Wednesday, December 29, 2010


Lembranças de Artemis A. C. Chronos

- Ei, eu já briguei com você uma vez por que me meti nas suas coisas. Agora não vou fazer isso, pelo contrário, eu vou te apoiar, seja como for. – Tuor falou de um jeito que me fez olhar para ele de outro jeito. Com essas palavras eu notei como ele parecia mais maduro. – Que foi?

- Nada... Fiquei admirada. – Eu falei, e sorri, ele ficou um pouco indignado.

- Admirada?! Eu aqui querendo te ajudar e você me zoando?! – Ele falou, fingindo irritação e eu ri.

- Não é isso. Obrigada de verdade, Tuor. Não ia suportar sem seu apoio também. – Eu falei sincera. Estávamos sentados em poltronas perto de uma enorme janela da Grifinória. Eu me levantei e me apoiei no parapeito olhando a lua. Pouco depois ele se juntou a mim, ficando do meu lado. Eu não mais falei com Stefan e Tuor falou para ele me dar um tempo, que agradeci e muito. Tuor também pediu que ele não brigasse mais com Damon, se ainda queria ter algo comigo.

- Eu já falei. Briguei com você por uma bobeira minha, porque quis me meter na sua vida. Sou mais útil te ouvindo, te apoiando e apenas se necessário te dar um puxão de orelha! – Ele falou e puxou minha orelha. Eu reclamei e afastei sua mão com um tapa de leve.

- Idiota. Mas obrigada. – Eu falei novamente e sorri para ele. Ele sorriu de volta.

- De nada, sou seu amigo não sou? Mas você não me engana tá? Sei que percebeu que era o Damon. – Ele falou, a mesma coisa que Keiko falou quando contei, e eu sorri um pouco culpada. – Acho que você precisa de um tempo pra pensar, um tempo pra você mesma. Amanhã vamos voltar pra casa, pensa com calma e tenha esse tempo só pra você tá?

- Ta bem, papai. – Eu falei e ele sorriu.

- Muito bem, princesa, se precisar basta me chamar! – Ele falou e eu dei um tapa no seu ombro, enquanto ríamos.

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- Filha, você já parou pra pensar por que sente tanta dúvida? – Mamãe me perguntou, na minha primeira noite em casa. Eu tentei evitar mostrar que estava triste e chateada, mas ela notou, e assim que fui para meu quarto, ela foi me ver. Eu me abri pra ela e contei tudo. Agora eu estava debaixo das cobertas, com a cabeça em seu colo. Eu havia chorado novamente e ela acariciava meus cabelos com carinho. Ela ouviu sem interromper e sem me julgar.

- Não sei mãe... Me sinto podre por não saber me decidir.

- Não é com relação a isso que me refiro. Talvez você não consegue decidir entre os dois irmãos, porque pode não gostar de nenhum dos dois.

- Mas eu gosto do Stefan, ele é um bom namorado. E o Damon ao sei jeito também é uma ótima pessoa.

- Querida, seu namoro já começou errado. Você era muito nova para ter um relacionamento sério. Ainda te falta amadurecer mais. Sei que os dois devem ter suas qualidades, mas não é isso que significa gostar como amor. Você gosta de seus irmãos, de seus sobrinhos, de seus amigos, mas não é por isso que namora com eles, é?

- Como é amar, então, mãe?

- Quando você finalmente sentir isso, você vai saber. – Ela falou ficando vermelha e sei que pensava em papai. – É um sentimento quente. É como se você estivesse completo. Um simples sorriso é suficiente para você se sentir bem e alegre. – Ela falou, com os olhos brilhando e eu a observava ávida.

- Como você descobriu que amava papai? – Ela ficou ainda mais vermelha e eu ri.

- Foi no olhar. Lembro-me até hoje da primeira vez que nos vimos no trem de Hogwarts. Foi como se me visse dentro do olhar dele. Lembro-me também que morri de ciúmes de sua tia Alex no dia!

- Sério?! Por que?!

- Os Chronos e os Mcgregors são amigos e aliados há gerações, então Lu e Alex estavam juntos. Os dois sempre foram próximos, e se gostam muito, mas são como irmãos. Naquele dia senti ciúmes dela, queria estar no lugar dela, próxima assim daquele garoto que mexeu comigo. Claro que na época eu não percebi nada disso, era muito nova ainda, e só fui entender isso tudo 2 anos depois, quando começamos a namorar. Sua tia Alex que nos juntou, e ela logo me falou e mostrou que o Lu era como seu irmão gêmeo.

Nós continuamos conversando por mais algumas horas, e eu me senti muito bem, conseguindo me acalmar e tranqüilizar. Ela falou o mesmo que minhas amigas e amigos, que eu precisava de um tempo para mim apenas. Eu acabei dormindo e ela me cobriu. A última coisa que lembro de pensar antes de dormir era de que Tuor estava certo e de que ele tinha tido o mesmo efeito que minha mãe sobre mim.

- O que houve? – Alucard perguntou, quando Mirian saiu do quarto. Antes de responder, Mirian porém o beijou com carinho e ele retribuiu o beijo.

- Nada, garotos apenas. – Ela falou rindo e saiu andando. Alucard ficou com uma cara engraçada, misturando sorriso, surpresa, ciúme e até mesmo um pouco de irritação. – Você, não vêm? Ela já está dormindo...

Mirian falou, e continuou andando. Alucard sorriu, indo atrás dela.

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No dia de Natal sempre passávamos juntos, mas mudávamos a cada ano onde iríamos nos reunir. Esse ano seria na casa de Tia Celas, Tio Isaac e Gaia, que agora moravam perto de Yorkshire e iriam estar todos lá. Eu e meus pais fomos logo na manhã do dia 23, e quando chegamos lá, Griffon, Emily, Luky, Bela, Seth, Luna, Mina, Luthien, Tio Xeno, Vovô e Vovó. Além deles, Gaia me falou que o próprio Joseph passaria o Natal conosco. Apesar de ser Natal e ninguém querer falar dos último acontecimentos, era inevitável, ainda mais em uma família onde todos os membros eram aurores.

- Foi horrível entrar em mais uma cidade atacada por eles. Não havia sobrado uma única pessoa. – Papai falou, quando conversava com todos. Apenas as crianças estavam dormindo, e eles me deixaram participar.

- Se para mim já é ruim estar em um lugar onde uma pessoa sofreu, imagino para vocês ao entrarem naquela cidade devastada. – Vovô falou sério.

- E ainda teve o ataque ao trem. Eles estavam atrás da Lizzie, estão decididos a tornar essa guerra séria. – Seth falou, olhando em seguida para Gaia.

- E sabemos que podem haver outros ataques. – Tio Isaac falou, olhando protetoramente para Gaia. Era bonito o modo como os dois eram próximos: ela o considerava como seu verdadeiro pai e ele sua verdadeira filha. – Precisamos tomar medidas mais drásticas.

- Eu também acho. – Eu falei, meio tímida, mas vi mamãe me incentivando e continuei. – Acho que deveríamos aumentar o número de investidas do clã, precisamos achá-los antes que eles nos achem.

- Eu também acho isso. Precisamos tomar a iniciativa com urgência. Os Ministérios também querem agir logo, é a hora de nos unirmos. – Emily falou e todos concordaram. A família Chronos iria a caça.

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- Eu vou com você! – Eu falei, pegando um casaco, quando Gaia falou que ia à cidade comprar algumas coisas de última hora. Já estava anoitecendo e todos estavam arrumando a ceia de Natal, preparando as decorações e escondendo os presentes.

- Vamos juntos também! – Logo todos os nossos sobrinhos falaram e cada um pegou um casaco, doidos para poder andar pela cidade.

- Cuidado, querem que eu peça a Isaac para ir junto? – Celas perguntou, preocupada.

- Não, mãe, não tem problema. Vamos rápido e já voltamos. – Gaia falou, beijando a mãe antes de sair. Cada um de nós os beijou também e saímos.

Fomos conversando alegres pela estrada de terra que levava até a cidade. A casa de Tia Celas era um pouco afastada da cidade e era ligada a esta por uma estrada de terra, que percorríamos com facilidade caminhando. Mina e Luthien iam contando animadas as coisas novas que tinham aprendido e visto em Hogwarts, enquanto Bela e Luky contavam as primeiras visitas a Hogsmead, de como era lindo o vilarejo e cheio de novas pessoas. Eu contava alegre sobre as Olimpíadas e Gaia contava de como era bom trabalhar com a mãe e com Joseph também. Talvez pelo clima de alegria e desconcentração, não percebemos antes.

Eu percebi tarde demais, um pouco antes de Luthien e Mina. Foi como um banho de água fria, pois senti meu ar sendo sugado. Era instinto assassino, intenso e puro. Já era noite agora e estávamos afastados da casa, mas ainda longe da cidade, de modo que mesmo papai e Seth demorariam para chegar até ali, pelo menos uns 5 minutos, pois aquela região inteira tinha feitiços anti-aparatação.

Gaia percebeu também e agiu mais rápido do que eu, já acostumada com as caçadas e ritmos de aurores. Ela fez um arco com a varinha e conjurou uma barreira ao nosso redor, a tempo de impedir de algo chocar-se contra nós. Eu saquei a varinha também e puxei meus sobrinhos para atrás de mim.

- Muito bem, filha, muito bem. – Uma voz fria e cruel falou. Assim que ele falou eu senti meu sangue gelar e a noite pareceu mais escura e fria.

Um homem surgiu a nossa frente, os olhos brilhando em vermelho intenso. Vários homens surgiram ao nosso redor, cercando-nos em um círculo, eram oito vampiros. Mina e Luthien mostraram as pressas, com os olhos injetados, enquanto todos apontavam a varinha. O vampiro, Maxmilliam, pareceu sentir nojo olhando para minhas sobrinhas e eu me coloquei entre eles.

- Eu não sou sua filha, seu maldito. – Gaia falou com raiva. Maxmilliam era o pai biológico de Gaia, enquanto era humano, mas após sua traição e tentativa de tomar o poder do clã, ele usou-a como refém para tentar obrigar que fizessem o que ele queria. Ele era jurado de morte pelo Clã, dentre os mais procurados por nós.

- É sim, e no meu papel de pai, aceitei de bom grado essa missão... Exterminar você.

- Você não merece ser chamado de pai dela. – Eu falei. Expandi minha aura e uma chuva fina começou a cair. Porém Gaia falou em minha mente: “Não revele seus poderes! Não se mostre a eles. Lute com feitiços apenas.”

- Fique calada, sua verme, não estou aqui por você. Não temos o menor interesse em você, além de sua morte e de sua família.

- Senhor, devemos ser rápidos, os outros estão a caminho. – O outro vampiro falou, o rosto fixo em mim, enquanto seus olhos desciam pelo meu corpo. Senti com nojo o que ele pensava e preferia não ter notado.

- Aquele outro ataque foi ridículo, erramos em confiar uma tarefa tão digna e pura como o expurgo a um ser fraco como aquele. – Ele falou, fechando os punhos e havia raiva em sua voz e em seus olhos. O modo como ele fechou os punhos e depois os abriu me mostrou que ele não estava brincando. – Falhamos em destruir a outra abominação. E quando se quer um serviço bem feito, faça você mesmo... Foi com prazer que recebi essa missão, e fui enviado para extinguir outra abominação... E acabo encontrando as outras duas aberrações... – Ele falou, olhando novamente com nojo para minhas sobrinhas. Elas tremiam, tanto de medo quando de excitação, e as bloqueei mais. Bela e Luky também tremiam, mas ele protegia a irmã e Gaia os protegia com o corpo. – Matem todos.

Assim que ele ordenou, os vampiros saltaram a frente. Eu e Gaia gritamos “Incendius” ao mesmo tempo e duas bolas de fogo acertaram vampiros no ar, mas eles caíram no chão e se levantaram. Meus sobrinhos nos imitaram e lançaram pequenas labaredas. Apontei minha varinha para uma delas e manipulei o fogo como Justin havia me ensinado, prendendo um vampiro com uma corda em chamas, fazendo-o virar cinzas.

Outro vampiro, porém, surgiu diante de mim e mordeu meu pulso. Eu gritei de dor, mas me surpreendi quando ele gritou de dor também e caiu de joelhos gritando. Uma coisa que Justin havia dito para mim há algum tempo me veio à mente.

“As magias mais poderosas são as mais antigas, pois a natureza, o homem, os espíritos e os elementos eram como um só. O seu sangue, Artemis, é antigo e poderoso, ele é sagrado, é o sangue de um Deus. E você também tem consumido muito a água sagrada de Avalon. Eu tenho certeza: seu sangue é como uma arma contra impuros. Seu sangue é capaz de matar um vampiro e caso um deles te morda, você não será afetada pela maldição e ele será queimado de dentro para fora.”

Nesse momento, os outros chegaram.

Maxmilliam estava duelando com Gaia, quando Isaac o atingiu com um poderoso feitiço no peito, fazendo-o voar para trás em chamas. Toda minha família surgiu, gritando desafios e lançando feitiços. Emily e Griffon tinham suas lanças na mão, enquanto mamãe disparava flechas de luz. Os vampiros tentaram recuar, mas foram atacados por trás. Joseph surgiu gritando de ódio, junto de Derfel e mais outro executor. Os vampiros foram massacrados, porém Maxmilliam conseguiu fugir.

- Vocês estão bem? – Mamãe perguntou, correndo para nós. Mina e Luthien logo correram para os pais e os abraçaram, chorando. Bela e Luky fizeram o mesmo, enquanto Joseph abraçava Gaia com força, beijando-a como se tivesse medo de perdê-la. Eu podia ver que ele tinha nos olhos medo, muito medo. Tia Celas e Tio Isaac a abraçaram assim que ele a soltou. Meus pais e meus avôs correram para mim, assustados com o sangue que pingava no solo. A ferida já se fechava, limpada pela água da chuva que eu tinha invocado. Mas mesmo assim, mamãe e vovó fecharam os olhos, curando-me.

- Eles estavam esperando a melhor oportunidade. – Derfel falou para papai, após certificar que estávamos bem. – Maxmilliam ordenou que um outro grupo atacasse a cidade, por isso demoramos a chegar, nos desculpem.

- Obrigado, Derfel, fizeram um ótimo trabalho. – Luna falou sorrindo, enquanto abraçava com preocupação Mina.

- Você está mesmo bem? – Joseph perguntou para Gaia, que continuava abraçada a ele. Ela agora chorava também. – Eles lhe fizeram mal, está machucada?

- Não está tudo bem... Só estou abalada... Tive medo pelas crianças. – Ela falou e abraçou Luthien. Logo Mina, Bela e Luky correram para abraça-la, e eu os abracei também.

- Não acredito que aquele verme teve a coragem de atacar a própria filha! – Papai falou cheio de raiva.

- Ele não é meu pai, tio. Meu pai é você, Isaac. – Gaia falou, olhando para Isaac. Vi quando lágrimas se formaram em seus olhos, mas ele sorriu.

- E você é minha filha, Gaia, me perdoe por não te proteger.

- Perdoe-me, eu deveria ter vindo antes, me desculpa. – Joseph falou, os olhos baixos.

- Vocês não precisam se desculpar. – Gaia falou, sorrindo e foi abraçar cada um deles.

Nós voltamos para a casa, ainda assustados, mas logo Luna nos animou, lembrando que ainda era Natal. Derfel e o outro vampiro se despediram, dizendo que queriam voltar para os seus, mas agradeceram o convite. Joseph não mais saiu do lado de Gaia o resto da noite. Foi uma comemoração estranha, pois ainda estávamos assustados, mas ainda foi um Natal e estávamos todos bem.