-a – Que saudade!
- Oi Clara! – Devon me puxou para um abraço apertado – Não andou devorando ninguém, não é?
- Ai Devon, que brincadeira idiota! – Gabriela reclamou e rimos.
- Humor de lobo – ele disse e ela revirou os olhos.
- Pessoal, vocês se lembram da Gabriela e do Devon, não é? – falei para meus amigos e eles assentirem, começando a trocar abraços e apertos de mãos animados.
- Gente, que ESTUFA é essa? – Keiko se abanava freneticamente, o rosto já vermelho – Já estou arrependida de não ter me inscrito em mais esportes aquáticos!
- Não estou sentido tanto calor assim – Haley falou com a cara mais natural possível.
- É, está até fresquinho. Olha que brisa gostosa! – emendei e todos começaram a nos xingar.
- Uh, Aussie bonitão na área – Haley me cuturou e olhei para o lado. Keiko tentava secar o suor do rosto depressa, sem muito sucesso.
- Não se preocupem, no nosso salão de jantar o clima é mais agradável – o garoto que carregou a bandeira da escola australiana passou do nosso lado e piscou – Se estiverem suando demais, corram para pegar um bom lugar e aguardar o banquete.

Ele não precisou falar duas vezes. A galera que não estava acostumada com sol quente saiu em disparada na direção do prédio central da escola e os acompanhamos, rindo das reclamações com o sol forte em pleno inverno, mas ninguém havia se lembrado que na Austrália já era quase verão. Morar no Brasil e no Texas tem suas vantagens, e acho que posso dizer que vamos nos sair muito bem nos jogos em céu aberto. Pra quem estava acostumada com 40º na sombra no ápice do verão, aqueles 30º da Austrália não passavam de um típico dia fresco da primavera. Essas Olimpíadas seriam mais divertidas do que eu imaginava.