Saturday, January 08, 2011


Das anotações de Haley McGregor Warrick

- Tristan tem familia...Ele precisa voltar para casa.

Depois destas palavras, a familia se mobilizou para tentar descobrir um jeito de cumprir os desejos de tia Millie. Faltando apenas uma semana, para o final das férias de final de ano,as coisas tinham que ser resolvidas de forma rápida, pois nossa tia parecia estar ficando doente a cada dia que passava e eu não conseguia deixar de pensar que isso era minha culpa.
Minha mãe chamou tio Lu e contou a ele sobre Tristan e não demorou, ele junto com tia Mirian e Arte vieram até Escócia com os albuns antigos de Alderan Chronos, o avô dele.Tia Millie, embora fragilizada buscou no sótão, uma caixa e de lá de dentro saíram fotografias antigas, jornais velhos onde ela nos mostrava os artigos que ela escrevia para o jornal da escola, e assim descobrimos que o fantasma de Tristan também já havia aparecido ao meu irmão Ethan, quando ele era garoto. Perguntei a Chronos o porque disso e ele me disse que talvez o espirito de Tristan, era atraído para ajudar aos membros da familia que se sentissem perdidos, já que ele também de alguma forma buscava um caminho.
Ty, junto com John e tio Lu, viajaram até Paris, e através dos anos de amizade com o tio Samuel, meu irmão conseguiu que o corpo de Tristan, enterrado próximo da escola francesa, fosse devolvido a nós. Meu tio avô Liam, disse que deveria ser feito o memorial a Tristan, então minha mãe e vovó Virna avisaram aos amigos da familia sobre as homenagens e tia Millie enviou também algumas cartas para os antigos amigos da escola. Eu, Arte e Julian ficamos esperando que o fantasma de Tristan aparecesse para nós, mas isso não aconteceu e eu comecei a ficar preocupada, pois eu tinha a impressão que passar pelo ritual das homenagens, não significaria que Tristan encontrasse a luz.

O dia do memorial amanheceu claro e com um pouco de sol, apesar de estarmos em pleno inverno. Meus pais e tios cuidaram pessoalmente de toda a segurança, e eu e meus primos até estranhamos a quantidade de segurança envolvida, havia até uma equipe completa de seguranças trouxas, que circulava pela propriedade com seus ternos pretos, óculos escuros e fones de ouvido. Não demorou muito e meus amigos da escola começaram a chegar com seus pais, e logo estavamos eu, Keiko, Julian, Jamal, JJ, MJ, Hiro, Rupert, Arte e Justin sentados bem próximos das cadeiras da frente. Os amigos do tempo de juventude de tia Millie iam chegando e após conversas, eles iam sendo acomodados, e estávamos pasmos com os convidados: havia jogadores de quadribol e músicos das antigas, que faziam com que tivessemos que nos controlar para não sair pedindo autógrafos, o melhor fabricante de varinhas da França, e o mais chocante: o rei de Mônaco, e sua familia. E todos eram muito simpáticos com tia Millie, e eles agiam como se o tempo que não mantiveram contato não tivesse existido, eram todos caloroso uns com os outros.
Quando Clara chegou, nós já haviamos sido prevenidos do castigo pelas nossas mães, mas mesmo assim duvidávamos da seriedade da situação. Só nos convencemos quando tivemos que começar a seguir tio Remo e tia Louise enquanto eles iam falando com as pessoas e Clara estava grudada neles, nos olhando desesperada.
- Você tem que andar grudada com a tia Lou ou o tio Remo até o final das férias como castigo? Quem foi que você matou?- perguntei chocada e enquanto ela fazia que sim com a cabeça, Julian começou a rir dizendo:
- Eles vão com você ao banheiro também? E o banho?- Julian perguntou e recebeu um soco no braço e tio Remo, fez um barulho com a garganta e Clara se conteve. – ela se aproximou mais de nós:
- Achei que aqui, eles iriam relaxar com o castigo, mas nada. Ainda bem que logo estaremos voltando para a escola.- e olhamos apreensivos para tio Remo que estava a um metro e meio de distância e ouvia tudo o que falávamos.
- Uau! Se aquele loirinho ou o moreno de olhos azuis sorrirem pra mim novamente, ninguém me segura. Afinal não é todo dia que temos um monte de príncipes em exposição...Sabia que ter um nome tão comprido teria suas vantagens. Imaginem só: Sua Alteza Real Keiko Vanderheid Hakuna Kinoshita Menken Grimaldi.- e Keiko suspirou enquanto olhávamos para a comitiva real.
- E as princesas? Droga, porque não aprendi francês como a minha mãe mandou? - resmungou JJ e Jamal disse convencido:
- Isso não é problema JJ, também não falo francês, mas já consegui o telefone de uma delas...- enquanto exibia um cartão com um brasão real. Começamos a rir e provocar Jam, mas tio Remo fez um barulho com a garganta e ele saiu andando para ir conversar com meu pai e tio Lu, e vimos Clara o seguir desolada. Acabamos indo conversar com os convidados que iam chegando, e após algum tempo, Justin me puxou um pouco para o lado e quis saber:
- Porque você está tão preocupada com a cerimônia Haley?- e na hora olhei para Julian que estava distraído conversando em francês com duas das princesas e ele certamente falava de JJ que estava ao lado, sorrindo feito bobo.
Nos velhos tempos, eu diria a ele que não era de sua conta, mas eu havia desistido de ficar brigando, principalmente quando ele me olhava daquele jeito tão interessado e sem o sorriso convencido.
- Achei que quando os restos mortais dele estivessem aqui, ele apareceria sabe? Tia Millie queria conversar com ele.
-Julian conversou comigo e achou que eu poderia ter alguma idéia do porque o fantasma de Tristan ainda não estar aqui.
- Você tem?
- Acho que o espírito dele precisa sentir que a familia o chama.Foi a idéia que passou em minha mente...Por exemplo quando vocês descobriram quem ele era, uma McGregor o ‘chamou’, talvez seja isso que o espirito queira: um convite.
- E acha que podemos fazer isso?
- Suponho que na hora, da cerimônia ele consiga ver que é aqui o lugar dele, e apareça.Mas caso, ele não venha, não se sinta culpada, o mais importante você fez, que foi dar atenção a ele.E as homenagens serão bonitas, a familia está empenhada.- ele disse olhando para a beira do lago onde havia um pequeno pulpito onde uma urna com os restos mortais de Tristan estava, esperando a cerimônia começar.
Após alguns pequenos discursos dos amigos de tia Millie,o barco com a urna flutuou até o meio do lago e meu irmão lançou uma bola de fogo com a varinha e logo ele estava em chamas. Meu tio avô Liam que ia subir para falar algumas palavras começou a se sentir mal, e pediu ao meu irmão que discursasse em seu lugar. Eu olhava para todos os lados esperando ver aquele jovem de cabelo engomado aparecer e rir da situação, mas isso não ocorria.Tia Millie me olhava esperançosa e eu tentava disfarçar. Notei que Arte e Justin se afastaram um pouco e começaram a conversar concentrados. Me virei para a frente quando ouvi a voz de meu irmão.
- Estamos aqui reunidos, para homenagear alguém que embora tenha tido uma vida curta, deixou um legado de amizade e amor que nunca foi esquecido. Hoje damos as boas vindas ao filho de Bryce McGregor e Suzanne Thorn: Tristan Napoleon Thorn McGregor, nosso lar é o seu lar, nós o recebemos de braços abertos.- quando Ty disse isso, senti uma vibração estranha vindo do lago e também pelas minhas costas.
Olhei para trás e vi que Tristan vinha levitando em nossa direção, notei que os gorilas de preto se agitaram e o Rei os mandou ficar quietos, eu me levantei. Por alguns segundos o fantasma de Tristan se tornou quase sólido e ninguém conteve a surpresa por poder vê-lo como era em seu tempo. Era um jovem loiro de olhos verdes, no auge de seus 18 anos, usando jeans e jaqueta de couro, e um topete estilo Elvis Presley. O tom dos olhos dele, era o mesmo que o de minha mãe e de minhas sobrinhas Olívia e Bela.
Ele seguiu até onde estava tia Millie, que só não caiu desmaiada, porque ela sabia que precisava ser forte e sorriu para ele. Ele parecia meio confuso mas ao ver o medalhão aberto na mão de tia Millie, ele disse:
- Eu conheço este lugar...Eles são a minha familia?- e tia Millie fez que sim e então ele me procurou com os olhos e nos encaramos:
- Sim, NÓS somos a sua familia. Você é um McGregor. - eu disse e ele olhou ao redor vendo a todos, e voltou os olhos de forma amorosa para tia Millie e sorriu:
- Millie, você continuou linda...- ele disse e tia Millie corou:
- Você também meu amor, você também...- e ele sorriu para os seus amigos que não continham a surpresa e fez uma reverência com um brilho zombeteiro.
- E ele se tornou Rei... Deve ter ficado muito mais convencido... - e o rei e seus amigos riram, apesar de suas expressões de pesar. Tristan se virou para mim:
- Eu disse que o medalhão era meu, broto.- piscou e eu senti meus olhos úmidos, enquanto assentia.
Ouvimos murmúrios espantados, e me virei para o lago e vi um barco a vela bem antigo, e dentro dele haviam vários McGregors que já haviam partido a tempos. Olhei ao redor e vi Justin e Arte com as mãos esticadas para a frente, como se enviassem energias para o barco e Chronos estava atrás deles com suas asas abertas, ele se virou para mim e sorriu bondoso. Dentro do veleiro havia um casal com roupas dos anos 40, que se pareciam com Tristan, estavam na proa, e o barco emanava uma energia boa, que contagiava a todos.
- São os meus pais?- Tristan quis saber.
- Sim, são eles.- respondeu tia Millie e ele virou-se para ela com dúvidas.
- Millie, eu queria tanto poder ficar mais com você...Tantas coisas para falar...
- Nós sempre estivemos juntos aqui, Tristan...(ela disse pondo a mão no coração). - Mas agora você precisa estar com eles..., sua familia o encontrou.
Ele sorriu mais uma vez, e logo estava dentro do barco, onde era abraçado por seus pais e os outros. Não contive minhas lágrimas, quando ele se virou para mim e gritou:
-Obrigado Haley, nunca vou esquecer você.
E nesta hora o barco se afastou e quando chegou ao meio do lago, uma onda se levantou e o cobriu. Logo a superfície do lago estava calma, como se nada houvesse ocorrido.
Justin olhou para mim e não pude evitar de sorrir agradecida, levantei a mão para chama-lo mas senti meu sorriso congelar quando o vi trocar um olhar cúmplice com a Artemis e ambos se afastarem, para um local mais reservado.