Sunday, December 26, 2010 Wishing Well Várias lembranças de Artemis A. C. Chronos
- Vem logo Tuor, deixa de ser medroso! – Eu falei, puxando-o pela mão, enquanto mamãe sorria. - Arte, nem todos tem a coragem e vontade que você tem de ficar perto deles assim. – Tia Morgan falou, rindo também. Carlinhos gargalhou e bateu no ombro de Tuor. - Garoto, você vai deixar uma menina ser mais corajosa que você?! Não tem orgulho? – Ele perguntou rindo e Tuor fechou a cara. - Não estou com medo! Mas assim do nada? Deixa eu me preparar! – Ele resmungou e eu ri. - Se você não vai, sou obrigada a fazer isso. – Eu falei, largando ele. Ele me olhou desconfiado, mas virei as costas pra ele. – Fidelus, vem cá. Eu chamei e Fidelus veio imediatamente. Ele estivera parado ao longe, olhando desconfiado para Tuor, mas chegou perto de mim cheio de alegria. Ele deixou-se acariciar por mim que fiz com felicidade. Tuor ficou paralisado com o olhar do velho dragão. - Não precisa ter receio, Tuor. Ele é bondoso e carinhoso, está tão desconfiado quanto você. Ele sabe que você não fará nada contra ele. – Eu falei e Fidelus soltou um pequeno rugido. – Você confia em mim? – Eu apelei e ele suspirou. - Isso não vale... – Ele resmungou, mas deu um passo a frente. Papai o empurrou e ele quase caiu do meu lado, ficando cara a cara com Fidelus. Os dois se encaram por um longo tempo e ao mesmo tempo olharam pra mim, como se procurassem ajuda ou respostas. - Vocês são alguns dos meus melhores amigos, sejam amigos também. – Eu falei, meio autoritária. Tuor suspirou e esticou a mão a frente. Fidelus recuou a cabeça um pouco, olhando pra mim como se estivesse indignado, mas sorri para ele com carinho.. Eu lhe disse que Tuor era bondoso e não queria mal. Ele não precisava que eu falasse isso, ele podia perceber muito bem como Tuor era uma boa pessoa. Fidelus esticou o pescoço a frente e deixou-se acariciar por Tuor. Foi uma cena que ficará marcada na minha mente para sempre, até pelo que houve. Apenas eu vi, pois sabia que ninguém mais percebeu, talvez apenas Fidelus, mas surgiu uma luz ao redor dos dois, como se estivessem ligados por algo. Eu não sei bem porque fiquei com lágrimas nos olhos. Tuor sorriu e começou a gargalhar, enquanto todos o aplaudiam. O dragão também ficou feliz e eu sorri, abraçando o seu enorme focinho. Então eu chamei outros dragões e logo estávamos cercados por vários dragões e fiz Tuor acariciar cada um deles. ********* - Foi divertido. – Ele falou, ao final do dia. Meus pais estavam conversando com Morgan e Carlinhos enquanto tomavam chá e eu e Tuor tomávamos cerveja-amantegada, sentados em uma pedra diante do mar, com Fidelus enroscado perto de mim e me deixando apoiar nele. – Foi demais. Eles são criaturas maravilhosas. – Ele falou e Fidelus soltou um rugido feliz. - Ele disse que gosta de você. – Eu falei e Tuor sorriu, enquanto Fidelus soltava um barulho indignado, como se não quisesse que eu contasse. - Eu também gostei de você, garotão! – Ele falou, acariciando as asas de Fidelus, que relaxou ainda mais. - Fico feliz. Vocês dois são algumas das coisas mais importantes pra mim. – Eu falei sorrindo. Tuor sorriu também, mas ficou um pouco vermelho. - Acho que depois de hoje consigo até invocar um patrono. – Ele falou rindo, mas eu fingi estar chocada. - Você não sabe invocar um patrono? – Eu perguntei e ele assentiu. – Como assim você é amigo de um membro dos Chronos e não sabe invocar um patrono!! Vai invocá-lo agora! Levanta! – Eu falei autoritária e o fiz se levantar, ele levantou animado e eu saquei a varinha. Fidelus se afastou um pouco, curioso. – Pensa na sua memória mais feliz, mas pense com força! E repita Expectrus Pratonus! Eu falei, enquanto pensava na hora em que nos abraçamos quando fizemos as passes nas Olimpíadas. Minha águia prateada saiu de minha varinha e pousou em Fidelus, que se remexeu como se encontrasse um velho amigo. Eu fiquei curiosa para ver qual seria o patrono de Tuor. - Vamos! Tente! - Tudo bem, mas nunca tinha conseguido. – Ele falou e repetiu o feitiço. Houve uma luz prateada em sua varinha, mas o patrono não tomou forma. Fidelus nos olhava com intensidade. - Não é essa a lembrança correta! Pense em algo mais feliz. Então ele fechou os olhos corando e nesse momento, talvez por causa de Fidelus, eu pude ver sua mente e seu coração e soube que memória ele usaria. Ele pensou na mesma coisa que eu, na nossa reconciliação. Houve um clarão de prata e um lobo prateado surgiu no ar, levitando ao redor de Tuor, acariciando-o com carinho, enquanto Tuor ria e gritava que tinha conseguido. O lobo pousou lentamente no chão e olhou alegre para nós dois. Minha águia alçou vôo para perto dele e os dois ficaram parados no chão nos olhando. Fidelus soltou um rugido baixo, como se risse. Tuor sorriu para mim e eu fui apertar sua mão para parabenizá-lo. Nesse momento, Fidelus me empurrou com sua calda e com uma de suas asas empurrou Tuor, e nós dois caímos um nos braços do outro. Ficamos assim abraçados nos olhando, porém nos soltamos sem graça. Mamãe nos chamou para ir embora nessa hora. Eu me despedi de Fidelus, e ralhei com ele, mas ele rugiu como se risse, divertido e alegre. Não era para aquele abraço ter sido assim! O que deu em nós para ficarmos daquele jeito? --------------------------------- - Feche os olhos? O que você vê? – Eu perguntei, minha voz soando solene. - Não vejo nada... – Haley falou, sem jeito. - Só o escuro. – Justin respondeu, um pouco mais a vontade, mas também sem jeito. Eu tinha feita os dois beberam um pouco da água sagrada e os pedi que se deitassem no gramado ao redor do tempo de Chronos, olhando as estrelas. Eu os tinha levado juntos para Avalon por dois motivos: queria ensiná-los a ver outros mundos, como eu fazia, e sabia que conseguiriam, já que eram tão ligados ao mundo dos espíritos. E também porque eu sentia que ainda faltava confiança nos dois. Eles se gostavam, isso era claro, mas faltava confiança e cumplicidade, e enquanto eles não aprendessem a se conhecer e confiar, não teriam como ficar juntos. Queria que nesses momentos eles se sentissem próximos e conhecessem mais um ao outro. - Demora um pouco para perceber... Acreditem. – Eu falei novamente. – Sintam o vento em seus rostos. Assim que falei vi quando os dois prenderam a respiração e vi lágrimas formando-se em seus olhos. - Segurem as lágrimas, fiquem calmos, há lágrimas ruins e há lágrimas boas. Essas são boas, pois são as lágrimas que vocês derramam por aqueles que amam e pelo mundo. Fechem os olhos, o que vocês sentem? - Eu estou sentindo algo... O vento é diferente, tem um cheiro novo... Pareço estar fora de meu corpo, fora do mundo. – Justin foi o primeiro a perceber e eu sorri, pois sabia que seria ele o primeiro. - Haley, você também. Solte-se, sinta a liberdade. Feche os olhos o que você vê? – Eu repeti e ela sorriu. - Há tanta luz... Estou mesmo em outro lugar... Até a sensação na pele é diferente... Espere, eu vejo um santuário! – Ela falou ofegante e eu sabia para onde ela estava indo. - Eu estou vendo uma espécie de santuário também... Mas ele é tão antigo. Não, é uma cidade inteira, mas muito antiga... Porque está no escuro? – Eles tinham ido a lugares diferentes. Haley estava em um lugar próximo, mas Justin estava mais longe. - Abram os olhos, já viajaram muito por um dia no Reino de Sonho. – Eu falei e os dois abriram os olhos. Eles tocaram o rosto, percebendo apenas agora as lágrimas. Eles se entreolharam e vi que havia companheirismo ali, Justin se sentia culpado por não revelar tudo que sente para Haley, e ela sentia-se culpada também, mas principalmente admirada, pois ele era muito mais do que ela imaginava. Eu sorri para os dois. - Parabéns! Vocês conseguiram! – Eu falei feliz. Haley me abraçou alegre, ainda com lágrimas nos olhos. - Era tão lindo! E era um outro mundo mesmo! Mas não era de espíritos, era vivo! - Você sabe onde estivemos, não sabe? – Justin perguntou, sentando-se e olhando as estrelas. – Você que nos enviou para lá? Para onde fui era muito antigo, os elementos que compõem aquele mundo são antigos... Mas me era familiar. - Não escolhi para onde irem. Suas almas foram guiadas para onde vocês deveriam ir. Mas pude ver para onde foram. Haley você visitou um lugar ligado intensamente à Chronos e seu passado, pois você foi a primeira a vê-lo e porque aquele lugar é um local sagrado, de amor, carinho e bondade. – Eu falei e Haley olhou curiosa para Chronos que sorriu caloroso para ela. – Justin você visitou um lugar antigo, também ligado a Chronos, porém foi para um lugar onde houve guerra e muito sangue. Sua alma precisava visitar aquele lugar, para entender mais o ciclo do universo. - Justin assentiu, olhando para Chronos, que sorriu, ainda calado. - Podemos fazer de novo? – Haley perguntou, animada, mas ela ficou um pouco tonta e caiu sentada. Justin a apoiou e vi quando os dois trocaram olhares, mas se afastaram. Eu sorri. - Não, estão muito fracos. Já fizeram muito por hoje. Depois tentaremos novamente, vou ensiná-los a visitar outros mundo, ou pelo menos vê-los. A ligação que vocês têm com o mundo dos espíritos permitirá isso. Mas peço que não tentem sozinhos, pois correm o risco de ficarem perdidos, já que eu os mantenho ligados aqui. E é perigoso vagar demais pelo mundo do Sonho. Mamãe, que assistira tudo calada solenemente, parabenizou Haley e a mim com orgulho e nós três saímos de Camelot, na direção do poço, para que fossemos embora. Justin ficou para trás um pouco, pois eu sabia que ele queria falar com Chronos.
- Eu estou admirado... Ela é mais poderosa do que eu imaginava. Ela é magnífica. – Ele falou sincero, observando Artemis ao longe. Ele podia ver o aro branco que marcava-a como rainha em seus cabelos, assim como a veste sagrada, um vestido branco longo, com detalhes em azul e negro. Ele, porém, sabia que ninguém via aquilo. - Ela ainda está desenvolvendo os poderes, ela está longe de usar todos os seus poderes. - Ela ficará mais poderosa do que isso? Ela é capaz de manipular a realidade... Ela não consegue como eu controlar todos os elementos, mas aqueles que ela controla, como a água e a luz, ela os controla com poder total. Fora que ela também tem controle sobre as trevas, sem ser engolida por elas. Nunca vi isso em ninguém, Chronos. Por que ela é tão poderosa? - Justin, você já ouviu as lendas sobre Arthur? De que ele retornaria à Bretanha quando ela precisasse e lutaria por ela? - Sim, mas não são invenções? Quero dizer, quem existiu foi Arturia, a Rainha, achei que essa lenda tinha sido inventada, pois Arturia realmente morreu. - Essa lenda tem um fundo de verdade. Arturia morreu, mas permanece vivo o espírito da Rainha. É a Rainha que retorna à Bretanha quando ela precisa, e não Arturia. Ela foi a primeira e a mais poderosa até hoje, por isso é a referência. Sempre que a Bretanha corre perigo, da família Chronos, de meus descendentes, nasce uma menina que receberá meus poderes e meus exércitos. Ela é a Rainha, aquela que é capaz de mudar o mundo, mover os céus e rachar a terra. Era para ter existido uma Rainha nas Eras de Voldemort, porém a Rainha optou por se sacrificar, dando mais poder e proteção para o resto da família, e para que outra Rainha fosse escolhida. Uma Rainha que libertaria o mundo das ações dos malditos, principalmente Cadarn. - E essa Rainha é a Arte? – Justin perguntou, curioso e preocupado. – Ela é apenas uma garota ainda, não pode carregar todo esse peso. - Por isso eu digo que ela ainda não tem todos os seus poderes. Arte ainda tem muito o que aprender, muito a conhecer. Apenas quando ela realmente estiver pronta, ela se tornará a Rainha. - Ela estará pronta? - Não sei... Isso depende de sua força de vontade, algo que depende exclusivamente dela. Além disso, depende também de meus treinos, dos seus, de seus pais, resumindo, depende de tudo que ela ainda tem que aprender com todos. – Chronos falou, sério.- A verdade, Justin, é que ela está no limiar, na fronteira. - Não entendi... – Justin falou, porém ele percebia que era algo sério, pois Chronos tinha um semblante preocupado, e quando Chronos olhou para ele, Justin sentiu um calafrio, como se percebesse algo ruim. – Há perigo não há? Não apenas para a vida dela, pois isso já sabemos, há algo mais... - Desde Arturia não há alguém tão poderoso quanto ela, não minto ao dizer que se ela tivesse nascido nas Eras Negras era teria sido uma ameaça a Voldemort, uma grande ameaça. Mas isso é perigoso também. Grandes poderes trazem grandes preocupações e dificuldades. Ela pode se tornar uma Grande Rainha, justa e poderosa, amável e bondosa. Mas pode também decair para um mal tão intenso que trará ruína apenas com o olhar. – Chronos falou e Justin sentiu um arrepio. Ele também sabia que se Arte decidisse seguir caminhos sombrios, o mundo enfrentaria um caos intenso, maior do que muitos que passaram por este mundo. - Vocês estão acostumados com a idéia de que o bem e o mal são absolutos, que não há como ter os dois, mas tem. Artemis é um equilíbrio dos dois, o que ela tem de luz, há de trevas. Mas mesmo essas trevas são benignas, são as trevas que protegem e cuidam. Porém, um deslize e ela será tomada pelo lado negro, e aí, nem eu poderei pará-la. Justin sentiu-se irrequieto, porém Chronos mais nada falou e começou a descer a colina, seguido por Justin, que estava pensativo. ---------------------- Close your eyes, what do you see? Why did it take so long to understand? (Journey to the sacred ground of Dreamland) N.A.: Wishing Well, Angra. |