Tuesday, November 23, 2010


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

Os jogos haviam finalmente começado!

E com eles o meu jogo pessoal de implicância com a tal Melina.
Em respeito a Tuor, eu evitava implicâncias fortes e nós duas mantínhamos as aparências perto dele. Mas quando ele estava longe, nós sequer nos olhávamos.
Ela ainda fazia questão de se jogar nos braços dele o tempo todo, porém depois do primeiro reencontro, Tuor a tratava normalmente. Eu sabia que era por causa do fato dela ter se declarado para ele nas férias e ele ter dito que queria apenas amizade. Mas ela não perdia chance de estar perto dele o tempo todo. Notei como Maeglin observava isso e não foi difícil perceber que ele gostava de Milena.
Fora Milena, eu me dava bem com todos os amigos de Tuor, principalmente Tricia e Turin, que eram muito alegres e divertidos. Elwing, por ser muito amiga de Milena, às vezes me olhava azeda também, mas não implicava comigo o tempo todo.
- Arte, por favor. – Tuor falou na manhã do segundo dia. – Tente entender: você é minha melhor amiga e ela minha amiga de infância, por favor, tenta se dar bem com ela? Tenta imaginar minha situação!
- Vou tentar. Mas fale para ela também, não sou eu que fico provocando. – Eu falei, teimosa e ele suspirou, dizendo que já tinha falado com ela.

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Minha primeira competição já começaria na segunda-feira e seria na montaria individual. E eu iria competir com Milena.
O meu desejo de ganhar dela era tanto, que eu corria o risco de cometer falhas devido a isso.
Haley sentiu meu nervosismo, assim como Scadufax, o cavalo que eu montaria na competição. Assim que cheguei no estábulo, ele se encaminhou para mim, esfregando o focinho com carinho em mim, enquanto eu sorria nervosa. Haley estava comigo, e acariciou-o do lado do corpo.
- Ele está sentindo seu nervosismo também, Arte. Fica calma, vai dar tudo certo. – Haley falou, encorajadora, enquanto me passava o boné que usaria na competição.
- Estou tentando! – Eu sorri nervosa e ela riu.
- E pára de pensar em derrotar só a Milena. Você tem que ficar calma, hein? Você vai dar uma surra nessa garota! – Ela falou e batemos a mão no ar, enquanto eu guiava Scad para fora.
Ele balançava sua cabeça nervoso, ressonando comigo. Eu me senti culpada por deixá-lo assim e acalmei-o, até que lentamente ele pareceu mais calmo. Quando cheguei no circuito de prova, Suzannah, prima de Haley, terminava seu circuito e havia sido muito bem feito.
Eu acariciava Scad enquanto aguardava minha vez. Milena aguardava junto de mim, pois eu me apresentaria antes dela. A prova era complexa, pois o circuito tinha muitos obstáculos para se pular e ultrapassar. Scad não teria muito trabalho com eles, mas como eu continuava nervosa, sabia que podia atrapalhar.
- Nervosa? – Milena me perguntou, a voz tentando ser amigável.
- Nem um pouco, e você? – Menti.
- Eu sei que vou ganhar de você. Trosti é maravilhosa. – Ela falou, acariciando sua égua.
- É o que veremos. – Eu respondi, apertando a mandíbula com raiva.
- E então irei comemorar com o Tuor... E você vai chorar nos braços de seu namorado. – Ela falou, me olhando intensamente. Eu mantive o olhar e sorri com prazer ao ver que ela desviou o olhar antes.
- Covarde. – Eu falei, colocando o capacete e guiando Scad para o local de início, pois era minha vez.
Eu queria muito vencê-la, ainda mais depois dessas suas provocações baixas. Scad voltou a ficar mais nervoso, e quando o montei no local de largada, acariciei-o com carinho, tentando acalmá-lo. Porém eu mesma não estava calma.
Ouvi o disparo ordenando o início e o incitei a frente. Ele começou a trotar com leveza, mas suas passadas estavam um pouco inseguras e sei que os juízes perceberiam. No primeiro salto, derrubamos a última trave e soube imediatamente que foi minha culpa, pois o incitei ao salto cedo demais.
Eu praguejei e limpei a mente, enquanto rodava a arena para os próximos obstáculos. Scad me sentiu mais calma, e começou a melhorar, mas ainda derrubamos mais duas traves. Quando terminei meu ciclo, recebi as palmas da platéia, mas sabia que não tinha ido bem.
O pódio final foi: Suzannah em primeiro, Milena em segundo e eu em terceiro. Milena me olhava com um sorriso vitorioso, sem se importar com o fato de ter sido a segunda colocada. O que ela queria mesmo era me vencer. E eu me deixei levar e ela conseguiu.

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Na terça seguinte eu tive a chance de me vingar de Milena e do jeito como ela me olhou quando me ganhou na montaria.
Hoje seria o dia em que eu participaria na Esgrima, a modalidade que eu mais desejava medalhas.
A primeira chave que participei, foi a de Florete, em que eu e Haley estávamos na mesma chave e nós duas conseguimos chegar a final.
- Boa sorte! – Nós nos desejamos, enquanto colocávamos os capacetes de esgrima, tocando a ponta de nossos floretes no ar em saudação.
Eu fiquei orgulhosa de enfrentá-la. Haley competiu com bravura e agilidade, e conseguiu me acertar um golpe no peito, quando eu deixei minha guarda baixa. Em seguida trocamos golpes com rapidez, e o duelo tornou-se equilibrado. Nós conhecíamos muito bem o estilo de luta de cada uma e logo podíamos prever nossos movimentos. Mas consegui surpreendê-la e forçá-la a recuar um passo, dando a abertura que eu precisava. A abracei feliz e orgulhosa, enquanto dividíamos o pódio.
Então veio o combate que eu esperava. Espada.
A espada era a minha arma de escolha. E eu havia treinado exaustivamente com ela. E hoje tinha mais um motivo para querer ganhar: Milena estava na minha chave.
Eu observei todos os seus duelos, estudando seus movimentos e golpes, observando suas falhas, falsetes e estilo. Eu sabia que ela também me observava em cada um dos meus duelos. Silenciosamente, nós duas havíamos tornado aquele combate um combate sério. A final foi entre eu e ela.
- Boa sorte. – Eu falei, colocando o capacete. – Hoje, eu irei comemorar.
- Boa sorte. – Ela respondeu. Nossos olhos brilhavam e havia tensão no ar. Nossos amigos nos assistiam e eu podia sentir Tuor dividido entre qual torcer. Mas eu não perderia aquele duelo jamais. Fechei meus olhos e me posicionei para o duelo, respirando fundo e limpando minha mente de qualquer pensamento.
Milena iniciou o duelo com uma rápida estocada na direção da minha barriga. Porém, eu já esperava isso e girei o punho aparando seu golpe. Fiz um arco com minha espada e consegui forçá-la a baixá-la a minha direita, estocando em seguida. O juiz sinalizou meu primeiro toque em seu peito. Nos afastamos e senti o modo como ela estava irritada. Eu não podia estar mais feliz.
Em seguida, eu comecei o ataque, forçando-a com uma sucessão de estocadas. Milena tentou manter sua posição mas logo foi obrigada a recuar e eu acertei um golpe lateral em sua cintura, recuando em seguida, ao ouvir a sinalização do juiz. A tensão do público aumentava, pois todos podiam ver que Milena estava se deixando levar pela emoção.
Os embates seguintes foram dominados por mim, e eu ganhei mais 2 pontos antes de Milena conseguir reagir. Ela passou então a tentar golpes mais difíceis e confesso que me deu trabalho. O duelo já estava chegando a 10 minutos quando consegui acertar o último ponto, acertando um toque em seu pescoço.
Eu me afastei com calma, mas extremamente feliz. Tirei meu capacete e sorri para Milena, que retirava o seu. Ela me olhava irritada, mas apertou minha mão como pede a etiqueta.
- Vá chorar com seus amigos agora. Mas não o Tuor. – Eu falei azeda e virei as costas. Meus amigos vinham me dar os parabéns e após beijar Stefan, abracei Tuor com alegria.
E eu tinha conseguido o ouro que eu mais desejava.

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A Arqueria era outra que eu desejava muito ganhar.
Dessa vez eu e Milena estávamos em modalidades diferentes, o que era uma pena, pois queria enfrentá-la uma vez mais.
Eu me classifiquei para a etapa eliminatória com uma boa pontuação e nas semi-finais enfrentei Lizzie no Arco Composto. A diferença entre nós duas foi pequena, mas passei para as finais, onde enfrentaria uma garota chamada Leonora, da Durmstrang. Antes da competição, estávamos próximas arrumando nossos arcos.
- Oi, boa sorte! – Ela falou animada, e eu apertei sua mão animada.
- Boa sorte também. Você teve excelentes pontuações até agora. – Eu comentei.
- Obrigada, você também. Acompanhei suas partidas. Você é Artemis, certo?
- Sim, e você Leonora.
- Você é a namorada do Stefan, não é?
- Sou, como você sabe?
- Eu a tenho visto com Stefan por ai. Conheço os Salvatore desde pequena. – Ela falou e rimos juntas.
- Esse mundo é muito pequeno!
- Com certeza! – Ela concordou. – E você se dá bem com o Damon? Sei como ele pode ser dificil às vezes.
- Um pouco...E você? – Eu falei, evasiva.
- Sempre me dei melhor com ele, é mais divertido! – Assim que ela terminou de falar, Damon apareceu perto de nós. Eu esperei que ele viesse falar comigo, pronta até para ser grossa com ele, mas ele encaminhou-se para Leonora e a beijou. Eu disfarcei minha surpresa, afinal ela não era o tipo de garota com quem ele saía, então não pude evitar de deixar minha boca abrir sozinha.
- Boa sorte, estarei te esperando para comemorar, Leonora Marie! – Ele falou, sorrindo para ela de forma intensa. Depois ele olhou para mim. – Boa sorte, cunhadinha.
Eu assenti, enquanto Leonora sorria meio vermelha. Sorri para ela também, enquanto éramos chamadas para a partida.
Aquilo havia mexido comigo. Odiava perceber e admitir isso, mas havia mexido comigo. Droga, Damon não significa nada!
Na primeira rodada eu lancei flechas muito ruins e pontuei muito pouco se comparado com Leonora. Ela me olhou curiosa, e eu sorri nervosa. Respirei fundo antes da segunda rodada e consegui disparar flechadas melhores, mas ainda nada se comparadas com meu nível normal. Houve um tempo para os competidores se prepararem e me sentei frustrada no banco. Essas olimpíadas estavam mostrando o quanto eu ainda preciso aprender a me controlar.
- Ei, Artemis o que foi aquilo? – Leonora perguntou, sentando do meu lado.
- Fiquei um pouco nervosa. – Dei de ombros.
- É por causa do Damon? – Ela perguntou, diretamente. – Eu sei que ele já quis ficar com você.
- Como...? – Eu consegui falar, ainda chocada.
- Ele me contou, aliás somos muito honestos um com o outro, por isso nos damos tão bem. Sei que você está namorando o Stefan, sabe Odin, por quê (ofeguei), mas uma coisa eu posso dizer: Damon é o melhor garoto que eu já conheci e é muito especial para mim, então não faça jogos com ele ok?Conheço seu tipo.- disse sarcástica:
- Não, você não me conhece e eu não estou fazendo jogos nem com ele nem com ninguém.- interrompi encarando-a, mas ela continuou:
- Pois esta sua reação me pareceu o contrário, então em nome do espírito esportivo vou te dar um aviso: Não ouse magoar ao Damon ou eu vou atrás de você, sem piedade. E não me importa que você seja considerada uma “princesinha fofa” - Ela disse fazendo aspas e eu encarei-a séria.- Elas são tão especiais quanto cereal murcho pela manhã. Quem a todos quer, acaba ficando sem ninguém, pensa nisso. – Ela se levantou, mas segurei-a pela mão e ela me olhou com raiva. Meus olhos também brilhavam de raiva.
- Quer o Damon? Engula ele. Eu não podia me importar menos com ele, ou com você. – Eu falei com raiva. – Gostaria de ter sido sua amiga, mas se falar assim comigo novamente, acredite, você vai se arrepender e vai ver que eu sou tudo, menos uma “princesa indefesa” – Falei, imitando sua voz. Agora eu também estava de pé e nos encarávamos. - E se não confia em si mesma, o que eu posso fazer?
Ela sacudiu minha mão, tentando se soltar, mas mostrei que era mais forte e a segurei mais um tempo, enquanto a olhava com intensidade.
Depois a larguei e passei por ela sem olhar para trás, mas ouvi suas gargalhadas. Leonora Marie, você vai se arrepender.
A raiva, tanto dela, quanto de Damon, serviu para me fazer me concentrar mais e consegui recuperar meus disparos. Na última rodada, tínhamos empatado, porém ela ainda disparava muito bem e conseguiu ganhar o ouro, por pouca diferença. Damon foi o primeiro a parabenizá-la com um beijo digno de cinema. Eu ignorei aquilo e beijei Stefan também. Mas ainda estava incomodada com o Damon.